EVOCANDO SETE DE ESPADAS
Sempre que falamos de Policiário, a referência ao
Sete de Espadas aparece como uma inevitabilidade, tal a sua importância
primeiro para a divulgação e depois para a consolidação deste passatempo
exemplar, amplamente reconhecido como um veículo importante para estimular a
leitura, a interpretação, a análise, o poder de síntese, o espírito observador
e científico.
Primeira secção Policiária do SETE |
O Sete de Espadas nasceu no Ribatejo, na vila da
Chamusca em 1 de Fevereiro de 1921 e em 12 de Janeiro de 1947 iniciava a sua
actividade como orientador de um espaço policiário, no Jornal de Sintra, com o
título Mistério e Aventura, que ele mesmo definia, em subtítulo, como uma
“secção policial orientada por Sete de Espadas”.
Depois foi um nunca mais acabar, na divulgação da
literatura policial e, sobretudo, na vertente da competição policial.
Nesse dia, em todas as papelarias, quiosques, pontos
de venda de jornais e revistas, apareceu, apenas, mais um número do “Mundo de
Aventuras”, uma revista de histórias aos quadradinhos, editada pela Agência
Portuguesa de Revistas, que já vinha dos anos 40 do século XX, mas que trazia
algo de novo: As últimas páginas eram identificadas como “Mistério… Policiário”
e assinadas por um não menos misterioso “Sete de Espadas”!
Foi, podemos dizê-lo com toda a propriedade, o virar
de página de toda uma geração de jovens, muito jovens mesmo, na casa dos 13, 14
anos, que apareceram em enorme explosão, criando um movimento imparável que nos
trouxe até aos nossos dias.
Muitos dos actuais policiaristas são produtos dessa
época, eram leitores de histórias aos quadradinhos e descobriram o policiário,
tornando-se detectives!
Aqui começámos muitos! |
O primeiro sinal de que algo se movia, foi a grande
afluência à literatura policial, a corrida aos alfarrabistas, a ânsia de ler os
clássicos do policial, antes da procura dos modernos escritores. Depois, foi a
quantidade de malta nova a tratar-se por nomes escolhidos pelos próprios, que
podiam ser de uma personagem dos quadradinhos, de um detective da literatura,
de uma abreviatura do próprio nome, de uma invenção pura… Tudo servia para nos
identificarmos perante os outros. Era o Detective Invisível, o Inspector
Moisés, o Ubro Hmet ou o Satanás… Poucos sabiam o nome real do confrade que
estava à sua frente, nem isso era importante! Poucos sabiam o que faziam os
outros na vida profissional, mas também não era necessário! O importante era o
facto de estarem todos irmanados no mesmo gosto pela dedução, pelo exercício
das “células cinzentas”, estarem disponíveis para se reunirem em Tertúlias
Policiárias e todos os meses percorrerem o país para os Convívios, na altura
única forma de travarmos conhecimento para além das fronteiras próximas.
Ainda hoje sentimos isso. Mesmo nós, muitos já avós,
ainda olhamos para o exemplo do Sete como um aspecto importantíssimo no nosso
processo de desenvolvimento. Todos crescemos muito com ele e com o Policiário.
Todos lhe devemos muito daquilo que conseguimos ser. O seu exemplo, de
persistência na demonstração dos benefícios do exercício de uma actividade tão
saudável para o desenvolvimento harmonioso de um espírito científico, como é o
caso do Policiário, merece ser sempre realçado.
Foi no dia 10 de Dezembro de 2008 que a notícia do
seu falecimento, na véspera, correu no seio da imensa família policiária, que assim viu
partir o seu principal divulgador, deixando um rasto de pesar entre a imensa
legião daqueles que com ele cresceram física e mentalmente.
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