DÚZIA
DE OURO DE DOMINGOS CABRAL
O
prometido, é devido!
Assim
pensou e melhor executou o confrade escalabitano que participa nos nossos
torneios com o pseudónimo bem conhecido de Inspector Aranha.
Depois
da primeira Antologia de Contos Policiais, aqui está a “Dúzia de Ouro – Doze
dos Melhores Contos Policiais de Sempre”, uma obra das Edições DC, que consegue
reunir doze dos mais famosos contistas mundiais de todos os tempos, num único
livro e pretexto igualmente para homenagear aquele que é considerado
unanimemente como o maior antologista português de sempre, infelizmente algo
esquecido: Roussado Pinto, Ross Pynn na sua obra policial.
Talvez
esta homenagem seja o primeiro sinal de que algo está a mudar e daqui lançamos
o repto para que os confrades que com ele puderam conviver se debrucem sobre a
sua vida e obra e nos tragam os testemunhos e experiências vividas, para que
possamos divulgá-lo e libertá-lo do esquecimento a que tem sido votado.
Voltando
à antologia, registamos a publicação de contos de Thomas Burke, Jacques
Futrelle, Edgar Allan Poe, Anthony Berkeley, Carter Dickson, G. K. Chesterton,
Melville Davisson Post, Aldous Huxley, Brett Halliday, Guy de Maupassant, Helen
McCloy e Robert Barr, todos com traduções de qualidade, o que nem sempre
acontece.
Apresentação
cuidada e interessante de Domingos Cabral justificando a escolha dos textos e
autores e um prefácio apaixonado e apaixonante de Gustavo Barosa, o nosso
confrade Zé, situando o Policial e o Policiário no universo de Fernando Pessoa
e na actualidade, esta antologia é absolutamente fundamental e de leitura
obrigatória, para entendermos a força e qualidade dos contos publicados.
Os
pedidos da obra, que custa com os portes incluídos 12 Euros, podem ser enviados
para o endereço electrónico d.cabral@sapo.pt
ou, por escrito para a Rua Serpa Pinto, 98, 2000-046 SANTARÉM.
EDGAR
ALLAN POE
Em
19 de Janeiro de 1809, em Boston, Estados Unidos da América, nasceu aquele que
é, hoje em dia, considerado o pai do Policial dedutivo, aquele que pela
primeira vez articulou uma história de mistério e aventura com um raciocínio
lógico e dedução pura.
Numa
época em que a informação era transmitida sobretudo pela palavra escrita, em
jornais e revistas, um pouco por todo o mundo, com muito sensacionalismo à
mistura, fruto da impossibilidade de confirmação dos factos relatados, Poe
inicia muito cedo uma vida de escrita, como romancista, poeta, crítico
literário e editor, vindo a revelar-se um dos grandes “escritores malditos” da
Literatura Americana.
Muito
mais conhecido na Europa, uma sociedade mais aberta a novas correntes e novas
ideias, ao contrário do que seria de esperar, Poe acaba por criar um novo
género, um tipo de escrito que tornava o leitor mais activo, que punha à prova
as suas capacidades de dedução, apresentando soluções para os mistérios que não
passavam por artifícios metafísicos ou iluminações do além, mas coisas simples,
muito lógicas, tão lógicas que ninguém se dava ao trabalho de imaginar!
A
publicação de “Os Crimes da Rua da Morgue”, em 1841 no “Graham’s Magazine” marca o nascimento desse género
literário, mas é sobretudo no conto, “A Carta Roubada”- que mereceu ao próprio
autor um comentário “é a melhor das minhas histórias baseadas no raciocínio” -
que se revela o seu génio criador. É exactamente este conto que Domingos Cabral
nos traz! O melhor dos melhores!
Mais
de dois séculos após o seu nascimento, este escritor que teve vida breve,
apenas 40 anos, tendo falecido em 7 de Outubro de 1849, em Baltimore, resiste
ao esquecimento, mercê de uma genialidade universalmente reconhecida.
JACQUES FUTRELL
O
mês de Abril fica marcado na vida do escritor norte-americano Jacques Futrelle,
uma vez que nasceu no dia 9, do ano de 1875 e morreu a 15, do ano de 1912, em
pleno Atlântico, vítima do naufrágio do célebre Titanic, portanto, aos 37 anos
de idade.
A
sua morte trágica, na viagem inaugural do mais poderoso e luxuoso navio jamais
construído, pôs termo à ascensão de um escritor apontado como uma das mentes
mais brilhantes do romance policial, de quem muito se esperava.
O
seu principal detective foi o Professor Augustus S. F. X. Van Dusen, mais
conhecido como a “Máquina Pensante”, que protagonizou as histórias mais
famosas, em cerca de 50 contos, uma novela e um romance.
O
seu conto mais famoso é, sem dúvida, “O Problema da Cela n.º 13” e por isso
mesmo selecionado por Domingos Cabral, em que, curiosamente, não há crime nem
mistério a sério! Na verdade, tudo começa num desafio lançado pela Máquina
Pensante a um grupo de amigos, em como era capaz de fugir do “corredor da
morte” de uma penitenciária de alta segurança, em apenas uma semana, pedindo
apenas, à entrada, sapatos bem engraxados, pó para lavagem dos dentes, uma nota
de 5 dólares e duas de 10!
Sem
qualquer crime nem mistério, uma vez que todos os leitores já sabiam o que ia
acontecer, Futrelle desenvolveu uma série de situações interessantes que
conduziram a uma resolução correcta da situação, cumprindo a Máquina Pensante a
missão a que se propôs.
Tratando-se
de um seguidor dos mistérios brilhantemente expostos por Edgar Allan Poe,
Futrell não teve tempo para colocar em letra de forma toda a imaginação e
talento que se lhe adivinhavam. Não conseguindo trepar à galeria dos “deuses”
do policial e do mistério, garantiu, claramente, um lugar de destaque numa
segunda linha de “imortais”.
COMPETIÇÃO
COMEÇA NO PRÓXIMO DOMINGO
A
não esquecer que vai começar mais uma época de grande intensidade competitiva,
como é hábito. É altura de começar o aquecimento das “células cinzentas” para o
que aí vem… com a leitura da Antologia de DC, porque não?