segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

ANO DE 2013

Para todos os nossos confrades e "detectives", que seguem o Policiário e visitam este nosso blogue, desejamos que o 2013 não seja aquilo que TODOS achamos que vai ser.

VOTOS DE QUE 2013 NOS TRAGA TUDO O QUE NOS FOI TIRADO EM 2012 E MUITO MAIS!

QUE 2013 NOS TRAGA A DIGNIDADE DE SERMOS NÓS!

UM BOM 2013, SEM PRECISARMOS DA AUTORIZAÇÃO DA TROIKA!




domingo, 30 de dezembro de 2012

POLICIÁRIO 1117



Estamos a chegar ao final deste ano de 2012, que ficará registado como um de muito má memória para muitos de nós.
Com todos os problemas ocorridos no país, com a situação económica insustentável, com desemprego e miséria bem presentes, também o nosso Policiário acabou por ser contaminado e tivemos uma época muito atribulada e com competições ainda por concluir.
Mas, no horizonte, perfila-se um novo ano e com ele a esperança e, mais que isso, a vontade de conseguirmos coisas melhores, pelo menos pelo lado do Policiário, que quanto ao resto…
Assim, em 2013 vamos contar com muitos e muitos novos desafios, mais problemas para decifrar, inseridos em competições que pretendemos muito mais dinâmicas, com resultados divulgados atempadamente.
O modelo competitivo ainda não está completamente definido e por isso não é hoje que vamos ficar a saber como se desenrolará, mas prometemos que dentro de muito pouco tempo teremos aqui toda a estrutura de competição que nos vai reger durante o ano de 2013.
 E como estamos à beira de darmos as boas vindas ao próximo ano, vamos publicar um problema que nos conta a história de um derradeiro negócio no último dia do ano. Tratando-se de um problema bastante acessível, que certamente será facilmente decifrado pelos nossos confrades e “detectives”, convidamos todos os leitores, mesmo aqueles que nunca se deram ao trabalho de ler com olhos de ler a nossa secção, a procurarem a solução:

O ÚLTIMO NEGÓCIO DO ANO
Autor: Inspector Fidalgo

O Manuel é um empresário de pouco sucesso que, de uma forma geral, não consegue realizar o seu sonho de ser rico em pouco tempo e, se calhar, nem em muito tempo. Certamente que há algum erro na escolha da actividade, o que vai fazendo com que a fortuna esteja cada vez mais longe.
A história que lhes vou contar passou-se hoje mesmo, há pouco mais de uma hora e é bem demonstrativa daquilo que acabei de dizer.
Como disse, há cerca de uma hora, o Manuel telefonou ao seu grande amigo Florêncio para lhe pedir que lhe desse uma ajuda e lhe facultasse uma certa verba, sob pena de perder um grande negócio:
– Florêncio, é muito importante e simples. Há um comerciante chinês que tem uma enorme quantidade de aparelhos de alta tecnologia para vender, tudo legal, e vende-me a mim a um bom preço. Sabes, o tipo atrasou-se com a compra e quando chegaram já o Natal tinha passado e portanto, está pronto a vender-me muito em conta. Mas tem que ser já e pago em dinheiro vivo.
– Está bem, Manuel, mas para quê a pressa?
– O tipo diz que tem de partir ainda hoje, tem bilhete de avião e tudo e amanhã vai sair uma notícia no PÚBLICO sobre este mesmo aparelho. Por isso, assim que o jornal sair, certamente que vai haver uma corrida desenfreada, o preço vai subir e com esta quantidade, estou garantido…
– Tens a certeza que é seguro? A notícia vai dizer o quê?
– Ora, a notícia é de um técnico especialista que vai dizer que estes aparelhos têm uma excelente qualidade e desempenho… Vai ser uma corrida ao produto e se eu comprar a este preço, posso vendê-lo pelo dobro… Só preciso é do capital, imediatamente, para ir buscar os aparelhos…
O Florêncio sabia que o amigo não tinha grande habilidade para os negócios e por isso complicou propositadamente a situação e foi ter com o amigo com o pretexto de lhe levar o dinheiro.
Quando falaram com o comerciante chinês, Florêncio ouviu da boca dele a mesma história. Depois de verificar o material que ia ser vendido ao amigo, não teve dúvidas de que o preço até nem era mau, em função das características do produto, mas o negócio não ia ser tão rentável como o amigo julgava, nem a corrida aos aparelhos ia ser como ele apregoava, porque…

1 – Os aparelhos não estavam em boas condições;
2 – Os aparelhos não iam ser noticiados como o chinês apregoava;
3 – Os aparelhos não tinham etiqueta de origem;
4 – Os aparelhos não funcionavam com a nossa electricidade.

                                       
E pronto. Fazemos aqui uma pequena paragem para que todos possam verificar os factos fornecidos e com eles chegarem à sua própria conclusão, que certamente não será diversa da que segue:


SOLUÇÃO

A solução correcta é a 2. Facilmente se verificava que a notícia não podia ser dada daquela maneira, uma vez que o PÚBLICO não se publica no dia 1 de Janeiro, como é tradicional.
Este problema tem uma resolução de certo modo facilitada uma vez que toda a acção se passa precisamente no momento em que é publicado. Quem dos nossos leitores não sabe que daqui por dois dias não haverá jornal nas bancas?
Normalmente não é assim que se passam as coisas e os autores colocam sempre a acção em tempos mais longínquos, obrigando a um trabalho de maior investigação e busca.
No entanto, mesmo sem conhecimento do facto principal, ou seja, a não publicação do jornal, este problema também se poderia decifrar por exclusão de partes, no entanto, a justificação teria de ser sempre procurada na inexistência de jornal no dia mencionado.



BOM ANO DE 2013!
Para todos os leitores e “detectives”, ficam os votos para que o ano de 2013 seja o melhor possível. Boas entradas!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

JARTURICE OU... JARTURADA - XIII




                       Publicado na secção POLICIÁRIO em: 27.Dezembro.1992
Acabou!...
            … O TORNEIO Preparação PÚBLICO Policiário!
            Assim se iniciava a secção, no dia de hoje, que era domingo, precisamente HÁ VINTE ANOS ATRÁS.
            Após breves palavras de circunstância, de despedida ao ano que acabava, publicava-se a solução do problema do M. Constantino que encerrara o Torneio, e que os Amigos já viram publicada na efeméride do passado dia 6 do corrente.     
                            Seguiam-se as classificações que, se me permitem, vou aqui transcrever na íntegra, como HOMENAGEM à multidão de “novos” “sherlocks” que, apesar de tudo, davam boa réplica aos “veteranos” que por ali andávamos, e para que conste, para memória futura, no nosso ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA.
         Classificações no último problema
10 pontos: A. Raposo, Flo, Hortonolito, Jartur e o “novo” H. Sapiens (Braga).
         09 pontos: F.M., F. Perlico, O Falcão, P.G. e Inspector Porto Mai.
         08 pontos: Académico, Avlis & Snitram, Beagle, Bellas, Beto, Canelas, Chico Bento, Chinês, faria, Gel, Kim, Lito, Lívio e Tin Tin (Alcobaça).
         07 pontos: Agente Torrão, Alkazar, Amaral Neto, Ann Metal Rose, Bart, Batatinha, Bino, Bio Li, Cão Raivoso, Celso, Corvos, De La Tierra, Família Adams, Filão, Finol, Free Live, Garcês, Gina, Guida, Kiki, L.S., Leão, Leão Verde, Leónidas, Minorca, Minúcia, Pedro Figueiredo (Lisboa), Pitosga, Quica, Quim, Serrinah, Sertório, Setta, Sorgam, Teresa, Tinov, Tio Zé, Ursulino, Visionário, Wanda, Winner, Zé Bacalhau, Zeca, Zorro.
         06 pontos: Abreu, Agente, Carlota, Agente Faneca, António Correia, Barriosa Brutus, Carlos Costa, Cool, Dr. Pevides, Esperança, Fantômas, Foca, Holla, Insp. Moka, João Belo, João Telmo, Jomaro, Laires, Lecas, Miau, Milau, Mimi, Minas Gerais, Mr. Mason, Pirol, Real, Russo, Saké, Silva Alves, Ultra, Uniaque Virgílio Silva, Viriato, Von Richtoffen, 000 Bone Head.
         05 pontos: Arlequim, Cila, Cola, Copa de Ouros, Dr. Acéfalo, Édipo, Época, Guarda Fonseca, Ins. Medricas, John, Leandro, Luís, Luís Ferro, MT, Maiorca, Mila, Mina, Morcego, O Cobra, Pencas, Pioras, Sentinela, Tino Abreu, Tó Mané, Tó Serra, Xá, Zé Alberto, 10-A.
Prémios e premiados  
AS MELHORES: 1.º JARTUR – 5 PTS; 2.º FLO – 3 pts; 3.º HORTONOLITO – 2 pt; 4.º A. RAPOSO – 1 pt.
AS MAIS ORIGINAIS: 1.º INSP. MOKA – 5 PTS; 2.º O FALCÃO – 3 pts; 3.º FLO – 2 pts; 4.º L.S. – 1 pt.
            Os dois primeiros de cada classificação receberão um livro.
PRÉMIOS POR SORTEIO: MR. MASON (Lagos); INSP. PORTO MAI (Coimbra) 000 BONE HEAD (Setúbal).
PRÉMIOS DA APP: H. SAPIENS (Braga); e TIN TIN (Alcobaça).
COMENTÁRIO: Prova muito movimentada esta, a colocar ponto final no torneio. JOMARO que era guia isolado, falhou completamente e viu-se ultrapassado, mesmo em cima da meta. Também o INSP. MOKA não conseguiu impor-se e foi JARTUR, com uma magnífica solução, quem pôs os pontos nos ii, chamando a si um triunfo “tirado a ferros”, mas totalmente merecido. Eis as  
Classificações finais do torneio
          1.º e VENCEDOR: JARTUR (Porto) – 59 pontos.
2.º O FALCÃO – 57 (16), 3.º FARIA - 57 (23); 4.º HORTONOLITO - 57 (27); 5.º JOMARO – 56 (10); 6.ºs AVLIS & SNITRAM – 56 (32); BEAGLE – 56 (32); F. PERLICO – 56 (32); 9.º INSP. MOKA – 55 (12); 10.º L.S.  – 55 (23); 11.º P.G. – 55 (31); 12.ºs S.F.M. e VON RICHTOFFEN – 54 (38); 14.º FANTÔMAS – 53; 15.º FLO – 51 (24); 16.º SILVA ALVES - 51 (42); 17.º ANN METAL ROSE - 50 (38); 18.ºs ACADÉMICO, CHICO BENTO e LITO - 50 (44).  
        
Estes os 20 primeiros. Entre parêntesis está indicada a pontuação do combinado, que serve para desempate.
21.ºs Beto, Gel e Gina – 49; 24.ºs Dr. Acéfalo, Leão e Luís - 48; 27.ºs Batt, Bella, Cão Raivoso, Corvos, Finol, Foca, Garcês, Guarda Fonseca, Guida, Holla, Insp. Bibi, Leandro, Leónidas, Mina, Minas Gerais, Serrinha, Tinov e Zorro - 47; 45.ºs Abreu, Ag. Faneca, Bino, Canelas, De La Tierra, Dic Roland, Esperança, Kim, Minorca, Real, Sentinela, Setta, Winner e Zeca - 46; 59.º Xek Brit – 45 (70); 60.ºs Ag. Torrão, Batatinha, Édipo, Família Adams, João Telmo, Leão Verde, Lívio, Milau, Quica, Quim, Sorgan, Teresa e Viriato  – 45; 74.ºs Ag. Carlota, Amaral Neto, Barriosa, Brutus, Carlos Costa, Celso, Cola, Cool, Copa de Ouros, Dr. Pevides, Filão, Free Live, João Belo, Kiki, Laires, Lecas, Mimi, Minúcias, O Cobra, Uniaque, Virgílio Silva, Visionário, Wanda e Zé Bacalhau  – 44; 98.º Sopegral – 43 (114); 99.ºs Alkazar, John, Maiorca, Pencas e Pirol – 43; 104.ºs António Correia, Bio Li, Chinês, cila, Mr. Mason, Pitosga, Tino Abreu, Tó Mané e Tofin – 42; 122.ºs Miau, Xila, 000 Bone Head – 40; 125.ºs JJ, Niv, Ultra, Ursulino e Insp. Medricas – 39; 130.ºs A. Raposo – 38 (155); 131.ºs MT, Melo Tino, Sertório e Tó Zé – 38; 135.ºs Marco, Paulo, Penalva, Piano Bar, Saké, Sëm Lôh e Toddo  – 37; 142.ºs Mila, Santo, Stic e Zé Vilela – 36; 146.ºs Arlequim, Red Lib e 10-A – 35; 149.ºs Carla Joana, O Inquisidor, Teodorico Santos e Têvê – 34; 153.º Insp. Pé Ligeiro – 33 (170); 154.º Reca;  155.ºs Caramujo, Manuel Castro e Zé Alberto - 32; 158.ºs Caridon e Verónica - 3; 160.º Tantan - 29; 161.ºs ACM e Zarco - 28; 163.º Luís Ribeiro - 26; 164.º Det. Vice e Versa - 20; 165.º Insp. Porto Mai - 19; 166.º Jolapi – 18 (187); 167.º Bel Barbo - 18; 168.º Tommy & Toppence - 17;  169.º José Nunes – 10 (188); 170.ºs Gary, H. Sapiens, José Augusto Silva, Lady Agatha, Magnólia e Mel - 10; 176.º Aliens - 9; 177.º J. Pen – 8 (198);  178.ºs Hercule Poirot, Insp. Lombriga e Tin Tin – 8; 181.ºs Det. Lafayette, Dr. Pourqoipas, Flor de Lis, Luís Reis, Pedro Figueiredo e Tom Ripley – 7; 187.ºs Olhos Espetados e Ulysses – 6 pontos.
Ufff! (Escrevia o LP) 188 concorrentes neste torneio! Infelizmente nem sempre presentes, já que houve gente que respondeu muito bem, mas que desapareceu quase de repente. Falta de combatividade? Teremos tempo e oportunidade para comprovar isso. E vamos para as classificações finais de:
As melhores
1.º e vencedor: INSPECTOR MOKA – 17 pts; 2.º Jomaro – 11 pts; 3.º Jartur – 9 pts; 4.º L.S. – 8 pts; 5.º José Nunes – 5 pts; 6.ºs Faria e Xek Brit – 4 pts; 8.ºs Hortonólito e O Falcão – 2 pts; 10.º A. Raposo – 1 pt.
As mais originais
1.º e vencedor: FLO – 22 pts; 2.º Insp. Moka – 14 pts; 3.º Jomaro – 9 pts; 4.º Sopegral - 5 pts; 5.ºs Xek Brit, O Falcão e Insp. Pé Ligeiro - 3 pts; 8.º P.G. - 2 pts; 9.ºs Ann Metal Rose, Jolapi, L.S., Det. Vice e Versa e J. Pena – 1 pt.
Prémio combinado
1.º e vencedor: JOMARO – 10 pts; 2.º Insp. Moka – 12 pts; 3.º O Falcão – 16 pts; 4.º Jartur - 18 pts; 5.ºs Faria e L.S. - 23 pts; 7.º Flo - 24 pts; 8.º Hortonólito - 27 pts; 9.º P.G. - 31 pts; 10.º Avlis & Snitram, Beagle e F. Perlico - 32 pts;

E pronto. (Continua o Luis Pessoa) Para fecharmos as portas do TORNEIO PREPARAÇÃO PÚBLICO POLICIÁRIO apenas falta o PRÉMIO DE PRODUÇÃO, ou seja, proceder à classificação dos problemas que constituíram este torneio.
Vinham depois as despedidas e os votos:
1992 encerrado, 1993 à porta! No próximo domingo teremos novidades sobre o que iremos levar a cabo. … Daremos notícias, logo que tal seja possível.
         Para todos os que nos lêem, Festas Felizes e que o Ano de 1993 vos traga tudo… Com muito Policiário! Então até 1993!
                                                                                       L.P.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

FELIZ NATAL!


Por impossibilidade de dar resposta pessoal a todos os confrades que fizeram o favor de nos endereçar votos de Feliz Natal, permitam-nos que o façamos por este meio!


Para todos, UM FELIZ NATAL!

domingo, 23 de dezembro de 2012

POLICIÁRIO 1116

Este nosso espaço cumpriu durante muitos anos, sobretudo enquanto o nosso confrade Lima Rodrigues foi provedor do Policiário, a tradição de publicar um conto de Natal.
Depois, por motivos vários, foi-se perdendo o hábito.
O conto de Natal, enquanto instituição que nos habituámos a ver aqui, nada tinha a ver com questões religiosas, ao contrário do que alvitravam certas vozes, tanto mais que aquilo que aqui celebrávamos ia muito para além desse aspecto algo redutor, antes definia um momento em que olhávamos um pouco mais profundamente para as nossas relações com os outros. Digamos que a época natalícia, pelas características que lhe foram sendo dadas, nos oferecia a boleia necessária para olharmos para os nossos iguais e reforçarmos uma vertente de solidariedade e amizade.
Nesse sentido, o conto de Natal trazia-nos um olhar mais acutilante, mais despoluído sobre aquilo que se passava à nossa volta, fazendo-nos desligar, por alguns momentos, daquilo que era e é a razão da nossa secção: o crime e o seu combate.
Vamos publicar um problema de um confrade que já nos deixou, Procurador Incógnito, porque fala da véspera de Natal, algures pelo Chile e porque nos deixa um rasto de mentiras para descobrirmos:

MENTIRAS
Autor: Procurador Incógnito

Já não via o pai há muitos anos e este nunca demonstrara grande interesse no que se passava por aqueles lados. Invariavelmente, vinha a argumentação do pai: “Não me importava muito porque sabia que estavas em boas mãos com a tua mãe…” Não acreditava, mas o que é que podia fazer? Crescera sem pai e sem o desejo muito evidente de o vir a ter por perto. Podia dizer, mesmo, que lhe era indiferente. Só que, depois de tantos anos, eis que ele aparecia na sua vida e, sinceramente, não sabia como lidar com a situação. Ignorá-lo? Hostilizá-lo?
A mãe lançara o aviso para que não acreditasse em tudo o que ele dissesse, porque mentia com uma facilidade impressionante e com a convicção própria de quem estava seguro do que dizia…
“Não chega olhá-lo nos olhos porque até assim é capaz de mentir e jurar…”
“Sabes, filho, a vida nem sempre é como a queremos viver… Há momentos em que temos de tomar decisões e abrir mão de muitas convicções… Também eu gostava de ter estado contigo e acompanhar o teu crescimento, mas tive de ir para a América do Sul, por onde andei anos a fio, em expedições, mas sempre contigo nos meus pensamentos…
“Lembro-me de estar numa véspera de Natal, algures pelo Chile a contemplar a Lua e, ao ver nela a tua inicial, recordar os momentos que passei contigo, eras tu ainda um bebé… Dias depois, em plena passagem de ano, naquela bola enorme, luminosa, revia a tua cara bolachuda, redonda e sorridente… É mesmo isso, nunca te esqueci, só não tinha muito tempo nem oportunidade para te escrever, entendes? Andei por sítios nunca visitados por brancos, bem no centro da Amazónia, visitei tribos desconhecidas até então e recordo em particular uma aldeia praticamente inacessível, em que comi com o chefe da tribo, falei-lhe de muitas das coisas que eles nunca viram e ouvi da sua boca muitas histórias sobre a sua vida, família e tribo… Experiência única, ser o primeiro ser exterior a falar com eles, já imaginaste? E outra vez em que me despedi da vida porque me perdi e andei dias e dias sozinho por montes e vales nos Andes, sem encontrar vivalma, caminhando de noite para me poder proteger do sol e me orientar pela estrela polar, uma estrela que me parecia ter seis pontas e que logo me recordava o teu nome, que era a minha única referência e me serviu para encontrar uma aldeia mais a norte e ali encontrar assistência e apoio… Também nessa altura me lembrei de ti e foste a razão da força que me tirou de lá… Ainda estive à porta de uma estação de correios, na Bolívia, no dia de um dos teus aniversários, decidido a enviar-te uma mensagem, um telegrama, que telefone era coisa que por lá não havia, mas não pude mandar-te nada porque estava fechada por ser feriado… É o que dá nascer no dia da implantação da República. Eu bem tinha dito à tua mãe que era melhor registar-te a 4 ou a 6, mas ela disse que se nasceste a 5 de Outubro, era a 5 de Outubro que eras registado… Ainda havemos de partir à aventura para aquele mundo espectacular, vais ver…”
Francamente, ficara com a certeza de que a mãe o alertara para o perigo das suas mentiras apenas por despeito, mas agora mudara de opinião e achava que o pai era, de facto, um grande mentiroso, ainda que trapalhão…

Solução de “MENTIRAS”

Foram muitas as mentiras que o nosso pai desnaturado disse para se desculpar por não ligar nada ao filho:
Refere que andou dias e dias sozinho pelas montanhas dos Andes, como se isso fosse tão fácil como passear-se no Rossio, em Lisboa. As temperaturas baixíssimas, sobretudo de noite, os temporais e as próprias dificuldades de acesso jamais lhe permitiriam andar como diz e muito menos sem um guia especializado e competente.
Os Andes ficam na América do Sul, ou seja, abaixo da linha do Equador. Por isso, nunca ele poderia orientar-se pela Estrela Polar que indica o norte e apenas é visível no hemisfério norte.
Na passagem do ano, refere que a Lua era uma grande bola, pelo que estava em fase de lua cheia e fazia-lhe recordar a cara bolachuda do filho. Isso quer dizer que por alturas do Natal a Lua estaria a crescer e portanto em fase de quarto crescente, o que ele associa ao nome do filho. Tudo estaria bem se ele não falasse da Estrela de David, a estrela de seis pontas, revelando que o miúdo se chamava David; a Lua não lhe podia recordar o nome do filho, porque no hemisfério sul a Lua não é “mentirosa”: em quarto crescente aparece como um “C” e em quarto minguante como um “D”. É precisamente ao contrário do que nós aqui vemos.
Andou por florestas nunca visitadas por brancos na Amazónia, onde conheceu tribos que nunca viram ninguém exterior a eles. Mas a verdade é que o pai da história lhes contou e ouviu histórias. Em que língua e por que forma, ninguém sabe e ele não diz. Nunca poderia ter essa familiaridade e entender-se assim tão fácil e amigavelmente com tribos desconhecidas.
Diz que bem tentou telefonar ao filho no dia dos anos, mas o azar bateu-lhe à porta porque não havia telefone numa estação dos correios – como se isso fosse possível, e ainda por cima por ser dia 5 de Outubro, feriado em Portugal por se comemorar a implantação da República. Só que a história passava-se na Bolívia e não em Portugal e lá não se comemora nada nessa data.

BOM NATAL
Para todos os nossos confrades, leitores e “detectives”, ficam os votos de um Feliz Natal!

NATAL - NOVAS REALIDADES

À beira de mais um Natal, algo se movimenta neste país, com promessas de mais cortes salariais no funcionalismo público e em todas as pensões (aqui não há publico nem privado), já adiantadas pelos habituais porta-vozes do governo.
Ao invés, cresce a factura a pagar pelo BPN e afins, para números inacreditáveis, embora houvesse, como se sabe, regulação pelo Banco de Portugal, na altura dirigido pelo senhor Constâncio, que agora é Vice-Presidente do BCE, imagine-se só, para a supervisão!

Por tudo isso, talvez já esteja desactualizado o postal de natal que publicamos e mais alguns já tenham sido acusados de maus tratos ou pedofilia, quem sabe?

Em Portugal tudo muda muito rapidamente, desde que seja no sentido desejado por quem manda... 
Para todos, se puderem, tenham um Bom Natal!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

FELINOS À SOLTA.

ACONTECEU!
HOUVE FELINOS À SOLTA EM OEIRAS



MAS O LIVRO QUE DEVERIA SER POSTO À VENDA AGORA, POR ESTRATÉGIA EDITORIAL, APENAS APARECERÁ NAS LIVRARIAS EM JANEIRO, APÓS UM LANÇAMENTO QUE ESTÁ PREVISTO PARA O INÍCIO DE 2013.


OS FELINOS VÃO ANDAR POR AÍ...

domingo, 16 de dezembro de 2012

POLICIÁRIO 1115




Continuamos hoje a publicação da resposta a mais um desafio das nossas competições desta época, desta feita de autoria de Branca de Neve e que nos introduzia num mundo pouco explorado neste nosso passatempo: A linguagem gestual.
Neste problema, o autor explora as divergências entre os códigos usados em geografias diversas e com isso constrói um problema que, a par de criar um bom desafio, contribui para um melhor entendimento de situações que nos vão escapando no nosso dia a dia.


CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
SOLUÇÃO DA PROVA N.º 9 – PARTE I
“CINCO CASAS CINCO NEGÓCIOS”, de BRANCA DE NEVE

No quadro seguinte pode-se ver o alinhamento das cinco casas e quem eram os  moradores bem como a actividade a que se dedicavam.



Casas


   Casa N.º1
Casa Amarela
Fernando
Professor
e criação de cavalos


   Casa Nº 2
Casa Azul
Acácio
Apicultor


Casa N. 3
Vermelha
Aparecido
Brasileiro
Floricultor


Casa Nº 4
Casa Verde
Gilberto Suinocultor


Casa N. 5
Casa Branca
Felizberto
Piscicultor



O verdadeiro criminoso foi o Fernando. Ele é professor de linguagem gestual e pretendeu fazer a culpa recair no brasileiro Aparecido, para isso escreveu a mensagem usando o alfabeto de Libras só não se lembrou que esse alfabeto no Brasil é diferente do português e ele escreveu a mensagem usando os símbolos portugueses.




O quadro de cima representa o alfabeto de libras português. O de baixo é o brasileiro. Por eles poderão ver as respectivas diferenças.

PRODUÇÕES

Apesar das atribulações desta época, em que a parte competitiva acabou por ser grandemente prejudicada por questões anómalas, o Policiário não pode parar, como é óbvio e por isso numa nova época se adivinha.
Não temos, ainda, uma visão geral sobre o que vai ser o próximo ano, mas uma coisa é certa: Os problemas policiários têm de fazer parte dela!
Assegurada, como sempre, a disponibilidade dos produtores mais activos da nossa secção, uma disponibilidade que não nos cansamos de agradecer, a verdade é que necessitamos de “sangue novo”, novos métodos e processos de escrita, novidades, em suma, que evitem uma certa estagnação. É que, após alguns anos de Policiário, com o conhecimento dos autores e dos seus processos, começamos a perceber e antecipar as suas conclusões, quase resolvemos os problemas pelo conhecimento que temos dos seus autores. Claro que é um exagero, mas quer dizer algo.
A nossa actividade baseia-se, em primeira instância, na qualidade dos desafios que temos para propor aos “detectives”. É frustrante chegarmos à conclusão de que um determinado problema não tem a resposta adequada, depois de imenso tempo perdido na sua análise, ou que é anulado após tanto esforço.
Por isso vamos lançando o nosso apelo para que os nossos “detectives” elaborem um desafio, de qualquer dos tipos e o façam com o espírito de propor aos restantes confrades aquilo com que gostariam de ser confrontados. Aquilo que lhes daria prazer resolver.
Um problema passa sempre pelo contar de uma história, por retratar uma cena verosímil, capaz de ter ocorrido em qualquer lugar, que envolva um enigma e a sua resolução. Terminada a exposição dos factos, no exacto momento em que o investigador vai passar à fase de apresentação das conclusões e exibir as provas em que se baseia para apontar o responsável, o produtor interrompe o seu conto e lança os seus desafios. Alguns produtores escolhem o método de fazer algumas perguntas, que querem ver respondidas, outros optam por simplesmente interromperem o texto e aguardarem pelos relatórios. No caso dos de escolha múltipla, o texto termina com as quatro hipóteses de solução, de entre as quais o decifrador terá que escolher uma.
Caríssimos “detectives”, o ano de 2013 tem de correr muito melhor do que este, também no que se refere à produção de enigmas. Não é aceitável que tenhamos hoje um universo de participantes nos nossos desafios de mais de dois milhares de confrades, que os lêem e estudam, se dão ao trabalho de escreverem as soluções, mas não tenham a curiosidade de testarem os seus dotes de escrita de desafios!
Fazendo o paralelismo com o que foi a nossa actividade nos anos 70 e 80 do século passado, a produção fica a perder, já que nesses tempos o universo de decifradores rondaria as cinco ou seis centenas, para um número de produtores que rondaria a centena!
Tal disparidade não é aceitável! As pessoas não deixaram de utilizar a Língua Portuguesa, desde logo porque o nosso passatempo, como já referimos, exige que se escrevam as soluções, no mínimo. Portanto, será por preguiça?
Vamos todos dar uma resposta, produzindo um desafio?
O Policiário agradece!

sábado, 15 de dezembro de 2012

HOJE HÁ FELINOS!


Hoje, 15 de Dezembro, sábado, pelas 21.30 horas, será lançada a Antologia de contos, organizada por Maria de São Pedro, a Hélia do Policiário e que vai contar com a participação de autores como Adelina Barradas de Oliveira, Andreia Sotta, José Jorge Letria, Luís Pessoa, Maria Alberta Menéres, Maria de São Pedro, Pepita Tristão e Tânia Bengs.

A antologia, que terá a chancela da editora Fonte da Palavra, reunirá escritos onde a presença da felinidade nas nossas vidas e o mistério das relações dos felinos com o Homem, estarão sempre presentes.

O lançamento decorrerá em Oeiras, nas instalações da Luchapa – Associação Artística e Cultural, sita no Palácio do Egipto, Rua Dr. Neves Elyseu e terá a apresentação de Armando Cardoso Soares.

E porque o Inspector Fidalgo também vai contar no livro um dos seus casos, aqui fica o convite a todos os confrades e leitores que possam e queiram comparecer.


Do conto “A HORA MALDITA” em que o Inspector Fidalgo participa, fica um extracto:


(…) Dias depois, na sequência da investigação, uma vaga de prisões, conduzia para trás das grades alguns dos implicados, entre os quais o Dr. Lúcio, sem dúvida o mais mediático.
A televisão, a rádio, a imprensa escrita nacional, mas sobretudo a regional fez eco do desmantelamento de uma terrível rede de tráfico de novos tipos de drogas, da prisão dos seus membros, entre os quais um médico, com muitos contornos sórdidos e especulações suficientes para causar a perplexidade de toda a gente. Para eles, a Polícia agiu com muita competência e as Beiras, o País e o Mundo ficaram mais limpos e felizes…
O mais intrigante e inesperado foi que de todos os cantos das Beiras ecoaram gritos de revolta, que, pouco a pouco, se transformaram em luta acesa, com apelos à mobilização contra a injustiça da prisão do “santo”, do “anjo” Dr. Lúcio. Parecia que ninguém acreditava no seu envolvimento, ou que todos sabiam alguma coisa mais, que não podiam ou queriam contar.
E naquele dia de quente Maio, uma sexta-feira, dia 13, uma multidão anónima, quase silenciosa nos seus cânticos sussurrados, calma, estranhamente ordeira, numa paz inusitada, tomou os caminhos das serranias mais recônditas, rumo à cidade. De todos os cantos apareceram gentes, do Douro ao Mondego, das Espanhas ao mar…
Os relatos falavam de arruamentos enchendo-se de pessoas e das portas da penitenciária, abertas de par em par, de lá saindo um vulto franzino, quase insignificante, embrulhado numa túnica, garantindo alguns que vinha aconchegando nos braços um enorme e esplendido gato preto, de pelo sedoso e brilhante, cujos olhos faiscavam, numa luz intensa que se sobrepunha à luminosidade do dia acalorado.
Logo atrás, seguiam alguns presidiários invulgarmente calmos, absortos na figura mirrada que os precedia, como que fascinados.
Em cortejo, percorreram os caminhos da Sé, por entre alas de rostos maravilhados que logo se alinhavam atrás do “santo” após a sua passagem, perante a incredulidade dos agentes policiais, completamente incapazes de agirem, como que enredados numa teia poderosa que o calor abrasador e tempestuoso mais acentuava.
Os guardiães do templo saíram alvoraçados para impedirem a entrada daquele “santo”, mas também a sua determinação foi vergada quase de imediato por força invisível e misteriosa, caindo de joelhos, um após outro, franqueando a pesada porta e dando passagem ao cortejo. Que estranha força era aquela, de onde irradiava, daquele ser franzino e discreto à vista e ao contacto, ou como garantiam alguns que juravam tê-lo visto, daquele magnífico felino lustroso, simultaneamente tranquilizador e selvagem, naquela sexta-feira, dia 13?

Fidalgo olhou para Eugénio e notou-lhe uma serenidade absurda, perante os factos. O seu olhar estava pregado no alto da torre e Fidalgo seguiu-o…
O vulto franzino de Lúcio abriu os braços perante a multidão e Fidalgo viu-o dando largas ao felino que logo pulou para o sino, num salto magistral e dominador, parecendo absorver no seu olhar fulminante, todos os olhos que se fixavam na cena que ali se desenrolava.
Com voz sumida, mas audível, Lúcio dirigiu-se aos seus seguidores:
- Meus Amigos, ide para vossas casas. O que estais a fazer não está certo. Não mereço a vossa presença, não sou santo nem demónio, sou como todos vós!
E um coro de milhares de vozes ecoou na vetusta praça granítica:
- Santo! Santo! Santo!
Fidalgo ouviu o gato miar, quase rugir, parecendo maior que nunca, trepou para a cúpula, dominando toda a praça, abriu a boca, mostrando uns dentes alvos, em contraste com o pelo escuro como breu, os olhos brilhando como diamantes polidos, assumindo uma pose altiva e dominadora…
Lúcio continuou:
- Não, não, eu sou como vocês! Sabem quem sou, o que fiz e porque o fiz, isso chega-me e reconforta-me. Dizem que infringi as leis dos homens e que tenho de pagar a minha dívida, mas sinto o consolo de não ter infringido as leis dos vossos corações e agradeço-vos por isso. Estais aqui porque quisestes vir, ninguém vos obrigou. E eu fiz o que fiz porque foi esse o meu desejo.
Parti, meus amigos, porque também eu tenho que partir! Ide para casa!
- Santo! Santo! Santo!

Os homens que o acompanharam na caminhada e na subida ao campanário, chegaram-se mais à frente, aproximaram-se mais dele, ajoelharam-se como que a pedir perdão de alguma coisa e depois de receberem um aceno aprovador e umas quantas palavras que se perderam no ar, precipitaram-no do alto da torre.
A queda desamparada nos degraus da escadaria monumental ocorreu no preciso momento em que um raio varreu os céus escurecidos, perante o silêncio sepulcral da multidão, que ajoelhou num gesto único. No momento seguinte, o ribombar do trovão abanou os ares e uma chuva diluviana abateu-se sobre aquela multidão muda e imóvel.
Em completo êxtase, Fidalgo não conseguia desviar o olhar da torre, como se o Lúcio ainda lá estivesse, onde o relógio marcava a hora maldita, 13 horas e 13 minutos e só despertou do torpor em que se encontrava para seguir Eugénio quando este virou as costas à Sé e caminhou, determinado, por entre a multidão de joelhos, para fora da praça. (…)