segunda-feira, 30 de abril de 2012

POLICIÁRIO 1082


  
Publicamos hoje as soluções oficiais das duas partes da prova n.º 2 do Campeonato Nacional 2012.

SOLUÇÃO DA PROVA N.º 2 - PARTE I

“O ALVES, EMIGRANTE OBRIGATÓRIO”, original de LUMAPE

O nosso Alves foi enganado com as promessas fáceis dos oportunistas que espreitam, em cada esquina, aqueles que estão desesperados.
Talvez por isso nunca mais apareceu.
O Alves foi notificado num dia 21 e tinha um prazo para pagar de 15 dias corridos, porque se fossem úteis, essa informação tinha de ser fornecida. Portanto, como sabemos que o dia da notificação não conta, iniciamos a contagem a 22.
Por outro lado, sabemos que é no “dia de são senhorio” que se completa o prazo, portanto, no dia 8 do mês seguinte.
Ora, de 22 (inclusive) a 28, são 7 dias, que com mais os 8 do mês seguinte, completarão os 15 dias.
Portanto, a conclusão óbvia é que foi notificado a 21 de Fevereiro e o prazo decorria até ao dia 8 de Março.
As promessas que lhe fizeram foi de que ia trabalhar nos acabamentos das obras de uns Jogos Olímpicos que iam ocorrer dali por alguns meses e com isso teria trabalho assegurado para esses meses. Só que isso era falso. Os Jogos Olímpicos decorrem sempre em anos bissextos, anos em que o mês de Fevereiro, como é sabido, tem 29 dias e não 28. O angariador de trabalhadores mentiu-lhe, aproveitando-se do seu pouco conhecimento dessas coisas, bem patente no facto de nem saber onde eram os Jogos, apenas “algures no mundo”.
O Alves partiu e não regressou.



SOLUÇÃO DA PROVA N.º 2 – PARTE II

“ROUBAR É FÁCIL! DIFÍCIL É ESCAPAR À POLÍCIA!”, de RIP KIRBY

Todos os lingotes tinham 200x70x50mm, que eram as dimensões interiores das caixas que continham o mercúrio, portanto o seu volume era igual a 700 cm3. O mesmo acontece com o mercúrio que vinha acondicionado nas caixas que, como já vimos tinham servido de lingoteiras para fazer os lingotes.
Vejamos agora qual o peso específico de cada um dos materiais em questão. Chumbo, 11,34 gr/cm3; cobre, 8,93; ferro, 7,86; irídio, 22,4; níquel, 8,9; ouro, 19,3; platina, 21,45; titânio, 4,5. Finalmente, temos o mercúrio, cujo peso específico é 13.59 gr/cm3 a 20 graus de temperatura, que era a que se fazia sentir em casa dos três irmãos, quando o sucateiro lá foi.
Por isto, e feitas as operações necessárias, verificamos que cada um dos irmãos possuía as seguintes quantidades de metal:
António - 40,510 kg de ouro; 79,38 kg de chumbo; 47,579 kg de mercúrio; totalizando 167, 469 kg.
Alberto - 62,51kg de cobre; 49,518 kg de ferro; 56,07 kg de níquel; totalizando 168,098 kg.
Anastácio - 60,06 kg de platina; 62,72 kg de irídio; 47,25 kg de titânio; o que soma 170,03 kg.
Perante estes números, como o contrato previa que todos os materiais seriam pagos ao mesmo preço independentemente da sua qualidade parece ser o António aquele que tem menos peso para vender e, por conseguinte, o que realizou menos dinheiro com a operação. Porém, não nos podemos esquecer que o mercúrio estava acondicionado em cinco caixas de ferro com 3mm de espessura, e que estas também entravam no peso.
Sendo as dimensões interiores das caixas iguais às dos lingotes, a área de chapa necessária para a construção de cada uma é 410cm2 vezes 3 mm de espessura, logo 123 cm3. Tendo em conta o peso específico do ferro, sabemos que cada caixa pesa 966,78gr. Como são cinco caixas, isso representa mais 4,8339kg, que somados ao peso dos metais que o António vendeu dão 172,3229 Kg. Portanto, este tinha mais peso, logo realizou mais dinheiro com o negócio.
Por consequência a alínea certa é a
A)    - Foi o António

Para se saber o peso de cada lingote realiza-se a seguinte operação:
L x C x A= V x peso especifico.

L = largura
C = comprimento
A = altura ou espessura
V = volume                                             



VIII CONVÍVIO DA Tertúlia Policiária da Liberdade

RAPIDINHA POLICIÁRIA – SEM PSEUDÓMINOS E SEM JÚRI”

Trata-se de um conceito inovador, que será posto em prática no próximo dia 27 de Maio, mais uma vez no aprazível espaço da QUINTA DO RIO, situada na Estrada Nacional 397, entre Brejos de Azeitão e Sesimbra, onde decorrerá o Convívio. Para concorrer torna-se obrigatório que cada participante individual elabore um (apenas um) problema policial, não podendo exceder uma folha A4 escrita só de um lado, sem assinatura e identificado apenas pelo título que o deverá encabeçar. O texto será apresentado ao Secretariado do Torneio, dentro de um sobrescrito, o qual deverá estar identificado exteriormente, esse sim, com o título do problema e o nome do seu autor. Apenas o Secretariado terá conhecimento destes dados. Cada autor deverá fazer-se acompanhar da respectiva solução, a qual manterá secreta e em seu poder atá ao final da prova. Após a entrega dos problemas, cada autor será então chamado a solucionar um dos outros problemas a concurso, escolhido por sorteio.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

POLICIÁRIO 1081


 Uma vez terminada a época de 2011, com o apuramento de todos os vencedores e premiados, é tempo de dar o “seu a seu dono”, ou seja, prestarmos aqui a homenagem a todos os confrades “detectives” que deram o seu melhor durante toda uma época de competição.
É claro que apenas podemos dar relevo aos primeiros posicionados de cada classificação, mas mantemos aquela nossa máxima de que no Policiário todos os participantes, todos aqueles que se dedicaram a este excelente desporto intelectual, merecem ser felicitados e relevados.

Na semana passada já demos o relevo, bem merecido, à Detective Jeremias, a grande triunfadora em quase todas as frentes. Terá faltado a produção policiária.
Desta feita, vamos publicar as classificações cimeiras de todos os torneios:

ÉPOCA 2011

CAMPEONATO NACIONAL DE DECIFRAÇÃO

1.º Detective Jeremias; 2.º Zé; 3.º Daniel Falcão; 4.º Inspector Aranha; 5.º Rip Kirby; 6.ºs Inspector Boavida e Paulo; 8.ºs Búfalos Associados e Verbatim; 10.º Agente Guima; 11.ºs A: Raposo & Lena; Dr. Gismondo e Inspector Sonntag.

MELHORES SOLUÇÕES

1.º Detective Jeremias; 2.º Zé; 3.º Daniel Falcão.

AS MAIS ORIGINAIS

1.º Medvet; 2.º Inspector Gigas; 3.º Zzz.

CAMPEONATO NACIONAL DE PRODUÇÃO

1.º Paulo; 2.º A. Raposo & Lena; 3.º Daniel Falcão; 4.ºs Búfalos Associados e Rip Kirby; 6.º Inspector Boavida; 7.º M. Constantino; 8.º Felizardo Lopes; 9.º Onaírda e 10.º Al-Hain.

TAÇA DE PORTUGAL

Vencedor: Detective Jeremias;
Finalista vencido: Mister H
Semi-finalistas vencidos: Inspector Aranha e Professor Cebolas.
Eliminados nos quartos de final: Daniel Falcão, Dr. Gismondo, Inspector Gigas e Zé.
Eliminados nos oitavos de final: A. Raposo & Lena, Agente Guima, Alce Branco, Alves & Companhia, Flo, Medvet, Paulo e Rip Kirby.

TROFÉU “SETE DE ESPADAS” – POLICIARISTA DO ANO

1.º Detective Jeremias; 2.º Inspector Aranha; 3.ºs Daniel Falcão, Mister H e Zé.

TROFÉU “DETECTIVE MISTERIOSO” – RANKING

1.º Detective Jeremias; 2.º Daniel Falcão; 3.º Zé.



COMENTÁRIO

A leitura das classificações acima publicadas, dizem quase tudo sobre a supremacia da escalabitana Detective Jeremias, que conseguiu uma época de sonho, vencendo todas as competições em que participou. De fora, apenas o campeonato de produção e a classificação das mais originais.
Na produção foi consagrado um dos melhores produtores policiários dos últimos anos, o confrade Paulo, sempre autor de desafios de excelente recorte, a aguçar o apetite para mais altos voos, porque entendemos que o confrade viseense ainda tem muita margem para evoluir e criar um estilo próprio nas suas produções.
Nas mais originais cumpriu-se a tradição dos últimos anos, com o triunfo da Medvet, se bem que nesta época mais complicado de obter, não só devido à mais forte concorrência, mas também porque uma arreliadora doença – felizmente já completamente debelada, ao que sabemos - impediu a nossa crónica vencedora da originalidade de dar o seu contributo mais forte nas últimas etapas.

No que se refere às classificações em que a Detective Jeremias conquistou o lugar cimeiro, algumas notas que merecem amplo destaque:

- No campeonato nacional de decifração, o elevado número de “detectives” que terminaram com o máximo de pontos possível, obrigando a desempates pelos diversos critérios. Esse elevado número é sintoma do equilíbrio a que assistimos e, provavelmente, também se deve à ausência de uma produção, pelo menos uma, que fizesse a diferença. Erros na publicação de alguns desafios, provocaram a necessidade de abertura de alguns filtros, aumentando o número de acertantes;

- Na classificação das melhores soluções, a vitória da Detective Jeremias foi muito valorizada pelas excelentes prestações dos confrades Zé e Daniel Falcão, mas igualmente do Inspector Aranha.

- No reino da originalidade, a Medvet voltou a impor-se, como já referimos, mas encontrou adversários de monta, sobretudo o Inspector Gigas, mas também o confrade Zzz.

- Sobre o campeonato de produção, já tecemos algumas considerações na altura da publicação desses resultados.

- A Taça de Portugal foi, uma vez mais, empolgante na sua parte final, à medida que iam sobrevivendo os confrades mais apetrechados ou mais favorecidos pelos sorteios, porque nesta competição, o adversário é determinante.
Destaque para a presença na final do confrade de Torres Vedras, Mister H, após uma competição muito certa, procurando em cada eliminatória assegurar a passagem. Na final, perante algum abaixamento da Detective Jeremias, até então absolutamente dominadora, o confrade Mister H terá encontrado mais algum tempo disponível e arquitectou uma solução de excelente qualidade, mas ainda assim insuficiente para erguer o troféu.

- Sobre os troféus “Sete de Espadas” e “Detective Misterioso”, como consequência da magnífica prestação da Detective Jeremias, foram por ela arrebatados, com boa oposição de outro escalabitano, Inspector Aranha, no primeiro e do bracarense Daniel Falcão no segundo.


domingo, 15 de abril de 2012

POLICIÁRIO 1080




DET. JEREMIAS É CAMPEÃ NACIONAL - 2011


A nossa homenagem de hoje é dirigida a uma “detective” que está definitivamente a marcar uma época do Policiário: a Detective Jeremias.

Herdeira mais recente do testemunho que vai sendo transmitido na região ribatejana, que produziu e produz policiaristas de grande qualidade e relevância, desde os tempos gloriosos da Tertúlia Policiária Ribatejana, a Detective Jeremias está na sequência lógica do já falecido Sete de Espadas, natural da Chamusca e de dois dos actuais grandes mestres do nosso passatempo, M. Constantino, de Almeirim, o melhor produtor de desafios policiários da actualidade e do Inspector Aranha, de Santarém, que já conquistou tudo o que havia para conquistar em matéria de decifração.

Desde que iniciou a sua participação na nossa secção, era evidente para quem estava “deste lado”, lendo a avaliando as suas soluções, que estava destinada aos mais amplos voos, tal a qualidade e empenho eu colocava em cada solução que apresentava aos desafios que eram propostos. Revelava, nessa altura, uma enorme capacidade, traída, no entanto, por alguma inexperiência, aliada a algum excesso de confiança, em certos momentos fundamentais.  Digamos que, nos momentos decisivos, sempre havia alguma pequena “poeira” que impedia o definitivo salto para a liderança.
Na época de 2007/2008, a Detective Jeremias terminou em 11.º lugar no campeonato nacional, foi semi-finalista da taça de Portugal, alcançou o 7.º posto no troféu de policiarista do ano, concluindo a época em 19.º no ranking.
Na época seguinte, 2008/2009, um salto qualitativo levou-a a vice-campeã nacional e repetiu as meias-finais da taça. Como consequência, obteve o 2.º lugar no troféu de policiarista do ano e terminou em 4.º no ranking.
Em 2010, ficou no último degrau do pódio, não logrou mais que atingir os quartos de final da taça, o 4.º lugar como policiarista do ano (pela primeira vez baptizado como Troféu Sete de Espadas) e o 3.º no ranking (troféu Detective Misterioso).
Na época que hoje encerramos, a de 2011, a Detective Jeremias demonstrou definitivamente que estamos em presença de um caso muito sério no Policiário actual, sagrando-se campeã nacional, conquistando a Taça de Portugal, sagrando-se Policiarista do Ano, com o que conquistou o troféu Sete de Espadas e terminando em número 1 do Ranking vencendo o troféu Detective Misterioso!
Obteve, pois, o pleno no campo da decifração, prometendo ainda mais, quando se dedicar à produção, esperemos que já este ano!






  
NO VIII CONVÍVIO DA T.P.L. CONVITE A SER PRODUTOR E SOLUCIONISTA

A Tertúlia Policiária da Liberdade anuncia a realização do seu VIII Convívio para o próximo dia 27 de Maio, mais uma vez no aprazível espaço da QUINTA DO RIO, situada na Estrada Nacional 397, entre Brejos de Azeitão e Sesimbra. Será mais uma oportunidade para uma saudável convivência da família policiarista e, a seu tempo, serão tornados públicos mais pormenores sobre o encontro nomeadamente o preço do almoço, o qual se deverá manter nos níveis anteriormente praticados.
Todavia, podemos desde já lançar um desafio aos policiaristas que puderem e quiserem comparecer. Trata-se de uma competição presencial intitulada “RAPIDINHA POLICIÁRIA – SEM PSEUDÓMINOS E SEM JÚRI”.
Para concorrer torna-se obrigatório que cada participante individual elabore um (e apenas um) problema policial, não podendo exceder uma folha A4 escrita só de um lado, sem assinatura e identificado apenas pelo título que o deverá encabeçar. O texto será apresentado ao Secretariado do Torneio, dentro de um sobrescrito, o qual deverá estar identificado exteriormente, esse sim, com o título do problema e o nome do seu autor. Apenas o Secretariado terá conhecimento destes dados. Cada autor deverá fazer-se acompanhar da respectiva solução, a qual manterá secreta e em seu poder atá ao final da prova. Após a entrega dos problemas, cada autor será então chamado a solucionar um dos outros problemas a concurso, escolhido por sorteio. Guardamos para mais tarde a revelação da forma pela qual será elaborada uma classificação dos concorrentes a este mini-torneio, dizendo apenas para já que será de uma forma rápida e eficaz. Também os prémios serão atribuídos de uma forma original, a saber muito em breve.
A Tertúlia Policiária da Liberdade convida vivamente todos os policiaristas a participar. Basta criar um problema policial, por mais simples que possa ser, para animar o nosso VIII Convívio, com a criatividade de cada um. Claro que não é obrigatório concorrer, todos poderão estar presentes no almoço apenas pelo convívio, e se já é frequentador habitual dos nossos encontros não falte desta vez. Se nunca participou tem agora uma boa oportunidade para se juntar à família policiarista.
TPL

sexta-feira, 13 de abril de 2012

POLICIÁRIO, UMA FERRAMENTA PARA A VIDA

TEXTO DA CONFERÊNCIA NA UNIVERSIDADE DE ÉVORA, NO DIA 29 DE MARÇO DE 2012







Boa tarde.

Antes de tudo o mais quero agradecer o convite que me foi endereçado pelo professor João Nabais para estar aqui presente e poder falar um pouco sobre Policiário e também, claro, agradecer a presença de todos.







[Em fundo, como podem ver, estão a passar algumas fotos que pretendem ilustrar um pouco o que foi e é o Policiário, que deve muito a esse senhor de barbas brancas, já falecido, que dava pelo nome de SETE DE ESPADAS, porque entre nós, conhecemo-nos por “nomes de guerra” que adoptamos. Eu sou o Inspector Fidalgo.]



E o meu agradecimento é tanto maior quanto se dá a circunstância de pela primeira vez poder estar perante uma plateia de pessoas da Química, o que é um tanto inusual, uma vez que normalmente são as pessoas do Direito e da Justiça, que mais chamam o Policiário.

Reconheçamos, no entanto, que faz todo o sentido que seja a Química a reivindicar cada vez mais o papel principal no combate ao crime, tal é o desenvolvimento actual da ciência e da técnica na resolução dos casos criminais. O CSI é hoje uma realidade transmitida e ampliada por séries televisivas atractivas e muito dinâmicas, ainda que nem sempre retratem a realidade.
Mas, se a Química é hoje uma componente fundamental para a resolução dos crimes, também não faz mais do que a sua obrigação, porque uma imensa maioria dos crimes cometidos, ditos de sangue (assassínios, agressões, violações, etc.), têm também a sua origem na própria Química (…)

É a “Química” das pessoas, as reacções pessoais que conduzem à grande maioria desses crimes, digamos, circunstanciais, não planeados. Uma palavra dita no momento errado, excessiva, pode despoletar uma reacção fortíssima, desproporcionada, que conduza ao cometimento de um crime. É o vulgar “perdeu a cabeça”… “passou-se”!
Portanto, digamos que uma certa “Química” é causa principal de actos que uma outra “Química” vai resolver…

O tema que escolhi, “Policiário, uma ferramenta para a vida”, pode parecer um pouco pretensioso, arrogante mesmo, mas vou tentar mostrar que nenhum desses conceitos e sentimentos está por detrás da sua escolha.

O termo Policiário foi desenvolvido pelo Sete de Espadas, a partir da designação que foi dada por Fernando Pessoa que em carta escrita ao seu amigo Adolfo Casais Monteiro referia que estava a trabalhar numa novela policiária, supostamente “O Roubo na Quinta das Vinhas”. Esta carta, de 13 de Fevereiro de 1935, foi o ponto de partida para a designação do nosso passatempo.

É bom que fiquemos já cientes que o crime que mais nos interessa não é o que referimos atrás, como circunstancial, como reactivo, como “Químico”, mas sim aquele que é planeado, estruturado por um cérebro o mais brilhante que for possível.
Também é bom que percebamos que a nossa actividade é levada muito a sério por todos nós, ou seja, mesmo tratando-se da decifração de enigmas ficcionados, de forma lúdica, essa decifração obedece a todas as regras de uma investigação real.

Finalmente, nem tudo se passa em redor do crime. É possível e muitas vezes acontece, haver desafios onde a actividade criminal não está presente, por exemplo, pedir-se aos detectives que descubram qual foi a criança que comeu um bolo que não era suposto ser comido, ou qual dos empregados cometeu um erro numa encomenda, ou qual foi o aluno que pregou uma partida a um professor, etc.

Aqui chegados, vamos lá falar da TAL “ferramenta” que nos traz aqui:

Reparem só num pequeno extracto da novela de Fernando Pessoa, já referida, “O Roubo na Quinta das Vinhas”, para termos uma ideia daquilo que a ferramenta Policiário nos pode “ensinar” para a vida:
Diz o Dr. Abílio Quaresma, o investigador de Pessoa, a dado momento:

“Um exemplo: passo por uma rua e vejo um homem caído no passeio. Instintivamente me pergunto: porque é que este homem caiu aqui?
Já aqui vai um erro de raciocínio e, portanto, uma possibilidade de erro de facto. Eu não vi o homem cair ali. Vi-o já caído. Não é, portanto, um facto para mim que o homem caísse ali. O que é um facto para mim é que ele está caído ali (…) Creio ter-lhes mostrado bem como é complicado o que parece tão singelo. É preciso, em qualquer problema, separar cuidadosamente, logo no princípio, os dados e as conclusões…”.
Mais claro, não podia ser…

O Policiário coloca cada participante perante as várias situações possíveis, ou seja, como vítima, como testemunha, como suspeito, como criminoso e como detective. Portanto, o criador do enigma tem que juntar todos os intervenientes, colocar cada qual no seu lugar, estudar e planear a cena onde se desenvolve a acção, deixar os indícios que conduzam à decifração, apontando a um único culpado e ilibando os restantes.
Quer isto dizer que um produtor de enigmas policiários tem que dominar toda a acção, porque não lhe é apresentado um caso, ele tem é que fazer esse caso.

Ao decifrador cabe interpretar os elementos que lhe são fornecidos e chegar a um resultado lógico.
É nesta lógica que reside, em grande parte “a ferramenta”. O policiarista confronta-se, a todo o momento, com a lógica das ilações que vai retirando dos factos que lhe são apresentados, desenvolvendo, portanto, uma cadeia lógica de raciocínio, que vai poder aplicar na sua vida.
Não é por acaso que as pessoas mais capazes de ler, interpretar, encadear logicamente os dados fornecidos, retirando as ilações necessárias, ficam muito mais apetrechados para a sua vida profissional e pessoal, conseguindo dar respostas mais rápidas e certeiras às questões e constrangimentos que surjam.
Aí, o Policiário assume-se como uma ferramenta importante.

Mas há também a vertente de prevenção. Um policiarista entende melhor as situações, ao ficar perante elas, porque aprendeu a lidar diariamente com elas, na ficção. Assim é muito melhor observador, detecta e aponta pormenores fundamentais para a posterior captura do criminoso, sabe o que é essencial que anote na sua memória visual, auditiva e sensorial. É uma testemunha agradável para um investigador.

Há histórias engraçadas, jocosas, muito falaciosas, sobre testemunhas e ilusões, como por exemplo a de um crime que é cometido e há duas testemunhas que juram que viram o criminoso. Quando chega o momento da identificação, os dois apontam um certo indivíduo, sem reservas. Já no julgamento, ambos são taxativos na identificação, mas então aparece um irmão gémeo do suspeito, igualzinho! As testemunhas hesitam, não conseguem apontar qual deles viram no local do crime…
Problema insolúvel? Nem por isso, o juiz ordena a reclusão de ambos e retoma o julgamento duas semanas depois. Nessa audiência, um dos manos aparece gordo e anafado, rosado, respirando saúde, enquanto o outro está enfezado, magríssimo… O juiz não tem dúvidas, manda libertar o gorducho…
A conclusão é simples, “o que não mata, engorda!”
Isto foi apenas uma brincadeira…

Mas uma das facetas mais importantes é aquela que se relaciona com o ensino e a aprendizagem.
Não é tanto para vocês, que já estão no curso que pretendem (mais ou menos, em alguns casos, porque às vezes não se entra no curso escolhido), mas a nível do secundário ou mais baixo ainda, há matérias que manifestamente não atraem as simpatias, sendo um martírio para quem dá essas aulas, como será um martírio para quem tem de as receber.
Aí, o Policiário pode ser a gazua que abra as portas fechadas, mercê da apresentação da matéria sob a forma de enigmas para decifrar, metendo “buchas” aqui e ali, questões a exigirem decifração apenas ou maioritariamente com a ajuda das “células cinzentas”. É na utilização destas que se deve apostar.


Deixem-me contar uma história verdadeira que se passou nos anos 80 do século passado, numa escola problemática da zona de Lisboa, num subúrbio onde se cruzavam alunos de “n” nacionalidades, raças, etnias.
Eram alunos entre os 14 e os 16 anos e o conselho directivo da escola resolveu criar actividades extracurriculares, que decorriam nas tardes em que os alunos não tinham aulas. Fui convidado para ministrar algumas horas e fiquei com uma sala de 20 e tal alunos, completamente desinteressados, em que todos falavam, gritavam uns com os outros e só dois ou três permaneciam calados porque estavam a dormir…
Bom, as primeiras aulas foram surrealistas, porque não me calei nem um bocadinho, embora soubesse que ninguém me ouvia, mas os jovens iam aparecendo.


Quando o tempo ajudou, levei aquela malta para o exterior da sala e começámos a procurar indícios, pequenas coisas interessantes, observando o terreno, apanhando objectos com os cuidados próprios para não haver contaminação. Umas lupas serviram para aumentar o interesse. Umas impressões digitais levantadas de vidros, com ajuda de fita-cola; umas pegadas de que fizemos moldes, para guardar e mais tarde comparar para sabermos a quem pertenciam; calculámos alturas a partir do tamanho de pegadas, vimos e comparámos objectos no microscópio etc., etc. ...

Curiosamente, passado algumas semanas já não eram 20 e tal os alunos, mas mais de 40, a quererem experimentar…
Distribui, então, pequenos textos com problemas policiários muito simples e as respostas foram excelentes. Quando as férias da Páscoa se aproximaram, dei livros policiais a todos e muitos leram-nos e discutimos os crimes e alguns até tinham ideias diferentes sobre o fim da história, outros mostravam-se zangados por serem “enganados” pelo autor…
Durante aquelas horas, a atenção dos alunos era excelente, traziam representações de crimes e a sala assistia e tentava decifrá-los e no fim era grande a discussão, em que muitas vezes o autor não saia lá muito bem…

Os resultados escolares subiram bastante, porque passou a ser “quase” condição necessária para frequentar o Policiário que houvesse boas notas nas disciplinas curriculares e os alunos pediam ajuda nos estudos.
Os próprios professores das cadeiras ficaram espantados com a alteração produzida.

Não retiro, naturalmente, qualquer ilação científica, porque não foi uma experiência estudada, estruturada, foi um bocado ao sabor da corrente, mas que se registaram grandes avanços naqueles jovens, isso foi inegável.
Claro que as resistências foram muitas, houve queixas por estarmos a “incentivar a violência e o crime” nas “criancinhas” e ainda antes do final do ano, a pretexto de mais uma alteração curricular qualquer, foram suspensas aquelas aulas.

Alguns desses jovens, hoje bem trintões, decifram enigmas na secção de Policiário que aos domingos oriento no PÚBLICO vai para 20 anos, que se completam no próximo dia 1 de Julho.

Em suma, o Policiário é uma actividade lúdica aberta a todos, que nos permite fabricar os nossos crimes, os nossos desafios, dar vida (e morte também!) aos personagens que queremos, nas situações pretendidas. Mas também nos permite decifrar os enigmas propostos, aplicando a leitura, a interpretação, a análise dos textos, etc.
E como usamos, na feitura e decifração, todos os instrumentos reais de uma investigação, bem podemos dizer que somos detectives a sério, agimos como eles e ainda acrescentamos o domínio da escrita, que nós necessitamos e eles nem por isso.

Permitam-me, apenas, que vos dê dois exemplos daquilo que é o Policiário.

Vejam esta cena: Um indivíduo muito rico (nós gostamos muito de vítimas ricas porque ficamos logo com um motivo para o crime) não tem filhos, sofre de uma doença terrível e resolve chamar os sobrinhos que são seus herdeiros e diz-lhes: A minha fortuna vai toda para aquele que acabar com o meu sofrimento. Este papel diz isso mesmo e fica aqui guardado para que a minha fortuna seja entregue a quem acabar com o meu sofrimento…
Claro que no dia a seguir o ricaço já era e foi caricato ver os sobrinhos um a um irem à polícia dizer que mataram o tio e explicar como o fizeram. No texto davam-se os elementos que permitiam concluir que um deles era o responsável e no fim perguntava-se: Quem herdou a fortuna?
Nessa pergunta estava toda a diferença. Não se perguntava quem matou o tio, mas quem herdou. E pela lei portuguesa, quem atenta contra a vida de alguém, não pode herdar desse alguém! O que matou e que parecia que ia ficar rico, foi o único que não herdou!

Outro problema tratava de um crime cometido numa aldeia onde não havia luz nocturna e às tantas, um personagem vem dizer que assistiu ao crime, quando passou no local, aproveitando o momento em que o criminoso se voltou e o luar permitiu ver-lhe as feições e reconhecê-lo.
Todo o texto era perfeito, sem erros nem pistas de nenhuma espécie. Era claro como a água. No título é que estava a solução do problema: Na Noite do Eclipse!
Eclipse à noite, apenas da Lua e para que ocorra, esta tem que estar em fase de Lua Nova. Não há luar!

Estes dois casos são o retrato daquilo que o Policiário nos pode surpreender a cada passo e que espero vos possa aguçar a curiosidade para virem “espreitar” o que fazemos e o que nos atrai tanto.

Muito obrigado pela vossa atenção. Foi um prazer estar convosco.

Boa Química e boas deduções!
 lp

quinta-feira, 12 de abril de 2012

UNIVERSIDADE DE ÉVORA - 29 DE MARÇO





Conforme anunciámos, decorreu no passado dia 29 de Março na Universidade de Évora, a sessão de encerramento do "Desvenda o Crime", uma iniciativa do Departamento de Química daquela Universidade, integrada nas comemorações do Ano Internacional da Química - 2011.




Na sessão, que decorreu no Anfiteatro 1 do Colégio Luís Verney, com uma assistência predominantemente jovem e entusiasta, houve conferências, com muita animação e entusiasmo.



Em primeiro lugar Luís Pessoa, sob o tema "Policiário, uma ferramenta para a vida", uma intervenção que acabou por exceder em muito a duração estimada e de que vamos dar a devida nota em breve, publicando o texto que lhe serviu de base, apesar das naturais "derivações" que estas coisas sempre comportam. Como dizia muitas vezes o nosso querido Sete de Espadas, "as conversas são como as cerejas"...








Seguiu-se a intervenção do professor João Nabais, com o tema "As actividades forenses na Universidade de Évora", em que traçou as linhas gerais do imenso trabalho desenvolvido no âmbito da investigação criminal, não deixando de alertar para o embuste das séries televisivas do CSI, sobretudo na forma como induzem em erro os seus seguidores.






Depois, foi a vez da intervenção do autor do enigma que foi proposto aos alunos e que fez parte do "Desvenda o Crime", professor Cruz Morais, que explicou pormenorizadamente a sua solução e as possibilidades de, seguindo métodos e caminhos diversos, ser possível encontrar a resolução, como acontece na vida real, de resto.







Na parte final, foi a professora Cristina Galacho quem entregou os prémios aos jovens vencedores, ou melhor, aos mais vencedores, porque em boa verdade, todos os participantes - e foram centenas - podem ser considerados vencedores!





Ao lado o grande vencedor, TIAGO ROSA, de Torres Novas.












E um dos três premiados com menção honrosa e que foram: Júlio Sousa, Jorge Barata e Miguel Félix

domingo, 8 de abril de 2012

POLICIÁRIO 1079




Continuamos sob o signo do confrade Paulo, o campeão nacional de produção 2011, que nos apresenta mais um enigma, desta feita de resposta múltipla.
Como os leitores já verificaram, a nossa secção “encolheu”, por imperativos de espaço disponível e daí termos ficado com um número de caracteres consideravelmente reduzido, situação que inviabiliza a publicação de problemas com a dimensão que era usual, de há vários anos para cá.
Nesse sentido, alguns produtores fizeram a necessária alteração e Paulo foi um dos primeiros a adequar as suas produções ao espaço actual, que não pode ultrapassar os 4500 caracteres, com espaços.
Pedimos a todos os produtores, quer aos que já nos remeteram problemas, quer àqueles que ainda os estão a ultimar, que cumpram o limite acima referido, efectuando as necessárias adaptações, de molde a que o problema fique sempre mais aproximado do desejo do seu autor.
Recordamos, igualmente, a carência de desafios, em quantidade e qualidade, para que os torneios decorram sem sobressaltos, pelo que pedimos aos candidatos a produtores que nos façam chegar os desafios o mais rapidamente possível.
E posto isto, vamos às recordações…

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
PROVA N.º 3 – PARTE II
“RECORDAÇÕES” – de PAULO
Remexendo em papéis antigos, encontrei um velho caderno da disciplina de inglês dos tempos de liceu. Entre as suas páginas havia um papelinho misterioso com uma mensagem assinada por um desconhecido John.
Quem era o John e que papel era aquele?
Na década de setenta eu, o Pedro, o Jorge e o Marco eramos colegas de turma e partilhávamos o gosto do policiário. Adeptos do Mistério Policiário orientado pelo Sete de Espadas, discutíamos os problemas e as soluções num jogo de equipa que normalmente acabava por ter bons resultados. Semanalmente compravamos o Mundo de Aventuras que devorávamos da primeira à última página. Enquanto eu e o Jorge eramos grandes apreciadores das séries belgas e principalmente de Buck Danny, o Pedro e o Marco gostavam mais do britânico Garth. Sem desprimor pelos desenhadores e argumentistas ingleses, não duvido que a preferência dos dois se devia às figuras femininas e ao erotismo latente que punha em ebulição as hormonas adolescentes que nos faziam andar aos quatro de queixo caído por uma colega de turma, a Marcela, que não nos ligava nenhuma. Mas... ligávamos nós.
Voltando à revista, além do Mistério Policiário, havia uma outra secção que nos fornecia armas para ocuparmos o tempo em algumas aulas. Era a Escola de Espionagem orientada pelo Agente Secreto. Por lá se aprendia a encriptar e a descodificar mensagens.
Com essas competências, nas aulas de inglês, quando não estávamos de olhos presos na jovem professora que insistia em vir para as aulas de minissaia, escrevíamos mensagens uns aos outros.
Embora a assinatura fosse essencial para poder descodificar a mensagem, nunca assinávamos com os nossos nomes nem os colocávamos no texto, de modo que no caso de a professora apanhar o papel, e, situação muito improvável, conseguir ler a mensagem, jamais saberia quem a enviou ou quem era o recetor, porque embora a maior parte dos escritos lhe fossem muito elogiosos, suspeitávamos que ela não iria gostar de os ler.
Algumas vezes as mensagens, além da professora de inglês, da Marcela e da banda desenhada, também versavam o futebol. Eramos três benfiquistas contra o sportinguista Pedro. Discutíamos muito futebol e, nas nossas argumentações, tínhamos por vezes análises e duelos verbais de fazer inveja aos credenciados comentadores que hoje em dia aparecem na televisão a defender cada um dos seus clubes.
Mas, regressando ao motivo que levou à escrita deste texto, fiquei com a curiosidade de saber o que diria a mensagem. A memória já não conseguia chegar ao dia em que fora escrita, para saber se tinha sido eu o autor ou se seria qualquer um dos meus amigos.
Peguei no conjunto das letras, WCWEXLPZXRVZRBNBBDVECWUTLWUPXPLAOWJNISYB, fiz rapidamente uma tabela e comecei a fazer a descodificação.
É como andar de bicicleta, depois de aprender nunca mais se esquece.
Depressa obtive o texto desencriptado, ficando a saber quem o escrevera, e os meus caros leitores, a partir do que está narrado e caso tivessem visto como eu o conteúdo da mensagem, também poderiam saber.
Para terminar este espaço de recordação fica uma pergunta que encontra resposta no texto atrás escrito.
Qual era o tema da mensagem.
A – A professora de inglês
B- O futebol
C- A banda desenhada
D- A Marcela

E pronto.
Publicada a parte II da prova n.º 3, os nossos “detectives” deverão enviar as suas soluções, impreterivelmente até ao dia 30 de Abril, para o que poderão usar um dos seguintes meios:
- Pelos Correios para PÚBLICO-Policiário, Rua Viriato, 13, 1069-315 LISBOA;
- Por e-mail para policiario@publico.pt;
- Por entrega em mão na redacção do PÚBLICO de Lisboa;
- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.
Recordamos que nestes desafios de resposta múltipla, apenas será obrigatória a indicação da alínea que considerem correcta, não sendo necessária qualquer explicação, que no entanto poderá ser dada, se o “detective” assim entender.
Boas deduções!

sábado, 7 de abril de 2012

JARTURICE PASCAL

    7 ABRIL 2012 
                                                                                                                              Prezados  confrades e Amigos “sherlocks”

Alguns de vocês, perguntarão: - O que se passa, para o Jartur estar tão caladinho, sem nos vir “jarturar” com as suas jarturices?
        Acontece, Amigos, que tenho dedicado, pelo menos 5 horas de trabalho por dia, em buscas na biblioteca, a matraquear neste “hp”, ou a organizar os papéis que já ocupam 55 pastas, “materializadas”, todas iguais como siamesas, prateadas, bonitas, para o nosso

         
        De um dos últimos trabalhos, aí vai um reduzido “trailler”.                                 
   JORNAL DE NOTÍCIAS
                                                           25.Janeiro.1959 a 18.Dezembro.1960
Secção Policial dirigida por: MÁRVEL

Em 1959, o JORNAL DE NOTÍCIAS”, prosseguia com a publicação das aventuras de “O SANTO”, em banda desenhada, histórias de Leslie Charteris ilustradas por Doug Wildey.
No segundo domingo do ano, dia 11, com honras de anúncio na capa, a página onde normalmente se inseria “O SANTO”, foi enriquecida com a série colorida «O DOMINGO DE JACKY», e a página ficava preenchida com a tira humorística: «O OPTIMISTA».
No domingo seguinte, manteve-se o esquema da página, mas no dia 25, último domingo do mês, o panorama foi alterado para melhor. Surgiu uma nova secção, com o título: «Quem? Como? Porquê?».

Não se tratava duma secção com abertura à colaboração dos leitores, nem promovia torneios ou concursos. Era constituída apenas por contos/problemas, ou mesmo (e mesmo especialmente) problemas convencionais escritos pelo MÁRVEL, com a publicação da solução no mesmo número.
Foram exactamente 100 originais, que estão já devidamente arquivados na pasta correspondente, como património do nosso/vosso:
Com as melhores saudações policiárias do      JARTUR

segunda-feira, 2 de abril de 2012

TAÇA DE PORTUGAL 2011

FINAL



DET. JEREMIAS





            VS




MISTER H





FOI UMA EXCELENTE FINAL, DECIDIDA NOS PORMENORES.

DET. JEREMIAS VAI ERGUER A TAÇA DE PORTUGAL - 2011
PARABÉNS A AMBOS!

AS MELHORES E MAIS ORIGINAIS

ÉPOCA 2011 - PROVA N.º 10

AS MELHORES

1,º PROFESSOR CEBOLAS - 5 PONTOS
2.º PAULO - 4 PONTOS
3.º DETECTIVE JEREMIAS - 3 PONTOS
4.º MISTER H - 2 PONTOS
5.º ZÉ - 1 PONTO

AS MAIS ORIGINAIS

1.º PROFESSOR CEBOLAS - 5 PONTOS
2.º AGENTE GUIMA - 4 PONTOS
3.º INSPECTOR GIGAS - 3 PONTOS
4.º RIP KIRBY - 2 PONTOS
5.º DETECTIVE JEREMIAS - 1 PONTO

domingo, 1 de abril de 2012

POLICIÁRIO 1078


Prosseguimos a nossa competição desta época com a publicação de um desafio de autoria do Campeão Nacional de Produção 2011, o confrade Paulo, de Viseu.

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
PROVA N.º 3 – PARTE I
“A MORTE DO GENERAL” – de PAULO

Em 1940 o general Ivo Pais vivia com os sobrinhos órfãos, estudantes em Coimbra, ajudado por Eva, a empregada que os criara, e Luís, o motorista que o militar reformado recentemente contratara.
Os jovens colocavam-se de forma diversa face à guerra, em desavença que já levara a conflito físico. Viviam juntos mas mal se falavam. Caio era um defensor do apoio do país aos nazis. Cid achava que se deveria apoiar o lado inglês, contando com o avô, que por via dessa posição sofria perseguição política, tendo já sido ameaçado de morte.
A casa do general ficava numa quinta, cercada por um muro baixo de pedra. Do lado esquerdo o terreno para a horta. Do lado direito a garagem e a arrecadação. Nas traseiras o terreno para relva e árvores, que no domingo trágico esperava a plantação de grama, após ter sido arado no sábado, o que permitiu aferir os rastos deixados por quem cometera o crime. Caio estava na arrecadação com o seu passatempo de radioamador. Disse que ouvira o tiro cerca das onze e meia. Vira um desconhecido correr de arma na mão nas traseiras da casa. Correra atrás do homem, que saltou o muro. Quando lá chegou ele tinha sumido no pinhal que se abria a perder de vista.
Voltara para a casa, notara a janela do escritório aberta e vira o tio com a cabeça em sangue. Saltara o peitoril e alertara o irmão. Não mexera em nada, pois pelo aspeto da cara do tio percebera que morrera. Não deixara ninguém entrar no escritório até chegarem às autoridades, a quem ele ligara do telefone da casa.
Cid, que ouvia mal, saíra a passear, como era hábito, cerca das dez horas. Voltara por volta das onze e um quarto. Estava no quarto a ouvir rádio. Disse que provavelmente ouvira o tiro mas não recordava o ruído, misturado com o programa que ouvia sempre. Soube o que se passara pelo irmão. Não se aproximara do escritório nem da janela, por ordem do irmão, até as autoridades chegarem.
Eva saíra antes das dez. Tinha ido à missa. Na hora em que fora disparado o tiro regressava a casa. Solteira, tinha um filho, que diziam ser do general, com quem vivia perto da quinta do patrão. O filho, conhecido por posições antifascistas, discutira no sábado com o general que o ameaçara com a prisão.
Luís estava de folga. Acabara o serviço no sábado à noite quando fora buscar os irmãos ao comboio. Era mais do que um motorista. Fora contratado pelo general não só para o conduzir mas para guarda-costas. Por vezes andava com a arma do general. Vivia só e não tinha álibi.
O general estava no escritório, onde não suportava ser importunado, no chão coberto de fofos tapetes, a cerca de dois metros da janela, na direção da porta, única do compartimento, que dava acesso ao resto da casa. À direita havia uma secretária com um cadeirão, perto da janela, e na parede atrás, um quadro com uma cena rural. Ainda do lado direito um sofá, ao lado do corpo, mais junto da porta que ficava em frente à janela. À esquerda uma mesa baixa e estantes cobrindo a parede. No chão, pegadas de Caio marcadas com terra.
Uma poça de sangue isolada afagava a face do general. O projétil entrara na base da nuca, dando morte imediata, deixando uma ferida de forma estrelada, alguns cabelos queimados e saíra entre os olhos, subindo suavemente. A cápsula do projétil estava no quintal, junto à janela. A bala mortal estava à frente da secretária. Pertencia à arma encontrada do lado de fora do muro, oculta num buraco da parede, mal tapado com uma pedra. A arma era do general e tinha quatro projéteis no carregador e um na câmara. Tinha as impressões digitais de Luís que afirmara não se lembrar quantas balas tinha o carregador, sabendo no entanto que não estava cheio por questões de segurança.
As pegadas não mostravam indícios de salto da casa para o quintal, sendo visíveis as marcas de Caio ao entrar pela janela. Havia uma série de Caio desde a zona lateral, rente à casa, até à janela, com a marca do tacão a evidenciar-se. Junto à janela viravam para o muro das traseiras e voltavam à janela mantendo as mesmas caraterísticas. Outra série de pegadas com todo o pé homogeneamente visível, vinha do muro à janela e regressava. As botas que fizeram essas marcas foram encontradas no pinhal, juntamente com umas luvas, a cerca de 300 metros do muro. Mais tarde, quem matou, confessou que as usara.
O testamento fazia herdeiros os sobrinhos e Eva, mas antes da morte já todos sabiam o que os esperava.
Perante estes factos, pede-se que façam um relatório que permita identificar quem cometeu o crime.

E pronto.
Resta aos nossos confrades e “detectives” procurarem a resolução deste caso, tendo sempre em atenção que o seu autor é “só” o campeão nacional de produção em título, uma razão adicional para maiores cautelas.
Depois, resta enviar as propostas de solução, impreterivelmente até ao dia 30 de Abril, podendo usar um dos seguintes meios:
- Pelos Correios para PÚBLICO-Policiário, Rua Viriato, 13, 1069-315 LISBOA;
- Por e-mail para policiario@publico.pt;
- Por entrega em mão na redacção do PÚBLICO de Lisboa;
- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.
Boas deduções.

OS DOIS CAMPEÕES NACIONAIS - 2011







DETECTIVE JEREMIAS (Santarém) é a Campeã Nacional de Decifração - 2011







PAULO (Viseu) é o Campeão Nacional de Produção - 2011






PARABÉNS A AMBOS!

DETECTIVE JEREMIAS É CAMPEÃ NACIONAL 2011


MUITOS PARABÉNS À NOSSA DETECTIVE QUE SE TORNOU CAMPEÃ NACIONAL DE DECIFRAÇÃO NA ÉPOCA 2011!