FOI HÁ UM ANO!
O dia 19 de Setembro de 2010, transformou-se numa data histórica para o Policiário e para os seus seguidores, com a edição 1000 da nossa secção.
Foi em Santarém, que o Policiário comemorou esta data e de lá foi enviado o sopro que apagou as mil velas, uma por cada secção, um sopro que reuniu as vontades de todos os “detectives”, onde quer que estivessem.
Um ano depois, fazemos aqui a evocação da efeméride, como recordação de um momento único que tivemos a felicidade de viver.
Percorremos hoje mais um passo na direcção da meta das nossas competições desta época. Numa altura em que se começam a definir os favoritos à conquista dos troféus em disputa, vamos ficar a conhecer as soluções para os enigmas que compuseram a prova n.º 7, de autoria dos confrades Paulo e Búfalos Associados.
CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
SOLUÇÃO DA PROVA N.º 7 – PARTE I
“CRÓNICA DO MEU SUICÍDIO”, de PAULO
Não é crime. Quer porque “o morto” refere que se trata de suicídio, quer porque não seria possível sair da sala e fechá-la por dentro, de acordo com os testes feitos pela polícia e as conclusões a que chegou.
Como é que foi cometido o suicido?
Com um punhal de gelo. O estojo era estanque, em volta da forma do punhal, o que permitiu enchê-lo de água, colocá-lo no congelador, e obter um punhal de gelo com a forma da arma de lâmina metálica que ocuparia o estojo.
Depois, com o punhal, a carótida foi cortada. O punhal terá caído para o chão, pois a vítima perderia rapidamente muito sangue e o cérebro deixaria de ser oxigenado.
Com o calor dos aquecedores, o punhal fundiu e água foi evaporando, não deixando vestígios. O tempo de espera até chegar a polícia permitiu a evaporação da água que por causa do aquecedor terá sido bastante rápida.
As luvas facilitaram o acto de segurar o punhal.
Para terminar, refira-se que o uso de uma arma letal de gelo é um dos processos apontados por John Dickson Carr, pela voz do Dr. Gideon Fell na obra “ Os três ataúdes”, para cometer um crime num quarto fechado. O autor enuncia nesse livro um conjunto de situações em que os crimes parecem impossíveis.
Há quem considere que Os três ataúdes a melhor obra do género “crime em quarto fechado”.
SOLUÇÃO DA PROVA N.º 7 – PARTE II
“MANUAL DE INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS”, de BÚFALOS ASSOCIADOS
A resposta correcta é: C – DÂMASO
“Os Maias” de Eça de Queiroz é possivelmente o romance mais lido e mais apreciado de toda a literatura portuguesa. Muita gente continua a fazer dele a sua leitura de cabeceira, com sempre renovado prazer. É o caso do Inspector Garrett, acontecendo-lhe, por vezes transportar as personagens da obra para sonhos recheados de imaginação inspirada. O sono apanhou-o em pleno Capítulo IX.
De facto é a Dâmaso Salcede que devemos atribuir as suspeitas deste crime imaginário. Consultando o romance verifica-se que a espada que Ega usou no seu disfarce de Mefistófeles fora-lhe emprestada por Carlos da Maia nessa mesma manhã, não estando até aí à vista de ninguém. Encontrava-se ainda encaixotada no andar de cima da casa, desde a última mudança. Mas não é preciso ler “Os Maias” para concluir que Dâmaso não conhecia a espada. No nosso sonho, quando Ega chegou a casa dos Cohen levando consigo a espada, o Dâmaso ainda lá não estava, pelo que não podia tê-la visto. Declara mesmo não ter visto nada lá em casa e só ter ouvido toda a gente em correrias a dizer:”Mataram a Sr.ª. D. Raquel à espadeirada!” E saiu logo para se juntar aos outros. Como pode então descrever a espada assassina com tanto pormenor? Certamente porque mente e só pode ter sido ele a usá-la. Talvez se tenha cruzado com Ega quando este se retirava ofendido, nervoso e embriagado, pelo que não terá reparado que Dâmaso lhe surripiara a arma. Porque motivo, mataria ele a Raquel? Talvez por ciúme, sentindo-se preterido nas suas pretensões pela bela Cohen.
Claro que, no romance, Eça não “matou” a Raquel. O marido limitou-se a pregar-lhe uma coça e no dia seguinte partiram para Inglaterra. Ega ficou furioso quando de tal soube: - ”Uma coça! A bengala purifica tudo! Que canalha!” E lembrava-se da bengala do Cohen, um junco da Índia com uma cabeça de galgo por castão. – “E aquilo zurzira-lhe as carnes que ele tinha apertado com paixão! E assim terminava reles e chinfrim, o romance melhor da sua vida! Aquilo acabava em arnica!”
Duas notas, mais:
1- O livro que desperta a atenção de Carlos em casa de Maria Eduarda, chama-se exactamente: “Manual de Interpretação dos Sonhos”.
2- A primeira obra de Conan Doyle em que surge Sherlock Holmes foi editada em Londres em 1887 (“A Study in Scarlet”) exactamente um ano antes da publicação dos “Os Maias”. Não seria pois estranho que Craft, inglês e culto, se mascarasse de Sherlock Holmes, no sonho de um declarado admirador de ambos os autores.
CLASSIFICAÇÕES
Esta época competitiva ainda tem sido marcada por alguma inconstância na divulgação dos resultados das provas, o que, como é óbvio, cria alguma ansiedade aos confrades, sempre ávidos de mais e melhor informação.
Sem pretendermos branquear as situações, reconhecemos e assumimos integralmente as culpas pelo sucedido. Apesar do elevado número de participantes e sobretudo a tendência para soluções cada vez mais extensas e pormenorizadas, porque o avançar da competição cada vez mais exige cuidado e atenção, não é só nesses factos que se explica tamanho atraso na divulgação das pontuações obtidas. De qualquer forma, estamos a envidar todos os esforços no sentido de rapidamente recuperarmos todos os atrasos e passarmos à regularidade que já tivemos nesta mesma época transacta e que foi quase unanimemente reconhecida.
Como é do conhecimento geral, no passado publicávamos neste espaço extensas e monótonas listagens de pseudónimos e de pontuações, quase até à exaustão, situação que foi profundamente alterada com a chegada do “irmão mais novo” da nossa secção, o blogue Crime Público (http://blogs.publico.pt/policiario).
Esse facto, que constituiu mais um marco na nossa relação com os “detectives”, permitiu-nos, por um lado libertar este nosso espaço dessa autêntica barafunda que eram as classificações e por outro criar um novo canal privilegiado de contacto quase em directo com os confrades, com possibilidade de diálogo, de esclarecimento, de discussão.
O que pretendemos deixar aos nossos leitores é a certeza de que tudo fazemos para que a nossa actividade evolua cada vez mais e se imponha como uma prioridade diária para cada vez maior número de confrades, para que cumpra aquele que é o seu objectivo principal: Divertir inteligentemente, contribuindo para a maior satisfação daqueles que, como nós, amamos o Policiário e queremos que ele consiga atrair o maior número de aderentes.
Só assim, com cada vez maior e melhor participação, poderemos assegurar a superior qualidade do policiário, quer na vertente da decifração, quer na da produção de enigmas.
3 comentários:
Está desde já perdoado!
Somente não acontece a quem não está nesses meandros.
Por tudo que o Policiário já fez nestes anos todos o meu obrigado.
Alce Branco
E do Convívio nacional deste ano, já há notícias?
Um abraço
Zé
No passado dia 25 ou 26 perguntei aqui para quando a distribuição dos prémios referentes a 2010 mas até ao momento ainda não vi vi a minha pergunta aqui postada e muito menos uma resposta.
Não recordo exactamente a data mas foi depois do Alce Branco e antes do Zé terem os seus comentários aqui postados.
Rip Kirby
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