quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

91.º ANIVERSÁRIO DO NASCIMENTO DO SETE DE ESPADAS


Foi, este homem, um visionário, que fechou sempre os olhos à realidade para avançar, com apoios ou sem eles, arrostando todas as dificuldades? Foi, este homem, que se empenhou financeiramente para tentar dar luz às suas ideias, apenas mais um "louco" que não foi reconhecido? Foi, enfim, este homem, apenas e só mais um, que com o sua simplicidade e poder de sedução trouxe multidões de miúdos para o mundo do Policiário?

Este homem, está bom de ver, é o SETE DE ESPADAS!
Completava hoje a bonita idade de 91 anos e certamente ouviria os "parabéns" de uma enorme quantidade de amigos e companheiros de viagem por estes espinhosos caminhos do Policiário, não fosse ter sido traído por uma doença matreira!

Viu a luz do dia no dia 1 de Fevereiro de 1921, na vila ribatejana da Chamusca e, pelos anos 40 do século passado já respirava Policiário por todos os poros, já divulgava o romance e a problemística, já organizava e praticava o saudável convívio que se prolongou até aos nossos dias.

Mas, que me desculpem os mais antigos confrades, foi nos anos 70 que o SETE atingiu o seu ponto mais alto, com uma secção de "êxito impossível", numa revista de histórias aos quadradinhos chamada Mundo de Aventuras.
Depois de boas e ricas experiências em outras publicações de grande cartel no mundo dos quadradinhos, como o Camarada ou o Cavaleiro Andante, foi na publicação da Agência Portuguesa de Revistas (APR) que o SETE conseguiu fazer um trabalho de base e conquistar toda uma geração de jovens, mesmo muito jovens, completamente abertos para o Policiário nos meses seguintes ao 25 de Abril de 1974.

Primeiro eram dezenas, logo depois centenas, milhares de miúdos espalhados por todo o país, que adoptaram nomes interessantes, pelos quais passaram a ser chamados para sempre, que deram a cara, que apareceram nos convívios policiários do SETE DE ESPADAS, que aprenderam a ler, a compreender os textos e a dar-lhes resposta!
Foram, como toda a gente ligada ao meio hoje reconhece, "anos de ouro", com grande dose de "loucura" pelo meio!
No centro de tudo, uma figura curiosa, de barba branca e pouco cabelo, sorriso franco, quase gaiato: o SETE DE ESPADAS.

Com o desmoronar da APR, vítima de más gestões e pouca responsabilidade, este "velho" confrade arrosta as tempestades, arrisca tudo e lança grandes projectos, sem apoios monetários, de que o XYZ MAGAZINE é o exemplo maior.
A ideia é criar um grande clube de "Amigos do XYZ" que confira à revista um suporte capaz. Não é completamente bem sucedido. O Clube é uma realidade, a revista vai sobrevivendo, mas o seu espírito aberto acaba por o conduzir ao abismo. Muitos dos "Amigos do XYZ" recebem todos os números, mas não os pagam! O SETE, resignado, comenta: "Ó pá, o que é que queres, não lhes vou cortar a revista, se calhar não pagam porque não podem..."!

Completamente afogado em dívidas, mas sem cedências, levou a sua resistência até ao extremo, só sendo travado pelo encerramento da tipografia onde estava a ser ultimado mais um número do XYZ, que nunca mais conseguiu ver a luz do dia!

No dia 9 de Dezembro de 2008, o "nosso" SETE DE ESPADAS encerrou a sua participação activa neste nosso mundo. Levou consigo um dos seus grandes sonhos nunca concretizados: Uma colecção de romances policiais, os melhores entre os melhores, devidamente apresentados, estudados sob os mais diversos ângulos, analisados exaustivamente...
Ninguém o levou a sério nos meios editoriais deste nosso país!

Completam-se hoje 91 anos sobre o nascimento deste português ilustre, que merece, indubitavelmente, uma homenagem pública.
Certos de que há vultos que pela sua qualidade e importância jamais desaparecem, aqui queremos deixar os nossos votos:
Parabéns SETE DE ESPADAS, onde quer que te encontres!

12 comentários:

Anónimo disse...

Excelente homenagem, pois, no policiário, há muito mais vida para além da competição.
Um abraço, Sete

Anónimo disse...

Fui um dos muitos que começou no Mundo de Aventuras.
Até sempre.
Vicktorio

Adriano Ribeiro disse...

Um homem com H grande, apesar de todas as dificuldades que esta vida lhe impôs!
Nos seus ultimos desabafos em vida e quando a doença já o minava traiçoeiramente, ele nunca esquecia os amigos. Tinha para com todos palavras de grande amizade e consideração. E falava de todos com grande alegria.
Amigo Sete: descanse em paz.
Onaírda

Anónimo disse...

Não me foi possível vir aqui mais cedo contudo não quer deixar de colocar aqui a minha homenagem ao Sete de Espadas
Ele foi um homem, com H ou h isso é irrelevante. Ele foi sobretudo um Grande Amigo e deixou em nós a semente dessa amizade representada pelo policiário que ele tanto acarinhou.
Mas ele não foi só nosso amigo, ele foi também amigo das famílias de muitos de nós.
Em alguns casos ele foi o tutor a quem os pais dos policiaristas mais jovens connfiavam seus filhos para que estes poddessem ir aos convivios.
Lembro-me que, durante muito tempo, os convívios de Algés eram realizados no primeiro domingo de Fevereiro para se comemorar aí, algumas vezes com alguns dias de atraso, o seu aniversário e nesse dia havia bolo e cantava-se os Parabéns a Você. Mesmo depois quando a organização do convívio de Algés passou para o final de Fevereiro nunca se deixou de comemorar ali o Aniversário do Sete
Agora do Sete só nos resta a sua obra, a sua recordação e a saudade,
Daro Sete estejas tu onde estiveres recebe um grande abraço deste amigo e companheiro

Rip Kirby

Artur Costa disse...

Estou a recuperar memórias de momentos que não aconteceram há tanto tempo assim e fico com a sensação amarga de ter perdido muito na vida, não só com a morte do Sete, mas com os anos em que perdi o contacto com ele.
http://olinguado.blogspot.com/2012/01/palavras-que-nao-existem-policiario-em.html
(Cobalt60)

Anónimo disse...

Quando me estreei como concorrente de "Mistério Policário" lá pro final de 1976 (Cobalto60) foi um dos pseudónimos que desde logo me chamou a atenção.
Primeiro que tudo chamou--me a atenção porque, não sei porque carga de água, o liguei a Trás-os-Montes.
Outra razão que me levou a reparar neste pseudónimo foi o facto de aparecer quase no início das listas publicadas pelo nosso Sete mas mais do que isso é que estte pseudónimo vinha sempre precedido por um outro, que agora não recordo, e que sempre tinham o mesmo número de pontos. Este facto levou-me a concluir, não sei se com razão, de que os dois seriam irmãos.
O Acosta é um nome ou pseudónimo que não me é completamente desconhecido já o Linguado é a primeira vez que oiço falar dele. Oiço é apenas uma forma de dizer.
Mas agora reparo que estou mentindo quando digo que é aprimeira vez que oiço falar de Linguado.
é verdade que há muito tempo que não oiço falar dele mas tenho umas saudades de comer um, grelhadinho salpicado com um pouco de alho e salsa picasa e regado com um pouco de azeite. A coroar tudo isto umas batatinhas cozidas com pele.
Ah que saudades de Portugal.
Um abraço para todos especialmente para o Cobalto 60

Rip Kirby

Anónimo disse...

há dois ou três dias inceri aqui um comentário que ainda não vi publicado.
Terá sido censurado. penso que não uma vez qe ele não continha qualquer ofensa a ninguém, eram apenas recordações

Rip Kirby

luis pessoa disse...

Meu caro Rip, aqui não há censura. Não estive perto de qualquer computador desde 6.ª feira e daí a ausência de publicação. Nada mais.
Um abraço

Anónimo disse...

Meu caro
Se reparar bem eu não afirmei que há censura. Fiz apenas um repararo e logo afirmava que pensava que não.
Quanto ao facto do meu comentário ter vindo repetido 4 vezes apetecia-me dizer alguma coisa que calo por respeito à memória doo Zete a quem estes comentários são dedicado

Rip

luis pessoa disse...

Meu caro, não se iniba, diga tudo o que tiver a dizer! Aqui não há assuntos tabus, nada disso.
O comentário que o Rip enviou chegou em quatro vias, em quadruplicado e por isso, ao submetê-lo, apareceu em... quadruplicado! Mais nada! Como não reparei nesse pormenor, ficou assim mesmo!

luis pessoa disse...

Pronto.
Eliminados os comentários "excedentários". Ao confrade Rip, as minhas desculpas. E também ao "velho" Sete.

Artur Costa disse...

Alô, Rip Kirby.
Um abraço também.
Fiquei curioso com o tal pseudónimo que era a minha sombra. Não me recordo, mas talvez isso fosse porque o Sete escrevia por ordem alfabética em caso de empate. Não tenho nenhum irmão que se dedicasse a este tipo de passatempos.
Linguado grelhadinho salpicado com o que nos apetecer, esse é precisamente o lema do meu blogue http://www.olinguado.blogspot.com/! Apareça sempre a matar saudades (porque me pareceu que não está em Portugal?).
Abraço também para o LP, dono deste belo espaço.