SOLUÇÃO
PARA TRAGÉDIA FAMILIAR
Mais um passo é
dado na competição desta época com a publicação da solução oficial que os
confrades Búfalos Associados deram ao seu desafio. A circunstância de estarmos
perante um dos campeões nacionais de produção, que na época 2007/2008 dominou a
competição, era sinal mais que evidente de que havia necessidade de cuidados
redobrados para que não houvesse surpresas classificativas.
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2016
SOLUÇÃO
DA PROVA N.º 6 – PARTE I
“UMA
TRAGÉDIA FAMILIAR” – de BÚFALOS ASSOCIADOS
"Ana pôs-se a caminhar ao longo
do cais. (...) Num passo rápido e ligeiro, postou-se junto da via, e olhou a
parte inferior do combóio que roçava por ela, as correntes, os eixos, as grandes
rodas de ferro fundido, procurando medir com o olhar a distância que separava
as rodas da frente das de trás. (...) Encolheu a cabeça entre os ombros e, com
as mãos para a frente, atirou-se de joelhos para debaixo do vagão. Teve tempo
de sentir medo. (...) Mas uma massa enorme, inflexível, bateu-lhe na cabeça e
arrastou-a. "Senhor, perdoai-me!", murmurou ela, sentindo a
inutilidade da luta. E a luz que para a infortunada iluminara o livro da vida,
com os seus tormentos, as suas traições e as suas dores, brilhou de súbito com
um esplendor mais vivo, depois crepitou, vacilou e extinguiu-se para
sempre."
Garrett voltava a ler as palavras da
passagem do romance "Ana Karenina" de Leão Tolstoi em que a
protagonista, num gesto desesperado, se atira para debaixo de um combóio e põe
termo à vida. E pensava se teriam sido semelhantes os últimos segundos de sua
trisavó Carolina quando desapareceu deste mundo. Na verdade nunca foram
apresentadas em tribunal provas consistentes contra ninguém e a tese de
suicídio foi a conclusão. O próprio Garrett, tantos anos depois não podia
concluir outra coisa. A verdade é que a história da trisavó Carolina sempre o
impressionara pelas semelhanças com o romance: uma mulher na força da vida que
não resiste à indiferença de dois homens que amara, o marido e um jovem oficial
de cavalaria, e desaparece inglória e tragicamente. "Até prova cabal em
contrário, ninguém poderá afirmar que Carolina não se terá suicidado",
concluiu.
Alguém contestou: -"Mas as
justificações que o Leopoldo terá apresentado para manifestar a sua inocência
estavam recheadas de falsidades. Isso não pode ser suficiente para o
incriminar? Na verdade, se os acontecimentos tiveram lugar em 1900, ano em que,
de facto, morreram Eça de Queiroz e António Nobre, já a inauguração da Torre
Eiffel não foi durante a Exposição Universal desse ano, mas sim durante a de
1889, acontecimento que celebrara o centenário da Revolução Francesa. E mais: o
ano de 1900 não foi bissexto, razão pela qual o Leopoldo não podia ter
embarcado no dia 29 de Fevereiro."
E Garrett esclareceu: "Essas
declarações não terão sido produzidas em tribunal, mas sim bastantes anos
depois em conversas familiares. De resto nunca as ouvi, vieram até mim por
relatos indirectos. E penso que talvez o meu perturbado trisavô, já numa idade
avançada, tenha feito tais confusões na ânsia desesperada de se justificar. A
mais perturbante confusão seria a de julgar bissexto o ano de 1900, uma vez que
1896 e 1904 o foram. O que acontece é que o calendário gregoriano alterou a
regra dos anos bissextos serem de quatro em quatro anos para acertar a duração
média dos anos, e deixou de ser bissexto o último ano de cada século cujo
número de centenas não fosse múltiplo de quatro. Por isso 1900 não foi
bissexto. Isso e a confusão com a Torre Eiffel, não creio que sejam factos
suficientes para acusar o Leopoldo de homicídio. De falta de memória, talvez. E
para ele talvez tenha sido castigo suficiente ter continuado a viver sem saber
se a criança que nascera era seu filho ou do Adérito... Toda a descendência
vive até hoje nessa dúvida, incluindo a tia Laurinda e eu. De qualquer modo
recomendo sempre a leitura de "Ana Karenina", que é uma verdadeira
lição de vida. Aí, sabe-se que o filho que nasce não é do marido..."
Alguém disse: -"E já que se
falou do Adérito. Será credível ele ter ido a Tomar comer lampreia?"
-"Claro que é, (respondeu Garrett) o rio Nabão é rico em lampreia, um
apreciado ciclóstomo que é uma das iguarias que se comem na cidade de Tomar, de
Janeiro a Março, a época apropriada. Falo por experiência própria."
ESCLARECIMENTO
Uma parte dos nossos “detectives”,
particularmente aqueles que mais militantemente seguem as nossas competições,
já manifestaram a sua estranheza pelo modo como esta tem decorrido,
nomeadamente no que diz respeito aos atrasos na divulgação das classificações,
dos sorteios dos confrontos, etc.
Como já tivemos oportunidade de explicar
no blogue Crime Público, estes atrasos ficam a dever-se ao transvio de uma
“pen” onde o orientador deste espaço tinha todos os ficheiros relativos às
diversas classificações, bem como problemas e respectivas soluções, textos
diversos e muito material já adiantado com vista a publicação futura. O mesmo é
dizer que acabámos por ficar “no escuro”, sem acesso sequer às pontuações da
prova n.º 4 que já estavam lançadas directamente no ficheiro da “pen”
desaparecida.
Como única hipótese tivemos de
proceder à releitura e sequente reclassificação das mil e muitas propostas de
solução, tarefa que se revelou bastante penosa, sobretudo porque procurámos
seguir um critério que fosse em tudo semelhante ao da primeira avaliação.
Mas, também neste processo surgiram
outras dificuldades, quando verificámos que não constavam as soluções de alguns
dos nossos “detectives” mais assíduos, que nos recordávamos terem respondido!
Entramos em contacto com todos os ausentes, mas o período de férias não ajudou
e alguns não tinham meios para nos fazer chegar cópias e comprovativos de envio
atempado…
Para agravar este cenário, alguns confrades
remeteram cópias das suas soluções extemporaneamente, sem serem solicitadas, o
que acabou por “engarrafar” ainda mais toda a situação!
De qualquer forma, tudo parece estar
já debaixo de controlo e a caminho de resolução.
O orientador assume as suas culpas
por inteiro e vem efectuando uma autêntica maratona para que os atrasos sejam
suprimidos e a competição possa seguir o seu curso, com a normalidade possível.
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