EM MEMÓRIA DO “NOSSO” SETE DE ESPADAS
Periodicamente o Policiário tem a missão de prestar a
devida homenagem àqueles que, por formas e motivos diferentes, cultivaram o
nosso passatempo e o elevaram a níveis superiores.
Em qualquer estudo que se faça sobre o Policiário - e
nesse vector há que referir o nome do confrade Jartur que tem desenvolvido uma
intensa actividade a reunir as memórias e os momentos importantes, no âmbito do
Arquivo Histórico da Problemística Policiária Portuguesa (AHPPP) – surge sempre
o nome e a figura do SETE DE ESPADAS, como pilar base em que assentou todo o
desenvolvimento que nos trouxe até aqui.
Uma vez mais, queremos deixar a evocação de uma pessoa
superior, que teve o condão de mexer com todos aqueles que tiveram a
oportunidade de com ele privarem. Amiúde, temos recordado a sua persistência em
prol do Policiário e dele dissemos, em tempos, que era um verdadeiro “sempre em
pé do policiário”, tantas foram as vezes que se reergueu depois de cada derrube!
O SETE DE ESPADAS deixou a sua marca em cada um de
nós, os que o conhecemos pessoalmente, mas a marca maior foi deixada no próprio
Policiário, que ele trouxe para a luz do dia, cultivou, desenvolveu, deu o
cunho que hoje cremos estar presente em tudo o que fazemos.
O SETE continua bem presente no Policiário!
EVOCAÇÃO DE SETE DE ESPADAS
Sempre que falamos de Policiário, a referência ao Sete
de Espadas aparece como uma inevitabilidade, tal a sua importância, primeiro
para a divulgação e depois para a consolidação deste passatempo exemplar,
amplamente reconhecido como um veículo importante para estimular a leitura, a
interpretação, a análise, o poder de síntese, o espírito observador e
científico.
O Sete de Espadas nasceu no Ribatejo, na vila da
Chamusca em 1 de Fevereiro de 1921 e em 12 de Janeiro de 1947 iniciava a sua
actividade como orientador de um espaço policiário, no Jornal de Sintra, com o
título Mistério e Aventura, que ele mesmo definia, em subtítulo, como uma
“secção policial orientada por Sete de Espadas”.
Depois foi um nunca mais acabar, na divulgação da
literatura policial e, sobretudo, na vertente da competição policial.
Que me desculpem os confrades mais antigos, aqueles
que viveram com ele as aventuras do Clube de Literatura Policial, das secções
no Camarada, no Cavaleiro Andante e em tantos locais, mas nós apontamos um
marco que nos parece decisivo em toda a História do Policiário: O dia 13 de
Março de 1975.
Nesse dia, em todas as papelarias, quiosques, pontos
de venda de jornais e revistas, apareceu, apenas, mais um número do “Mundo de
Aventuras”, uma revista de histórias aos quadradinhos, editada pela Agência
Portuguesa de Revistas, que já vinha dos anos 40 do século XX, mas que trazia
algo de novo: As últimas páginas eram identificadas como “Mistério… Policiário”
e assinadas por um não menos misterioso “Sete de Espadas”!
Foi, podemos dizê-lo com toda a propriedade, o virar
de página de toda uma geração de jovens, muito jovens mesmo, na casa dos 13, 14
anos, que apareceram em enorme explosão, criando um movimento imparável que nos
trouxe até aos nossos dias.
Muitos dos actuais policiaristas são produtos dessa
época, eram leitores de histórias aos quadradinhos e descobriram o policiário,
tornando-se detectives!
No centro de tudo, a figura simpática de um homem de
barbas brancas, cabelo ralo, sorriso aberto e simpático: O Sete de Espadas.
Nos dias dos Convívios, era digno de ser visto o
número de pais que chegavam perto do Sete e lhe confiavam os miúdos de 11 ou 12
anos, como se confia a um avô e lhe diziam que eram os próprios miúdos que
insistiam em ir e não aceitavam um não como resposta! E o Sete, com a calma e o
espírito positivo que sempre teve, lá os tranquilizava, dizendo-lhes que na
tribo policiária eles estavam no local certo para crescerem, num são convívio,
numa camaradagem exemplar.
Ainda hoje sentimos isso. Mesmo nós, muitos já avós,
ainda olhamos para o exemplo do Sete como um aspecto importantíssimo no nosso
processo de desenvolvimento. Todos crescemos muito com ele e com o Policiário.
Todos lhe devemos muito daquilo que conseguimos ser. O seu exemplo, de
persistência na demonstração dos benefícios do exercício de uma actividade tão
saudável para o desenvolvimento harmonioso de um espírito científico, como é o
caso do Policiário, merece ser sempre realçado.
Esta nossa secção, se teve o seu nascimento formal no
dia 1 de Julho de 1992, verdadeiramente nasceu muitos anos antes, algures pelo
ano de 1975, quando o Inspector Fidalgo encontrou o Sete de Espadas e ficou
fascinado com o Mundo que este lhe abriu! Este espaço tem a matriz que foi
desenhada por ele, de que o Policiário era, sobretudo e principalmente,
problemística, publicação de desafios para serem decifrados, competição
saudável entre todos os confrades!
Mais tarde foi o XYZ Magazine, o Clube dos Amigos do
XYZ e muitas outras coisas, sempre com a relevância da Amizade e da
Camaradagem, suas imagens de marca.
Foi no dia 10 de Dezembro de 2008 que a notícia do seu
falecimento correu no seio da imensa família policiária, que assim viu partir o
seu principal divulgador, deixando um rasto de pesar entre a imensa legião
daqueles que com ele cresceram física e mentalmente.
Ao “velho” Amigo Sete de Espadas queremos prestar este
tributo, com a garantia de que o Policiário continua muito vivo e a sua memória
não será esquecida.
2 comentários:
Justíssimo. Não deveremos esquecer o Sete.
Abraços
Zé
Tudo quando já se disse e fez relativamente ao SETE foi merecidíssimo - e não
será necessário dizer por quê. Basta que se diga que foi um dos maiores divulgadores do Policiário, que hoje indubitavelmente não seria o mesmo se ele não tivesse existido.
Entretanto...
... temos muito por hábito exaltar e homenagear os nossos melhores, depois deles morrerem...
... por isso venho recordar a invulgar dedicação e o excepcional e constante trabalho (de vida inteira)que três outros nomes igualmente têm dedicado ao Policiário: M. CONSTANTINO (distinguido embora recentemente pela Tertúlia Policiária de Lisboa),JARTUR e LUÍS PESSOA. Tenho razão?
Boas férias, para quem actualmente as goza ou ainda as não teve.
Domingos Cabral
Enviar um comentário