segunda-feira, 30 de agosto de 2010

POLICIÁRIO 997

MÊS DE FÉRIAS E DE RECORDAÇÃO

O mês de Agosto transporta-nos, invariavelmente para as férias, para o mar, para aquilo a que vulgarmente chamamos as coisas boas da vida.
Em termos de Policiário recente, o mês de Agosto tem a marca indelével do desaparecimento de dois confrades, duas referências, tal o rasto que deixaram no nosso passatempo e em todos os que tivemos o privilégio de com eles convivermos:
Os confrades Dic Roland e K.O.


DIC ROLAND (n. 1921.04.11, f. 2006.08.09)

Este nosso confrade apareceu no Policiário com a nossa secção. Leitor do PÚBLICO desde o primeiro número, como fazia questão de frisar, cedo foi atraído pelos desafios policiais e desde logo neles se embrenhou.
Com uma vida riquíssima e cheia de episódios, de que se destacam os passados na Índia, onde chegou a ser comandante da polícia em Goa, até à sua fixação junto de Castelo Branco, onde era gerente de uma unidade hoteleira, nos primórdios da sua participação no Policiário, tendo depois passado pelo Fratel, até se fixar em Vila Nova de Santo André, Dic Roland era, podemos dizê-lo sem exagero, um “Cavaleiro Andante” do Policiário, percorrendo o país de lés a lés, para onde houvesse um acontecimento, fosse ele qual fosse: campeão dos convívios, presença certa nas reuniões da Tertúlia da Liberdade, sempre pronto para dois dedos de conversa ou para a discussão de qualquer caso mais intricado!
Dic Roland vivia o “seu” Policiário com uma intensidade única e eram inúmeros os telefonemas para nos dar a conhecer factos erradamente transmitidos, ou gralhas que alteravam o sentido das coisas, ou a confirmar o envio das soluções dos enigmas…
O seu apurado gosto pelo convívio ficou sempre amplamente documentado nas realizações em que se empenhou. Na estalagem junto à Barragem do Fratel, de que era gerente na altura, com almoço e passeio por Nisa, na companhia do Presidente da Câmara da vila alentejana e visita das termas da Fadagosa. Nos convívios do litoral alentejano, já a partir de Santo André, onde fundou uma tertúlia, com os confrades Vilnosa e Sinid Agiev e que tinham sempre uma componente cultural e lúdica a não desprezar. Houve safaris no parque temático Badoka Park; houve buscas nas praias do litoral alentejano, à procura da prova necessária para a decifração de mais um caso; houve visita às ruínas da cidade romana de Miróbriga, em Santiago do Cacém…
Dic Roland foi um “detective” completo: Foi campeão nacional, conquistou a taça de Portugal, foi policiarista do ano, comandou o ranking, esteve em todos os acontecimentos importantes da nossa história, foi um mestre na arte de saber conviver.
Realmente, quatro anos volvidos sobre o seu desaparecimento físico, cada vez notamos mais a sua ausência, sinal evidente que a sua marca ficou presente, quer em todos os que o conheceram e com ele privaram, quer naqueles que apenas tiveram oportunidade de lerem os seus problemas ou soluções.



K.O. (n. 1939.01.06, f. 2007.08.24)


“Fruto, talvez, de um certo envelhecimento do Policiário, pelo menos no que diz respeito aos confrades que normalmente ocupam o topo das classificações, no período de um ano passámos pela rude experiência do desaparecimento de alguns dos nossos Amigos e, ao mesmo tempo, “monstros sagrados” deste passatempo singular.
Podíamos seguir a táctica da avestruz e ignorarmos.
Podíamos levar até aos nossos leitores os torneios, as classificações, sem mais. Podíamos aplaudir vencedores sem rosto...
Mas, no Policiário não é assim. Nunca foi e nunca será enquanto por cá andarmos.
No Policiário nós queremos muito mais, queremos conhecer as pessoas, queremos ter um rosto associado a cada pseudónimo, queremos que todos os leitores e concorrentes sejam, também, confrades, companheiros de viagem, que partilhem connosco o prazer de decifrar enigmas e de conviver.
Nos últimos dias, foi o confrade Arlindo Matos, o KO, que se despediu do nosso convívio, depois de um período atribulado, de avanços e recuos face à doença que o atormentava.
Foi no dia 24 de Agosto que o confrade e Amigo Nove nos transmitiu a dolorosa - e já esperada – notícia:
- O K.O. faleceu!

Conhecemos o K.O. logo no início deste nosso espaço, no ano de 1992. Era já um policiarista antigo, que andara por muitos dos acontecimentos mais marcantes da nossa actividade e que naquele momento regressava “a casa”, à sua casa Policiária.
Decifrador de elevada craveira, entusiasta do Policiário, desde logo se destacou pelas soluções elaboradas que produzia, ao ponto de serem muitas as vezes em que combinava connosco um encontro no parque de estacionamento de um hipermercado no Cacém, para entregar um “embrulho” que continha a sua proposta de solução, à tarde, quando ele regressava a casa em Mem Martins, vindo da “sua” escola, onde leccionava e fazia parte da direcção.
Vencedor por natureza, K.O. acumulou títulos e prémios, espalhou a sua simplicidade, simpatia e entusiasmo por todos os locais por onde o Policiário passou, deixando um rasto de admiração pelas suas qualidades, muito bem secundado pela sua inseparável mulher, a D. Isaurinda, sua verdadeira “alma-gémea” em tudo, sendo difícil encontrar duas pessoas tão completas, tão Amigas dos seus Amigos, tão interessadas com o bem estar de todos à sua volta!...
Não são palavras de circunstância que nos levam a dizer que o Policiário ficou bem mais pobre. Há um vazio físico que fica, mas atenuado pela certeza de que todos nós ficámos bem mais ricos com o tempo que pudemos usufruir na sua companhia.”

Este texto foi publicado logo após a morte do confrade K.O. e traduzia a enorme sensação de perda do Policiário.
Hoje, três anos passados, registamos que o sentimento se mantém inalterado, tal como com o confrade Dic Roland. O nosso “Mundo Policiário” tem a sensação de que todos os nossos confrades e amigos continuam connosco nesta luta diária pelo desenvolvimento do passatempo que elegemos como nosso.
O exemplo do confrade K.O., na busca da perfeição, na procura do tal pormenor que fazia a diferença, que o conduziu aos lugares mais cimeiros das nossas classificações, é hoje plenamente actual.
O K.O., presença assídua e constante em todos os acontecimentos policiários, com a sua “metade” Isaurinda, pertence ao restrito número dos nossos Maiores e será recordado pelo seu exemplo de luta, também contra a doença que o minou. Poucos dias antes de falecer, telefonou-nos para saber se passara numa eliminatória da Taça de Portugal…



REGRESSO À COMPETIÇÃO

No próximo domingo será publicada a penúltima prova das competições desta época. Entramos, assim, na recta final que vai consagrar os confrades que forem mais completos ao longo de toda uma época.
Chamamos a atenção dos nossos “detectives” para a necessidade de cumprimento total dos prazos estabelecidos, de forma a podermos, também nós, cumprir os nossos, encerrando os torneios a tempo e horas!








COLUNA DO “C”


FALTAM 2 SEMANAS PARA A EDIÇÃO 1000


A Tertúlia Policiária de Coimbra (TPC) marcou o início de uma diferente relação do Policiário com uma associação cultural, o Ateneu de Coimbra. Reunindo na sua sede, a cooperação foi sempre excelente, culminando na edição do boletim “Intelecto”, que durante alguns anos chegou a casa de quem o solicitou. O convívio de Coimbra é também uma tradição, com o aliciante de ser local para distribuição dos prémios da nossa secção.
A Tertúlia Policiária do Norte (TPN) é uma das mais pujantes, a nível das realizações. Durante alguns anos em colaboração com o Município da Maia, editou o boletim “Lidador… Das Cinzentas”, organizou concursos de contos, colóquios e convívios, deu passos seguros e importantes na concretização do Arquivo Nacional da Problemística Policiária, tarefa que prossegue, mesmo após o “divórcio” com a autarquia.

sábado, 28 de agosto de 2010

MILÉNIO A 19 DE SETEMBRO

SANTARÉM, MILÉNIO A 19 DE SETEMBRO!

PROGRAMA DO CONVÍVIO MILÉNIO

UM PROGRAMA DE "ARRASAR"!

O confrade Inspector Aranha fez-nos chegar o "programa das festas" do Policiário, para o dia 19 de Setembro.

Ora prestem atenção e... Inscrevam-se! Trata-se de uma oportunidade única!

CONVÍVIO COMEMORATIVO DO Nº 1.000 DA SECÇÃO "PÚBLICO POLICIÁRIO"

a realizar no dia 19 de Setembro, em Santarém, no Convento de S. Francisco, recentemente (e excelentemente recuperado) onde tiveram lugar, em 2009, as cerimónias oficiais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.



Programa das "Festas"


10H30 - Recepção dos Convivas

10H45 - Início da visita ao Convento.

11H30 - Abertura da Exposição "Público Policiário";

12H30 - Homenagem a "Sete de Espadas"

13H00 -Almoço (nos Claustro do Convento).

15H00 - Intervenção do convidado Dr. Francisco Moita Flores. Tema "O CSI e a realidade".

16H00 - Distribuição de prémios do último Campeonato Nacional e da Taça de Portugal.


Preço de inscrição: 25,00 € (visita ao Convento, almoço, estacionamento privativo)

Inscrições: Até ao dia 16 de Setembro, por Email: d.cabral@sapo.pt; por Fax: 243328546; por telemóvel: 917232393 (das 10H00 às 13H00, e das 14H30 às l8H00), devendo as inscrições das pessoas que se façam transportar em carro próprio indicar a matrícula do mesmo a fim de poderem ter acesso ao estacionamento privativo.

Solicita-se ainda pontualidade na chegada, dado que a hora determinada para a visita ao Convento não convém ser atrasada, até para não prejudicar o programa posterior.



QUE NINGUÉM FALTE, PARA QUE O EVENTO QUE SE VAI COMEMORAR (O MILÉNIO DA SECÇÃO) POSSA REVESTIR-SE DA IMPORTÂNCIA QUE MERECE.
Domingos Cabral

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

SETEMBRO, DIA 19

19 DE SETEMBRO - CONVÍVIO E SECÇÃO DO MILÉNIO

No dia 19 de Setembro o Policiário atinge a meta do Milénio, o mesmo é dizer, alcança um objectivo que ninguém poderia imaginar quando, há mais de 18 anos, abrimos um espaço no PÚBLICO.
Na realidade, MIL edições numa publicação de divulgação nacional, em dia nobre, é um facto inédito e, pensamos, irrepetível, até face às nuvens negras que se adensam por sobre a imprensa escrita.
Também por isso, o dia 19 de Setembro vai encerrar uma carga emocional suplementar para todos os que vivem e amam o Policiário e o elegem como sua modalidade de eleição.

E, caros confrades, que lugar seria mais adequado para festejarmos essa data, que a cidade de Santarém, capital do Ribatejo, o berço de alguns dos mais ilustres cultores do Policiário, desde os tempos da Tertúlia Policiária Ribatejana?
Olhando apenas para o presente e passado recente, como falar de Policiário sem referirmos o Sete de Espadas? E como não mencionarmos o “mestre” M. Constantino? E como ignorarmos o Inspector Aranha?

Por isso e por muito mais, Santarém vai ser o epicentro das comemorações da Secção do Milénio, no próximo dia 19 de Setembro, data em que a edição 1000 do Policiário será publicada no PÚBLICO!

Caros confrades, vamos viver um momento único, que queremos assinalar devidamente, mas não como o fim de um caminho percorrido. Daí enviarmos a todos os “detectives” e Amigos o convite para que venham festejar connosco, reforçar os laços de Amizade e Camaradagem que são, desde sempre, as imagens de marca deste nosso passatempo!

O confrade Inspector Aranha prossegue, infatigavelmente, a procura das melhores condições para que este nosso encontro seja verdadeiramente o “CONVÍVIO DO MILÉNIO”, pelo que, a breve prazo, teremos AQUI todas as novidades, toda a programação para um dia diferente.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

SECÇÃO DO MILÉNIO - CONVÍVIO DO MILÉNIO

DIA 19 DE SETEMBRO

Precisamente no domingo em que é publicada a secção n.º 1000, vai ocorrer o CONVÍVIO DO MILÉNIO, em SANTARÉM!

Numa organização com a chancela de qualidade do confrade INSP. ARANHA e com apoio da Câmara Municipal de Santarém, que cederá as magníficas instalações do Convento de S. Francisco, após as extraordinárias obras de recuperação, que lhe devolveram a dignidade que merecia, o CONVÍVIO DO MILÉNIO, terá de ser o ponto de encontro de TODOS os policiaristas.

Caríssimos confrades, o almoço decorrerá nos claustros do Mosteiro, que será encerrado ao público, propositadamente, para que possamos fazer o nosso convívio, que terá muitos motivos de atracção e muitas surpresas, numa programação que ainda não podemos divulgar.
O seu custo será, por via disso, um pouco superior ao habitualmente praticado, mas plenamente justificado, estamos em crer, também por se tratar de uma ocasião única na vida do nosso Policiário!

Em breve teremos AQUI mais notícias, iremos dando mais informações que, estamos certos, irão mobilizar o nosso Mundo Policiário para um evento único!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

KO - TRÊS ANOS DE SAUDADE

O POLICIÁRIO NÃO ESQUECE OS SEUS AMIGOS



K.O. (n. 1939.01.06, f. 2007.08.24)


“Fruto, talvez, de um certo envelhecimento do Policiário, pelo menos no que diz respeito aos confrades que normalmente ocupam o topo das classificações, no período de um ano passámos pela rude experiência do desaparecimento de alguns dos nossos Amigos e, ao mesmo tempo, “monstros sagrados” deste passatempo singular.
Podíamos seguir a táctica da avestruz e ignorarmos.
Podíamos levar até aos nossos leitores os torneios, as classificações, sem mais. Podíamos aplaudir vencedores sem rosto...
Mas, no Policiário não é assim. Nunca foi e nunca será enquanto por cá andarmos.
No Policiário nós queremos muito mais, queremos conhecer as pessoas, queremos ter um rosto associado a cada pseudónimo, queremos que todos os leitores e concorrentes sejam, também, confrades, companheiros de viagem, que partilhem connosco o prazer de decifrar enigmas e de conviver.
Nos últimos dias, foi o confrade Arlindo Matos, o KO, que se despediu do nosso convívio, depois de um período atribulado, de avanços e recuos face à doença que o atormentava.
Foi no dia 24 de Agosto que o confrade e Amigo Nove nos transmitiu a dolorosa - e já esperada – notícia:
- O K.O. faleceu!

Conhecemos o K.O. logo no início deste nosso espaço, no ano de 1992. Era já um policiarista antigo, que andara por muitos dos acontecimentos mais marcantes da nossa actividade e que naquele momento regressava “a casa”, à sua casa Policiária.
Decifrador de elevada craveira, entusiasta do Policiário, desde logo se destacou pelas soluções elaboradas que produzia, ao ponto de serem muitas as vezes em que combinava connosco um encontro no parque de estacionamento de um hipermercado no Cacém, para entregar um “embrulho” que continha a sua proposta de solução, à tarde, quando ele regressava a casa em Mem Martins, vindo da “sua” escola, onde leccionava e fazia parte da direcção.
Vencedor por natureza, K.O. acumulou títulos e prémios, espalhou a sua simplicidade, simpatia e entusiasmo por todos os locais por onde o Policiário passou, deixando um rasto de admiração pelas suas qualidades, muito bem secundado pela sua inseparável mulher, a D. Isaurinda, sua verdadeira “alma-gémea” em tudo, sendo difícil encontrar duas pessoas tão completas, tão Amigas dos seus Amigos, tão interessadas com o bem estar de todos à sua volta!...
Não são palavras de circunstância que nos levam a dizer que o Policiário ficou bem mais pobre. Há um vazio físico que fica, mas atenuado pela certeza de que todos nós ficámos bem mais ricos com o tempo que pudemos usufruir na sua companhia.”

Este texto foi publicado logo após a morte do confrade K.O. e traduzia a enorme sensação de perda do Policiário.
Hoje, três anos passados, registamos que o sentimento se mantém inalterado. O nosso “Mundo Policiário” tem a sensação de que todos os nossos confrades e amigos continuam connosco nesta luta diária pelo desenvolvimento do passatempo que elegemos como nosso.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

SECÇÃO MILÉNIO

SETEMBRO, 19

É a data!

À beira da Secção do Milénio, esperamos poder anunciar, a muito curto prazo, novidades sobre onde e como vai ser a efeméride.

Há trabalho a ser desenvolvido nesse sentido. Apenas mais um pouco de paciência, com o pedido para que TODOS os confrades reservem, desde já, o dia 19 de Setembro para este acontecimento único na História do Policiário.

domingo, 22 de agosto de 2010

POLICIÁRIO 996




EVOCANDO SETE DE ESPADAS

Sempre que falamos de Policiário, a referência ao Sete de Espadas aparece como uma inevitabilidade, tal a sua importância primeiro para a divulgação e depois para a consolidação deste passatempo exemplar, amplamente reconhecido como um veículo importante para estimular a leitura, a interpretação, a análise, o poder de síntese, o espírito observador e científico.
O Sete de Espadas nasceu no Ribatejo, na vila da Chamusca em 1 de Fevereiro de 1921 e em 12 de Janeiro de 1947 iniciava a sua actividade como orientador de um espaço policiário, no Jornal de Sintra, com o título Mistério e Aventura, que ele mesmo definia, em subtítulo, como uma “secção policial orientada por Sete de Espadas”.
Depois foi um nunca mais acabar, na divulgação da literatura policial e, sobretudo, na vertente da competição policial.
Que me desculpem os confrades mais antigos, aqueles que viveram com ele as aventuras do Clube de Literatura Policial, das secções no Camarada, no Cavaleiro Andante e em tantos locais, mas nós apontamos um marco que nos parece decisivo em toda a História do Policiário: O dia 13 de Março de 1975.
Nesse dia, em todas as papelarias, quiosques, pontos de venda de jornais e revistas, apareceu, apenas, mais um número do “Mundo de Aventuras”, uma revista de histórias aos quadradinhos, editada pela Agência Portuguesa de Revistas, que já vinha dos anos 40 do século XX, mas que trazia algo de novo: As últimas páginas eram identificadas como “Mistério… Policiário” e assinadas por um não menos misterioso “Sete de Espadas”!
Foi, podemos dizê-lo com toda a propriedade, o virar de página de toda uma geração de jovens, muito jovens mesmo, na casa dos 13, 14 anos, que apareceram em enorme explosão, criando um movimento imparável que nos trouxe até aos nossos dias.
Muitos dos actuais policiaristas são produtos dessa época, eram leitores de histórias aos quadradinhos e descobriram o policiário, tornando-se detectives!
O primeiro sinal de que algo se movia, foi a grande afluência à literatura policial, a corrida aos alfarrabistas, a ânsia de ler os clássicos do policial, antes da procura dos modernos escritores. Depois, foi a quantidade de malta nova a tratar-se por nomes escolhidos pelos próprios, que podiam ser de uma personagem dos quadradinhos, de um detective da literatura, de uma abreviatura do próprio nome, de uma invenção pura… Tudo servia para nos identificarmos perante os outros. Era o Detective Invisível, o Inspector Moisés, o Ubro Hmet ou o Satanás… Poucos sabiam o nome real do confrade que estava à sua frente, nem isso era importante! Poucos sabiam o que faziam os outros na vida profissional, mas também não era necessário! O importante era o facto de estarem todos irmanados no mesmo gosto pela dedução, pelo exercício das “células cinzentas”, estarem disponíveis para se reunirem em Tertúlias Policiárias e todos os meses percorrerem o país para os Convívios, na altura única forma de travarmos conhecimento para além das fronteiras próximas.
No centro de tudo, a figura simpática de um homem de barbas brancas, cabelo ralo, sorriso aberto e simpático: O Sete de Espadas.
Nos dias dos Convívios, era digno de ser visto o número de pais que chegavam perto do Sete e lhe confiavam os miúdos de 11 ou 12 anos, como se confia a um avô e lhe diziam que eram os próprios miúdos que insistiam em ir e não aceitavam um não como resposta! E o Sete, com a calma e o espírito positivo que sempre teve, lá os tranquilizava, dizendo-lhes que na tribo policiária eles estavam no local certo para crescerem, num são convívio, numa camaradagem exemplar.
Ainda hoje sentimos isso. Mesmo nós, muitos já avós, ainda olhamos para o exemplo do Sete como um aspecto importantíssimo no nosso processo de desenvolvimento. Todos crescemos muito com ele e com o Policiário. Todos lhe devemos muito daquilo que conseguimos ser. O seu exemplo, de persistência na demonstração dos benefícios do exercício de uma actividade tão saudável para o desenvolvimento harmonioso de um espírito científico, como é o caso do Policiário, merece ser sempre realçado.
Daí a justeza desta homenagem singela, numa altura em que se aproxima a passos largos uma data que passará a ser parte integrante da nossa História Policiária, por atingirmos as 1000 edições deste nosso espaço. É que esta secção, se teve o seu nascimento formal no dia 1 de Julho de 1992, verdadeiramente nasceu muitos anos antes, algures pelo ano de 1975, quando o Inspector Fidalgo encontrou o Sete de Espadas e ficou fascinado com o Mundo que este lhe abriu!
Mais tarde foi o XYZ Magazine, o Clube dos Amigos do XYZ e muitas outras coisas, sempre com a relevância da Amizade e da Camaradagem, suas imagens de marca.
Foi no dia 10 de Dezembro de 2008 que a notícia do seu falecimento correu no seio da imensa família policiária, que assim viu partir o seu principal divulgador, deixando um rasto de pesar entre a imensa legião daqueles que com ele cresceram física e mentalmente.
Ao “velho” Amigo Sete de Espadas queremos dedicar a data histórica de 19 de Setembro de 2010, porque nas comemorações da efeméride há muito dele e daquilo que ele nos deixou…



CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
SOLUÇÃO DA PROVA N.º 7 – PARTE II
“OS WOBBLY”, de KOPI PEIXTE

Resposta: a certa, é a alínea D.
A -Tomadas no seu conjunto, as evidências justifica a condenação de Haze.
Não justificam, porque os vestígios de sangue nas roupas de Broke eram da mulher e dos filhos. Como o texto só fala do contacto de Broke com Rogue, fica por explicar a presença dos vestígios assinalados, o que faz de Broke também suspeito.
B -Não há evidências que possam contribuir para incriminar Broke.
Há, como se refere na resposta anterior.
C -É claro que houve envolvimento de um intruso neste caso.
Não é claro que tenha havido o envolvimento de um intruso pois, para além do que ficou dito no tribunal:
-a impressão digital na sala de estar e a outra na porta da garagem, que não pertenciam a qualquer dos presentes na cena do crime, poderiam pertencer a familiares ou amigos da família e terem sido feitas noutra ocasião;
-a rede da janela foi cortada do lado de fora da cozinha pela faca encontrada. Mas, como a garagem tinha acesso pela cozinha, o corte da rede pode ter sido feito por um dos habitantes da casa sem necessitar de ir à rua (por iniciativa individual ou de ambos em conluio);
-os vizinhos assinalaram a presença de um carro estranho na área uma semana antes e na noite do crime, mas carros estranhos podem circular em qualquer bairro pelas mais variadas razões
D -Nenhuma das alíneas anteriores permite uma afirmação segura.
-pelas razões apontadas em cada alínea anterior, na realidade, nenhuma delas permite uma afirmação segura, pelo que é esta, a 4ª, a que está correcta.


COLUNA DO “C”

FALTAM 3 SEMANAS PARA A EDIÇÃO 1000
Desde 1992 que o Policiário está presente nas páginas do PÚBLICO e durante os mais de 18 anos que já decorreram, muitas foram as estruturas que os nossos confrades criaram e desenvolveram, no sentido de incentivarem o convívio e a discussão saudável dos assuntos policiários.
Algumas dessas estruturas marcaram épocas, revelando muito dinamismo, como é o caso da tertúlia que hoje homenageamos, a Tertúlia Policiária Valtejo.
Nascida da persistência de confrades como Rip Kirby, Inspector Moka, Abrótea, Professor Cebolas, Virmancaroli, e outros, reunia-se no Barreiro e muitos foram os contributos dados ao nosso passatempo, que culminaram com a orientação do espaço “Lazer e Tempos Livres”, no jornal regional “Nova Gazeta”, do Montijo.
Ficaram famosos os convívios do Barreiro, para onde convergiam, anualmente, confrades de todo o país, sempre superiormente organizados pela TPV.

domingo, 15 de agosto de 2010

POLICIÁRIO 995

RESOLVIDO ASSASSÍNIO EM CONVITE FATAL

O nosso espaço de hoje é dedicado à publicação da solução oficial do problema da dupla policiária Búfalos Associados, que constituiu a Parte I da Prova n.º 7, para que os nossos “detectives”, mesmo em férias, possam ir fazendo as suas contas…


CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
SOLUÇÃO DA PROVA N.º 7 – PARTE I
“CONVITE FATAL”, de BÚFALOS ASSOCIADOS


Tudo nesta história trouxe à memória do Inspector Garrett um dos mais famosos e bem imaginados romances policiais de sempre. Fora publicado na Colecção Vampiro com o n.º 18, chamava-se “CONVITE PARA A MORTE”, tinha a assinatura de AGATHA CHRISTIE e a data de 1939. O original intitula-se “TEN LITLE NIGGERS” e foi recentemente reeditado noutra tradução pelas Edições ASA, com o nome “AS DEZ FIGURAS NEGRAS”.
Que arrojo alguém ter tentado copiar a ideia original do romance, em que nove pessoas acusadas de terem cometido crimes não punidos pelos tribunais, são vítimas de uma assassinato em série, repondo-se a justiça pelas mãos de um Juiz que no final acaba por se suicidar, completando os dez culpados assim abatidos.
As coincidências entre as duas histórias eram evidentes. Vejamos algumas:
01. – Dez desconhecidos entre si são convidados para um local de difícil acesso onde acabam por ficar isolados. No romance é a ILHA DO NEGRO; aqui uma mansão remota na FRAGA NEGRA, na zona do Gerês.
02. – A mensagem gravada, após o jantar, acusando os presentes de crimes não punidos, que todos parecem aceitar em silêncio, como quem se sente culpado.
03. – O poema emoldurado encontrado em todos os quartos, equivalente na língua portuguesa ao poema do romance em que os dez negrinhos vão morrendo, um após outro, até não restar nenhum. O poema português foi passado a escrito pela pena de MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS e foi gravado em disco várias vezes, inclusive pela voz de MÁRIO VIEGAS, constando de uma antologia (livro e disco) editada pelo Jornal PÚBLICO.
04. – As dez figurinhas de barro encontradas sobre a mesa de jantar, certamente destinadas a ir simbolicamente desaparecendo, à medida que as vítimas fossem sendo assassinadas. Tal como no romance.
05. – A assinatura dos convites, A.N.ÓNIMO (pronuncie-se “ANÓNIMO) correspondente a U.N.OWEN no romance (leia-se UNKNOWN traduzível para português por DESCONHECIDO).
06. – O texto escrito na folha A4 encontrada no quarto da vítima, lembrando quase palavra por palavra a confissão que o assassino do romance lança ao mar dentro de uma garrafa e na qual descrevia como liquidara as suas vítimas. Só que aqui este texto estava inacabado, naturalmente.
Mas o que terá acontecido para que o autor dos premeditados crimes não tenha conseguido realizar os seus objectivos na totalidade? O primeiro sinal de que algo não está conforme, é o facto de, dois dias após o crime, ainda estarem as dez figuras intactas sobre a mesa, o que indicia que quem matou não foi quem devia ter sido, para cumprir o romance. Houve um pormenor que deu a chave do problema ao Inspector. Todas as dez senhoras presentes se queixaram de ter ficado sem os seus telemóveis no dia da chegada, mas a vítima foi encontrada com o seu telemóvel. Esse pormenor aliado ao facto de se tratar de uma Juíza (no romance é um Juiz) e portanto poder ter tido conhecimento dos factos que alegadamente incriminaram todas as outras, era a explicação que faltava para reconstituir a história. Vejamos:
A Juíza Ágata Cristina terá planeado reconstituir o método usado pelo juiz WARGRAVE no romance de Agatha Christie. Mas entre as acusadas havia alguém que também era conhecedora de literatura policial, e que por isso adivinhou a maquiavélica ideia da Juíza e tratou de a liquidar antes que a sequência de mortes tivesse início.
Vejamos agora como é que o Inspector chegou à conclusão de quem foi a criminosa. No telemóvel da vítima, pelas 23.45h, ficou registada a marcação de um número que não estava atribuído. Será que a vítima, antes de sucumbir à hemorragia ainda teve tempo para deixar uma pista sobre o nome da assassina? Tudo indica que sim, até pela data e hora registadas. Percebendo que ia morrer, era inútil chamar a polícia. Uma mensagem escrita poderia ser descoberta e apagada. O mais inteligente seria digitar as teclas correspondentes ao nome desejado. Entre as convivas, seis delas têm nomes com nove letras, mas só uma começa por uma consoante correspondente ao dígito nove: Z de Zaida. Confirmando as nove letras chegamos ao nome ZAIDA NETO. Terá sido pois à escritora de romances policiais que não terá escapado o objectivo daquelas férias na Fraga Negra, por ter logo descoberto os paralelismos com o romance. Até a estranha recusa em arrombar a porta do quarto denuncia insegurança e talvez culpa.
Dirigiu-se após o jantar ao quarto da Juíza, pois só ela podia ser a promissora assassina em série por poder ter acesso aos processos judiciais. Com um qualquer pretexto conseguiu entrar. O quarto ainda cheirava a plástico queimado. A confirmação, de resto, viria a encontrar-se na confissão encetada na folha A4 e na existência de cianeto de potássio e hidrato de cloral na gaveta da cómoda, bem como o revólver que, segundo o romance, iriam servir para os vários crimes e para o suicídio final da Juíza. A Zaida empunhando um atiçador de ferro da lareira, agrediu a outra com violência partindo-lhe as duas pernas, deixando-a imobilizada e depois, dando-lhe uma forte pancada no pescoço que lhe atingiu a jugular, provocou a hemorragia fatal. Note-se que também o que parecia serem cinzas provenientes de plástico e metal, pode indicar a queima dos telemóveis. Após o crime, a Zaida terá fechado a porta do quarto pelo lado de fora, atirando depois a chave para bem longe enterrando-a assim bem fundo na neve. O crime da Zaida dificilmente ficaria por descobrir mas, possivelmente, evitou deste modo a morte de todas as outras. A verdade é que não lhe servirá de muito em tribunal. Nem todos os Juizes leram Agatha Christie. Mas também nem todas as Juízas metiam ombros a uma iniciativa deste calibre sem se assegurarem de que as condições atmosféricas iriam permitir o total isolamento do local dos crimes. Afinal o temporal abrandou e também por aí falharia o plano deste “CONVITE FATAL.”



ANIVERSÁRIO

Porque publicamos a solução do problema dos Búfalos Associados, não queremos deixar de fazer a referência à “metade” dos Búfalos que festejou no passado dia 9 de Agosto, mais um aniversário: Parabéns Maria José!
Uma dupla sempre em festa - depois da outra “metade” ter festejado no passado dia 19 de Julho - e que muito contribui para a qualidade competitiva, mas também para o excelente ambiente de convívio que se vive no Policiário, não podíamos deixar de prestar esta singela homenagem a quem sempre está na primeira linha, também na Tertúlia da Liberdade.
Neste momento afastados da competição na faceta de decifração, por razões pessoais e profissionais, o regresso é aguardado com muita expectativa pelos seus oponentes e por todos nós, desejosos dos terríveis embates, de final sempre imprevisível.




COLUNA DO “C”


FALTAM 4 SEMANAS PARA A EDIÇÃO 1000


O Campeonato Nacional de produção da época de 2008/2009 foi bastante disputado, mercê do número de participantes que exerceu o direito de voto. O regulamento define que todos os confrades que respondam, como decifradores, a todos os desafios, podem exercer o direito de votarem as produções e assim atribuírem o título.
Perante produções dos confrades Mr. Ignotus, Detective Lupa de Pedra, Inspector Boavida, Carla Colchete, A. Raposo & Lena, os três lugares do pódio foram ocupados da seguinte forma:
Terceiro lugar para o confrade Paulo com o problema “Crime ao Fim da Tarde”; a segunda posição para Daniel Falcão, com “De Regresso ao Passado”; o primeiro classificado e campeão nacional de produção, foi o Inspector Fidalgo com o desafio “O Inspector Fidalgo e a Morte pela Net”.

sábado, 14 de agosto de 2010

"MISTÉRIO E ACÇÃO" NO JORNAL "ÁTOMO"

Pelo inquestionável interesse para o conhecimento do que foi o Policiário, aqui fica mais um excelente trabalho do confrade JARTUR, que publicamos com a devida vénia:

MISTÉRIO E ACÇÃO

SECÇÃO POLICIÁRIA DIRIGIDA POR: JOE MATCH (MATOS MAIA)
20 de Janeiro de 1948 / 30 de Novembro de 1949

Compilação de: “Jartur”
João Artur Mamede

NOTA PRÉVIA

Só pelo empréstimo do nosso amigo Arq.tº Carlos Alberto Carvalho Dias, que em várias secções policiais colaborou com o pseudónimo de C.A.C.D., e mais tarde com o de Félix da Picota, foi possível organizar este trabalho de estudo, e recolha das fotocópias que permitiram organizar o processo desta secção, para o . JARTUR

Em 20 de Janeiro de 1948, ao preço avulso de 3$00, surgiu o n.º 1 do
Á T O M O
* CIÊNCIA E TÉCNICA PARA TODOS *
JORNAL ILUSTRADO DE PUBLICAÇÃO MENSAL
Esse jornal – ou revista, se assim lhe quisermos falar, porque afinal era esse o seu aspecto – no formato 23x43cm, com 16 páginas apenas no primeiro número, mas a seguir variando para as 20 ou para as 24, logo no seu número inaugural iniciou a publicação duma página com o título:
EXPERIMENTE OS SEUS CONHECIMENTOS
Ali inseria PALAVRAS CRUZADAS e PROBLEMAS DE CURIOSIDADES MATEMÁTICAS, e onde solicitava, aos leitores da PÁGINA, que comunicassem as suas preferências, para os poderem servir o melhor possível.

# 1 Alguns meses depois, quando foi publicado o seu n.º 11, em 20 de Novembro de 1948, apareceu na sua página 18, com o título MISTERIO E ACÇÃO, uma secção de JOE MATCH, com um cabeçalho composto pela silhueta duma máscara negra, tendo em aberto, a branco, as aberturas para os olhos, e as letras que compunham o seu título, sem acentuação na primeira palavra, que assim se inunciava:

A abrir

É a ti, leitor assíduo e de boa vontade, quer me dirijo. A ti que lês o nosso modesto trabalho. A ti, leitor amigo, que lês com interesse um romance de Queen, Van Dine, Conan Doyle. A ti, que sonhaste talvez, ser o protótipo de «detective», criado pela imaginação destes escritores. A ti, «detective-amador», faço eu um apelo: Começamos hoje a inserir nas páginas deste periódico, uma secção de problemas policiais, que será regular se tu o quiseres. Concorre! Não te importes se te disserem que não tens «geito». Todos nós temos sempre aquilo que julgamos não ter. Pode esse «geito» estar latente…

AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 2

É preciso despertá-lo! E tu próprio verificarás que ao fim de alguns relatórios enviados, percebes já «qualquer coisinha»!
Publicamos a seguir umas breves notas que deves fixar, para concorreres. Lê com atenção o primeiro e simples «caso» que publicamos hoje, e responde ao pequeno «teste».
Aguardamos com vivo interesse as tuas soluções e a tua sempre valiosa e voluntária colaboração. Contamos contigo. Podes contar com a imparcialidade do teu amigo sincero, JOE MATCH

Depois, em breves NOTAS, davam-se sugestões para o aparecimento de solucionistas e produtores, apresentando-se um pequeno teste e o primeiro problema: «UM CASO VULGAR», original de Joe Match.

NOTA: Mais adiante, para melhor consulta, vamos simplificar e esquematizar o nosso trabalho, recorrendo à elaboração de QUADROS, com o número do jornal e a sua data, assim como o número do problema, o seu título e a identificação do autor.

# 2 No mês seguinte no n.º 12, em 20 de Dezembro de 1948, apresentava um 2.º problema, com a indicação de I TORNEIO, tendo por título A MORTE VEIO ÀS 11HORAS, original de Luiz R. Correia.
Aparecia ali, também, a solução do 1.º problema: UM CASO VULGAR, em cuja lista de decifradores se destacavam alguns nomes que viriam a ser históricos. Por exemplo: ERNST WINTER, NATÉRCIA LEITE, SETE DE ESPADAS, LUIS R. CORREIA, e VISCONDE DE VALAMOR.
A propósito: Sabem quem é este último? E se vos disser que é de Almeirim?

E curiosamente, numa pequena secção de «Fichas Secretas», onde o orientador respondia a mensagens de: Luís R. Correia; Visconde Valamar; Natércia Leite; Maria Luísa; Principiante; Faz-Tudo; Zerofuz; R.M.A. e Rui Cunha, numa resposta a este, dizia:
O meu nome? Está bem visível no cabeçalho da secção… Joe Match. Acha pouco? (Realmente, alguns leitores achariam pouco, pois sabiam que Joe Match era apenas o pseudónimo de um conhecido jornalista.

# 3 No primeiro número do ano seguinte, o n.º 13, de 30 de Janeiro de 1949, a secção perdeu o seu cabeçalho em forma de máscara negra, e foi integrada na página: “EXPERIMENTE OS SEUS CONHECIMENTOS”, surgindo o seu título agora em letras de imprensa: MISTÉRIO E ACÇÃO – Secção de Joe Match.
Publicava-se agora o 3.º problema, “FRATRICÍDIO I”, por Visconde de Vilamor, e também o n.º4, “UMA HISTÓRIA…” que certamente foi escrito por Joe Match, já que as iniciais J.M. surgiam no final do problema, a seguir às questões postas aos leitores.
E publicava-se, também, a solução do problema n.º 2.

No ÁTOMO n.º 14, de 30 de Fevereiro de 1949, e no n.º 15, de 30 de Março de 1949, a secção não foi publicada, nem a página de EXPERIMENTE OS SEUS CONHECIMENTOS, onde ultimamente aparecera incluída.

# 4 Mas no n.º 16, de 30 de Abril de 1949, reaparecia a página EXPERIMENTE OS SEUS CONHECIMENTOS, que incluía: MISTÉRIO E ACÇÃO, SECÇÃO DE MATOS MAIA.

AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 3

Revelava-se, assim, o verdadeiro nome do orientador, que a seguir justificava a ausência anterior:

DE NOVO
Por um motivo assaz imperioso – a doença – vimo-nos obrigados a suspender a nossa secção durante dois meses.
Mas vencido o mal, eis-nos de novo cheio de ideias, de novidades… e de problemas.
O Torneio que iniciámos no número de Novembro, fica anulado. Que nos desculpem os nossos estimados colaboradores.
Em compensação, iniciamos neste número um novo Torneio, composto absolutamente de «casos» simples e de fácil dedução.

Se me permitem a opinião, parece-me ter sido uma atitude absolutamente aberrante, anular-se, sem uma justificação muito forte, o torneio que estava em curso, até porque a secção continuava com o mesmo responsável. Faço ideia da quantidade de reclamações enviadas ao responsável, não só pelos decifradores que viram anulados os seus trabalhos, como pelo autor do problema que ainda não vira publicada a solução do seu original, como é o caso do produtor do 3.º problema, já que o 4.º fora obra do próprio orientador.

Depois o orientador agradece os relatórios enviados por novos e bem vindos colaboradores, assiná-la a boa «figura» dos «principiantes»: FARIA JÚNIOR, NOVATO, R.M.A., INSECTOR CRUZ, JOMAR e EU.

Dos veteranos não vale a pena falar; as classificações falam por si. Entretanto esperamos que todos voltem: ERNST WINTER, SETE DE ESPADAS, NATÉRCIA LEITE, MARIA LUIZA, SETE DE ESPADAS, NATÉRCIA LEITE, MARIA LUIZA, LUÍS R. CORREIA, VISCONDE DE VAL’AMOR.

E continuava:

Sobre o nosso «regresso» temos dito.
Saúde e… boas soluções! Matos Maia

E a secção prosseguia, com a apresentação do I TORNEIO – 1.º PROBLEMA - «O CRIME DA RUA DO SALITRE» de Matos Maia, e a BIOGRAFIA – RELÂMPAGO, de Agatha Christie.
A concluir, anunciava-se a possibilidade de PERMUTAS, com as secções congéneres. E ainda que, sob o título de «PERGUNTE O QUE QUISER» se responderia a todas as perguntas sobre o policial, que à secção sejam enviadas.
E terminava, com o esclarecimento de que, futuramente, será publicada a melhor solução recebida, de cada problema, em substituição da solução do autor, como fora feito nas páginas transactas.

# 5 Mas no n.º 17, de 30 de Maio de 1949, como fora anunciado no número anterior, iniciava-se a “secção” «Pergunte o que quiser…», onde se respondia a perguntas postas pelos leitores, neste caso INSPECTOR CRUZ e LUIS R. CORREIA.




AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 4

Divulgava-se a solução do problema n.º 1 «O CRIME DA RUA DO SALITRE», bem como a lista dos solucionistas, todos com 20 pontos, e eram apenas 17 concorrentes.
Em «Fichas Secretas» contactavam-se 7 correspondentes.
Na inaugurada rubrica TRIBUNAL PÚBLICO, um leitor, «Colmes», apresentava as seguintes sugestões:
1.ª) Organizar-se neste Torneio uma competição por EQUIPAS.
2.ª) Iniciar-se uma secção de «casos» curtos, mas difíceis, independentemente dos torneios normais.
3.ª) Efectuar-se um intercâmbio de correspondência, entre os concorrentes.
Apresentava-se abaixo o problema «UM CASO DE CIÚMES», original de Matos Maia, mas não se mencionava em que torneio se integraria.
E a encerrar a secção, dava-se a notícia de que no passado sábado, dia 21, se iniciara na Estação Emissora do Liceu Pedro Nunes, um programa policial radiofónico: RÁDIO-POLICIAL, iniciativa do orientador da secção e de Luís Correia.

# 6 A secção do n.º 18, de 30 de Junho de 1949, abria com respostas
ao Inspector Crafik, no âmbito da rubrica «Pergunte o que quiser…».
Seguia-se a solução do problema n.º 2, «UM CASO DE CIÚMES», acompanhada das respectivas classificações.
Aparecia depois o problema «NA NOITE DE NATAL», original de Matos Maia, mas não trazia número nem nome de torneio.
A coluna «FICHAS SECRETAS», prosseguia com mensagens para mais quatro leitores.
E no «TRIBUNAL PÚBLICO» comentavam-se as propostas apresentadas por Colmes no número anterior, e entre outras iniciativas, concluía-se:
Os «casos» difíceis, iniciar-se-ão no próximo número.
… publicar-se-iam problemas nos torneios normais – originais «da casa» - e uma série de «casos» curtos originais dos colaboradores.

# 7 Também inserida na página EXPERIMENTE OS SEUS CONHECIMENTOS, a secção do ÁTOMO n.º 19, de 30 de Julho de 1949, abria com o 4.º problema do I Torneio, «QUEM FOI O LADRÃO?», original de Matos Maia, e a solução do problema nº 3, «NA NOITE DE NATAL», com as respectivas classificações.
Quatro colaboradores eram contemplados com respostas no espaço de «FICHAS SECRETAS».
E depois, uma pequena informação:
Como tínhamos prometido, publicamos a seguir um problema da série «curtas e difíceis», única e exclusivamente para treino, pois que só na próxima página iniciaremos a contenda. Publicaremos então uns Regulamentos. Este problema não conta, visto que a série é inteiramente preenchida por trabalhos dos nossos colegas.
Começavam assim os «CASOS INSTANTÂNEOS», com o problema: «A MORTE ENTROU NO COMBÓIO…» original de Matos Maia.
E finalizando a secção, o orientador solicitava o envio de colaboração constituída por artigos sobre técnica ou literatura policial, incluindo contos.




AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 5

# 8 A secção do n.º 20, de 30 de Agosto de 1949, em que começou a aparecer na lista de Redactores e colaboradores o nome de MATOS MAIA, divulgou-se o 5.º problema do 1.º Torneio, NA NOITE DO INCÊNDIO, e a solução do problema n.º 4, «QUEM FOI O LADRÃO?
Todavia, o título da página em que a secção vinha sendo inserida, «EXPERIMENTE OS SEUS CONHECIMENTOS», já não ocupava em cima toda a largura da página, mas apenas duas das três colunas.

# 9 Quando a secção do n.º 21, de 30 de Setembro de 1949, apareceu, ocupava, com independência, toda a página 19 do jornal, e exibia um cabeçalho novo, enquadrado num rectângulo, a toda a largura da página, com o título: MISTÉRIO E ACÇÃO, impresso a vermelho, tendo por baixo a designação: Secção do nosso colaborador Matos Maia.
À esquerda, uma pequena figura de homem armado com uma metralhadora, com a sombra do conjunto projectada em fundo.
A página abria com uma chamada de atenção para o seu 1.º aniversário, que se registaria em Novembro, e para o qual se anunciava - muito em segredo já contamos com página e meia ou 2 páginas…
Solicitava-se colaboração para o efeito, e pedia-se, também, opiniões sobre o novo cabeçalho.
Seguiam-se as NOTAS, onde o Matos Maia escrevia:

Porquanto a maior parte dos nossos colegas errou, lamentavelmente, na solução deste problema, por ignorarem o que é um roubo de «choque», nós explicamos do que se trata.
Roubo de «choque», é aquele que é executado por 2 indivíduos. Vão, cada um pelo seu lado (um da direita outro da esquerda), da «vítima» predestinada.
E enquanto um lhe dá um encontrão, uma pisadela, etc., o outro, aproveitando a conversa que a «vítima» trava com o que a agrediu, que se desfaz em desculpas, rouba-lhe a carteira, o relógio de bolso, a caneta, ou qualquer objecto de valor.
Ficamos agora todos a saber o que é um roubo de «choque», não é verdade?

Fichas Secretas, desta vez, dirigiam-se a três concorrentes.
Revelava-se a solução do problema n.º 5, que saíra no n.º 20 de ÁTOMO, e também a solução do problema «A MORTE ENTROU NO COMBÓIO», que fizera parte dos CASOS INSTANTÂNEOS.
Encerrava a secção, a rubrica TRIBUNAL PÚBLICO, onde se publicava o texto que passamos a transcrever, na íntegra, por ser produzido por uma das maiores autoridades do policiário nacional. Ora vejam se o reconhecem…

TRIBUNAL PÚBLICO
PROPONHO QUE…
Por Visconde de Val’Maior.

A propósito das recentes opiniões e sugestões do distinto colega Colmes, eis-nos em liça, frente à luta em causa do sempre querido «desporto» intelectual: - chamemos-lhe assim e com sobrada razão! – o policialismo!


AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 6

Apoiamos sem discussão as ideias: equipas, intercâmbio e casos curtos, mas difíceis de que me proponho falar. Toda a gente sabe, pelo menos quem anda metido nestas andanças, que o lado mais desprezado da competição é a produção. Ao decifrador, estimula a competição com os demais colegas, a incerteza da classificação e, por fim, o prémio mais ou menos valioso, contudo, nunca compensador. Ao produtor, porém, nada disto acontece: publica o seu trabalho bom ou mau sem nada que o estimule a fazer um bom trabalho, porquanto sabe de antemão que nada o incita, por não existir o prémio em disputa.
Até aqui todos concordamos, não é verdade?
Sabemos também que secções como «Mistério e Acção», pobres, por novas, não podem dispor de tantos prémios como seria para desejar. Proponho que, como melhor maneira de remediar o mal, se faça uma subscrição entre os concorrentes, produto da qual reverte a favor da compra de prémios, destinados ao torneio de «casos» curtos, de que Colmes deu a ideia, e que se intitularia: Torneio «Mistério e Acção».
Este torneio seria disputado independentemente do que Matos Maia vem publicando, e o regulamento, com esta simplicidade:
a) Cada produtor enviará 1 problema «caso» curto, mas difícil, e oferecerá qualquer prémio ou donativo, 1$00, 2$50, etc.
b) Este donativo será mencionado na secção com o nome do doador e reverterá para a compra de 2 medalhas: uma para produtores (1.º), outra para decifradores (1.º).
c) Os problemas recebidos seriam publicados um ou dois de cada vez constituindo o Torneio apenas 6 problemas.
d) Todo o decifrador enviará o seu voto (classificação de 1 a 10 pontos) em cada problema, segundo o valor do mesmo.
e) As medalhas terão a inscrição «Amigos de Mistério e Acção» (1.º produtor ou decifrador) – 1949.
Como vêem é simples o regulamento, atrevemo-nos a esperar a vossa concordância.
Pela nossa parte oferecemos 2 livros, os 2.ºs lugares para produtores e solucionistas, e não nos esqueceremos de concorrer.

# 10 Com a mesma composição, a secção do n.º 22, de 30 de Outubro de 1949, apresentava o memo cabeçalho, agora impresso a preto e branco, e com o subtítulo: Secção de Matos Maia.
O seu conteúdo, era o 6.º e último problema, «Quem matou?» do torneio em curso, as classificações do 5.º problema; «NA NOITE DO INCÊNDIO». FLEXAS SECRETAS eram dirigidas a três colaboradores, e dos APONTAMENTOS DO MÊS, retiravam-se as seguintes informações:
No “CAMARADA”, o “Sete de Espadas” continua em progressos com a sua secção.
No “AUDITORIUM”, o Constantino prossegue com os seus enigmas policiais, sob uma orientação e apresentação esplêndidas.
Está à porta o Grande 2.º Torneio.

# 11 A secção do n.º 23, de 30 de Novembro de 1949, que seria a tal comemorativa do 1.º aniversário, apresentava-se com o mesmo cabeçalho da anterior, variando apenas o desenho da figura, agora impresso a verde.
Uma coluna de alto a baixo, à esquerda, trazia em destaque,
AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 7

AO FIM DE UM ANO
H I S T Ó R I A

O orientador descrevia o que tinha sido o percurso do ano de trabalho agora terminado, referindo-se assim ao seu aparecimento:

Apresentação fraca, secção pobre.
Mas as cartas que recebemos dos inúmeros «detectives» espalhados por este Portugal de Camões, acolheram-nos com agrado!
Os elogios, as soluções e as palavras de incitamento, envaideceram-nos, confessamo-lo! Verificamos satisfeitos que tínhamos feito algo de novo, ao agrado dos leitores do grande jornal de ciência.

Seguiam-se mais alguns períodos descritivos dos altos e baixos da secção, e concluía-se:

Precisamos de mais concorrentes!
A «semente» foi lançada. Esperamos que a essa boa vontade e interesse façam com que ela «germine» tão rapidamente quanto possível!
Entretanto, haja o que houver,«doa a quem doer» - «MISTÉRIO E ACÇÃO», crente da fidelidade dos seus poucos colaboradores, que em breve aumentarão, estamos certos, «fronte» erguida, prosseguirá no útil desenvolvimento da sã e instrutiva Literatura Policial.
MATOS MAIA
Iniciava-se a seguir o TORNEIO «AMIGOS DE MISTÉRIO E ACÇÃO», divulgando-se o I – Problema “O JARDIM FATAL” original de ÁLVARO TRIGO.
Anunciava-se para o próximo número o possível regulamento dum concurso de contos, terminando assim: … aguardem o próximo número!

A página terminava com a GALERIA DOS NOSSOS AMIGOS, onde:
Publicamos as fotos de 4 colegas, que sempre nos acompanharam com incitamentos e com a sua colaboração. Publicamo-las sem ofensa ou melindre para os nossos restantes colaboradores.
A todos, um OBRIGADO sincero!
Da esquerda para a direita: Francisco Jardim, Inspector Chafik, Luís R. Correia e Visconde de Val’Amor.

Nota do Jartur:
Com muito espanto, constatei pela fotografia deste último, que ele afinal é o nosso amigo, o famoso: M. CONSTANTINO


No n.º 24, de 30 de Dezembro de 1949, o nome de MATOS MAIA não constava na lista de colaboradores, e a secção deixou de aparecer, sem notícias nem aviso, nas páginas do: ÁTOMO - JORNAL ILUSTRADO DE PUBLICAÇÃO MENSAL E DE DIVULGAÇÃO DA CIÊNCIA E DA TÉCNICA, que sobreviveria até ao n.º 72, com que acabou em 30 de Dezembro de 1952.

Vamos, então, transcrever a totalidade dos problemas.


AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 8
# 1 (#11) Primeiro Problema
UM CASO VULGAR
Original de Joe Match

Acabei de ler a última carta de Simon Lash – conhecido «detective» da New Yard e meu íntimo amigo – datada de 16 do corrente, onde me transcreve um «caso» simplicíssimo, que ele resolveu, sem pràticamente, sair do seu gabinete, durante as férias que passou em nova Iorque.
Eis em breves notas o problema que os leitores terão de resolver, um «caso de caras» como Lash o definiu:
a) A vítima era o conhecido banqueiro Philip Dalton.
b) Apareceu morto no gabinete da sua residência em Book Ave. Um escuro orifício de bala no temporal direito, donde escorria um fio de sangue, que manchava a carpete de elevado preço. Dera com o corpo o mordomo às 4 horas e 15.
c) Um cofre – cujo segredo só a vítima, o secretário e o mordomo conheciam – estava aberto, tendo desaparecido cerca de 800.000 dólares em notas e acções.
d) A vítima segurava na mão direita uma «Star», desprovida de silenciador, em cujo carregador faltava uma bala.
e) O banqueiro tinha feito, ultimamente, um negócio ruinoso, onde perdera alguns milhares de dólares, que pagara com fundos de diversos clientes. A opinião da praça era que com ele não se deviam fazer negócios sem uma garantia prévia. Em suma: a ruína do banqueiro de Wall Street, era inevitável!
f) Junto do corpo foi encontrado um papel com o seguinte:

«6 – 21 – 9 = 13 - (15 – 18 – 20 – 15 =
= 16 – 15 – 18 = 10 – 15 - 5»

g) Segundo a opinião médica, a morte ocorrera entre as 3 horas e 30 e as 4 horas. Morte quase instantânea.
h) Junto à secretária, dissimulado no chão, havia um pequeno botão de campainha que se verificou ser o da chamada para o mordomo ou criados.
i) Declarações de Joseph Spencer, o mordomo: - «Encontrava-se na sala ao lado do gabinete fazendo as contas da despesa diária quando ouviu o patrão conversar com o secretário, e, pouco tempo depois – 4 horas e tal, não fixou a hora exacta – viu sair este batendo com a porta. Cerca de 10 minutos depois, ouviu o toque da campainha e, quando chegou ao gabinete, encontrou o amo morto. Jurou que não tinha matado nem roubado, afirmando que desconhecia a existência do dinheiro».
j) Declarações de John Newton, o secretário: - «Confirmou que, realmente, falara com o banqueiro sobre um capital empatado numas acções, que, segundo a sua opinião, não dariam lucro. A vítima achara que essa opinião era errada. Exaltaram-se e ele, vendo que não chegariam a acordo, saíu exasperado. Sabia que havia dinheiro no cofre, mas jurou não o ter roubado, nem ter assassinado Mr. Dalton».


AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 9

Simon Lash dedicou-se ao «caso» com afinco, e como sempre, acabou por solucioná-lo.

Vejamos, entretanto, as respostas dos nossos «detectives», às seguintes perguntas:
1.ª - Crime ou suicídio? Porquê?
2.ª – Nesta última hipótese, quem teria sido o criminoso?
3.ª – Cite todos os pormenores que encontrou no problema.


# 2 (#12) Solução do Primeiro Problema
UM CASO VULGAR
Original de Joe Match

1) Foi crime. Porque o bilhete encontrado dizia: Fui morto por Joe, e toodos sabemos que Joe é a abreviatura de Joseph. Para decifrarmos o papel, basta numerar o alfabeto (26 letras) para verificarmos que o F corresponde ao n.º 6, etc.
2) O criminoso foi o mordomo que se chamava Joseph.
3) a) O bilhete já citado.
b) Se a «Star» não tinha silenciador, e se ele se encontrava na sala ao lado do gabinete, tinha de ouvir a detonação. E ele não o diz!
c) O orifício não tinha vestígios de pólvora. Prova evidente de que o tiro foi disparado a mais de 6 pés de distância.
d) Como poderia ele ouvir o toque da campainha 10 minutos depois de Newton sair, se a morte foi quase instantânea, e este saiu às 4 horas e tal? Mentira!
e) O móbil do crime foi o roubo – subentende-se. Se o jovem Newton diz que havia dinheiro no cofre, sabendo do seu desaparecimento, era prova evidente de que nada temia. Se, por seu turno, Joseph declarou nada saber, psicologicamente, era porque temia «alguma coisa».
f) O banqueiro escreveu o bilhete em cifra, para evitar que o assassino o fizesse desaparecer. Assim podia confundi-lo com um simples apontamento numérico, como, de facto, sucedeu.
Este foi o raciocínio de Lash.



# 2 (#12) 2.º PROBLEMA - I TORNEIO
A MORTE VEIO ÀS 11 HORAS…
Original de: Luiz R. Correia

Na noite de 11 de Dezembro, Eduardo Pedrosa, conhecido advogado, apareceu morto na sua residência. O agente mira, encarregado das diligências apurou o seguinte:
A) «A morte veio às 11 horas…» - segundo diagnóstico médico. O corpo estava caído junto do leito, tendo um profundo golpe no peito, provocado por uma lâmina aguda, donde o sangue jorrara com abundância. A morte não foi instantânea: a vítima tivera ainda uns segundos de vida. O advogado envergava um fato azul-escuro, camisa branca e calçava luvas de pelica. O leito estava ainda fechado e em ordem, bem como o mobiliário.
AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 10

B) Graciete Velez, noiva da vítima, prestou o seguinte depoimento:
« - Esta noite, cerca das 10 h., recebi um telefonema de Eduardo, pedindo-me que o visitasse, a fim de tratarmos de assuntos relativos ao casamento, pois íamos consorciar-nos em breve. Minutos depois – moro perto – chegava aqui: seriam 10 e 5. O portão do jardim estava entreaberto e entrei. Quase logo, senti uma mão fria tapar-me os olhos e uma voz meiga perguntar: - «Adivinha quem é?». Tranquilizei-me logo ao reconhecer a sua voz. Eram frequentes estas suas brincadeiras. Passeámos algum tempo pelo jardim, como eu notasse que já era tarde, despedimo-nos. Porém, começou a chover torrencialmente, e ele pediu-me que ficasse em sua casa. Aceitei, reconhecida, e fiquei instalada num quarto perto do seu. Como estava com sono, adormeci logo, só acordando quando o sobrinho me veio comunicar a sua morte. E nada mais sei, a não ser que ele despediu o jardineiro há algumas semanas.
C) Depôs a seguir Hernâni Borges, sobrinho da vítima:
« Confirmo em absoluto as declarações de Graciete, minha ex-noiva. Zangámo-nos por uma coisa fútil… Estava à janela do meu quarto quando ela chegou. Vi meu tio tapar-lhe os olhos, e passearem de mãos dadas pelo jardim. Eram talvez 10,45 h., quando eles subiram: quando começou a chover. Fechei a janela, para me deitar. Não cheguei porém a fazê-lo, pois meu tio tinha dito que precisava falar-me antes de me deitar. Enverguei o robe e desci ao quarto dele. Ao chegar ao corredor vi o mordomo sair de lá e meter-se na cozinha. Estranhei o facto, pois não era costume ele entrar no quarto do amo. Corri para lá, e foi então que deparei com o triste quadro! Quase tenho a certeza que foi Jorge que o matou!... Encontrei este lenço junto à porta… tem as iniciais dele…».
D) Por último depôs o mordomo. Jorge:
« - Juro que as insinuações de Hernâni são falsas. Eu não matei o meu bom amo, nem sequer estive no seu quarto. O sr. Hernâni quer apenas incriminar-me! Quem sabe se não foi ele o assassino? Hoje, cerca das 5 horas, fui à biblioteca. Quando passava pelo corredor, vi a porta da sala entreaberta. Pareceu-me ouvi-lo falar ao telefone. Escutei e ouvi-o dizer: «…Não te preocupes, querida! Tudo correrá bem». E nada mais sei, a não ser que Graciete e Hernâni já foram noivos…».
E) Hernâni protestou, alegando que Jorge mentia. Não falava a Graciete há mais de três meses.
F) Graciete, re-interrogada, confirmou as declarações do ex-noivo.
Em face disto, pergunta-se:
1.º - Quem matou?
2.º - Porque pensa assim?
3.º - Como se passou o caso?

# 3 (#13) Solução do Problema n.º 2
A MORTE VEIO ÀS 11 HORAS…
Por Luís R. Correia

Houve cumplicidade entre Graciete e Hernâni. Ambos mentiram nas declarações.
Graciete: «Sentira a mão fria do noivo tapar-lhe os olhos». Impossível, pois que o advogado calçava luvas. Ela também se aperceberia da sua aproximação, pois as folhas caídas – o caso ocorreu em Dezembro – estalariam debaixo dos pés, de secas que estavam.
AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 11

Hernâni: Confirmou as declarações da ex-noiva. Mentiu pois, e assim, temos atestada a cumplicidade. O criminoso foi Hernâni, pois é o tipo mais indicado.
O caso deve ter-se passado assim: Hernâni e Graciete – já haviam feito as pazes – resolveram matar o advogado, para entrarem na posse da herança. Cerca das 5 horas, Graciete telefona ao ex-noivo – conversa escutada pelo mordomo – preocupada com o caso. Este diz-lhe sòmente: «Não te preocupes, querida! Tudo correrá bem». Assim que Eduardo entra no quarto, Hernâni desce para o matar. Entra. O tio, vendo que era ele, de nada suspeita. Só quando vê um punhal, pressente o perigo. Mas é tarde: apanhado de surpreza, não tem possibilidade de defesa.
Então Hernâni, que conseguira apoderar-se de um lenço de Jorge, subiu ao quarto de Graciete a avisá-la.
Ao pretender incriminar o mordomo apresentou o lenço, alegando que o encontrara junto à porta e que tinha visto Jorge sair do quarto do amo.
Afinal o álibi acabou por perder ambos.

# 3 (#13) 3.º Problema
FRATRICÍDIO I
Por Visconde de Valamor

Eram os dois únicos herdeiros de Machado Pontes: Marco tinha lágrimas nos olhos, os lábios tremiam-lhe num tique constante, as mãos, pródigas em espalhar dinheiro sobre «o pano verde», não estavam quietas um momento; Pedro, o outro herdeiro, jazia caído na alcatifa, mãos frias e brancas comprimindo a ferida no peito, corpo sem vida de onde o sangue jorrava pelo buraco negro da bala assassina…
L. N., o agente-chefe da Criminal, ía e vinha ao longo da sala, observando e ouvindo.
Marco continuava a interrompida conversa:
- É verdade senhor, de manhã recebi o bilhete anunciando que iam assaltar a casa. Por isso, quando a noite chegou, sentei-me na escuridão e esperei de revolver em punho, até que vi o vulto, e…
- Que horas eram?
- Acho que deviam ser 20 horas; era escuro e ouvi estilhaçar o vidro. Logo a seguir a janela abriu-se e o vulto saltando saaltando o parapeito, entrou… Então… Então gritei! O vulto tentou fugir e atirei. O resto já sabe: abri a luz e reconheci meu irmão… meu Pedro!
L. N. voltou-se para o médico legista e interrogou-o com o olhar.
- Morte instantânea. Um tiro disparado a 6 metros – foi a resposta do interrogado.
O agente Pessoa, expôs em seguida o seu relatório:
- Nada de impressões digitais, quer na janela, quer nos vidros. As pegadas do lado de fora coincidem com as da vítima. Qualquer pessoa podia saltar, pois a janela não chega a ter 2 metros de altura… nada mais, isto é, nos bolsos do morto, apenas encontrei uma carteira, duas chaves e um lenço.
- Nada mais a acrescentar, Marco?
- Não, senhor. Apenas que eu tinha mandado sair os criados, e assim… bem, eu matei involuntàriamente meu irmão!



AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 12

- Pois bem - volveu L. N. - quanto a mim isto foi um acidente. Porém, o tribunal e os leitores de «ÁTOMO» - a revista de ciência para todos – se pronunciarão.
Portanto…

1) Concorda ou não com a opinião de L. N.?
2) Porquê?
3) Faça um relatório completo do caso.

NOTA: A solução deste problema não foi publicada, por ter sido anulado o Torneio.

# 3 (#13) 4.º Problema
UMA HISTÓRIA…
Por Joe Match

- Quero ver a sua sagacidade, meu velho – dizia Lewis Ford, conhecido jornalista do «World», ao meu jovem amigo Simon Lash.
- Vou apresentar-te a cena de um crime, tal como a encontrarias, se isto se tivesse passado. Repara bem:
- A vítina é o sr. X, banqueiro, conhecido pelas suas excentricidades e bons costumes: colecciona moedas e estatuetas chinesas; não bebe, não joga, só fuma charuto, enfim, um banqueiro exemplar!... – Rematou Lewis escarninho.
- O corpo está caído de borco. Tem um buraco de bala, quase ao meio do peito. Uma pistola - para ser mais concreto, uma «Walther» - está junto à mão direita do cadáver. Perto deste, um pequeno rolo de cordel fino. A arma tem as suas impressões digitais. A única janela do aposento está fechada por dentro. A porta está também fechada por dentro. Por cima da porta há uma pequena fresta onde só cabe, e mal, uma cabeça humana. Não há outro processo de se poder entrar no aposento. Ao meio deste está uma mesa, sobre a qual estão os seguintes objectos: uma máquina de escrever fechada, uma cigarreira, aberta, com 8 charutos, um isqueiro «Tony», uma caneta «Parker», um bloco de papel pautado, um cinzeiro com pontas de charutos en tre tabaco carcomido e tacos de fósforos, e um livro sobre câmbios.
- A cerca de 15 cm do corpo, e próximo de um «maple» está uma caixa de madeira, aberta, tendo dentro as chaves da porta – uma chave e a duplicata. – No fundo, um pequenino orifício que não chegou a furar a madeira fina…
Segundo declarações do sobrinho de X – um boémio, fumador inveterado de cachimbo, e grande entusiasta por novelas policiais, - a vítima não recebeu qualquer visita entre as 21 h. e as 23 h. – hora a que ocorreu a morte. Pelo menos que ele notasse, ninguém entrou. O criado e o secretário confirmam.
- E agora, meu caro – continuou Lewis – vou fazer-te uma revelação e umas perguntas.
- Foi crime! Vais explicar-me:

1) Porquê?
2) Quem foi o assassino?
3) E como saiu ele do aposento?

NOTA: A solução deste problema não foi publicada, por ter sido anulado o Torneio.
AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 13


# 4 (#16) I TORNEIO – 1.º PROBLEMA
O CRIME DA RUA DO SALITRE
Original de: MATOS MAIA

Um dia, numa roda de amigos, contaram-me o «caso» que passo a narrar, pondo em foco a minha sagacidade.
«… X, um desconhecido cidadão português, foi assassinado na sua residência, na Rua do Salitre.
Foi Y, um ex-cunhado do morto e que vivia só com ele, na mesma casa, quem relatou o pouco que sabia:
«Estava no meu quarto que deita para a sala – onde apareceu o corpo – diante do espelho a pentear-me, pois tinha ficado de me encontrar com uns amigos no «Chave de Ouro», quando alguém que eu não vi, me deu uma forte pancada na cabeça.
Com a dor, ajoelhei e fiquei por momentos atordoado.
Quando me levantei e corri para a sala, vi a porta que deita para a escada aberta e X estendido no chão, numa poça de sangue…
Corri imediatamente à rua e telefonei à Polícia.
Desconfio que o assassino seja A, um ex-condiscípulo de X, a quem este roubou a noiva, casando com ela.
Mas o «romance» de amor durou pouco. No fim de três meses de casados ela morreu com uma febre intestinal.
A, jurou vingar-se da afronta e, perante os amigos, declarou que X a tinha morto.
O agente da P. I. C., verificou que X morrera com uma bala calibre 6.35 em pleno coração, ocasionando-lhe morte instantânea.
O corpo estava caído de borco junto de uma mesa, numa poça de sangue que alastrava pelo encerado do soalho.
Y mostrou ao agente uma contusão na fronte, local onde levara a pancada.
O quarto de Y, era um aposento medindo aproximadamente 6x4 metros. O espelho era uma forte chapa de cristal, inscrustada na parede fronteira à porta, ocupando parte daquela, desde o tecto baixo até ao soalho.
Evidentemente que o agente da Criminal prendeu imediatamente Y, acusando-o de ter assassinado X e mentido à autoridade.
Esta é a história, bem simples, por sinal.
Os nossos prezados colaboradores enviarão os seus relatórios, no prazo estipulado, baseando-os no seguinte:

-Que motivos levaram o agente a prender Y?
M. M.








AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 14

# 5 (#17) Solução do Problema n.º 1
O CRIME DA RUA DO SALITRE
Solução apresentada por REIPINHO, do Alfeite.

«A mentira de Y vê-se logo ao primeiro exame do problema, pois estamos em frente do espelho e, sendo a porta exactamente por detrás daquele, era impossível ao atacante chegar até ele e dar-lhe com uma coisa na cabeça, sem ser visto, logo que era lá que a sua atenção estava fixada quando se penteava. Outra coisa era certa: é que se o atacante tinha de passar pela sala onde se encontrava X, e se este estava lá, dava imediatamente sinal de alarme, ou, não o dando ele, dá-lo-ia o tiro que o matou e Y não seria nunca atacado de surpresa. Portanto, ele mentia!
O assassino não podia ser outro senão o próprio cunhado, que ouvira A dizer em público que mataria X, e sobre quem iriam, portanto, cair todas as suspeitas do crime.

# 5 (#17) I TORNEIO – 2.º PROBLEMA
UM CASO DE CIÚMES
Original de: MATOS MAIA

SIMON LASH sorriu. E, pausadamente, disse:
- «O senhor mentiu! Portanto, escusa de negar. Vou ler-lhe as suas declarações e você próprio verificará que cometeu erros. Repare:
«… Telefonei-lhe, pois minha noiva está morta, como vê. Estrangulada! Não sei quem tenha sido o bandido!...
Íamos casar-nos para a semana!
Hoje telefonara-lhe para o emprego dizendo-lhe que a vinha buscar às 10 horas, para irmos ao teatro.
Mas demorei-me um pouco mais a jantar e, quando saí do restaurante, eram precisamente 9 e 50 – lembro-me bem, porque um transeunte me perguntou as horas. Estava a chover torrencialmente. Fiquei aborrecido, como é de calcular.
Não consegui apanhar nenhum autocarro, pois todos iam cheios, nem arranjar um «táxi». Não tinha levado o impermeável e meter-me à chuva vestido como estava, era uma loucura!
Esperei pacientemente que a chuva passasse. Mas como o tempo se mantinha na mesma, aproveitei uma ocasião em que chovia menos e vim ter com ela. Cheguei cá eram 10 e 40, molhado até aos ossos.
Bati à porta e ninguém me respondeu. Chamei o porteiro e pedi-lhe que me abrisse a porta, após ter-me declarado que não vira Nora sair.
Entrei precipitadamente e vi o triste espectáculo. Foi então que lhe telefonei»
LASH fechou o livro. O homem olhava-o, lívido e tremente.
- Agora repare no corpo e diga-me ainda que não a matou!
Nora envergava um comprido robe de seda, que lhe moldava o corpo airoso. Estava caída junto dum maple, sobre o limpo e esmerado encerado do soalho. As mãos bem tratadas e sem anéis, estavam estendidas para a frente como num gesto de súplica.
O aposento estava em ordem. A porta da escada de serviço estava encostada. Alguns pingos de água tinham manchado o soalho naquele sítio.
O homem curvou a cabeça.
- Está bem, venceu! Não estou arrependido. Ela enganava-me!

PERGUNTA-SE:
1) – QUE PORMENORES INDICARAM A LASH QUE O HOMEM MENTIA?
AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 15

# 6 (#18) I TORNEIO – Solução do 2.º PROBLEMA
UM CASO DE CIÚMES
Apresentada por: FAZ-TUDO (Alfeite)

Nora envergava um comprido robe de seda e tinha as mãos bem tratadas e sem anéis… Portanto, ou fora assassinada antes de ir para o teatro ou esse convite era uma invenção do noivo. Por sua vez o porteiro, assim como notou que Nora não tinha saído, também decerto teria notado a entrada de qualquer visitante pela escada principal. O criminoso entrou, portanto e de facto, pela escada de serviço, e fê-lo antes de começar a chover. Lá estava a afirmá-lo «o limpo e esmerado encerado do soalho» pois, no caso contrário, por muito protegido que o assassino estivesse contra a chuva, molharia os pés, pelo menos, pois as escadas de serviço são exteriores. Quando ele saiu - pelo mesmo caminho – então já chovia. E, a atestá-lo, temos os pingos de água junto à porta.
Com efeito, se não havia «táxis», se estava molhado até aos ossos, e entretanto a chuva não parava; se, enfim, tinha já 40 minutos de atrazo, porque insistiu ele ainda em ir a casa da noiva? Para a levar ao teatro? Evidentemente que não… Fê-lo sim, para preparar um «álibi».
Faz-Tudo (Alfeite)

# 6 (#18) I TORNEIO – 3.º PROBLEMA
NA NOITE DE NATAL
Original de: MATOS MAIA

Era dia de Natal. O dia da família, do sossego e da paz. Porém, estes três predicados não reinavam em todas as famílias.
A família Warth era uma delas.
Simon Lash, um dos «detectives» da New Yard, fora solicitado telefonic. amente ao palacete de Baker Street. O velho Warth aparecera assassinado.
Lash tomou nota da ocorrência:
O velho envergava umas botas altas, de pelica preta, e um largo fato de flanela vermelha, debroado a branco. A sua cabeça, quase desprovida de cabelos ostentava agora uma larga cabeleira branca, postiça. Na mão direita segurava ainda umas barbas, também postiças. Era óbvio que Warth se preparava para servir de Pai Natal!
Estava caído para a frente, meio encolhido diante da janela fechada do pequeno quarto.
Douglas, enteado da vítima declarou que após o jantar, esta lhe dissera confiadamente que ia ao 1.º andar, àquele quarto – um quarto que só servia para hóspedes – vestir-se de Pai Natal. Pedira-lhe que guardasse sigilo sobre o assunto. De seguida fora para o jardim fumar, até que ouviu gritos em casa e foi correndo ver o que se passara. Fora ele quem telefonara à Scotland.
Ruth, filha do assassinado, disse que após o jantar este saíra da sala de braço dado com Douglas. Nunca mais viu os dois até que ouviu a mãe gritar. Foi ver o que era e encontrou o pai morto. Depois do jantar ficara na sala a conversar com Mary, uma amiga íntima e visita assídua da casa.
Mary prestou depoimento idêntico ao de Ruth.
A sr.ª Warth declarou que, após o jantar, o marido saíra da sala em companhia de Douglas. Pouco depois ela saiu também e foi à cozinha dar umas ordens aos serviçais, (os criados confirmam). Regressou de novo à sala, mas, ao passar pelo quarto de hóspedes, ouviu um ruído de vidros quebrados. Abriu a porta e viu o marido morto. Gritou em seguida. Depois, não se lembra de mais nada: desmaiou.



AHPPP - DETECTIVE MAGAZINE 16

A janela do quarto, que deita para o jardim, tinha um dos vidros quebrados e alguns pedaços estavam caídos sobre o corpo.
A bala homicida penetrara-lhe em pleno peito, causando morte instantânea.
Com estes dados Lash prendeu o criminoso.

PERGUNTA-SE:
1) – Quem matou?
2) – Como chega a essa conclusão?


# 7 (#19) I TORNEIO – Solução do 3.º PROBLEMA
NA NOITE DE NATAL
Solução (resumo) apresentada por: REIPINHO (Alfeite)

«O velho Warth foi morto pela mulher. Porquê?
Douglas saíra mais o velho e fora para o jardim, fumar descansadamente. – Ora, se fosse ele o assassino, não iria declarar abertamente que estivera no jardim, pois que, inicialmente, a Polícia tê-lo-ia como suspeito principal, devido às circunstâncias…
Quando o velho entrou no quarto, a senhora Warth foi à cozinha e deu as suas ordens aos criados, e depois entrou no 1.º andar (geralmente as cozinhas são no rés-do-chão) e matou o marido.
Para ficar ilibada partiu o vidro e dispôs os pedaços sobre o corpo.
Assim as suspeitas cairiam sobre Douglas.
A senhora Warth, porém, esqueceu-se, ou não sabia, que uma bala ao atravessar um vidro não o quebra, mas o perfura ou estilhaça, pulverizando-se os pequenos pedaços resultantes.
Eis os principais pormenores, pois que há mais, mas de ordem secundária e apenas com relativo interesse para a solução.
REIPINHO (Alfeite)

# 7 (#19) 1.º TORNEIO - 4.º PROBLEMA
QUEM FOI O LADRÃO?
Original de: MATOS MAIA

Walter James, um velho milionário inglês, apresenta a sua queixa na New Yard. Ao entrar para o seu automóvel, à saída do seu escritório, tinha sido ameaçado por um indivíduo armado, que lhe furtara uma pasta contendo 800.000 «dolars».
Como sempre, foi Simon Lash o encarregado do «caso».
Após aturadas investigações, Lash apurou que o ladrão era um dos 6 indivíduos suspeitos.
Eram eles: Murdok, Howard, Gilman, Muller, Smith e Henry.
E Lash conseguiu prender o ladrão, baseando-se em que:
1) – Henry nunca empunhara uma arma.
2) – Muller fora detido em estado de embriaguês pouco antes do assalto ao milionário.
3) – Smith era especialista em roubos de «choque».
4) – Murdok e Gilman «actuavam» sempre juntos.
Com estes dados os leitores responderão:
- QUEM É O ASSALTANTE?
M. M.
AHPPP - DETECTIVE MAGAZINE 17

# 7 (#19) 1.º TORNEIO - Solução do 4.º PROBLEMA
QUEM FOI O LADRÃO?
Apresentada por: Della (Caldas da Rainha)

Foi Howard quem roubou a pasta com o dinheiro, pois qualquer dos outros, ou não podia estar no lugar naquele momento, ou não era aquela a sua «especialidade».
Resta-nos, assim, Howard.




# 8 (#20) 1.º TORNEIO - 5.º PROBLEMA
NA NOITE DO INCÊNDIO
Original de: MATOS MAIA

Era uma madrugada fria de Outubro quando Simon Lash estacou o seu pequeno «torpedo» junto do palacete do milionário , o qual aparecera morto na sua biblioteca, em circunstâncias deveras singulares. Nessa mesma noite declarou-se fogo no edifício, mas que não chegara a passar na biblioteca.
Lash saltou em terrra e atravessando o jardim, dirigiu-se para a casa. Bombeiros corriam ainda para acudir ao rescaldo.
- Ouça primeiro o que lhe vou contar – disse o inspector à guisa de apresentação. – Depois lhe mostrarei o cadáver. Não se tocou em nada! Na casa há quatro pessoas além do defunto: Mary Price, criada de quarto do milionário. Tem vinte e dois anos. Estava ao serviço da casa há já 5 anos; Bernard Price, irmão de Mary. Tem 18 e era protegido do milionário, desde os 10 anos. Apareceu desmaiado junto do cadáver. É músico na orquestra do «Night and Day», o conhecido «cabaret»; Bing Pevoy, o sobrinho do milionário tem, 25 anos e é estudante em Oxford; e por último Jonh Bruce, o motorista. Tem 28 anos e é noivo de Mary. Estava ao serviço de Boyson apenas há meses.
- Todos estavam a dormir nos seus quartos, que ficam no 3.º andar, quando foi dado o alarme à 1,15 horas.
Declaração dos habitantes:
Bing Pevoy: - Eram 11,30 horas quando desci ao jardim, onde estive uns momentos a passear, pois não conseguia conciliar o sono, devido a uma forte dor de dentes. Era quase meia-noite quando resolvi regressar. Ao passar junto da biblioteca deparei com o corpo de Mary caída no vão da escada, imóvel, sem aparentes sinais de vida. Foi então que vi densos rolos de fumo saindo pela porta aberta da biblioteca. Entrei, e de súbito, tropecei em qualquer coisa que me pareceu ser um corpo humano. Acendi a pilha de bolso, de que ando sempre munido, e verifiquei assombrado que não me enganara. Era com efeito um corpo, o corpo de meu tio Charles. Junto do corpo vi um pequeno estilete, tendo gravado no cabo as iniciais B. P. Confesso que fiquei bastante desorientado, que nem sequer me ocorreu evitar o fogo que dum momento para outro se declararia, nem dar o alarme. Corri rapidamente a refugiar-me no meu quarto, donde só passados momentos tive ânimo suficiente para telefonar dando o alarme. E é tudo…



AHPPP - DETECTIVE MAGAZINE 18

Mary Price: - Eram 11,45 horas, pouco mais ou menos, quando fui atraída por um cheiro esquisito a queimado, que me pareceu vir de baixo. Temendo qualquer desgraça, desci ao 2.º andar e notei que um fio de fumo se escapava da porta da biblioteca. Abri-a, e vi a biblioteca cheia de fumo. Decididamente entrei. Avancei alguns passos e de repente tropecei em qualquer coisa, e a custo abafei um grito de espanto ao ver a chama trémula trémula dum fósforo. Mr. Boyson, jazendo por terra. Sufocava-se ali dentro. Aterrorizada corri para a saída, mas não cheguei a transpor o limiar. Senti uma dor aguda na cabeça, e caí desmaiada por terra. Quando voltei a mim, achava-me deitada no vão da escada. Nada mais sei dizer!
Bertrand Price: - Seriam meia noite e cinco, quando notei cheiro a fumo. Desci rapidamente, e ao atingir o 2.º andar vi logo do que se tratava: havia fogo na biblioteca! Baforadas de fumo negro saíam pela porta aberta e as labaredas alastravam-se rapidamente. Corri imediatamente a buscar um balde de água à casa de banho que fica do lado oposto à biblioteca. Mas não cheguei a servir-me dela. Quando transpunha a porta uma névoa passou-me pela vista, e caí para a frente. Felizmente que os senhores chegaram, arrancando-me duma morte certa e horrível!
John Bruce: - Estava a dormir quando Mr. Bing me veio acordar dizendo que a casa estava a arder. Claro que saltei logo do leito!... Lembro-me também que em dada altura da noite ouvi ruído de passos na escada, mas como estava um pouco atordoado pelo sono não tive consciência para ver as horas
De seguida Lash, precedido pelo inspector, foi examinar a biblioteca.
O aposento estava uma autêntica ruína. Lash ficou à porta inspeccionando-o cuidadosamente. O corpo de Boyson jazia no soalho, próximo dum canapé, no meio de jornais queimados e revistas, onde evidentemente se tinha originado o incêndio. Tinha as roupas queimadas, bem como o cabelo e o rosto. No peito, sobre o coração, tinha uma profunda ferida, cuja superfície se apresentava ligeiramente queimada. Lash curvou-se sobre o corpo examinando atentamente.
Por fim ergueu-se e começou remexendo nos jornais, molhados e carbonizados. E no meio de tudo Lash encontrou um pano de algodão absorvente.
- Clorofórmio, inspector. Ainda se pode sentir o cheiro, apesar do fogo.
O cheiro do clorofórmio era débil, mas ainda sensível.
Lash consultou os apontamentos que tomara e sorrindo para o inspector, disse:
- Já tenho a solução do «caso». Ergui uma hipótese, e ela ajusta-se perfeitamente às «pedras soltas» que eu já possuía. Olhe…

Petrgunta-se:
1) – Qual é a sua opinião sobre o «caso»?
2) – Foi crime ou suicídio?
3) - Como se deve ter passado o «caso»?
M. M.







AHPPP - DETECTIVE MAGAZINE 19

# 9 (#21) Solução do Problema n.º 5
NA NOITE DO INCÊNDIO
Original de: Matos Maia

1- O milionário foi assassinado. O criminoso foi o sobrinho Bing Pevoy.
- Mas… - tenta atalhar o inspector.
- Oiça o resto inspector. Depois diga a sua opinião. As declarações de Bing eram totalmente falsas!
Deste modo o caso passou-se da seguinte maneira:
Bing – segundo diz nas suas declarações – desceu para o jardim, às 11,30. Mas não fez tal; desceu sim, mas para a biblioteca onde se encontrava o tio. Entrou, e este vendo que era o sobrinho não desconfiou de nada.
Então Bing aproximou-se sorrateiramente por detrás do milionário, com uma mão segura-o enquanto que com a outra lhe aplica o pano embebido em clorofórmio, sobre o nariz e a boca. O milionário desmaiou. Nessa altura Bing incendeia os jornais e revistas e coloca o corpo junto dos mesmos, para dar a aparência de acidente. Assim o milionário morreu por intoxicação, em virtude do fumo que se desprendia dos jornais.
Mas enquanto fazia tudo isto cai-lhe do bolso, sem ele notar, um pequeno estilete com as suas iniciais.
Depois de consumado o seu acto odiento vai para sair, mas ouve passos na escada. Refugia-se na biblioteca e dai a pouco entra Mary. Então, quando ela vai para sair, depois de ter visto o morto, abate-a, arrastando-a para o vão da escada, deixando a porta da biblioteca aberta.
Mas aí, caro inspector, houve um pormenor que descurou. Esqueceu-se que enquanto ele abatia Mary, a porta se encontrava aberta. E nesse espaço de tempo o oxigénio entrava livremente e ateava o incêndio. Ora, Bing diz nas declarações que só viu fumo…
Sobe depois a escada para se refugiar no quarto, mas nessa altura soam novamente passos na escada. É Bertrand que desce.
Volta a refugiar-se no vão da escada junto do corpo de Mary. Bertrand vê o fumo e corre à casa de banho.
Regressa, e ao entrar na biblioteca Bing dá-lhe uma pancada na cabeça, fazendo-o desmaiar.
Então, teve uma ideia! Põe o corpo do jovem Price junto docadáver do milionário. Foi aí que viu o estilete. Apanha-o e esfaqueia o corpo do tio, para dar a impressão de que tinha sido Price o assassino, pois que as iniciais do estilete, tanto se adaptavam ao seu nome, como ao de Bertrand.
Mas aí houve outro pormenor que o perdeu!
Não lhe ocorreu ou ignorava, que o corpo de um homem já morto, quando recebe uma facada, a ferida não sangra normalmente, porque o coração não palpita e a circulação do sangue está parada. A coagulação não se dá.
Só o coração dum homem vivo, que recebe uma facada, bate com grande força e descontrola-se, espirrando sangue para longe.
E pronto, inspector, este foi o meu raciocínio, baseando-o em alguns pontos de forte convicção! Que vai fazer?
- Que… vou fazer? Mas, evidentemente, prender Bing Pejoy, por assassino do seu tio!


AHPPP - DETECTIVE MAGAZINE 20


CASOS INSTANTÂNEOS

# 7 (#19) A MORTE ENTROU NO COMBÓIO
Problema original de: Matos Maia

Eis a traços largos mais um «caso» do nosso conhecido SIMON LASH, um «caso» de assassínio cometido num comboio, onde o «detective» viajava.
O dr. Edward Burks aparecera assassinado no seu compartimento. O gabinete estava uma autêntica ruína: mesas e cadeiras caídas, jarras quebradas, malas abertas, roupas em desalinho, livros e papeis espalhados pelo chão. – A vítima apresentava três profundas punhaladas. Uma em pleno peito e duas sobre os pulmões. O rosto estava ensanguentado, cheio de equimoses e arranhões. Era óbvio que a vítima lutara desesperadamente com o assassino.
Numa das unhas do doutor, um pequeno fragmento de pele. Debaixo dum sofá, uma «Star», carregada. No chão, próximo do corpo, um dente.
Após algumas investigações – e depois de averiguar que o gabinete do Dr. Era o único ocupado naquele vagon – Lash deteve dois indivíduos; San Lupe, um negociante alemão, e Jones Fishman, um negro, músico de jazz.
Nos laboratórios da Yard, averiguou-se que: o dente depois de reduzido a pó, tomou uma cor esverdeada – e o pedaço de pele após aturados exames e provas fluoresceu.
A ambos os detidos faltava um dente. Fishman declarou que o havia partido numa briga e Van Lupe, que se embriagara, caíra…
Com estes dados Lash prendeu um dos suspeitos como assassino.
Pede-se um relatório completo do «caso».




# 9 (#21) Solução do Problema
A MORTE ENTROU NO COMBÓIO
Original de: Matos Maia

O assassino do Dr. Burks foi Van Lupe, o negociante alemão.
Lash chegou a essa conclusão porque:
1) Só os dentes de indivíduos de cor branca, depois de reduzidos a pó, tomam a cor esverdeada. Com os indivíduos de cor fica laranja-avermelhado.
2) A pele encontrada no gabinete, fluoresceu. Daí se conclui (segundo as últimas investigações científicas) que pertencia a um homem branco, pois que com os negros a pele só fluoresce se for queimada ao sol.
Assim não está certo, amigos Sherlock-Holmes!
Então queriam «casos» curtos… mas difíceis, ou não?
Que desânimo foi esse?






AHPPP - DETECTIVE MAGAZINE 21


# 10 (#22) 1.º TORNEIO - 6.º e ÚLTIMO PROBLEMA
QUEM MATOU?
Original de Joe Match

Após uns dias de chuvas contínuas e pesados nevoeiros, o sol, um ssol brilhante e quente – como os ingleses já não viam há muito – inundava a cosmopolita cidade de Londres.
Os ingleses despiram os usuais impermeáveis, para envergarem fatos leves e respirarem amplamente aquele sol benéfico de que a natureza os doara por uns tempos.
Num sombrio e enorme casarão – a Scotland – em New S. Y., o sol batia de chapa, refulgindo nas centenas de vidros das grandes janelas. Lá dentro, como de costume, trabalhava-se afanosamente nas diversas secções.
No seu pequeno e modesto gabinete, Simon Lash, o jovem «detective» londrino que a Inglaterra adora como um ídolo, revia os apontamentos dos diversos e inúmeros «casos» que resolvera, aproveitando umas bem merecidas férias.
Foi então que pela primeira vez, Lash leu entre todos o segundo «caso» que resolvera. Um «caso» simples, em toda a acepção da palavra, mas com o qual andara a braços diversas semanas. Mas… que diabo!, era o segundo «caso» e tinha uma certa desculpa!
Por amável deverência do «detective» que nos cedeu os apontamentos, vamos transcrevê-lo aos nossos colegas. Pode ser que tenhaam mais sorte que Lash. Aliás, só têm quinze dias…

«… Herbert Wren, um dos melhores «detectives» da Yard – um grande cérebro, na opinião do Inspector-Chefe – e aamigo íntimo de Lash, aparecera morto na sua residência, com duas balas nas costas. Uma perfurara-lhe o coração, ao passo que a outra se alojara nos pulmões.
«Morte quase instantânea» - dissera o médico legista – mas posso afirmar que a vítima teve consciência para conhecer o seu agressor. Se ele pudesse falar… mas está morto!».
Wren morava no rés-do-chão dum prédio modesto, em Regent Street. Vivia sòzinho.
Quem descobrira o cadáver fora a mulher da limpeza às 10,30 horas da manhã. Comunicara à senhoria o socedido, que por sua vez telefonara à Polícia, contando atabalhoadamente o caso.
Num pequeno jardim que circundava a casa, Lash – encarregado do caso – encontrou duas séries de pègadas que iam do portão à janela do quarto da vítima e vice-versa. Fácil foi chegar à conclusão de que pertenciam a um só indivíduo.
Um vidro da janela estava partido, por onde, introduzindo uma das mãos, se abriria o fecho com facilidade…
Sobre a relva, viçosa e bem cuidada do jardim, alguns fragmentos de vidro jaziam, testemunhas mudas da tragédia que se desenrolara.
Lash atirou-se ao trabalho afincadamente.
Mediu as pègadas; cada pègada media precisamente 25 cm. Traçando uma linha de marca, Lash verificou que os calcanhares incidiam mais no terreno do que as pontas dos pés. Tomou apontamentos.
AHPPP - DETECTIVE MAGAZINE 22


Após aturadas investigações Lash conseguiu averiguar na companhia de quem Herbert tinha estado na noite fatal.
Reuniu os suspeitos e para resumir traçou um pequeno esboço da personalidade de cada um.
Eis as suas declarações:
Florette: - 25 anos. Bonita, bastante bonita. 1m,60 de altura. Empregada num bazar. Ia casar com a vítima no mês seguinte. Ao comunicar-lhe a morte do noivo, desmaiara.
Fora falar com Herbert sobre o enxoval e documentos necessários para o casamento.
Achara-o alegre, bem disposto, como sempre.
David Nigel: - 53 anos. Bem musculado para a idade. 1m, 64 de altura.
Falara com o «detective» sobre o casamento da sua enteada.
Não via «aquilo» com bons olhos.
«…Nunca gostei de polícias…» - dissera. Encontrara Herbert bem disposto. Fumaram e beberam juntos um «whisky and soda».
Rafael Lopez: 35 anos. Estatura normal (1m,58). Bastante largo de ombros. Falara com a vítima para saber se queriam – ele e Florette – ir naquela noite à Ópera. Pretextando uns afazeres sobre o casamento, Herbert declinara o convite amavelmente.
Joe Bentew: - Verdadeiro tipo britânico. Alto (1m,87) e louro. Fora transmitir a Wren uma comunicação urgente do Inspector-Chefe da Yard.
Walter George: - 38 anos. 1m,72 de altura. Autêntico tipo de «gentleman». Rosto sombrio, de maçãs salientes.
Negou terminantemente que tivesse falado com Wren. Chegara a entrar no edifício, mas para o que ia fazer, apenas visitá-lo, não entrara.
Numa das mãos enclavinhadas do morto foi encontrado um pequeno medalhão, tendo gravado o seguinte: «De F. a H.».
Lash interrogou Florette, que declarou que o tinha oferecido nesse dia a Herbert.
E Lash não encontrou nada que provasse o contrário.
Andou algumas semanas com o «caso» entre mãos, após as quais se fez luz no seu cérebro.
Tinha um «dado» que o levaria à captura do criminoso. Era tão insignificante, que lhe passara despercebido.
E Lash procedeu à prisão de…

Pergunta-se:
1) – Quem foi o assassino?
2) Qual o motivo porque chega a essa conclusão?
3) No decorrer do «caso» que pormenores encontrou mais?


NOTA: A solução deste problema não foi publicada, por ter acabado a secção.






AHPPP - DETECTIVE MAGAZINE 23


# 11 (#23) TORNEIO «AMIGOS DE MISTÉRIO E ACÇÃO»
I Problema
O JARDIM FATAL
Original de ÁLVARO TRIGO - Lisboa

O «detective» Birck Douglas foi chamado à vivenda da condessa Agatha para resolver um caso de crime, ocorrido no jardim.
O cadáver do caseiro estava caído na relva, entre o lago e uma pequena floresta, cheia de árvores e arbustos. O morto estava a 10 metros do lago e tinha uma bala em pleno peito: morte instantânea.
INTERROGATÓRIO:
Condessa: - Viu o caseiro pela última vez no dia anterior. Só estavam em casa com ela, o morto, Joe, Peter e Baby. Não notou nada de extraordinário no caseiro e julga que o criminoso é Peter.
Peter: Para ele quem tinha cometido o crime fora a condessa, embora todos odiassem a vítima. Desde que a condessa despedira o caseiro este tinha jurado vingar-se…
Quando ouviu o tiro, estava no bosque.
Joe: Estava no lago nadando, quando ouviu o tiro. Ouviu ainda o criminoso fugir. Não tocara em nada.
Baby: Estava a fazer «tricot» quando ouviu a detonação. Chegoiu ao lago e viu a condessa, Joe e Peter.
Tinha ouvido naquele dia o caseiro dizer que tinha de ir ao correio levar uma carta da condessa.

Douglas apurou que a condessa ia despedir o caseiro, que era odiado por todos. O «detective» ajoelhou junto do cadáver, que estava caído de bruços e com os braços estendidos à frente da cabeça – em direcção ao lago – e entre as mãos a carta que levava para o correio, com o remetente de Agatha.
A condessa negou ter posto na bandeja alguma carta.
A condessa e Peter tinham tido em tempos um «flirt» que acabara muito mal. E os resultados estavam à vista: acusações recíprocas!

PERGUNTA-SE:
1) Quem matou?
2) Porque pensa assim?


NOTA: A solução deste problema não foi publicada, por ter acabado a secção.












AHPPP - DETECTIVE MAGAZINE 24



SECÇÃO POLICIÁRIA DIRIGIDA POR: JOE MATCH (MATOS MAIA)
20 de Janeiro de 1948 / 30 de Novembro de 1949


QUADROS DE LISTAGEM
DOS PROBLEMAS PUBLICADOS NA SECÇÃO


NOTA: Indicam-se, por ordem: n.º do jornal; data do jornal; n.º do problema; título do problema; nome ou pseudónimo do autor; e n.º onde se publicou a solução.




I T O R N E I O ( A N U L A D O N O N.º 4 / 30.04.1949 )
N.º Data Prob. Título Autor Solução
11 20.11.1948 1 UM CASO VULGAR Joe Match # 2
12 20.12.1948 2 A MORTE VEIO ÀS 11 HORAS Luiz R. Correia # 3
13 30.01.1949 3 FRATRICÍDIO I Visconde de Valamor Não publicada
4 UMA HISTÓRIA… Joe Match Não publicada



I T O R N E I O
N.º Data Prob. Título Autor Solução
16 30.04.1949 1 O CRIME DA RUA DO SALITRE Matos Maia # 17
17 30.05.1949 2 UM CASO DE CIÚMES Matos Maia # 18
18 30.06.1949 3 NA NOITE DE NATAL Matos Maia # 19
19 30.07.1949 4 QUEM FOI O LADRÃO Matos Maia # 20
20 30.08.1949 5 NA NOITE DO INCÊNDIO Matos Maia # 21
22 30.10.1949 6 QUEM MATOU ? Matos Maia Não publicada



C A S O S I N S T A N T Â N E O S
N.º Data Prob. Título Autor Solução
19 30.07.1949 1 A MORTE ENTROU NO COMBÓIO Matos Maia # 21



Elaboração de:
“Jartur” João Artur Mamede
Porto, 6 de Agosto de 2010