
A
testemunha essencial deste drama era François Hertot, um meio idiota que se
dedicava à caça furtiva. O inspector Fauvel ouviu-o.
«Eu
caminhava através do bosque, do outro lado do lago, quando vi diante de mim
este senhor e a rapariga, que pareciam lutar». E ao dizer isto, o caçador
apontava Jean Louis de la
Roncière , filho de um rico proprietário local. Depois
acrescentou: «A luta não durou muito tempo. Vi o senhor levantar o braço e vi o
brilho de uma lâmina na ponta da sua mão. Ele golpeou-a duas vezes. Como tinha
medo de que ele me matasse também, se me visse, escondi-me numa moita e fiquei
ali pelo menos duas horas. Durante todo esse tempo o assassino ficou sentado no
chão, olhando com insistência a sua vítima. Como já estava ali havia muito
tempo, arranjei maneira de deslizar até junto do seu barco. Já tinha deixado a
margem, quando ouvi chamarem-me. Era o assassino que me dava ordem de acostar.
Obedeci-lhe. Vi-o então amarrar com uma corda algumas pedras ao corpo da
rapariga. Pediu-me que o ajudasse a levar o cadáver no meu barco. Depois,
dirigimo-nos para o meio do lago, pouco frequentado a essa hora. Foi aí que
deitámos o cadáver pela borda fora. Mas eu tomei nota do sítio e foi por isso
que se apanhou o cadáver com facilidade».
-
Isso é horrível! – exclamou Jean Louis, que ouvira tudo. Esse homem mente,
inspector. Ontem de manhã, estive, efectivamente, no bosque, com Mina. Mas não
a matei. E também não avistei François em todo o dia.
-
Tinha uma faca de caça consigo? – perguntou-lhe Fauvel.
-
Habitualmente, trago-a. Mas perdi-a, há cerca de uma semana.
Fauvel
voltou-se então para François e perguntou-lhe:
-
Costuma limpar frequentemente o seu barco?
-
Sim senhor. Está sempre limpo, por causa das pessoas que levo a passear. Agora
tem muitas manchas de sangue…
-
Mas isso é mentira, senhor inspector. – disse o rapaz em voz suplicante. Espero
que o senhor descobrirá a verdade!
-
Esteja descansado meu rapaz! Já sei o que se passou.
De quem é que o inspector desconfiava e porquê?
(Divulgaremos
amanhã, a solução oficial deste caso)
* *
* * *
Solução do problema
# 204
(Diário
Popular # 5639 – 21.06.1958)
O inspector observa que as escadas que conduziam ao alto da torre
estavam cobertas de folhas secas e poeira. Se o morto por ali tivesse passado,
teria deixado sinais, pois tinha os sapatos cobertos de lama. E as folhas que
havia nas escadas, ter-se-iam agarrado à lama dos sapatos, o que não se
verifica
Jarturice-205 (Divulgada em 25.Julho.2015)
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt
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