CAMPEONATO CHEGA A MEIO
COM O INSPECTOR ARANHA!
A nossa competição tem mais uma etapa neste mês de Junho, desta feita de
autoria do confrade Inspector Aranha, um dos mais carismáticos e valorosos do
nosso “pelotão”, que aqui aparece em substituição do confrade Quaresma,
Decifrador, que não respondeu à chamada que fizemos e não foi possível
contactar.
Na altura dos convites, chamámos os confrades que habitualmente produzem e
já haviam obtido bons resultados na modalidade de produção neste nosso espaço,
daí terem ficado de fora alguns bons produtores, menos regulares nas suas
aparições.
Ao falhar o confrade convidado, no lugar por ele deixado, temos o prazer de
poder contar com desafios de um dos mais veteranos e premiados policiaristas
nacionais, campeão em imensas ocasiões e seccionista de enorme qualidade, mas
pouco dado à tarefa de produção de desafios. Também por isso, podemos com
alguma razão dizer que conseguimos “meter uma lança em áfrica”, trazendo à
imensa maioria dos nossos “detectives” um produtor pouco visto nas nossas
páginas.
CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL –
2017
PROVA N.º 5 – PARTE I
“A MORTE DO AGIOTA” – ORIGINAL DE
INSPECTOR ARANHA
1º tempo:
Vou matar o “velho”.
Estou farto desta situação de dificuldades económicas, de condicionalismos a
que ele me submete, enquanto assisto, no dia-a-dia, ao aumento da sua fortuna
através de juros altíssimos que “suga” nos seus empréstimos. Agiota e avarento,
são expressões correctas para o definir. Por um lado, ajuda a resolver
situações difíceis a muita gente que, neste período de acentuada crise, a ele
recorrem cheios de problemas, mas, por outro, pelas duras condições que em
contrapartida impõe, muita infelicidade tem também provocado a quem, depois,
não as pode cumprir. E, nestes casos, não revela um mínimo de sensibilidade – é
implacável, mandando penhorar bens, ordenados, promovendo ameaças, potenciando
ainda mais a desgraça dessas pessoas…
Nem para comigo, seu
sobrinho e único herdeiro, ele consegue revelar alguma liberalidade. A
mensalidade que me concede é ridícula perante as suas possibilidades (e as
minhas necessidades) assim me impondo, também, as dificuldades que eu não
gostaria de sentir nesta idade… não conseguindo compreender que só temos uma
juventude para viver…
Mas chega, a partir
de hoje não continuará a poder espalhar mais infelicidade.
Acabei de “teclar” no
meu velho computador (de que me vou imediatamente desfazer), e imprimir, a
carta que irá ser encontrada na secretária, junta ao seu corpo, direccionando
assim as suspeitas da sua morte não natural para um acto de suicídio, por temor
da (mais uma) ameaça à sua existência, por alguém do seu vasto universo de
clientes que a ele têm recorrido.
Planeei tudo.
Eliminá-lo-ei e sairei de imediato para um evento público, afim da minha
presença ser ali registada quando o corpo for descoberto e o alarme dado –
quase certo que pela empregada doméstica que, diariamente, às 10 horas entra ao
serviço, pois, sendo embora apenas eu e ele a viver naquela casa, meu tio
exigia que sempre tudo nela estivesse impecável. Por isso me inscrevi na prova
de 10 km, que integra a 26ª Meia-Maratona de Lisboa, cuja classificação,
registando o meu nome (e com que sacrifício o irei conseguir, meu Deus!…) me
conferirá o necessário álibi. Depois, é aguardar os acontecimentos, certo de
que, mesmo que a morte não venha a ser reconhecida como devida a suicídio,
também dela não será descoberto um culpado – para mais existindo tantos
potenciais suspeitos… E assim estará dado o decisivo passo para uma outra vida
mais livre e feliz…
2º tempo:
Dado o alarme, como
previsto, a Polícia deparou com o corpo sentado à secretária, caído de bruços
sobre esta, manchada de sangue sob a cabeça, proveniente de um furo regular que
o parietal direito exibia. O braço do mesmo lado pendia na perpendicular,
segurando na mão a sua pistola “Browning”. Vasculhado o escritório, nada mais
nele se apresentava como passível de ser classificado de anormal, salvo a
existência de uma folha de papel de formado A-4, maculada apenas com o
seguinte:
19-03-2016
Miserável agiota
Recusando
as moratórias de pagamento que solicitei, e ameaçando-me com uns “gorilas” para
me “fazer lembrar os compromissos”, perturbaste significativamente a minha tão
já difícil existência, e ditaste o destino da tua… Também o fizeste com outros,
mas, perdido como estou, não vou dar-te oportunidade a que continues a
desgraçar a vida de mais ninguém… Adeus, sê feliz com o teu dinheiro… no outro
mundo…
3º tempo:
Pensava bem ter planeado
e executado a eliminação do “velho”. Todavia, não tardou que a Polícia pusesse
em causa o meu álibi, e me detivesse como suspeito do assassínio de meu tio.
4º tempo:
É o vosso, amigos
leitores. O tempo de analisarem com cuidado a história descrita, extraírem as
vossas conclusões, descrevendo nomeadamente as causas que terão fundamentado as
suspeitas da Polícia e remeterem os relatórios…
E pronto!
Tal como o autor define, este é o tempo dos nossos “detectives” se
debruçarem sobre o problema e procurarem a solução correcta, enviando-a
impreterivelmente até ao próximo dia 30 de Junho, podendo usar um dos seguintes
meios:
Por Correio para:
Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
Por e-mail para: lumagopessoa@gmail.com; pessoa_luis@hotmail.com; luispessoa@sapo.pt;
Por entrega em mão
ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.
Boas deduções!
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