domingo, 23 de setembro de 2018

POLICIÁRIO 1416




ESCLARECIDO O MISTÉRIO DO RUBI DESAPARECIDO

Com a aproximação do fim do verão e à medida que se aproxima o fim das nossas competições, os confrades vão fazendo as suas contas, procurando a sua posição.
Hoje é dia de decifrarmos o problema que nos foi proposto pelo confrade Rigor Mortis, relacionado com o rubi que desapareceu misteriosamente.
Recordamos que as pontuações obtidas nas diversas provas são sempre publicadas em primeira mão no nosso blogue Crime Público, que pode ser acedido em http://blogs.publico.pt/policiario.

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL - 2018
SOLUÇÃO DA PROVA N.º 7 – PARTE II
“O RUBI” – Original de RIGOR MORTIS

C – O Marco.
O agente Rogério Viriato, ao terminar o interrogatório e enquanto os actores davam início à representação dessa noite, procurou sistematizar os dados de que dispunha:
A – A própria Marlene.
Motivos: Não são perceptíveis razões para a Marlene ter roubado – ou escondido – a sua própria jóia, ainda por cima sabendo que era falsa.
Meios: Tinha as chaves do seu camarim e da caixa de jóias.
Oportunidade: Teve a oportunidade, claro, tendo sido ela a guardar a jóia na caixa, no fim do segundo acto, e a fechar o camarim ao fim da noite.
Comportamento: A reacção irónica à revelação do director de cena de que o rubi era falso mostra que a Marlene sempre o tinha sabido.
B – A Ruby.
Motivos: A inveja que tinha da Marlene seria uma boa razão para a ferir e prejudicar, roubando a sua jóia preciosa favorita.
Meios: Sem as chaves do camarim da Marlene e da caixa de jóias, teria que lá ter entrado antes do fim do espectáculo, isto é, durante o terceiro acto.
Oportunidade: Teve-a no terceiro acto, depois de ter saído de cena e antes de o Marco também ter saído de cena.
Comportamento: A exclamação da Ruby, perante a revelação de que o rubi era falso, não denotou surpresa nem decepção, antes satisfação e sarcasmo.
C – O Marco.
Motivos: Vender ou empenhar a jóia, se fosse autêntica, dar-lhe-ia meios financeiros para uma vida bem mais folgada.
Meios: Sem as chaves do camarim da Marlene e da caixa de jóias, teria que lá ter entrado antes do fim do espectáculo, isto é, durante o terceiro acto.
Oportunidade: Teve-a no terceiro acto, depois de ter saído de cena.
Comportamento: Marco também não mostrou surpresa. A sua reacção perante a revelação do director de cena foi “fechar ainda mais a cara”, como se já o soubesse.
D - O Contra-Regra.
Motivos: Apesar de ter dito que “não o desprezaria”, não se vislumbram razões para roubar o rubi.
Meios: Sem as chaves do camarim da Marlene e da caixa de jóias, teria que lá ter entrado antes do fim do espectáculo, isto é, durante o terceiro acto.
Oportunidade: Nunca teve oportunidade, tendo tido que estar sempre ao lado do palco, como compete a um contra-regra.
Comportamento:  A surpresa do contra-regra ao saber que o rubi era falso foi genuína.
Racionalmente, portanto, só Ruby ou Marco poderiam ter roubado a pedra, já que a Marlene não tinha motivos para o fazer e o contra-regra nunca teve a oportunidade para tal.
Se Ruby o tivesse feito, era normal que a sua reacção, perante a revelação do director de cena de que a pedra era falsa, fosse de surpresa e decepção – o roubo que teria feito, afinal, nem teria tido grande impacto na Marlene, não lhe provocando a tristeza, ou raiva, que a teriam satisfeito.
A reacção do Marco, pelo contrário, foi de alguém que até já sabia que a jóia era falsa. Não sendo plausível que a Marlene ou o director de cena lho tivessem dito antes, a explicação poderia perfeitamente ser porque o Marco, tendo roubado o rubi na véspera, depois de ter saído de cena no terceiro acto e antes do fim da peça, o tivesse levado na manhã seguinte a uma loja de penhores, onde imediatamente terá sido informado que a pedra era falsa.
Face à conclusão a que chegou, o agente Jorge Viriato deteve o Marco no final da peça, para novos interrogatórios, e mandou investigar as joalharias e lojas de penhores da vizinhança…

ASSIM NÃO!
NÃO HÁ PRODUÇÕES!

À entrada para a oitava prova do campeonato nacional desta época, deparamo-nos com a ausência de produções para podermos completar o leque de desafios que nos propusemos.
Chegamos, assim, ao fim de uma linha que há muito ameaçava ocorrer, sobretudo nos últimos anos em que escrever passou a ser um martírio para muito boa gente.
Sabemos que fazer desafios policiários não é fácil, exige muita atenção e cuidado, porque um problema policiário só pode admitir uma solução, tem de ser completamente lógico e risível, mas tem de haver um sentido de missão, neste momento, que evite termos de encerrar este espaço por falta de matéria-prima, daquilo que é, afinal, a razão de ser deste nosso passatempo: decifrar enigmas policiários!
Num mundo em que o crime enxameia tudo quanto é jornal e televisão, em que a realidade ofusca a melhor trama “sherlockiana”, só a preguiça em escrever pode justificar esta já crónica falta de problemas para propor aos nossos “detectives”!
Somos muitos, milhares de confrades a debruçarmo-nos sobre tramas policiais, procurando soluções e decifrações lógicas, mas isso exige que também elaboremos desafios que os outros confrades possam decifrar, tal como nós deciframos os desafios deles!
Esperamos, com natural ansiedade, a resposta deste nosso Mundo Policiário!



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