INÍCIO DA
COMPETIÇÃO NA PRÓXIMA SEMANA
É já na próxima semana que vamos dar
início a mais uma época de competições policiárias, após uma pausa
retemperadora, para os nossos “detectives” poderem regressar em plena forma.
Este ano, o modelo repetirá o
seguido nos anos anteriores, porque os resultados continuaram excelentes e
entusiasmaram os “detectives”, mercê de uma competição renhida e resolvida no
“último suspiro”, como convém e tem sido imagem de marca do nosso passatempo ao
longo dos quase 25 anos de existência nas páginas do nosso PÚBLICO.
E esse é mais um aliciante a
acrescentar: os campeões desta época, não serão apenas os campeões de 2017, mas
também os do ano 25 do Policiário!
Agora que estamos a uma semana do
arranque dos torneios e embora correndo o risco de nos repetirmos, queremos
transmitir aos nossos confrades que se vão iniciar nestas lides e, porque não,
recordar aos já habituais, que um problema policiário é como um organismo vivo,
que tem de ser compreendido e estudado, para depois lhe podermos dar o alimento
necessário para a sua solução plena. Nunca uma resposta dada depois de uma
leitura precipitada conduziu a bons resultados. Daí que se torne indispensável
que o texto seja convenientemente lido, numa primeira fase, para entendimento
da globalidade da história que está a ser apresentada. Depois, há que fazer uma
nova leitura, desta feita mais pormenorizada e às parcelas, por exemplo,
parágrafo a parágrafo, anotando numa folha de papel os aspectos que possam ser
relevantes para a solução, incluindo as consultas a fazer, para esclarecimento
das dúvidas.
Inicia-se, então, o trabalho de
trazer ao problema a informação recolhida fora, na internet, em enciclopédias,
em consultas pessoais, etc.
Uma vez de posse da estrutura geral
dos dados fornecidos pelo próprio problema e daqueles que recolhemos nas nossas
consultas, arquitectamos uma proposta de solução para o caso, com as
justificações adequadas para todas as deduções.
Finalmente, há que fazer o teste, ou
seja, partir da solução que encontrámos e testá-la em todos os passos, para
termos a certeza que não há espaço para outras interpretações.
Para o aquecimento das “células
cinzentas”, fiquem com a republicação de um pequeno desafio, certamente de
solução fácil para a generalidade dos “detectives”, cuja solução publicaremos
na próxima semana:
O INSPECTOR FIDALGO E O
MORTO NO RIBATEJO
O Sebastião apareceu morto.
Naquele local ermo e calmo, algures no interior do
Ribatejo, em zona onde muitas vezes os nevoeiros têm o seu reinado, um nome
como o dele prestava-se a brincadeiras a propósito da lenda que mostraria um
Sebastião a aparecer numa manhã de nevoeiro...
Diziam-lhe os amigos para ter o cuidado de nunca
aparecer quando os nevoeiros tapassem a planície, pois poderia acabar em rei...
sem trono!
Sebastião não era rei de coisa nenhuma.
Filho de um modesto caseiro de uma propriedade
abastada, teve a sorte de vir ao mundo com dois palmos de cara e assim
conquistar a filha do senhor das terras, algo que não era, como é óbvio, muito
bem recebido por este.
Daí que estivesse proibido de aparecer na parte da
casa dos senhores, o que não impedia, ao que se dizia, alguns encontros
furtivos.
Naquela manhã, Alarcão, proprietário e pai de
Carolina, levantou-se cedo, cerca das 7 horas e como declarou mais tarde à
polícia, não viu nada porque o nevoeiro ali é mesmo cerrado e também não ouviu
nada estranho, nem os cães deram sinal, pelo que foi logo fazer aquilo que mais
gostava, ou seja, tratar dos seus cães, mas muito rapidamente porque era ainda
muito cedo e o vento gelado quase cortava a cara.
O casarão ficava na parte da frente do terreno,
ainda a considerável distância da estrada e era vedado em todo o seu perímetro
por muros altos. Na parte de trás do terreno, fora dos muros, estava a casa do
caseiro, onde vivia Sebastião.
Todo o terreno estava isolado de outros, uma vez
que havia pinhais em toda a volta, excepto na frente, onde passava a estrada.
Do lado direito, havia um caminho que dava acesso à casa do caseiro, ao longo
do muro compacto, de mais de 100 metros, apenas interrompido quase no seu
extremo, por um portão que era usado por todos os que da casa do caseiro iam ou
vinham para a casa do Alarcão.
Foi por volta das 8 horas que a mãe do moço deu com
ele sem vida, quando o foi chamar para o pequeno-almoço.
Os pais de Sebastião não deram por nada, segundo
declararam, o mesmo acontecendo com os moradores da casa de Alarcão. Os
vizinhos mais próximos, do outro lado do pinhal, disseram que apenas ouviram os
cães em grande algazarra, por volta das 7 e meia, como sempre faziam quando o
seu dono regressava a casa depois de alguma ausência e o vento estava de
feição.
O padeiro da aldeia, que circulava por ali, como
sempre fazia por volta daquela hora, na faina de levar o pão de porta em porta,
declarou que não deu nota de nada e que só viu, ao olhar da estrada, o senhor
Alarcão a caminhar em direcção a sua casa, vindo dos lados da casa do caseiro,
ainda não eram 8 horas.
A polícia interrogou-o durante algum tempo,
sabia-se que o Sebastião namorara com a filha dele durante muito tempo e que
chegaram a ter data marcada para casamento, mas a chegada da filha de Alarcão
fez cair por terra todos os planos, mas o interrogatório não revelou muito
mais.
A filha do padeiro, por seu lado, declarou não
saber nada sobre o assunto, já que nessa madrugada e manhã estivera com a mãe a
fazer o pão que o pai levava a casa das pessoas, o que se confirmou.
Alarcão manteve a sua história e mostrou-se muito
ofendido por alguém alimentar sequer a suspeita de que ele seria capaz de fazer
tal atrocidade ao moço, mesmo querendo, como ele queria, que ele largasse a sua
filha, de vez.
O Inspector Fidalgo não precisou de muito tempo
para descobrir que alguém não dizia toda a verdade nesta história e que apesar
do Sebastião jamais poder surgir do nevoeiro, esse alguém também não o poderia
fazer durante muito, muito tempo...
Caro detective: Elabore um relatório sem se
esquecer que não basta dizer quem mente. É preciso justificar, apresentando as
provas.
Boas deduções!
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