[Transcrição da secção n.º 1194 publicada
hoje no jornal PÚBLICO]
O POLICIÁRIO, TAL COMO O CONHECEMOS E
CULTIVAMOS!
O que é este nosso Amigo de todos os dias, que magia encerra para que
haja uma legião de pessoas que o seguem quase religiosamente?
O POLICIÁRIO COMO PEDAGOGIA
De uma forma geral todos temos a noção de que o Policiário pode e deve
ser um poderoso auxiliar pedagógico, não só como objecto de clarificação e
abertura na apresentação dos temas de ensino, mas igualmente como potenciador
de desenvolvimento de capacidades lógicas.
Temos de concordar que dentro de uma sala de aulas será muito mais
motivador para os alunos que se explique uma matéria pouco apetecível de forma
desafiante, talvez até enigmática, não se transmitindo todo o conhecimento de
forma maçuda. Um exemplo de enigma, um espicaçar de faculdades pode ser uma
chave eficiente.
Por outro lado, um espírito exercitado para o raciocínio lógico e
científico será sempre uma mais-valia extraordinária para o confronto com as
dificuldades de todos os dias e para o exercício de tomada de decisões, quando
for necessário.
Estas características, que só o Policiário tem, tornam-no numa
actividade completa na formação de jovens estudantes, já que estimula e exige
um perfeito domínio da leitura, da interpretação de texto, de exercício lógico,
de sistematização de ideias e sua catalogação em conformidade com a necessidade
e importância, redacção e transmissão de ideias para serem lidas e entendidas
por terceiros, finalmente uma cultura geral vasta ou, pelo menos, um
conhecimento correcto dos locais e métodos de consulta.
Sejamos claros, entrar no meio escolar como instrumento pedagógico, é
altamente improvável, pelo menos em termos oficiais.
Nunca será provável que seja obtida uma autorização ou um programa
pedagógico de ensino, a ser aplicado pelo Ministério da Educação, no
secundário, até pela carga negativa que o Policiário transporta indevidamente,
como transmissor de violência ou propiciador de discussões sobre crimes, armas
e instrumentos mais ou menos bélicos, numa sociedade extremamente violenta –
mesmo em termos mentais - mas que quer aparecer como muito pacifista, muito
politicamente correcta.
A adopção de uma estratégia dessas obrigaria a que o Policiário
estivesse devidamente organizado, com uma ou mais associações fortes e credíveis,
que tivesse um conselho pedagógico e científico capaz de provar o mérito da
nossa actividade em termos sociais e pedagógicos, o que está muito longe de ser
conseguido.
Resta-nos, pois, a acção – mais ou menos - isolada!
Perante os responsáveis de cada escola, procurar transmitir a
visibilidade e mérito de introdução de uma experiência pedagógica envolvendo a
componente social, na dupla vertente que já explanámos anteriormente e agora
recordamos: Como auxiliar para despertar uma maior atenção aos alunos e como
instrumento para uma maior disciplina e ginástica mental.
Não podemos apresentar nas escolas um programa que não temos nem
conseguiremos fazer a curto prazo, para mostrar a bondade do policiário, mas
sim levar um exemplar avulso para dentro de uma turma ou escola, apresentar o
problema, dar umas explicações rápidas sobre o funcionamento, colocar o enigma,
recolher as propostas de explicação e solução, discuti-las com os
intervenientes e, assim, deixar ali mesmo uma semente, um primeiro grão.
Se dessa acção resultar a abertura para repetir mais tarde, um passo de
gigante terá sido dado.
O POLICIÁRIO COMO ENTRETENIMENTO
É sem dúvida neste aspecto que o Policiário mais é conhecido e tem mais
facilidade em captar novos aderentes.
Sem necessidade de grandes estudos e trabalhos e sem a obrigatoriedade
de demonstração da sua bondade, antes apelando ao espírito de decifração que
cada um de nós tem e ao prazer imenso que temos em conseguir desfazer as meadas
que outros nos colocam como desafio, o entretenimento terá de ser por nós
devidamente valorizado e constituir uma aposta muito efectiva.
Como entretenimento e sem a “ditadura” da pedagogia, embora nunca a
possa ou deva abandonar, pode o Policiário ter uma intervenção em todos os
escalões etários, desde tenra idade, assim haja a capacidade de produzir
desafios adequados a cada idade e a cada grupo destinatário.
Desde logo se infere que damos completa prioridade à problemística
sobre as outras vertentes – literatura policial, estudos e análises, mesmo as
notícias -, não por ser mais importante, mas simplesmente porque traduz a força
do enigma, do desafio que temos pela frente e queremos decifrar.
O POLICIÁRIO COMO LOCAL DE CONVÍVIO
Se os concorrentes aos torneios e aos desafios são muitos e bastante fiéis,
pelo menos na nossa secção, o mesmo já não se verifica quando a meta é trazer
essas pessoas para o contacto personalizado, quer em tertúlia, quer em
convívio.
Não parece que existam soluções para um problema que afecta de modo
generalizado, toda a sociedade, que aposta muito mais nas modernas tecnologias
em detrimento do contacto pessoal, mas já entendemos que é possível aproveitar
aquilo que a Internet hoje nos pode proporcionar, nomeadamente tertúlias em que
não seja indispensável a presença física ou uma aproximação geográfica.
A discussão dos assuntos on-line é hoje uma realidade que tem de ser
tomada em conta e por nós plenamente apoiada, como procuramos fazer no CRIME
PÚBLICO, o blogue que pode ser acedido em http://blogs.publico.pt/policiario.
[Esta secção foi publicada como último recurso, uma vez que o orientador, por motivos estritamente pessoais, não teve possibilidades de fazer publicar o que estava preparado. Aos nossos confrades apresentamos desculpas pelo ocorrido. LP]
1 comentário:
Concordo plenamente. Tenho pena ... mas sou "forçado" pelas evidências a concordar
Um abraço
Zé
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