PRIMEIRO DESAFIO DA TEMPORADA
No primeiro desafio da época, que nos é proposto pelo confrade H. Rái, os nossos “detectives” são chamados a escolher a hipótese que entendam dar resposta ao problema.
CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
PROVA N.º 1 – PARTE I
HÁ CADA QUEDA!, de H. RÁI
Um homem de 68 anos caiu do 14º andar de um hotel da capital onde estava hospedado. Encontrava-se na varanda, manhã cedo, observando as aves e tirando fotografias quando, por razões desconhecidas, se precipitou sobre a rua nas traseiras do hotel, tendo falecido devido às múltiplas fracturas e perfuração de órgãos vitais. No estômago não havia restos de refeição e as análises não revelaram fármacos ou drogas no sangue.
A testemunha que deu o alarme afirmou que viu o corpo projectar-se e cair desamparado no chão, quando esperava o autocarro das oito e vinte e sete, que veio à hora certa. Foi ver e surpreendeu-se por o corpo não ter grandes sinais do impacto nem grandes marcas de sangue à sua volta. Tinha os binóculos ao pescoço, disse.
Florbela, esbelta e fraca figura, afirmou ter observado de relance, enquanto limpava e arrumava o quarto, que o hóspede se manteve ocupado na varanda, observando o horizonte com os binóculos e tirando uma ou outra fotografia, como acontecia quando ficava no hotel. Não se lembrava da hora a que isso tinha ocorrido, mas como começava o serviço às oito, não deveria passar muito das oito e dez quando abandonou o quarto, porque este foi o primeiro que arranjou. De uma coisa tinha a certeza, tudo ficou arrumado e a casa de banho limpinha. Aliás, voltou lá um pouco depois para confirmar isso mesmo, porque a supervisora não perdoava nem à própria mãe.
O empregado do bar do 15º andar, morador na rua das traseiras do hotel, revelou ter estado no quarto pelas oito e vinte e picos, pois o hóspede tinha telefonado a pedir um café, por ainda não poder ir tomar o pequeno almoço, servido no restaurante do 1º andar. No entanto, depois de bater à porta para o servir, ficou surpreendido por não obter resposta. Como a porta se encontrava no trinco, entrou. Não encontrou ninguém no quarto, mas lembrava-se de ter reparado que o quarto havia sido arrumado e, na varanda, junto ao parapeito, encontrava-se uma máquina fotográfica sobre uma cadeira. Esperou e não mexeu em nada. Como o café tinha arrefecido e o hóspede não apareceu, levou de volta a chávena com o café e regressou ao bar, ainda não eram oito e meia.
A supervisora do serviço de limpeza, moradora no hotel, confirmou que tinha ido ao quarto depois dessa hora, quase se encontrando com o empregado do bar, para fiscalizar o trabalho da criada de quartos, o que fazia sem avisar, pois as criadas não eram de fiar - disse com rispidez e má cara. Quando entrou, não estava ninguém no quarto. Deixou a porta aberta como de costume, pois o regulamento a isso obrigava e ela mesma exigia ao seu pessoal. Já há imoralidade suficiente por aí - afirmou. Lembrava-se de que, na varanda, junto ao parapeito, encontrava-se uma máquina fotográfica sobre uma cadeira. Embora achasse que o quarto ficou limpo e arrumado, não deixou de ralhar com a criada, porque não admitia que ela tivesse deixado um pêlo da púbis no lavatório e a chave magnética no interruptor geral da electricidade do quarto.
O gerente do hotel, um homem de gostos bizarros, morador no Bairro do Alvito, afirmou que o hóspede ficava amiúde no hotel e preferia sempre aquele quarto. Se este não estivesse livre, reservava para mais tarde, o que era estranho, pois ele morava precisamente no prédio nas traseiras do hotel. De qualquer maneira, estava pesaroso por o homem estar morto, sendo uma figura tão máscula e encantadora, apesar da idade, e gostar tanto de observar e tirar fotografias aos passarinhos. Foi visitá-lo pouco passava das oito e um quarto e, após uma breve discussão, como o momento não era o mais propício, saiu como entrou.
Afinal, a máquina fotográfica sobre a cadeira registava apenas uma foto, tirada às 08:28:47 desse dia, retratando a nudez da vizinha do quarto do outro lado da rua em frente ao quarto do hóspede.
A vídeo-vigilância do hotel confirmou cronologia dos factos relatados pelo pessoal do hotel.
Quem mentiu matou ou quis ilibar o autor. E quem o fez foi:
A - A criada de quartos, porque afirmou que o hóspede tirava fotografias às aves e, na máquina, não havia qualquer ave fotografada?
B - O empregado do bar, porque disse que bateu e entrou, pois a porta estava no trinco, e uma vez no quarto não mexeu em nada?
C - A supervisora, porque o lavatório não é lugar onde apareçam pêlos da púbis e apenas pretendia incriminar a criada e proteger o gerente?
D - O gerente, porque tinha gostos bizarros, afirmou que discutiram, mas omitiu que o hóspede não foi em conversas e, por isso, lançou-o da varanda abaixo?
E pronto !
Depois de lerem muito bem o desafio, as vezes que entenderem necessárias, até abarcarem completamente a história narrada, é chegado o momento de dar a resposta, para o que poderão usar um dos seguintes meios, impreterivelmente até ao próximo dia 31 do corrente mês de Janeiro:
- Pelos Correios para PÚBLICO-Policiário, Rua Viriato, 13, 1069-315 LISBOA;
- Por e-mail para policiario@publico.pt;
- Por entrega em mão na redacção do PÚBLICO de Lisboa;
- Por entrega em mão ao orientador, onde quer que o encontrem.
Recordamos que já na próxima semana será publicado novo desafio, dessa feita do género “tradicional”, que constituirá a Parte II da Prova n.º 1 e que terá como prazo para envio, o mesmo dia 31 do corrente. Assim, os “detectives” que optarem por remeter as soluções pelos Correios, poderão juntá-las num único envio.
Boas deduções!
ESCLARECIMENTOS
Foram vários os “detectives” que nos dirigiram missivas no sentido de esclarecermos algumas dúvidas suscitadas quanto à produção dos enigmas policiários:
A primeira refere-se à obrigatoriedade de cada produtor elaborar dois desafios, um de cada espécie, para que cada prova seja do mesmo autor.
Como resulta do regulamento publicado, tal não é obrigatório. Cada “detective” pode elaborar o desafio para que se encontre mais motivado ou habilitado. Se for publicado, o autor ficará dispensado de responder novamente, como é óbvio, mas terá de responder à outra parte, sob pena de perder os pontos em disputa.
Outra questão que foi colocada referia-se à extensão dos problemas, ou seja, uma vez definido o máximo de caracteres, se haveria um mínimo, também.
A resposta é negativa. Cada produtor pode e deve elaborar os seus desafios da forma que melhor entender, sendo certo que apenas existe um limite máximo devido ao espaço limitado de que dispomos, nada mais.
A última diz respeito à obrigatoriedade, ou não, do uso de pseudónimo para identificar o autor.
Na verdade, nada há de regulamentado que obrigue à adopção de pseudónimo ou nome curto, ou abreviaturas. Cada produtor pode identificar-se como quiser.
Coluna do “C”
FALTAM 36 SEMANAS PARA A EDIÇÃO N.º 1000
O ano de 1999 fechou as suas portas com mais de 1200 participantes regulares, um novo máximo absoluto, para a época!
O Torneio Detective Rápido terminou com um sexteto na frente, Avlis e Snitram, Dic Roland, Inspector CMBond (actual Karl Marques), KO, Mister H e Vilnosa.
No Torneio Detective Said, que homenageou postumamente este confrade de Portimão e a residir na Amadora, os confrades Big Ben (Figaleira) e Daniel Falcão dominaram, sendo logo seguidos por Hortonólito, Inspector Moka e Paulo.
No Torneio Fórmula 1, foi o confrade KO quem mais e melhor acelerou, arrebatando o título, com Onaírda e Daniel Falcão a completarem o pódio.
Na produção, foi Marvel quem se impôs, secundado por Dic Roland e A. Raposo.
O Policiarista do Ano e também N.º 1 do Ranking, foi o confrade de Alvares, residente na Amadora, Big Ben, que assim se assumiu como o grande triunfador da época.
11 comentários:
Muitos parabéns ao Luís Pessoa que conseguiu!
Um abraço e obrigado por mais um ano de policiário
Deco
até que enfim temos competição vamosa ela.
I alegria
Meu caro LP:
Bem sei que basta indicar a alínea certa. Mas ... uma justificação à volta de 50 palavras alterará o espírito das Rápidas (no último torneio em que participei era este o limite)?
Naturalmente que o autor também vai apresentar a justificação para a escolha que sugere; de outra maneira, ninguém perceberia por que errou ou aceitou.
De acordo?
E vamos a ela (a competição) que já mexe...
Um abraço
Zé
A ideia das rápidas é criar uma competição em que os mais "sornas" também tenham lugar. Digamos que os obrigamos a ler (pudera)e a escolher.
A parte da escrita virá depois. Temos que tentar trazer (e fazer ganhar o gosto) aqueles que não querem perder tempo com escritas. Depois, a partir desse gosto, talvez venham para os outros.
Tal como o Zé também eu não gosto de responder de Cruz sem justificar a minha escolha.
Já tenho a minha solução pronta, ocupa o espaço aproximado de um postal dos CTT, e estou esperando a II parte da 1ª prova.
O Torneio A. Raposo praticamente chegou ao fm e eu estou sem competição vai para um mês.
Talvez porque sempre estive ocupado o regresso do Campeonato Nacional não me inspirou grandes manifestações de regozijo mas isso não impede que me sinta contente por voltar à competição que já se encontrava parada há um mês
Um abraço do
Rip Kirby
Caro L P
E verdade que cada produtor tal como os solucionistas se pode identificar como quizer mas não seria conveniente, que pelo menos ao responsável pela secção, os novos produtores ou solucionistas se identificassem correctamente
Rip Kirby
Caro Rip, os produtores identificam-se como quiserem, porque nós não temos o hábito de obrigar ninguém a identificar-se. Todos andamos por cá porque queremos e provavelmente queremos andar como gostamos.
Isso não quer dizer que não haja um mínimo conhecimento e um mínimo contacto, nem que seja um endereço de e-mail.
Aquilo que nunca permitiremos é abusos de linguagem ou insultos, mas isso é para todos, venham de onde vierem.
Estamos de acordo com os comentários que faz sobre escrever ou não as justificações. Cada um fará como entender.
Forte abraço para esse lado do Oceano!
Meu caro LP:
Eu sei que estou a ser chato, ao voltar ao tema. Tu respondeste e autorizaste a justificação. Penso que, em relação a este ponto, o solucionista deve conhecer as razões por que o autor validou a sua alínea e pode ter o direito de justificar a sua opção. Até porque (por qualquer erro de percurso) o problema poderá admitir duas respostas (NÃO me parece ser o caso!!!) e, se justificando a sua opção, o solucionista não será vítima de um erro de produção (já tem acontecido). O que eu acho é que não se deverá ultrapassar as 200 palavras, sob pena de desvirtuar o espírito do torneio e submeter o "juíz" a uma carga enorme de trabalho. Neste caso, eu (se juiz) só olharia para as justificações erradas (não há Melhores). Mas ... mesmo assim!!!!
O LP decidirá ... Por mim, ponto final na matéria e obrigado pela resposta.
Um abraço
Zé
Meu caro
Eu limitei-me afazer uma sugestão porque em caso de prémio o orientador deve ter um mínimo de conhecimento da pessoa a quem entregar o prémio. Pessoalmente a identidade real de um novo produtor ou solucionista a mim não me interessa nada. Se você acha que um mero endereço de E-Mail é suficiente tudo bem.
Quanto à questão de nunca ter obrigado ninguém a identificar-se lembro-me muito bem de no princípio ser recomendado aos solucionistas que quando mandassem a primeira solução não se esquecessem de enviar os seus dados pessoais para o ficheiro.
quanto à questão de insultos e abusos de linguagem creio que se enganou no endereço. Eu nunca insultei ninguém nem usei linguagem abusiva. Quanto muito posso uma vez ou outra brincar com as palavras mas isso é uma coisa que está no sangue de qualquer algarvio e que nem sempre conseguimos segurar.
De resto um forte abraço e os votos de que o Campeonato que agora se inicia corra tão bem, pelo menos, como correu o que terminou
Rip Kirby
Caríssimos:
É natural que haja polémicas e desencontros de opiniões, o que é bem salutar.
Não é de esperar que um torneio ou um mero lugar entre os primeiros vá depender de um problema de rápidas, pelo menos pela forma como as classificações são contadas, em termos de regulamento. Estamos, assim, numa discussão mais ou menos académica.
O século XXI trouxe o agudizar de conceitos que já se mostravam a medo, nos finais do XX: a falta de tempo, de pachorra ou simplesmente preguiça para "perder" tempo com escritas! Se posso telefonar, se posso mandar uma mensagem rápida e concisa, não vou "perder" tempo com grandes escritos, com grandes explanações de raciocínio. É assim, não há (por agora) volta a dar.
Portanto, se aspiramos a ter participação mais ampla, fora dos confrades tradicionais, temos que enveredar por essa componente, fazer com que com um simples "click" todos possam dar a sua participação. É aí que se insere o conceito dos problemas de rápidas. Estamos errados? Talvez, mas é uma tentativa depois de muitas consultas que fizemos a pessoas "de fora". A maioria apontava a falta de tempo para responder, mas liam os desafios, nem que fosse no autocarro ou no combóio. Responder é que não.
Logo, tomem lá os desafios que podem ler onde quiserem e depois é só escrever A, B, C ou D! Atiram ao calhas? Paciência!
Portanto, este tipo de problemas é uma tentativa de novas adesões.
Quem quiser dar explicações, dá, quem não quiser, não dá, na certeza de que o que interessa é acertar na alínea que resolve o problema. Se houver efectivo erro do autor, cá estaremos para corrigir o que houver a corrigir, como sempre fizemos.
Quanto à identificação dos concorrentes, isso é coisa do passado. Longe vão os tempos em que era pedido tudo e mais alguma coisa e muitos "aldrabavam" os dados e muito depois vinhamos a descobrir quem era quem, muitas vezes dizendo que morava a centenas de quilómetros do local correcto!
Não vale a pena. Isto é um divertimento de que gostamos e quem quiser vir, vem, quem não quiser, não vem.
Acreditem ou não, temos em nosso poder dezenas e dezenas de prémios não reclamados, de confrades de quem não temos moradas, nem nomes, nem números de telefone.
Temos um pseudónimo, às vezes temos um endereço de e-mail e isso já tem que nos chegar. Há alguém que se dá ao trabalho de enviar ou fazer chegar em mão ao jornal as suas soluções, o que é muito bom.
Se não quer dar a cara, é com ele, não aquece nem arrefece a competição.
Por isso, às vezes um confrade diz-nos que gostava de entrar em contacto com fulano e nós vamos ver se dispomos de algum contacto e nesse caso perguntamos-lhe se podemos dar o seu contacto e se a resposta for positiva, damos. Outras vezes não dispomos de nada e é isso mesmo que dizemos.
A questão dos insultos e abusos, é claro que não era para o confrade Rip, mas sim para todos os que já foram censurados aqui e no jornal. O que queriamos dizer era que quando se ultrapassava a decência, ponto final, fosse quem fosse, estivesse ou não identificado, fosse ou não nosso conhecido pessoalmente. Numa situação dessas, nem a identificação com BI e n.º de contribuinte os safa! Caixote do lixo!
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