domingo, 27 de novembro de 2016

POLICIÁRIO 1321



DANIEL FALCÃO E INSPECTOR ARANHA
NA FINAL DA TAÇA

Passo a passo, a época de 2016 está a chegar às decisões, em todas as classificações, para podermos chegar a 31 de Dezembro com todos os assuntos devidamente encerrados, títulos entregues, classificações finais actualizadas, como tem sido habitual nos últimos anos.
Nesse sentido, vamos conhecer hoje os finalistas da Taça de Portugal, saudando igualmente os “detectives” que hoje se despedem da competição e não poderão aspirar à festa de uma final da Taça.
Tratando-se da segunda prova mais importante do nosso calendário e aquela que mais factores aleatórios contém, principalmente porque na sua base estão sorteios dos confrontos, abre espaço para mais surpresas do que quando a competição se baseia na regularidade.
Vamos, também, dar a voz ao confrade Quaresma, Decifrador, que vai desvendar o que se passou naquele dia à tarde, em que nos questionou e assim fornecer mais um instrumento para que cada “detective” vá fazendo as suas contas.
Relembramos que as pontuações obtidas são publicadas em primeira mão no blogue Crime Público, em http://blogs.publico.pt/policiario.

TAÇA DE PORTUGAL – 2016

Avizinha-se um grande confronto, entre dois dos mais activos e regulares “detectives” que, esta época, têm efectuado carreiras notáveis em todos os aspectos: INSPECTOR ARANHA e DANIEL FALCÃO.
Pouco há a referir sobre cada um deles, tal é o seu currículo pessoal e enorme a contribuição que deram e continuam a dar ao Policiário, não apenas enquanto decifradores, onde ocupam lugares bem cimeiros no historial competitivo, mas igualmente como divulgadores, ensaístas, produtores. A ambos o Policiário muito deve e não será pelo que cada um deles fizer neste duelo de gigantes que se aproxima, que algum se destacará ou o outro sairá diminuído! Não, cada um tem o seu lugar já assegurado entre os maiores do nosso passatempo e muito mais ainda há a esperar.
Enfim, uma final que vai pôr frente a frente dois “detectives” de enorme qualidade e valor, prenunciando uma jornada magnífica.
Uma palavra para os confrades eliminados nas meias-finais, Inspector Moscardo e Zé, que deram uma demonstração cabal da sua qualidade, porque não é por acaso que alguém consegue chegar a esta fase da competição, deixando pelo caminho outros confrades de boa valia. Apenas poderiam chegar dois à final e só isso travou estes nossos confrades. Zé, esse grande campeão de muitas lutas, vencedor de grandes competições, campeão nacional e vencedor desta mesma taça e Inspector Moscardo, um valor cada vez mais seguro do Policiário, que revelou um crescimento notável no seu processo de encarar e resolver os enigmas propostos e que se perfila como um candidato real aos lugares mais cimeiros, num futuro próximo.
 

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2016
SOLUÇÃO DA PROVA N.º 9 – PARTE II
“ACONTECEU NUM DIA À TARDE” – de QUARESMA, DECIFRADOR


Afinal tinha-me preparado durante tanto tempo e o enigma que me fora proposto até era acessível. Num primeiro momento, achei aquela sequência um pouco estranha. Mas como, nos minutos que antecederam a minha entrada naquela casa, tinha enviado uma mensagem através do meu telemóvel (de primeira geração, como costumava dizer, pois não tinha escrita inteligente) a um amigo que me acompanhara durante a minha preparação, facilmente consegui fazer corresponder letras aos números da mensagem.

Em cada par de algarismos, o primeiro correspondia à tecla e o segundo correspondia ao número de vezes que a tecla devia ser premida, ou seja: 3,3 = a tecla 3 premida 3 vezes = letra F; 6,3 = a tecla 6 premida 3 vezes = letra O; e continuando: 4,3 = I; 2,1 = A; 7,3 = R; 6,3 = O; 2,2 = B; 3,2 = E; 7,3 = R; 8,1 = T; 2,1 = A.

Inserindo os espaços nos devidos locais, ficamos com a mensagem “FOI A ROBERTA!
Conclusão, a alínea certa é a alínea C. Foi a Roberta Dias que assassinou o Joaquim Barroca.




“O DESAFIO DOS ENIGMAS”
APRESENTA NOVAS INICIATIVAS

O DESAFIO DOS ENIGMAS, secção orientada pelo Inspetor Boavida no quinzenário AUDIÊNCIA GRANDE PORTO, tem neste momento em preparação duas novas iniciativas com arranque previsto para o início do próximo ano.
“Um Caso Policial em Gaia” é o tema de um concurso de contos aberto a todos, jovens e menos jovens, que se queiram “aventurar” na ficção policial. O seu regulamento prevê que a entrega de originais ocorra em abril, sendo a partir daí sujeitos à apreciação de um júri que os ordenará em três classificações distintas: a primeira, para todos os contos a concurso; a segunda, para aqueles que nunca tenham publicado qualquer conto; e, a terceira, destinada exclusivamente aos mais jovens.
“Torneio Policiário’ 2017” é uma competição constituída por oito enigmas de índole policiária, especialmente produzidos para o efeito, que terá início no mês de fevereiro próximo. Face ao maior grau de dificuldade dos problemas, comparativamente aos do passatempo inicial daquela secção, que se aproxima do seu termo, o prazo de envio das soluções será alargado para 35 (trinta e cinco) dias, de maneira a que os leitores tenham mais tempo para leituras atentas e não se sintam pressionados a interpretações apressadas, mais passíveis de omitir pormenores e de… errar.
Os regulamentos daquelas duas iniciativas serão divulgados em breve naquela publicação, estando também acessíveis no blogue LOCAL DO CRIME (localdocrime.blogspot.pt), que voltará a funcionar, a partir de janeiro de 2017, como caixa-de-ressonância da secção O DESAFIO DOS ENIGMAS no espaço cibernético.






segunda-feira, 21 de novembro de 2016

FINAL DA TAÇA DE PORTUGAL - 2016

 
 

DANIEL FALCÃO - INSPECTOR ARANHA



 

E OS FINALISTAS DA TAÇA DE PORTUGAL SÃO...


INSPECTOR MOSCARDO OU INSPECTOR ARANHA?

ZÉ OU DANIEL FALCÃO?

AINDA HOJE, AQUI!

domingo, 20 de novembro de 2016

POLICIÁRIO 1320



RESOLVIDO O CASO DA MORTE DE D. ANTÓNIA

O confrade Verbatim deixa-nos, hoje, a decifração do seu caso passado num Bairro Popular, em que a D. Antónia foi assassinada.
Estamos em plena recta final do campeonato deste ano, numa altura em que qualquer deslize será, certamente, irrecuperável.

SOLUÇÃO DA PROVA N.º 9 – PARTE I
“NUM BAIRRO POPULAR” – de VERBATIM

Não encontramos motivos para suspeitar dos vizinhos do primeiro direito nem dos sexagenários do rés-do-chão esquerdo e da sua neta de 11 anos. Já não podemos dizer o mesmo quanto a Ernesto Vigário, filho da vítima, e à sua ex-mulher D. Patrocínio.
Ambos iriam a casa da D. Antónia com grande à vontade. Um e outro também exibiam arcaboiço para a dominar e estrangular.
D. Patrocínio poderia ter ido a casa da vítima entre as 21:30 e as 23:30 e tê-la liquidado. Também lá poderia ter ido depois do jantar, como disse, mas antes do assassino. Este seria então Ernesto Vigário que, depois das 21:30, teria entrado e saído sem ninguém dar por isso. Era a hora de ver telenovelas.
Em todo o caso, o filho da vítima não produziu declarações comprometedoras. Mas D. Patrocínio disse ou omitiu coisas que nos levam a desconfiar dela:
1 - Afirmou não ter observado sinais de qualquer perturbação quando saiu às seis e meia. Ora, perguntamos nós, que indícios de perturbação admitia ela poderem ter ocorrido e por que motivo?
2 - Lamentou o facto de a ex-sogra estar muito feliz sem saber que a iam matar. O que poderá ter levado D. Patrocínio a concluir que a D. Antónia fora assassinada? A voz corrente, naquela tarde, era a de que a senhora tinha sido assaltada em casa e estava no hospital. Ela própria se apresentou com ar choroso por ter sabido que a ex-sogra fora hospitalizada.
3 - Ao referir-se à grande felicidade frustrada de D. Antónia, não mencionou a origem dessa felicidade. Por isso, somos levados a admitir que a causa de tão grande felicidade passou a ser algo que D. Patrocínio considerou dever esconder.
4 - Deu a entender que, se pudesse ter ficado com a D. Antónia a ver televisão, talvez nada de mal tivesse acontecido. Na circunstância, e sintomaticamente, não mostrou qualquer receio pela violência de que também poderia ser alvo.
5 - Lançou suspeitas veladas sobre o ex-marido, referindo-se ao facto de ele ter a chave da casa, possuir mãos suficientemente fortes para estrangular um cavalo, ser muito ruim para a mãe e esta não gostar de estar dependente do filho. A extensão destas suspeitas, e em particular uma delas, tratada a seguir, fazem-nos desconfiar mais de quem as lançou de uma só vez do que da pessoa a quem foram dirigidas.
6 - Falou, a despropósito, das suas fortes mãos e também das do ex-marido, essas capazes de estrangular um cavalo. Por que motivo se lembrou a D. Patrocínio de mencionar esta particularidade de ambos? E por que motivo terá feito referência ao acto de estrangular, algo a que foi sujeita D. Antónia, mas que a sua ex-nora, em princípio, ignoraria?
7 - Não mencionou o telefonema feito por D. Antónia às 19:10. É verdade que não tinha que fazê-lo. Mas ao referir-se às suas boas relações com a ex-sogra, mencionando o facto de depois de jantar ter lá ido dar um beijinho, leva-nos a admitir que só não aludiu a esse telefonema por ele respeitar a algo que quisesse ocultar.
Ora, isto tudo leva-nos a colocar a hipótese de D. Patrocínio estar sujeita a uma recordação de que não se conseguia livrar e, relativamente qual, fazia um esforço para esconder uma parte. Podemos então imaginar ter acontecido o seguinte:
“Às 19:10 D. Antónia telefonou à ex-nora a dizer-lhe para a visitar antes de se deitar. D. Patrocínio apareceu uns dez minutos antes das nove, a tempo de voltar para casa e ver a telenovela da noite. D. Antónia, toda contente, mostrou-lhe um recibo de apostas no Euromilhões, uma delas com cinco números certos. Acrescentou que ninguém sabia daquilo para além das duas. A ex-nora, achou que era de manter segredo e disse que ia a casa verificar o montante do prémio. Este, retirado o imposto, ascendia aos cinquenta mil euros, uma maquia que lhe vinha mesmo a calhar. Antes de descer começou a congeminar uma maneira de se apoderar do recibo. Lembrou-se de uma gravata nas costas de uma cadeira na sala de D. Antónia. Era um bom instrumento para o caso de ter de acabar com a velha. A conversa que se seguiu mostrou que nunca ficaria com o documento das apostas sem matar a ex-sogra. Foi, então, por detrás do sofá e, com um golpe bem rápido, passou a gravata à volta do pescoço da senhora, não lhe dando sequer tempo de gritar. Apertou, durante alguns minutos, até ela própria ficar roxa. Abandonou depois a casa de D. Antónia sem ruído. Pouco passava das dez da noite.”
Esta história explica os factos e elucida as declarações de D. Patrocínio. Pode ter algumas variações mas importa que abranja tudo o que é essencial.
Mas não se encontrou qualquer prova incontornável contra D. Patrocínio e muito menos contra as outras pessoas. Flávio Alves estava ciente disso.
Note-se que D. Patrocínio, mais tarde, poderia desdizer-se e afirmar, por exemplo, que sempre julgou que D. Antónia estaria morta, pois, de outro modo, saber-se-ia para que hospital teria ido e o filho não deixaria de ter corrido para lá…
Haveria, contudo, um recibo do Euromilhões premiado e surripiado pelo assassino. O móbil do crime poderia muito bem ter sido esse. É altamente improvável que D. Antónia tivesse guardado um talão de caixa abandonado por alguém.
Flávio Alves ponderava a busca imediata do recibo, possivelmente na posse de D. Patrocínio, ou a paciente espera da reclamação dos prémios.
Em qualquer caso, urgia dispor do mandato de busca à casa e pertences de D. Patrocínio.
 “Meu caro Dias - dizia Flávio Alves – isto nem sempre é tão simples como parece.”


domingo, 13 de novembro de 2016

POLICIÁRIO 1319



O VELÓRIO DO ZECA NA DESPEDIDA DA COMPETIÇÃO DESTE ANO

Chegamos ao problema final das nossas competições desta época! Depois de muitos meses árduos para os nossos “detectives”, é altura de um último esforço, em busca da melhor classificação possível.
Na semana passada tivemos um problema do Mestre Manuel Constantino, com o inevitável Avô Palaló, um homem sábio e observador, que no ambiente rural da lezíria ribatejana consegue decifrar casos policiais que podiam ser absolutamente reais, como devem ser todos.
Esta semana temos o derradeiro desafio que o confrade Zecadiabo nos deixa com uma certa nota de humor, para descomprimir de todo um ano de tensão competitiva.
Sabedores, por experiência de quase duas décadas e meia de Policiário no PÚBLICO, que em todos os anos a competição é renhida e decidida em pequeníssimos detalhes, queremos deixar pela derradeira vez este ano, o apelo para que todos tenham a máxima atenção na leitura e interpretação dos textos, deste e do da semana transacta, do confrade M. Constantino.
Por falta de espaço, não publicámos no domingo transacto as habituais indicações sobre prazos e endereços para envio das propostas de solução, que são exactamente as mesmas do desafio de hoje.

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL - 2016
PROVA N.º 10 – PARTE II
“ERA TÃO BOM RAPAZ…” - ORIGINAL DE ZECADIABO

Nos velórios, há sempre tempo para ressaltar as boas atitudes de quem parte deste mundo. Mesmo que o desaparecido tenha sido a pior peste, só tivesse defeitos, naquele momento transforma-se num santo.
Naquele dia, foi o Zeca que viu terminada a sua viagem neste mundo e no velório iam-se juntando as pessoas da vila, a poucos quilómetros de Castelo Branco. Pouco a pouco, a reunião aumentava e todos começaram a contar cenas passadas com o Zeca, muitas delas ficcionadas, certamente, porque ele não era assim tão virtuoso como o pintavam.
Com o aproximar da noite e da hora das novelas, o salão foi-se esvaziando, permanecendo apenas quatro amigos, talvez os que mais privavam com o Zeca. A conversa foi deslizando e quando deram consigo, já estavam a contar histórias em que entraram, com o defunto.
O primeiro a falar foi o Tony:
- O gajo era um bocado maluco e tinha a mania que tudo rodava à sua volta. Um dia combinámos um encontro bem importante com um tipo alemão que vinha com ideias de arranjar parceiros em negócios. Era o que queríamos e por isso marcámos um encontro para as 17 horas. Pois o Zeca só apareceu perto das 18, nas calmas e quando lhe disse que o alemão tinha ido embora porque não aceitava atrasos, ainda se riu com o esquecimento em acertar o relógio por causa da mudança da hora! Ficámos de mãos a abanar, sem negócio…
O Melo pegou na deixa…
- Lembro-me de ouvir isso e olha, três meses depois, o Zeca lixou-me bem. Eu ia para uma reunião importante no meu emprego, o patrão ia distinguir os melhores e eu estava com o meu melhor fato, todo aperaltado e engraxado, quando ele soltou o estabanado do cão, que ele sabia que vinha logo atirar-se a mim, todo porco por andar a patinhar na neve. O bicho sujou-me as calças todas e tive de ir a correr a casa mudar-me para não aparecer imundo na cerimónia. Um raio de uma brincadeira mais estúpida e o Zeca ainda me perguntou se ia a um casamento!
O China contou:
- A mim, trocou-me a chave de casa quando estávamos no café e depois acompanhou-me até á porta, para apreciar o espectáculo. Eu a tentar abrir a porta, a tirar e a meter a chave, sem conseguir e ele a apreciar, a dar palpites: “vira os dentes para cima… não são os teus, são os da chave!”. E ria-se. Só quando eu decidi chamar os bombeiros e a polícia para abrirem a porta é que ele me deu a chave certa, mas sempre a gozar: “Experimenta esta e se precisares de mais, também se arranjam…”.
Finalmente foi o Joca a recordar um episódio:
- Pois ele tramou-me quando eu terminei o namoro com a Marília e andava muito em baixo. Convidou-me para jantar e levou-me ao restaurante do tretas, que como sabem, é caro para burro. Comemos e bebemos à farta e de repente ele levantou-se para ir à casa de banho e não voltava. Fiquei em pânico, sem saber o que fazer. Fui esperando, mas o Zeca não dava sinal. Depois de muito esperar, tive de chamar o empregado para lhe dizer o que acontecera e que não tinha dinheiro para pagar, mas afinal ele tinha deixado tudo pago! Sacana de um raio, fez-me sofrer a bom sofrer e depois ainda me disse que o fizera para eu sentir o que era estar enrascado e esquecer a Marília! Francamente…
Fez-se um silêncio prolongado. Cada um deles estava a recordar os episódios de uma amizade que durava há muito, ainda que com algumas situações menos ortodoxas, como era bom de ver…
Até que um dos amigos elevou a voz e confessou:
- Desculpem, mas eu contei uma história falsa. Não consegui resistir…
O autor desta confissão foi…
A-    TONY
B-    MELO
C-    CHINA
D-    JOCA

E pronto.
Resta aos nossos “detectives” escolher a hipótese que refere o nome do amigo que mentiu na sua história e enviar, impreterivelmente até ao próximo dia 30 de Novembro, podendo usar um dos seguintes meios:
 - Pelo Correio para: Luís Pessoa, Estrada Militar, n.º 23, 2125-109 MARINHAIS (agradece-se que não sejam enviados sob registo, pela dificuldade em resgatá-los no distante posto de correio, quando não é possível estar em casa);
- Por entrega em mão ao orientador, onde quer que o encontrem.
Boas deduções!








quinta-feira, 10 de novembro de 2016

RECTIFICAÇÃO

CLASSIFICAÇÃO DIC ROLAND
PROVA N.º 8

O erro caíu na classificação das melhores soluções da prova n.º 8, em que a DETECTIVE JEREMIAS aparece em 2.º lugar e o INSPECTOR ARANHA em 3.º.

Evidentemente que tal não é possível, uma vez que foi o confrade escalabitano quem prosseguiu na Taça de Portugal, eliminando a sua conterrânea.

Fica a rectificação: o INSPECTOR ARANHA teve 4 pontos; a DETECTIVE JEREMIAS somou 3 pontos.

[agradecimento ao confrade Daniel Falcão que assinalou a incongruência e as desculpas a todos os confrades, principalmente aos dois visados]

domingo, 6 de novembro de 2016

POLICIÁRIO 1318




O AVÔ PALALÓ E UMA LENDA À BEIRA-TEJO


CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2016
PROVA N.º 10 (ÚLTIMA) – PARTE I
“COMO NA LENDA DE PILARZITO” – ORIGINAL DE MÁRIO CAMPINO
                                                                                                             
Depois das cheias que afogaram as veigas ribeirinhas, o Tejo retomou o leito. As planuras, terras alagadiças, enxugavam. Com os alvores da Primavera, os homens procuram terras altas, no empenho das searas temporãs. Avô Palaló, na "Herdade das Ferrarias", notou a inesperada borrasca e adiou a partida para Almeirim. Ceou com o "Charneco" e o "Chico Figueiredo", dormiu no casal. A noite foi alagada pela chuva birrenta de lavar a terra e entranhar. De manhã o céu estava limpo e azul. Sem pressa, rumou a casa. O cavalo seguia a passo, sem comando. Passaram pelo bebedoiro de pedra, na berma da estrada, onde a água límpida vertia da encosta por um cano improvisado, para a pia, e desta para a valeta. Continuaram por uma subida breve, cheia de curvas, ladeada por eucaliptos. A estrada ficou plana e o cavalo deu um ligeiro trote até chegar às ruínas do Convento da Serra. Desta restava uma meia parede do pórtico em ogiva; o decurso dos séculos e a incúria dos homens encarregaram-se da destruição. Construído em homenagem à Senhora da Natividade em terras da coroa, hoje pertença de D. Luís Margaride, gozara de privilégios reais, continuados por D. Manuel I e D. João, o príncipe herdeiro. A mente do caminhante – o Avô Palaló – recordava. Conta-se que, cerca da primeira quinzena do ano de 1.500, receando a peste que alastrava em Lisboa, a corte tomara poiso nos Paços de Almeirim. Com ela toda a intriga própria, ante um rei gasto e enciumado em relação ao príncipe D. João e à nova e bela 3ª esposa, D. Leonor, com quem casara, ainda que tivesse prometida ao príncipe. Era então prior-mor do Convento, Frei Tomás de Santa Fé – confessor do príncipe e eventualmente ouvido pelo Rei – que viria a revelar-se um embusteiro. Não desconhecia o frade a paixão do príncipe pela madrasta, e seria correspondido. Enquanto D. João escondia a tristeza nos escuros do Paço, os fiéis amigos d'Ataíde e Luís Silveira procuravam distraí-lo. Levaram-no, mascarado, à "Taverna do Garcia", onde a filha, Maria do Pilar, bela e doce donzela de quinze anos, alegrava a assistência com danças castelhanas. O príncipe gostou e toda a noite falou com Pilarzita. Logo depois, os dois amigos, de acordo com o príncipe, providenciaram a recuperação de uma pequena casa à beira de um riacho, a meio caminho entre Almeirim e o Convento. Artífices embelezaram e mobilaram luxuosamente o local para onde Pilarzita, apaixonada por D. João, foi levada com uma velha ama e onde o príncipe era assíduo. Terá o idílio chegado aos ouvidos do Rei, pela boca intrigante do frade, alegando sacrilégio.
Pilarzita apareceu afogada no riacho, a ama desapareceu. Frei Tomaz seria apunhalado no caminho para Santarém. São nebulosos os acontecimentos futuros. Sabe-se que o príncipe se tornou El-Rei D. João III – o Piedoso. A casa, cenário da tragédia – hoje conhecida pela "Casa da Pata", ninguém sabe porquê – ruiu. Durante séculos foi erguida, reconstruída, caiu e surgiu de novo, abrigo e sombra dos viageiros. Há dois anos apareceu na vila uma mulher, cerca de trinta e tais anos, esbelta e bonita, mimosa de pele em contraste com as trigueiras do campo, inteligente bastante para convencer a "Alorna" a regenerar a casa para morada. Diz-se que D. Alda recebe muitas visitas para "ler a sorte nas cartas" e contar a lenda da Pilarzita. Mulher escaldante, terá relações íntimas com homens e poço de ciúme para o mulherio. Entregue a estas memórias, Avô Palaló chegou à "Casa da Pata". Um grupo rodeava o velho guarda-florestal, falavam e apontavam. Intrigado, saiu da estrada, deixou a montada e juntou-se. Soube que o guarda, na ronda normal, encontrara a habitante, morta, no riacho. Correra à "Tasca do Toicinho", para dar a notícia e chamar a GNR, ele ia vigiar o corpo que não deveria ser mexido. Pelo diagnóstico popular "aquilo era um crime". Alguém falou no ""Barato-Fino" – amante oficial, vindo de fora, bem-falante, vendedor de porta em porta de peças de fazenda para fatos, baratas e finas, que transportava às costas e impingia principalmente aos casadoiros – por tê-lo visto passar na véspera, talvez – lembrava a "bisarma" da "Zabel do Tó Pedreiro", roída de ciúmes, talvez o próprio Tó que ajudara a reconstruir a casa e ficara " caído p´ra dama".
Entretanto chegou o cabo André com um subordinado e o dr. Godinho. Este ao ver o Avô comentou irónico "faltava cá o sabichão". O Avô limitou-se a segui-los. Alda estava caída no riacho, "como na lenda da Pilarzito"- pensou. A cabeça mergulhada de frente na água transparente, não chegava ao fundo, se bem que não tivesse mais que três palmos de fundo, braços caídos para trás, descalça, sapatos ao lado de um carrinho de mão. O médico mandou tirar o corpo para fora, examinou a temperatura, a face congestionada de cor azulada, apalpou os lábios e o nariz macerados e uma escoriação na nuca. Voltou-se para André: - Bem. Morte nas últimas seis horas, não morreu de submersão, pode ter caído e batido nesta pedra de lavar roupa, pancada não bastante para matar, ou… não digo mais sem autópsia. O guarda apontou as unhas compridas das mãos da vítima e disse: a senhora tem uma unha partida recentemente, no anelar, não vejo o fragmento partido, não está aqui.
Avô Palaló, interessado: André, posso ir à casa de banho? E sem esperar resposta, contornou o espaço de areia frente à casa e entrou: era ampla e limpa. Ao fundo, resguardado por uma cortina era o quarto, na parte da frente, onde entrara, a cozinha com um fogão e um cesto com pedaços de madeira; no lado oposto, um sofá, cadeiras e uma mesa redonda com cartas dispostas lado a lado, a carta que representava a "papisa" fora rasgada ao meio e a parte superior atirada sobre elas. No chão um pedaço de madeira e uma almofada onde descobriu cravada um pedaço de unha. Encaminhou-se para a porta e encontrou a parte inferior da carta rasgada, amarrotada. Olhou-a e ficou a ponderar o seu significado. Sorriu levemente e exclamou entre dentes: - Que mulher inteligente e imaginativa! Que incrível sangue frio diante da morte! Divisou André que se aproximava; o médico, em "dia não", já abalava. - Tens aqui o pedaço de unha que retirei daquela almofada e uma mensagem neste bocado de carta.
André ficou confuso, o Avô, quase ansioso, esclareceu-o e rematou: - Vamos ver os rastos! Seguiram os rastos, da porta à vítima. Um primeiro, podiam deduzir, era de um pé grande, gravado profundamente na areia lavada pela chuva, mais nos calcanhares, o outro de um pé pequeno marcado nitidamente no início da marcha, depois arrastado parecendo esconder o primeiro, tal como o rasto da roda de um carrinho de mão. Óbvio para ambos. André constatou que o pedaço de unha coincidia com a partida. - Não é a mulher do pedreiro? - disse o Avô apontando uma mulher que, na margem oposta, procurava afastar-se – vamos, quero falar-lhe. Dirigiram-se para a ponte onde já se sabia que o "Barato-Fino" fora surpreendido pela chuva, jantara e dormira na "Pensão do Cabreiro". O guarda trouxe a mulher por um braço, lamurienta.
-Acalma-te, é só uma pergunta: - Mataste a Alda?
-"Credo home... na abafi a bruxa robadeira dos homes das outras".
-Então, onde arranjaste esse olho negro?
-O mê home tava com vício da bruxa, a chuva... ê só disse ca foi Deus que amanda a chuva... Alevei uma  tafona... ópois foi dormir c'uma botelha d'augardente pó palheiro do Fandinga..."
Avô Palaló voltou-se para o cabo André. - Estamos falados. Vou para casa que é tempo. Agora é contigo e o dr. Godinho. "Aquilo" passa-lhe.
Qual o entendimento do leitor?
Apresente o seu relatório fundamentado.

E pronto.
Respostas até dia 30 do corrente pelos meios habituais, que recordaremos na próxima semana.

Boas deduções!

terça-feira, 1 de novembro de 2016

CARLOS ALBERTO: O MESTRE DEIXOU-NOS!

NOTÍCIA TRISTE QUE NOS FOI TRANSMITIDA PELO CONFRADE JARTUR:


"Carlos Alberto Santos, era, sem dúvida, um dos melhores artistas portugueses, pintor e desenhador de enorme talento. Neste fim de tarde, fui "bofeteado" pela notícia que vou colar aqui, pois sei que bastantes de vós, tal como eu, vão ser abalados por tão triste notícia, que eu
gostaria de não ter que enviar.
DESCANÇA EM PAZ CARLOS ALBERTO"
JARTUR


Caros amigos,
no sábado visitei o Carlos Alberto Santos no hospital e ele conheceu-me e estivemos a falar. Disse-me que lhe faziam uns tratamentos que o magoavam muito e estava a considerar desistir de viver. Eu brinquei com ele, que não se desiste da vida.

Ontem estive com ele até perto das 8 da noite, mas estava sempre a dormir com uma droga qualquer que lhe davam. De vez em quando metia os dedos na boca, não sei porquê, e puxei-lhe duas vezes a mão. Ele completou o movimento mas nunca acordou. Então fui procurar uma enfermeira para perguntar se o podia acordar. Ela respondeu "é melhor deixá-lo dormir"... Ele não parecia de maneira nenhuma em perigo imediato de vida mas fiquei desanimado com a resposta.

Hoje cerca do meio dia e quinze telefonou-me a prima, Martina, a dizer que o Carlos Alberto nos tinha deixado (foi a maneira como ela disse).

Para quem esteja interessado, o corpo chega amanhã entre as 16.30 e as 17.00h à Igreja do Santo Condestável em Campo de Ourique. Na quinta dia 3 haverá missa de corpo presente às 10.30h, seguindo às 11h para o Alto de São João, onde será cremado.




É desolador!!

Cumprimentos a todos,

João-Manuel Mimoso