ESCLARECIDO
O MISTÉRIO DO RUBI DESAPARECIDO
Com a aproximação do fim
do verão e à medida que se aproxima o fim das nossas competições, os confrades
vão fazendo as suas contas, procurando a sua posição.
Hoje é dia de decifrarmos
o problema que nos foi proposto pelo confrade Rigor Mortis, relacionado com o
rubi que desapareceu misteriosamente.
Recordamos que as
pontuações obtidas nas diversas provas são sempre publicadas em primeira mão no
nosso blogue Crime Público, que pode ser acedido em http://blogs.publico.pt/policiario.
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL - 2018
SOLUÇÃO
DA PROVA N.º 7 – PARTE II
“O
RUBI” – Original de RIGOR MORTIS
C – O Marco.
O agente Rogério Viriato,
ao terminar o interrogatório e enquanto os actores davam início à representação
dessa noite, procurou sistematizar os dados de que dispunha:
A – A própria Marlene.
Motivos: Não são
perceptíveis razões para a Marlene ter roubado – ou escondido – a sua própria
jóia, ainda por cima sabendo que era falsa.
Meios: Tinha as chaves do
seu camarim e da caixa de jóias.
Oportunidade: Teve a
oportunidade, claro, tendo sido ela a guardar a jóia na caixa, no fim do
segundo acto, e a fechar o camarim ao fim da noite.
Comportamento: A reacção
irónica à revelação do director de cena de que o rubi era falso mostra que a
Marlene sempre o tinha sabido.
B – A Ruby.
Motivos: A inveja que
tinha da Marlene seria uma boa razão para a ferir e prejudicar, roubando a sua
jóia preciosa favorita.
Meios: Sem as chaves do
camarim da Marlene e da caixa de jóias, teria que lá ter entrado antes do fim
do espectáculo, isto é, durante o terceiro acto.
Oportunidade: Teve-a no
terceiro acto, depois de ter saído de cena e antes de o Marco também ter saído
de cena.
Comportamento: A
exclamação da Ruby, perante a revelação de que o rubi era falso, não denotou
surpresa nem decepção, antes satisfação e sarcasmo.
C – O Marco.
Motivos: Vender ou
empenhar a jóia, se fosse autêntica, dar-lhe-ia meios financeiros para uma vida
bem mais folgada.
Meios: Sem as chaves do
camarim da Marlene e da caixa de jóias, teria que lá ter entrado antes do fim
do espectáculo, isto é, durante o terceiro acto.
Oportunidade: Teve-a no
terceiro acto, depois de ter saído de cena.
Comportamento: Marco
também não mostrou surpresa. A sua reacção perante a revelação do director de
cena foi “fechar ainda mais a cara”,
como se já o soubesse.
D - O Contra-Regra.
Motivos: Apesar de ter
dito que “não o desprezaria”, não se
vislumbram razões para roubar o rubi.
Meios: Sem as chaves do
camarim da Marlene e da caixa de jóias, teria que lá ter entrado antes do fim
do espectáculo, isto é, durante o terceiro acto.
Oportunidade: Nunca teve
oportunidade, tendo tido que estar sempre ao lado do palco, como compete a um
contra-regra.
Comportamento: A surpresa do contra-regra ao saber que o
rubi era falso foi genuína.
Racionalmente,
portanto, só Ruby ou Marco poderiam ter roubado a pedra, já que a Marlene não
tinha motivos para o fazer e o contra-regra nunca teve a oportunidade para tal.
Se Ruby o tivesse feito,
era normal que a sua reacção, perante a revelação do director de cena de que a
pedra era falsa, fosse de surpresa e decepção – o roubo que teria feito,
afinal, nem teria tido grande impacto na Marlene, não lhe provocando a
tristeza, ou raiva, que a teriam satisfeito.
A reacção do Marco, pelo
contrário, foi de alguém que até já sabia que a jóia era falsa. Não sendo plausível
que a Marlene ou o director de cena lho tivessem dito antes, a explicação
poderia perfeitamente ser porque o Marco, tendo roubado o rubi na véspera,
depois de ter saído de cena no terceiro acto e antes do fim da peça, o tivesse
levado na manhã seguinte a uma loja de penhores, onde imediatamente terá sido
informado que a pedra era falsa.
Face à conclusão a que
chegou, o agente Jorge Viriato deteve o Marco no final da peça, para novos
interrogatórios, e mandou investigar as joalharias e lojas de penhores da
vizinhança…
ASSIM
NÃO!
NÃO
HÁ PRODUÇÕES!
À entrada para a oitava
prova do campeonato nacional desta época, deparamo-nos com a ausência de
produções para podermos completar o leque de desafios que nos propusemos.
Chegamos, assim, ao fim
de uma linha que há muito ameaçava ocorrer, sobretudo nos últimos anos em que
escrever passou a ser um martírio para muito boa gente.
Sabemos que fazer
desafios policiários não é fácil, exige muita atenção e cuidado, porque um
problema policiário só pode admitir uma solução, tem de ser completamente
lógico e risível, mas tem de haver um sentido de missão, neste momento, que
evite termos de encerrar este espaço por falta de matéria-prima, daquilo que é,
afinal, a razão de ser deste nosso passatempo: decifrar enigmas policiários!
Num mundo em que o crime
enxameia tudo quanto é jornal e televisão, em que a realidade ofusca a melhor
trama “sherlockiana”, só a preguiça em escrever pode justificar esta já crónica
falta de problemas para propor aos nossos “detectives”!
Somos muitos, milhares de
confrades a debruçarmo-nos sobre tramas policiais, procurando soluções e
decifrações lógicas, mas isso exige que também elaboremos desafios que os
outros confrades possam decifrar, tal como nós deciframos os desafios deles!
Esperamos, com natural
ansiedade, a resposta deste nosso Mundo Policiário!
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