domingo, 3 de junho de 2012

POLICIÁRIO 1087




De autoria de um dos confrades mais activos, quer como decifrador, quer como produtor, publicamos a primeira parte da prova n.º 5.                                                                                                                      
CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
PROVA N.º 5 – PARTE I
“TEMPICOS E OS PASTELINHOS DE NATA”, de A. RAPOSO & LENA

A nossa história tem lugar em Lisboa, na Pensão Kumbala, cujo letreiro sobre a porta dizia que recebia comensais e tinha águas correntes. Ficava num prédio antigo de dois pisos em plena Av. Almirante Reis. Era dirigida pela viúva Fatinha – uma mulata ainda bem conservada, que tinha como ajudante a jovem Arlete que viera de Africa com Fatinha há uns anos. No 1º piso era a sala de jantar, cozinha e 2 quartos, da patroa e da criada. No 2º e último piso havia um corredor que servia 5 quartos. Nestes dormiam os hóspedes: Tempicos, o Coronel Sousa, os irmãos Martins, João e Manuel, em quatros seguidos, e a menina Isaltina.
A pensão era manhosa mas os tempos não estavam para fantasias. Tempicos perdera o subsídio de férias e de Natal e andava resmungão. Ali tinha cama, mesa e roupa lavada e frequentemente um chamego.
O Coronel, surdo que nem uma porta, levava o dia metido no quarto a fazer jogos de guerra com os seus soldadinhos de chumbo. Isaltina era aluna do 4º ano de direito assim como João Martins, na mesma faculdade. Tempicos curtia a reforma da Judite, e apesar da idade ainda tinha a mania que era jovem e engatatão. O certo é que aos domingos à noite quando a Fatinha lhe punha na frente um pratinho com um pastelinho de nata era a “senha” para uma excursão ao quarto dela. Naquela noite assim sucedeu.
Cerca da meia-noite após ter tomado um misterioso comprimido, desceu a escada, em meias e pé ante pé foi até ao quarto da Fatinha que o aguardava, lavada e perfumada, de “espera-maridos” escarlate. Sabemos que a folia durou até às três da manhã. Mas o que se passou, em detalhe, não é da nossa conta.
Regressado ao seu quarto terminou a leitura do livro policial emprestado pelo João Martins.
No outro dia de manhã, Tempicos foi devolver o livro ao dono, bateu à porta e não teve resposta.
Desconfiado, desceu e perguntou a Fatinha se ele teria saído. A resposta foi que saíram todos menos um dos irmãos. Vira a Isaltina sair com o Manuel porque este levava as chaves do carro na mão.
 O Coronel foi dar a sua volta habitual, a pé. Desconfiados da situação, Fatinha foi com Tempicos e abriram a porta do quarto com a chave da patroa. No chão, jazia o jovem Martins, deitado, de olhos abertos fixados no infinito, no peito um buraco de bala.
Tempicos verificou na carteira onde nada parecia faltar. Algumas notas, o B.I. e até o cartão da Faculdade. Porém no bolso das calças e bem lá no fundo um pedaço de bilhete que tinha duas palavras inglesas: “no-name”.
Dos depoimentos obtidos por Tempicos resumindo obteve os seguintes apontamentos:
O Coronel não dera por nada, não ouvira nada nem admirava pois era surdo e à noite tirava o aparelho. A menina Isaltina fora passear até Belém, pois não tinham aulas.
Começaram nuns pastelinhos seguiram até ao Mosteiro dos Jerónimos visitaram a igreja e o museu junto, depois foram até à beira rio onde compraram uns gelados. Desconfia a menina Isaltina que teria sido o gelado o causador da rouquidão dele. Tempicos acha que talvez tenha sido de outras actividades beijoqueiras…
Os irmãos Martins cujos progenitores viviam no norte, tinham uma particularidade eram gémeos e Tempicos tinha sempre dificuldade em distingui-los. Só pela voz. Enquanto um estudara e estava prestes a acabar direito o outro dedicava-se a ver futebol e a entrar na claque. A droga não lhe seria estranha e o facto é que exibia um carro caro e não trabalhava! Isaltina dava-se bem com os dois e até na véspera estiveram os três, no quarto do João a jogar às cartas, até perto das duas da manhã. Porém a relação de Isaltina com os dois irmãos era difícil de entender. Ela gostava de um deles mas não se sabia qual. Só Isaltina tinha o segredo!    
Tempicos sabia que cada quarto tinha a sua chave diferente, que a entrada para o andar dos hóspedes tinha uma porta também fechada à chave. A porta da rua igualmente. Seria possível algum malandro entrar na pensão e chegar ao quarto da vítima? Dificilmente. Nada fora arrombado. Teria alguém da casa feito o trabalho? Então onde estaria a arma do crime, a cápsula e a chave da porta? Tudo desaparecera. Tempicos desconfiava que os barões da droga andavam atrás do Manuel.
Tempicos já estava reformado mas na Judite um amigo dera-lhe uma balda e deixara-o estudar o caso. Disseram-lhe que a hora da morte seria as duas da manhã.
 O caso estava difícil de explicar. Será que os nossos amigos poderão ajudar Tempicos, tentando compor o puzzle e sugerindo uma linha de raciocínio que nos esclareça o caso?

E pronto.
Como sempre recomendamos a máxima atenção com a leitura e interpretação dos elementos fornecidos, após o que devem responder, impreterivelmente até ao próximo dia 30 de Junho, usando um dos seguintes meios:
- Pelos Correios para PÚBLICO-Policiário, Rua Viriato, 13, 1069-315 LISBOA;
- Por e-mail para policiario@publico.pt;
- Por entrega em mão na redacção do PÚBLICO de Lisboa;
- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.
Boas deduções!

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