Pelo inquestionável interesse para o conhecimento do que foi o Policiário, aqui fica mais um excelente trabalho do confrade JARTUR, que publicamos com a devida vénia:
MISTÉRIO E ACÇÃO
SECÇÃO POLICIÁRIA DIRIGIDA POR: JOE MATCH (MATOS MAIA)
20 de Janeiro de 1948 / 30 de Novembro de 1949
Compilação de: “Jartur”
João Artur Mamede
NOTA PRÉVIA
Só pelo empréstimo do nosso amigo Arq.tº Carlos Alberto Carvalho Dias, que em várias secções policiais colaborou com o pseudónimo de C.A.C.D., e mais tarde com o de Félix da Picota, foi possível organizar este trabalho de estudo, e recolha das fotocópias que permitiram organizar o processo desta secção, para o . JARTUR
Em 20 de Janeiro de 1948, ao preço avulso de 3$00, surgiu o n.º 1 do
Á T O M O
* CIÊNCIA E TÉCNICA PARA TODOS *
JORNAL ILUSTRADO DE PUBLICAÇÃO MENSAL
Esse jornal – ou revista, se assim lhe quisermos falar, porque afinal era esse o seu aspecto – no formato 23x43cm, com 16 páginas apenas no primeiro número, mas a seguir variando para as 20 ou para as 24, logo no seu número inaugural iniciou a publicação duma página com o título:
EXPERIMENTE OS SEUS CONHECIMENTOS
Ali inseria PALAVRAS CRUZADAS e PROBLEMAS DE CURIOSIDADES MATEMÁTICAS, e onde solicitava, aos leitores da PÁGINA, que comunicassem as suas preferências, para os poderem servir o melhor possível.
# 1 Alguns meses depois, quando foi publicado o seu n.º 11, em 20 de Novembro de 1948, apareceu na sua página 18, com o título MISTERIO E ACÇÃO, uma secção de JOE MATCH, com um cabeçalho composto pela silhueta duma máscara negra, tendo em aberto, a branco, as aberturas para os olhos, e as letras que compunham o seu título, sem acentuação na primeira palavra, que assim se inunciava:
A abrir
É a ti, leitor assíduo e de boa vontade, quer me dirijo. A ti que lês o nosso modesto trabalho. A ti, leitor amigo, que lês com interesse um romance de Queen, Van Dine, Conan Doyle. A ti, que sonhaste talvez, ser o protótipo de «detective», criado pela imaginação destes escritores. A ti, «detective-amador», faço eu um apelo: Começamos hoje a inserir nas páginas deste periódico, uma secção de problemas policiais, que será regular se tu o quiseres. Concorre! Não te importes se te disserem que não tens «geito». Todos nós temos sempre aquilo que julgamos não ter. Pode esse «geito» estar latente…
AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 2
É preciso despertá-lo! E tu próprio verificarás que ao fim de alguns relatórios enviados, percebes já «qualquer coisinha»!
Publicamos a seguir umas breves notas que deves fixar, para concorreres. Lê com atenção o primeiro e simples «caso» que publicamos hoje, e responde ao pequeno «teste».
Aguardamos com vivo interesse as tuas soluções e a tua sempre valiosa e voluntária colaboração. Contamos contigo. Podes contar com a imparcialidade do teu amigo sincero, JOE MATCH
Depois, em breves NOTAS, davam-se sugestões para o aparecimento de solucionistas e produtores, apresentando-se um pequeno teste e o primeiro problema: «UM CASO VULGAR», original de Joe Match.
NOTA: Mais adiante, para melhor consulta, vamos simplificar e esquematizar o nosso trabalho, recorrendo à elaboração de QUADROS, com o número do jornal e a sua data, assim como o número do problema, o seu título e a identificação do autor.
# 2 No mês seguinte no n.º 12, em 20 de Dezembro de 1948, apresentava um 2.º problema, com a indicação de I TORNEIO, tendo por título A MORTE VEIO ÀS 11HORAS, original de Luiz R. Correia.
Aparecia ali, também, a solução do 1.º problema: UM CASO VULGAR, em cuja lista de decifradores se destacavam alguns nomes que viriam a ser históricos. Por exemplo: ERNST WINTER, NATÉRCIA LEITE, SETE DE ESPADAS, LUIS R. CORREIA, e VISCONDE DE VALAMOR.
A propósito: Sabem quem é este último? E se vos disser que é de Almeirim?
E curiosamente, numa pequena secção de «Fichas Secretas», onde o orientador respondia a mensagens de: Luís R. Correia; Visconde Valamar; Natércia Leite; Maria Luísa; Principiante; Faz-Tudo; Zerofuz; R.M.A. e Rui Cunha, numa resposta a este, dizia:
O meu nome? Está bem visível no cabeçalho da secção… Joe Match. Acha pouco? (Realmente, alguns leitores achariam pouco, pois sabiam que Joe Match era apenas o pseudónimo de um conhecido jornalista.
# 3 No primeiro número do ano seguinte, o n.º 13, de 30 de Janeiro de 1949, a secção perdeu o seu cabeçalho em forma de máscara negra, e foi integrada na página: “EXPERIMENTE OS SEUS CONHECIMENTOS”, surgindo o seu título agora em letras de imprensa: MISTÉRIO E ACÇÃO – Secção de Joe Match.
Publicava-se agora o 3.º problema, “FRATRICÍDIO I”, por Visconde de Vilamor, e também o n.º4, “UMA HISTÓRIA…” que certamente foi escrito por Joe Match, já que as iniciais J.M. surgiam no final do problema, a seguir às questões postas aos leitores.
E publicava-se, também, a solução do problema n.º 2.
No ÁTOMO n.º 14, de 30 de Fevereiro de 1949, e no n.º 15, de 30 de Março de 1949, a secção não foi publicada, nem a página de EXPERIMENTE OS SEUS CONHECIMENTOS, onde ultimamente aparecera incluída.
# 4 Mas no n.º 16, de 30 de Abril de 1949, reaparecia a página EXPERIMENTE OS SEUS CONHECIMENTOS, que incluía: MISTÉRIO E ACÇÃO, SECÇÃO DE MATOS MAIA.
AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 3
Revelava-se, assim, o verdadeiro nome do orientador, que a seguir justificava a ausência anterior:
DE NOVO
Por um motivo assaz imperioso – a doença – vimo-nos obrigados a suspender a nossa secção durante dois meses.
Mas vencido o mal, eis-nos de novo cheio de ideias, de novidades… e de problemas.
O Torneio que iniciámos no número de Novembro, fica anulado. Que nos desculpem os nossos estimados colaboradores.
Em compensação, iniciamos neste número um novo Torneio, composto absolutamente de «casos» simples e de fácil dedução.
Se me permitem a opinião, parece-me ter sido uma atitude absolutamente aberrante, anular-se, sem uma justificação muito forte, o torneio que estava em curso, até porque a secção continuava com o mesmo responsável. Faço ideia da quantidade de reclamações enviadas ao responsável, não só pelos decifradores que viram anulados os seus trabalhos, como pelo autor do problema que ainda não vira publicada a solução do seu original, como é o caso do produtor do 3.º problema, já que o 4.º fora obra do próprio orientador.
Depois o orientador agradece os relatórios enviados por novos e bem vindos colaboradores, assiná-la a boa «figura» dos «principiantes»: FARIA JÚNIOR, NOVATO, R.M.A., INSECTOR CRUZ, JOMAR e EU.
Dos veteranos não vale a pena falar; as classificações falam por si. Entretanto esperamos que todos voltem: ERNST WINTER, SETE DE ESPADAS, NATÉRCIA LEITE, MARIA LUIZA, SETE DE ESPADAS, NATÉRCIA LEITE, MARIA LUIZA, LUÍS R. CORREIA, VISCONDE DE VAL’AMOR.
E continuava:
Sobre o nosso «regresso» temos dito.
Saúde e… boas soluções! Matos Maia
E a secção prosseguia, com a apresentação do I TORNEIO – 1.º PROBLEMA - «O CRIME DA RUA DO SALITRE» de Matos Maia, e a BIOGRAFIA – RELÂMPAGO, de Agatha Christie.
A concluir, anunciava-se a possibilidade de PERMUTAS, com as secções congéneres. E ainda que, sob o título de «PERGUNTE O QUE QUISER» se responderia a todas as perguntas sobre o policial, que à secção sejam enviadas.
E terminava, com o esclarecimento de que, futuramente, será publicada a melhor solução recebida, de cada problema, em substituição da solução do autor, como fora feito nas páginas transactas.
# 5 Mas no n.º 17, de 30 de Maio de 1949, como fora anunciado no número anterior, iniciava-se a “secção” «Pergunte o que quiser…», onde se respondia a perguntas postas pelos leitores, neste caso INSPECTOR CRUZ e LUIS R. CORREIA.
AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 4
Divulgava-se a solução do problema n.º 1 «O CRIME DA RUA DO SALITRE», bem como a lista dos solucionistas, todos com 20 pontos, e eram apenas 17 concorrentes.
Em «Fichas Secretas» contactavam-se 7 correspondentes.
Na inaugurada rubrica TRIBUNAL PÚBLICO, um leitor, «Colmes», apresentava as seguintes sugestões:
1.ª) Organizar-se neste Torneio uma competição por EQUIPAS.
2.ª) Iniciar-se uma secção de «casos» curtos, mas difíceis, independentemente dos torneios normais.
3.ª) Efectuar-se um intercâmbio de correspondência, entre os concorrentes.
Apresentava-se abaixo o problema «UM CASO DE CIÚMES», original de Matos Maia, mas não se mencionava em que torneio se integraria.
E a encerrar a secção, dava-se a notícia de que no passado sábado, dia 21, se iniciara na Estação Emissora do Liceu Pedro Nunes, um programa policial radiofónico: RÁDIO-POLICIAL, iniciativa do orientador da secção e de Luís Correia.
# 6 A secção do n.º 18, de 30 de Junho de 1949, abria com respostas
ao Inspector Crafik, no âmbito da rubrica «Pergunte o que quiser…».
Seguia-se a solução do problema n.º 2, «UM CASO DE CIÚMES», acompanhada das respectivas classificações.
Aparecia depois o problema «NA NOITE DE NATAL», original de Matos Maia, mas não trazia número nem nome de torneio.
A coluna «FICHAS SECRETAS», prosseguia com mensagens para mais quatro leitores.
E no «TRIBUNAL PÚBLICO» comentavam-se as propostas apresentadas por Colmes no número anterior, e entre outras iniciativas, concluía-se:
Os «casos» difíceis, iniciar-se-ão no próximo número.
… publicar-se-iam problemas nos torneios normais – originais «da casa» - e uma série de «casos» curtos originais dos colaboradores.
# 7 Também inserida na página EXPERIMENTE OS SEUS CONHECIMENTOS, a secção do ÁTOMO n.º 19, de 30 de Julho de 1949, abria com o 4.º problema do I Torneio, «QUEM FOI O LADRÃO?», original de Matos Maia, e a solução do problema nº 3, «NA NOITE DE NATAL», com as respectivas classificações.
Quatro colaboradores eram contemplados com respostas no espaço de «FICHAS SECRETAS».
E depois, uma pequena informação:
Como tínhamos prometido, publicamos a seguir um problema da série «curtas e difíceis», única e exclusivamente para treino, pois que só na próxima página iniciaremos a contenda. Publicaremos então uns Regulamentos. Este problema não conta, visto que a série é inteiramente preenchida por trabalhos dos nossos colegas.
Começavam assim os «CASOS INSTANTÂNEOS», com o problema: «A MORTE ENTROU NO COMBÓIO…» original de Matos Maia.
E finalizando a secção, o orientador solicitava o envio de colaboração constituída por artigos sobre técnica ou literatura policial, incluindo contos.
AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 5
# 8 A secção do n.º 20, de 30 de Agosto de 1949, em que começou a aparecer na lista de Redactores e colaboradores o nome de MATOS MAIA, divulgou-se o 5.º problema do 1.º Torneio, NA NOITE DO INCÊNDIO, e a solução do problema n.º 4, «QUEM FOI O LADRÃO?
Todavia, o título da página em que a secção vinha sendo inserida, «EXPERIMENTE OS SEUS CONHECIMENTOS», já não ocupava em cima toda a largura da página, mas apenas duas das três colunas.
# 9 Quando a secção do n.º 21, de 30 de Setembro de 1949, apareceu, ocupava, com independência, toda a página 19 do jornal, e exibia um cabeçalho novo, enquadrado num rectângulo, a toda a largura da página, com o título: MISTÉRIO E ACÇÃO, impresso a vermelho, tendo por baixo a designação: Secção do nosso colaborador Matos Maia.
À esquerda, uma pequena figura de homem armado com uma metralhadora, com a sombra do conjunto projectada em fundo.
A página abria com uma chamada de atenção para o seu 1.º aniversário, que se registaria em Novembro, e para o qual se anunciava - muito em segredo já contamos com página e meia ou 2 páginas…
Solicitava-se colaboração para o efeito, e pedia-se, também, opiniões sobre o novo cabeçalho.
Seguiam-se as NOTAS, onde o Matos Maia escrevia:
Porquanto a maior parte dos nossos colegas errou, lamentavelmente, na solução deste problema, por ignorarem o que é um roubo de «choque», nós explicamos do que se trata.
Roubo de «choque», é aquele que é executado por 2 indivíduos. Vão, cada um pelo seu lado (um da direita outro da esquerda), da «vítima» predestinada.
E enquanto um lhe dá um encontrão, uma pisadela, etc., o outro, aproveitando a conversa que a «vítima» trava com o que a agrediu, que se desfaz em desculpas, rouba-lhe a carteira, o relógio de bolso, a caneta, ou qualquer objecto de valor.
Ficamos agora todos a saber o que é um roubo de «choque», não é verdade?
Fichas Secretas, desta vez, dirigiam-se a três concorrentes.
Revelava-se a solução do problema n.º 5, que saíra no n.º 20 de ÁTOMO, e também a solução do problema «A MORTE ENTROU NO COMBÓIO», que fizera parte dos CASOS INSTANTÂNEOS.
Encerrava a secção, a rubrica TRIBUNAL PÚBLICO, onde se publicava o texto que passamos a transcrever, na íntegra, por ser produzido por uma das maiores autoridades do policiário nacional. Ora vejam se o reconhecem…
TRIBUNAL PÚBLICO
PROPONHO QUE…
Por Visconde de Val’Maior.
A propósito das recentes opiniões e sugestões do distinto colega Colmes, eis-nos em liça, frente à luta em causa do sempre querido «desporto» intelectual: - chamemos-lhe assim e com sobrada razão! – o policialismo!
AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 6
Apoiamos sem discussão as ideias: equipas, intercâmbio e casos curtos, mas difíceis de que me proponho falar. Toda a gente sabe, pelo menos quem anda metido nestas andanças, que o lado mais desprezado da competição é a produção. Ao decifrador, estimula a competição com os demais colegas, a incerteza da classificação e, por fim, o prémio mais ou menos valioso, contudo, nunca compensador. Ao produtor, porém, nada disto acontece: publica o seu trabalho bom ou mau sem nada que o estimule a fazer um bom trabalho, porquanto sabe de antemão que nada o incita, por não existir o prémio em disputa.
Até aqui todos concordamos, não é verdade?
Sabemos também que secções como «Mistério e Acção», pobres, por novas, não podem dispor de tantos prémios como seria para desejar. Proponho que, como melhor maneira de remediar o mal, se faça uma subscrição entre os concorrentes, produto da qual reverte a favor da compra de prémios, destinados ao torneio de «casos» curtos, de que Colmes deu a ideia, e que se intitularia: Torneio «Mistério e Acção».
Este torneio seria disputado independentemente do que Matos Maia vem publicando, e o regulamento, com esta simplicidade:
a) Cada produtor enviará 1 problema «caso» curto, mas difícil, e oferecerá qualquer prémio ou donativo, 1$00, 2$50, etc.
b) Este donativo será mencionado na secção com o nome do doador e reverterá para a compra de 2 medalhas: uma para produtores (1.º), outra para decifradores (1.º).
c) Os problemas recebidos seriam publicados um ou dois de cada vez constituindo o Torneio apenas 6 problemas.
d) Todo o decifrador enviará o seu voto (classificação de 1 a 10 pontos) em cada problema, segundo o valor do mesmo.
e) As medalhas terão a inscrição «Amigos de Mistério e Acção» (1.º produtor ou decifrador) – 1949.
Como vêem é simples o regulamento, atrevemo-nos a esperar a vossa concordância.
Pela nossa parte oferecemos 2 livros, os 2.ºs lugares para produtores e solucionistas, e não nos esqueceremos de concorrer.
# 10 Com a mesma composição, a secção do n.º 22, de 30 de Outubro de 1949, apresentava o memo cabeçalho, agora impresso a preto e branco, e com o subtítulo: Secção de Matos Maia.
O seu conteúdo, era o 6.º e último problema, «Quem matou?» do torneio em curso, as classificações do 5.º problema; «NA NOITE DO INCÊNDIO». FLEXAS SECRETAS eram dirigidas a três colaboradores, e dos APONTAMENTOS DO MÊS, retiravam-se as seguintes informações:
No “CAMARADA”, o “Sete de Espadas” continua em progressos com a sua secção.
No “AUDITORIUM”, o Constantino prossegue com os seus enigmas policiais, sob uma orientação e apresentação esplêndidas.
Está à porta o Grande 2.º Torneio.
# 11 A secção do n.º 23, de 30 de Novembro de 1949, que seria a tal comemorativa do 1.º aniversário, apresentava-se com o mesmo cabeçalho da anterior, variando apenas o desenho da figura, agora impresso a verde.
Uma coluna de alto a baixo, à esquerda, trazia em destaque,
AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 7
AO FIM DE UM ANO
H I S T Ó R I A
O orientador descrevia o que tinha sido o percurso do ano de trabalho agora terminado, referindo-se assim ao seu aparecimento:
Apresentação fraca, secção pobre.
Mas as cartas que recebemos dos inúmeros «detectives» espalhados por este Portugal de Camões, acolheram-nos com agrado!
Os elogios, as soluções e as palavras de incitamento, envaideceram-nos, confessamo-lo! Verificamos satisfeitos que tínhamos feito algo de novo, ao agrado dos leitores do grande jornal de ciência.
Seguiam-se mais alguns períodos descritivos dos altos e baixos da secção, e concluía-se:
Precisamos de mais concorrentes!
A «semente» foi lançada. Esperamos que a essa boa vontade e interesse façam com que ela «germine» tão rapidamente quanto possível!
Entretanto, haja o que houver,«doa a quem doer» - «MISTÉRIO E ACÇÃO», crente da fidelidade dos seus poucos colaboradores, que em breve aumentarão, estamos certos, «fronte» erguida, prosseguirá no útil desenvolvimento da sã e instrutiva Literatura Policial.
MATOS MAIA
Iniciava-se a seguir o TORNEIO «AMIGOS DE MISTÉRIO E ACÇÃO», divulgando-se o I – Problema “O JARDIM FATAL” original de ÁLVARO TRIGO.
Anunciava-se para o próximo número o possível regulamento dum concurso de contos, terminando assim: … aguardem o próximo número!
A página terminava com a GALERIA DOS NOSSOS AMIGOS, onde:
Publicamos as fotos de 4 colegas, que sempre nos acompanharam com incitamentos e com a sua colaboração. Publicamo-las sem ofensa ou melindre para os nossos restantes colaboradores.
A todos, um OBRIGADO sincero!
Da esquerda para a direita: Francisco Jardim, Inspector Chafik, Luís R. Correia e Visconde de Val’Amor.
Nota do Jartur:
Com muito espanto, constatei pela fotografia deste último, que ele afinal é o nosso amigo, o famoso: M. CONSTANTINO
No n.º 24, de 30 de Dezembro de 1949, o nome de MATOS MAIA não constava na lista de colaboradores, e a secção deixou de aparecer, sem notícias nem aviso, nas páginas do: ÁTOMO - JORNAL ILUSTRADO DE PUBLICAÇÃO MENSAL E DE DIVULGAÇÃO DA CIÊNCIA E DA TÉCNICA, que sobreviveria até ao n.º 72, com que acabou em 30 de Dezembro de 1952.
Vamos, então, transcrever a totalidade dos problemas.
AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 8
# 1 (#11) Primeiro Problema
UM CASO VULGAR
Original de Joe Match
Acabei de ler a última carta de Simon Lash – conhecido «detective» da New Yard e meu íntimo amigo – datada de 16 do corrente, onde me transcreve um «caso» simplicíssimo, que ele resolveu, sem pràticamente, sair do seu gabinete, durante as férias que passou em nova Iorque.
Eis em breves notas o problema que os leitores terão de resolver, um «caso de caras» como Lash o definiu:
a) A vítima era o conhecido banqueiro Philip Dalton.
b) Apareceu morto no gabinete da sua residência em Book Ave. Um escuro orifício de bala no temporal direito, donde escorria um fio de sangue, que manchava a carpete de elevado preço. Dera com o corpo o mordomo às 4 horas e 15.
c) Um cofre – cujo segredo só a vítima, o secretário e o mordomo conheciam – estava aberto, tendo desaparecido cerca de 800.000 dólares em notas e acções.
d) A vítima segurava na mão direita uma «Star», desprovida de silenciador, em cujo carregador faltava uma bala.
e) O banqueiro tinha feito, ultimamente, um negócio ruinoso, onde perdera alguns milhares de dólares, que pagara com fundos de diversos clientes. A opinião da praça era que com ele não se deviam fazer negócios sem uma garantia prévia. Em suma: a ruína do banqueiro de Wall Street, era inevitável!
f) Junto do corpo foi encontrado um papel com o seguinte:
«6 – 21 – 9 = 13 - (15 – 18 – 20 – 15 =
= 16 – 15 – 18 = 10 – 15 - 5»
g) Segundo a opinião médica, a morte ocorrera entre as 3 horas e 30 e as 4 horas. Morte quase instantânea.
h) Junto à secretária, dissimulado no chão, havia um pequeno botão de campainha que se verificou ser o da chamada para o mordomo ou criados.
i) Declarações de Joseph Spencer, o mordomo: - «Encontrava-se na sala ao lado do gabinete fazendo as contas da despesa diária quando ouviu o patrão conversar com o secretário, e, pouco tempo depois – 4 horas e tal, não fixou a hora exacta – viu sair este batendo com a porta. Cerca de 10 minutos depois, ouviu o toque da campainha e, quando chegou ao gabinete, encontrou o amo morto. Jurou que não tinha matado nem roubado, afirmando que desconhecia a existência do dinheiro».
j) Declarações de John Newton, o secretário: - «Confirmou que, realmente, falara com o banqueiro sobre um capital empatado numas acções, que, segundo a sua opinião, não dariam lucro. A vítima achara que essa opinião era errada. Exaltaram-se e ele, vendo que não chegariam a acordo, saíu exasperado. Sabia que havia dinheiro no cofre, mas jurou não o ter roubado, nem ter assassinado Mr. Dalton».
AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 9
Simon Lash dedicou-se ao «caso» com afinco, e como sempre, acabou por solucioná-lo.
Vejamos, entretanto, as respostas dos nossos «detectives», às seguintes perguntas:
1.ª - Crime ou suicídio? Porquê?
2.ª – Nesta última hipótese, quem teria sido o criminoso?
3.ª – Cite todos os pormenores que encontrou no problema.
# 2 (#12) Solução do Primeiro Problema
UM CASO VULGAR
Original de Joe Match
1) Foi crime. Porque o bilhete encontrado dizia: Fui morto por Joe, e toodos sabemos que Joe é a abreviatura de Joseph. Para decifrarmos o papel, basta numerar o alfabeto (26 letras) para verificarmos que o F corresponde ao n.º 6, etc.
2) O criminoso foi o mordomo que se chamava Joseph.
3) a) O bilhete já citado.
b) Se a «Star» não tinha silenciador, e se ele se encontrava na sala ao lado do gabinete, tinha de ouvir a detonação. E ele não o diz!
c) O orifício não tinha vestígios de pólvora. Prova evidente de que o tiro foi disparado a mais de 6 pés de distância.
d) Como poderia ele ouvir o toque da campainha 10 minutos depois de Newton sair, se a morte foi quase instantânea, e este saiu às 4 horas e tal? Mentira!
e) O móbil do crime foi o roubo – subentende-se. Se o jovem Newton diz que havia dinheiro no cofre, sabendo do seu desaparecimento, era prova evidente de que nada temia. Se, por seu turno, Joseph declarou nada saber, psicologicamente, era porque temia «alguma coisa».
f) O banqueiro escreveu o bilhete em cifra, para evitar que o assassino o fizesse desaparecer. Assim podia confundi-lo com um simples apontamento numérico, como, de facto, sucedeu.
Este foi o raciocínio de Lash.
# 2 (#12) 2.º PROBLEMA - I TORNEIO
A MORTE VEIO ÀS 11 HORAS…
Original de: Luiz R. Correia
Na noite de 11 de Dezembro, Eduardo Pedrosa, conhecido advogado, apareceu morto na sua residência. O agente mira, encarregado das diligências apurou o seguinte:
A) «A morte veio às 11 horas…» - segundo diagnóstico médico. O corpo estava caído junto do leito, tendo um profundo golpe no peito, provocado por uma lâmina aguda, donde o sangue jorrara com abundância. A morte não foi instantânea: a vítima tivera ainda uns segundos de vida. O advogado envergava um fato azul-escuro, camisa branca e calçava luvas de pelica. O leito estava ainda fechado e em ordem, bem como o mobiliário.
AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 10
B) Graciete Velez, noiva da vítima, prestou o seguinte depoimento:
« - Esta noite, cerca das 10 h., recebi um telefonema de Eduardo, pedindo-me que o visitasse, a fim de tratarmos de assuntos relativos ao casamento, pois íamos consorciar-nos em breve. Minutos depois – moro perto – chegava aqui: seriam 10 e 5. O portão do jardim estava entreaberto e entrei. Quase logo, senti uma mão fria tapar-me os olhos e uma voz meiga perguntar: - «Adivinha quem é?». Tranquilizei-me logo ao reconhecer a sua voz. Eram frequentes estas suas brincadeiras. Passeámos algum tempo pelo jardim, como eu notasse que já era tarde, despedimo-nos. Porém, começou a chover torrencialmente, e ele pediu-me que ficasse em sua casa. Aceitei, reconhecida, e fiquei instalada num quarto perto do seu. Como estava com sono, adormeci logo, só acordando quando o sobrinho me veio comunicar a sua morte. E nada mais sei, a não ser que ele despediu o jardineiro há algumas semanas.
C) Depôs a seguir Hernâni Borges, sobrinho da vítima:
« Confirmo em absoluto as declarações de Graciete, minha ex-noiva. Zangámo-nos por uma coisa fútil… Estava à janela do meu quarto quando ela chegou. Vi meu tio tapar-lhe os olhos, e passearem de mãos dadas pelo jardim. Eram talvez 10,45 h., quando eles subiram: quando começou a chover. Fechei a janela, para me deitar. Não cheguei porém a fazê-lo, pois meu tio tinha dito que precisava falar-me antes de me deitar. Enverguei o robe e desci ao quarto dele. Ao chegar ao corredor vi o mordomo sair de lá e meter-se na cozinha. Estranhei o facto, pois não era costume ele entrar no quarto do amo. Corri para lá, e foi então que deparei com o triste quadro! Quase tenho a certeza que foi Jorge que o matou!... Encontrei este lenço junto à porta… tem as iniciais dele…».
D) Por último depôs o mordomo. Jorge:
« - Juro que as insinuações de Hernâni são falsas. Eu não matei o meu bom amo, nem sequer estive no seu quarto. O sr. Hernâni quer apenas incriminar-me! Quem sabe se não foi ele o assassino? Hoje, cerca das 5 horas, fui à biblioteca. Quando passava pelo corredor, vi a porta da sala entreaberta. Pareceu-me ouvi-lo falar ao telefone. Escutei e ouvi-o dizer: «…Não te preocupes, querida! Tudo correrá bem». E nada mais sei, a não ser que Graciete e Hernâni já foram noivos…».
E) Hernâni protestou, alegando que Jorge mentia. Não falava a Graciete há mais de três meses.
F) Graciete, re-interrogada, confirmou as declarações do ex-noivo.
Em face disto, pergunta-se:
1.º - Quem matou?
2.º - Porque pensa assim?
3.º - Como se passou o caso?
# 3 (#13) Solução do Problema n.º 2
A MORTE VEIO ÀS 11 HORAS…
Por Luís R. Correia
Houve cumplicidade entre Graciete e Hernâni. Ambos mentiram nas declarações.
Graciete: «Sentira a mão fria do noivo tapar-lhe os olhos». Impossível, pois que o advogado calçava luvas. Ela também se aperceberia da sua aproximação, pois as folhas caídas – o caso ocorreu em Dezembro – estalariam debaixo dos pés, de secas que estavam.
AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 11
Hernâni: Confirmou as declarações da ex-noiva. Mentiu pois, e assim, temos atestada a cumplicidade. O criminoso foi Hernâni, pois é o tipo mais indicado.
O caso deve ter-se passado assim: Hernâni e Graciete – já haviam feito as pazes – resolveram matar o advogado, para entrarem na posse da herança. Cerca das 5 horas, Graciete telefona ao ex-noivo – conversa escutada pelo mordomo – preocupada com o caso. Este diz-lhe sòmente: «Não te preocupes, querida! Tudo correrá bem». Assim que Eduardo entra no quarto, Hernâni desce para o matar. Entra. O tio, vendo que era ele, de nada suspeita. Só quando vê um punhal, pressente o perigo. Mas é tarde: apanhado de surpreza, não tem possibilidade de defesa.
Então Hernâni, que conseguira apoderar-se de um lenço de Jorge, subiu ao quarto de Graciete a avisá-la.
Ao pretender incriminar o mordomo apresentou o lenço, alegando que o encontrara junto à porta e que tinha visto Jorge sair do quarto do amo.
Afinal o álibi acabou por perder ambos.
# 3 (#13) 3.º Problema
FRATRICÍDIO I
Por Visconde de Valamor
Eram os dois únicos herdeiros de Machado Pontes: Marco tinha lágrimas nos olhos, os lábios tremiam-lhe num tique constante, as mãos, pródigas em espalhar dinheiro sobre «o pano verde», não estavam quietas um momento; Pedro, o outro herdeiro, jazia caído na alcatifa, mãos frias e brancas comprimindo a ferida no peito, corpo sem vida de onde o sangue jorrava pelo buraco negro da bala assassina…
L. N., o agente-chefe da Criminal, ía e vinha ao longo da sala, observando e ouvindo.
Marco continuava a interrompida conversa:
- É verdade senhor, de manhã recebi o bilhete anunciando que iam assaltar a casa. Por isso, quando a noite chegou, sentei-me na escuridão e esperei de revolver em punho, até que vi o vulto, e…
- Que horas eram?
- Acho que deviam ser 20 horas; era escuro e ouvi estilhaçar o vidro. Logo a seguir a janela abriu-se e o vulto saltando saaltando o parapeito, entrou… Então… Então gritei! O vulto tentou fugir e atirei. O resto já sabe: abri a luz e reconheci meu irmão… meu Pedro!
L. N. voltou-se para o médico legista e interrogou-o com o olhar.
- Morte instantânea. Um tiro disparado a 6 metros – foi a resposta do interrogado.
O agente Pessoa, expôs em seguida o seu relatório:
- Nada de impressões digitais, quer na janela, quer nos vidros. As pegadas do lado de fora coincidem com as da vítima. Qualquer pessoa podia saltar, pois a janela não chega a ter 2 metros de altura… nada mais, isto é, nos bolsos do morto, apenas encontrei uma carteira, duas chaves e um lenço.
- Nada mais a acrescentar, Marco?
- Não, senhor. Apenas que eu tinha mandado sair os criados, e assim… bem, eu matei involuntàriamente meu irmão!
AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 12
- Pois bem - volveu L. N. - quanto a mim isto foi um acidente. Porém, o tribunal e os leitores de «ÁTOMO» - a revista de ciência para todos – se pronunciarão.
Portanto…
1) Concorda ou não com a opinião de L. N.?
2) Porquê?
3) Faça um relatório completo do caso.
NOTA: A solução deste problema não foi publicada, por ter sido anulado o Torneio.
# 3 (#13) 4.º Problema
UMA HISTÓRIA…
Por Joe Match
- Quero ver a sua sagacidade, meu velho – dizia Lewis Ford, conhecido jornalista do «World», ao meu jovem amigo Simon Lash.
- Vou apresentar-te a cena de um crime, tal como a encontrarias, se isto se tivesse passado. Repara bem:
- A vítina é o sr. X, banqueiro, conhecido pelas suas excentricidades e bons costumes: colecciona moedas e estatuetas chinesas; não bebe, não joga, só fuma charuto, enfim, um banqueiro exemplar!... – Rematou Lewis escarninho.
- O corpo está caído de borco. Tem um buraco de bala, quase ao meio do peito. Uma pistola - para ser mais concreto, uma «Walther» - está junto à mão direita do cadáver. Perto deste, um pequeno rolo de cordel fino. A arma tem as suas impressões digitais. A única janela do aposento está fechada por dentro. A porta está também fechada por dentro. Por cima da porta há uma pequena fresta onde só cabe, e mal, uma cabeça humana. Não há outro processo de se poder entrar no aposento. Ao meio deste está uma mesa, sobre a qual estão os seguintes objectos: uma máquina de escrever fechada, uma cigarreira, aberta, com 8 charutos, um isqueiro «Tony», uma caneta «Parker», um bloco de papel pautado, um cinzeiro com pontas de charutos en tre tabaco carcomido e tacos de fósforos, e um livro sobre câmbios.
- A cerca de 15 cm do corpo, e próximo de um «maple» está uma caixa de madeira, aberta, tendo dentro as chaves da porta – uma chave e a duplicata. – No fundo, um pequenino orifício que não chegou a furar a madeira fina…
Segundo declarações do sobrinho de X – um boémio, fumador inveterado de cachimbo, e grande entusiasta por novelas policiais, - a vítima não recebeu qualquer visita entre as 21 h. e as 23 h. – hora a que ocorreu a morte. Pelo menos que ele notasse, ninguém entrou. O criado e o secretário confirmam.
- E agora, meu caro – continuou Lewis – vou fazer-te uma revelação e umas perguntas.
- Foi crime! Vais explicar-me:
1) Porquê?
2) Quem foi o assassino?
3) E como saiu ele do aposento?
NOTA: A solução deste problema não foi publicada, por ter sido anulado o Torneio.
AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 13
# 4 (#16) I TORNEIO – 1.º PROBLEMA
O CRIME DA RUA DO SALITRE
Original de: MATOS MAIA
Um dia, numa roda de amigos, contaram-me o «caso» que passo a narrar, pondo em foco a minha sagacidade.
«… X, um desconhecido cidadão português, foi assassinado na sua residência, na Rua do Salitre.
Foi Y, um ex-cunhado do morto e que vivia só com ele, na mesma casa, quem relatou o pouco que sabia:
«Estava no meu quarto que deita para a sala – onde apareceu o corpo – diante do espelho a pentear-me, pois tinha ficado de me encontrar com uns amigos no «Chave de Ouro», quando alguém que eu não vi, me deu uma forte pancada na cabeça.
Com a dor, ajoelhei e fiquei por momentos atordoado.
Quando me levantei e corri para a sala, vi a porta que deita para a escada aberta e X estendido no chão, numa poça de sangue…
Corri imediatamente à rua e telefonei à Polícia.
Desconfio que o assassino seja A, um ex-condiscípulo de X, a quem este roubou a noiva, casando com ela.
Mas o «romance» de amor durou pouco. No fim de três meses de casados ela morreu com uma febre intestinal.
A, jurou vingar-se da afronta e, perante os amigos, declarou que X a tinha morto.
O agente da P. I. C., verificou que X morrera com uma bala calibre 6.35 em pleno coração, ocasionando-lhe morte instantânea.
O corpo estava caído de borco junto de uma mesa, numa poça de sangue que alastrava pelo encerado do soalho.
Y mostrou ao agente uma contusão na fronte, local onde levara a pancada.
O quarto de Y, era um aposento medindo aproximadamente 6x4 metros. O espelho era uma forte chapa de cristal, inscrustada na parede fronteira à porta, ocupando parte daquela, desde o tecto baixo até ao soalho.
Evidentemente que o agente da Criminal prendeu imediatamente Y, acusando-o de ter assassinado X e mentido à autoridade.
Esta é a história, bem simples, por sinal.
Os nossos prezados colaboradores enviarão os seus relatórios, no prazo estipulado, baseando-os no seguinte:
-Que motivos levaram o agente a prender Y?
M. M.
AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 14
# 5 (#17) Solução do Problema n.º 1
O CRIME DA RUA DO SALITRE
Solução apresentada por REIPINHO, do Alfeite.
«A mentira de Y vê-se logo ao primeiro exame do problema, pois estamos em frente do espelho e, sendo a porta exactamente por detrás daquele, era impossível ao atacante chegar até ele e dar-lhe com uma coisa na cabeça, sem ser visto, logo que era lá que a sua atenção estava fixada quando se penteava. Outra coisa era certa: é que se o atacante tinha de passar pela sala onde se encontrava X, e se este estava lá, dava imediatamente sinal de alarme, ou, não o dando ele, dá-lo-ia o tiro que o matou e Y não seria nunca atacado de surpresa. Portanto, ele mentia!
O assassino não podia ser outro senão o próprio cunhado, que ouvira A dizer em público que mataria X, e sobre quem iriam, portanto, cair todas as suspeitas do crime.
# 5 (#17) I TORNEIO – 2.º PROBLEMA
UM CASO DE CIÚMES
Original de: MATOS MAIA
SIMON LASH sorriu. E, pausadamente, disse:
- «O senhor mentiu! Portanto, escusa de negar. Vou ler-lhe as suas declarações e você próprio verificará que cometeu erros. Repare:
«… Telefonei-lhe, pois minha noiva está morta, como vê. Estrangulada! Não sei quem tenha sido o bandido!...
Íamos casar-nos para a semana!
Hoje telefonara-lhe para o emprego dizendo-lhe que a vinha buscar às 10 horas, para irmos ao teatro.
Mas demorei-me um pouco mais a jantar e, quando saí do restaurante, eram precisamente 9 e 50 – lembro-me bem, porque um transeunte me perguntou as horas. Estava a chover torrencialmente. Fiquei aborrecido, como é de calcular.
Não consegui apanhar nenhum autocarro, pois todos iam cheios, nem arranjar um «táxi». Não tinha levado o impermeável e meter-me à chuva vestido como estava, era uma loucura!
Esperei pacientemente que a chuva passasse. Mas como o tempo se mantinha na mesma, aproveitei uma ocasião em que chovia menos e vim ter com ela. Cheguei cá eram 10 e 40, molhado até aos ossos.
Bati à porta e ninguém me respondeu. Chamei o porteiro e pedi-lhe que me abrisse a porta, após ter-me declarado que não vira Nora sair.
Entrei precipitadamente e vi o triste espectáculo. Foi então que lhe telefonei»
LASH fechou o livro. O homem olhava-o, lívido e tremente.
- Agora repare no corpo e diga-me ainda que não a matou!
Nora envergava um comprido robe de seda, que lhe moldava o corpo airoso. Estava caída junto dum maple, sobre o limpo e esmerado encerado do soalho. As mãos bem tratadas e sem anéis, estavam estendidas para a frente como num gesto de súplica.
O aposento estava em ordem. A porta da escada de serviço estava encostada. Alguns pingos de água tinham manchado o soalho naquele sítio.
O homem curvou a cabeça.
- Está bem, venceu! Não estou arrependido. Ela enganava-me!
PERGUNTA-SE:
1) – QUE PORMENORES INDICARAM A LASH QUE O HOMEM MENTIA?
AHPPP – MISTÉRIO E ACÇÃO 15
# 6 (#18) I TORNEIO – Solução do 2.º PROBLEMA
UM CASO DE CIÚMES
Apresentada por: FAZ-TUDO (Alfeite)
Nora envergava um comprido robe de seda e tinha as mãos bem tratadas e sem anéis… Portanto, ou fora assassinada antes de ir para o teatro ou esse convite era uma invenção do noivo. Por sua vez o porteiro, assim como notou que Nora não tinha saído, também decerto teria notado a entrada de qualquer visitante pela escada principal. O criminoso entrou, portanto e de facto, pela escada de serviço, e fê-lo antes de começar a chover. Lá estava a afirmá-lo «o limpo e esmerado encerado do soalho» pois, no caso contrário, por muito protegido que o assassino estivesse contra a chuva, molharia os pés, pelo menos, pois as escadas de serviço são exteriores. Quando ele saiu - pelo mesmo caminho – então já chovia. E, a atestá-lo, temos os pingos de água junto à porta.
Com efeito, se não havia «táxis», se estava molhado até aos ossos, e entretanto a chuva não parava; se, enfim, tinha já 40 minutos de atrazo, porque insistiu ele ainda em ir a casa da noiva? Para a levar ao teatro? Evidentemente que não… Fê-lo sim, para preparar um «álibi».
Faz-Tudo (Alfeite)
# 6 (#18) I TORNEIO – 3.º PROBLEMA
NA NOITE DE NATAL
Original de: MATOS MAIA
Era dia de Natal. O dia da família, do sossego e da paz. Porém, estes três predicados não reinavam em todas as famílias.
A família Warth era uma delas.
Simon Lash, um dos «detectives» da New Yard, fora solicitado telefonic. amente ao palacete de Baker Street. O velho Warth aparecera assassinado.
Lash tomou nota da ocorrência:
O velho envergava umas botas altas, de pelica preta, e um largo fato de flanela vermelha, debroado a branco. A sua cabeça, quase desprovida de cabelos ostentava agora uma larga cabeleira branca, postiça. Na mão direita segurava ainda umas barbas, também postiças. Era óbvio que Warth se preparava para servir de Pai Natal!
Estava caído para a frente, meio encolhido diante da janela fechada do pequeno quarto.
Douglas, enteado da vítima declarou que após o jantar, esta lhe dissera confiadamente que ia ao 1.º andar, àquele quarto – um quarto que só servia para hóspedes – vestir-se de Pai Natal. Pedira-lhe que guardasse sigilo sobre o assunto. De seguida fora para o jardim fumar, até que ouviu gritos em casa e foi correndo ver o que se passara. Fora ele quem telefonara à Scotland.
Ruth, filha do assassinado, disse que após o jantar este saíra da sala de braço dado com Douglas. Nunca mais viu os dois até que ouviu a mãe gritar. Foi ver o que era e encontrou o pai morto. Depois do jantar ficara na sala a conversar com Mary, uma amiga íntima e visita assídua da casa.
Mary prestou depoimento idêntico ao de Ruth.
A sr.ª Warth declarou que, após o jantar, o marido saíra da sala em companhia de Douglas. Pouco depois ela saiu também e foi à cozinha dar umas ordens aos serviçais, (os criados confirmam). Regressou de novo à sala, mas, ao passar pelo quarto de hóspedes, ouviu um ruído de vidros quebrados. Abriu a porta e viu o marido morto. Gritou em seguida. Depois, não se lembra de mais nada: desmaiou.
AHPPP - DETECTIVE MAGAZINE 16
A janela do quarto, que deita para o jardim, tinha um dos vidros quebrados e alguns pedaços estavam caídos sobre o corpo.
A bala homicida penetrara-lhe em pleno peito, causando morte instantânea.
Com estes dados Lash prendeu o criminoso.
PERGUNTA-SE:
1) – Quem matou?
2) – Como chega a essa conclusão?
# 7 (#19) I TORNEIO – Solução do 3.º PROBLEMA
NA NOITE DE NATAL
Solução (resumo) apresentada por: REIPINHO (Alfeite)
«O velho Warth foi morto pela mulher. Porquê?
Douglas saíra mais o velho e fora para o jardim, fumar descansadamente. – Ora, se fosse ele o assassino, não iria declarar abertamente que estivera no jardim, pois que, inicialmente, a Polícia tê-lo-ia como suspeito principal, devido às circunstâncias…
Quando o velho entrou no quarto, a senhora Warth foi à cozinha e deu as suas ordens aos criados, e depois entrou no 1.º andar (geralmente as cozinhas são no rés-do-chão) e matou o marido.
Para ficar ilibada partiu o vidro e dispôs os pedaços sobre o corpo.
Assim as suspeitas cairiam sobre Douglas.
A senhora Warth, porém, esqueceu-se, ou não sabia, que uma bala ao atravessar um vidro não o quebra, mas o perfura ou estilhaça, pulverizando-se os pequenos pedaços resultantes.
Eis os principais pormenores, pois que há mais, mas de ordem secundária e apenas com relativo interesse para a solução.
REIPINHO (Alfeite)
# 7 (#19) 1.º TORNEIO - 4.º PROBLEMA
QUEM FOI O LADRÃO?
Original de: MATOS MAIA
Walter James, um velho milionário inglês, apresenta a sua queixa na New Yard. Ao entrar para o seu automóvel, à saída do seu escritório, tinha sido ameaçado por um indivíduo armado, que lhe furtara uma pasta contendo 800.000 «dolars».
Como sempre, foi Simon Lash o encarregado do «caso».
Após aturadas investigações, Lash apurou que o ladrão era um dos 6 indivíduos suspeitos.
Eram eles: Murdok, Howard, Gilman, Muller, Smith e Henry.
E Lash conseguiu prender o ladrão, baseando-se em que:
1) – Henry nunca empunhara uma arma.
2) – Muller fora detido em estado de embriaguês pouco antes do assalto ao milionário.
3) – Smith era especialista em roubos de «choque».
4) – Murdok e Gilman «actuavam» sempre juntos.
Com estes dados os leitores responderão:
- QUEM É O ASSALTANTE?
M. M.
AHPPP - DETECTIVE MAGAZINE 17
# 7 (#19) 1.º TORNEIO - Solução do 4.º PROBLEMA
QUEM FOI O LADRÃO?
Apresentada por: Della (Caldas da Rainha)
Foi Howard quem roubou a pasta com o dinheiro, pois qualquer dos outros, ou não podia estar no lugar naquele momento, ou não era aquela a sua «especialidade».
Resta-nos, assim, Howard.
# 8 (#20) 1.º TORNEIO - 5.º PROBLEMA
NA NOITE DO INCÊNDIO
Original de: MATOS MAIA
Era uma madrugada fria de Outubro quando Simon Lash estacou o seu pequeno «torpedo» junto do palacete do milionário , o qual aparecera morto na sua biblioteca, em circunstâncias deveras singulares. Nessa mesma noite declarou-se fogo no edifício, mas que não chegara a passar na biblioteca.
Lash saltou em terrra e atravessando o jardim, dirigiu-se para a casa. Bombeiros corriam ainda para acudir ao rescaldo.
- Ouça primeiro o que lhe vou contar – disse o inspector à guisa de apresentação. – Depois lhe mostrarei o cadáver. Não se tocou em nada! Na casa há quatro pessoas além do defunto: Mary Price, criada de quarto do milionário. Tem vinte e dois anos. Estava ao serviço da casa há já 5 anos; Bernard Price, irmão de Mary. Tem 18 e era protegido do milionário, desde os 10 anos. Apareceu desmaiado junto do cadáver. É músico na orquestra do «Night and Day», o conhecido «cabaret»; Bing Pevoy, o sobrinho do milionário tem, 25 anos e é estudante em Oxford; e por último Jonh Bruce, o motorista. Tem 28 anos e é noivo de Mary. Estava ao serviço de Boyson apenas há meses.
- Todos estavam a dormir nos seus quartos, que ficam no 3.º andar, quando foi dado o alarme à 1,15 horas.
Declaração dos habitantes:
Bing Pevoy: - Eram 11,30 horas quando desci ao jardim, onde estive uns momentos a passear, pois não conseguia conciliar o sono, devido a uma forte dor de dentes. Era quase meia-noite quando resolvi regressar. Ao passar junto da biblioteca deparei com o corpo de Mary caída no vão da escada, imóvel, sem aparentes sinais de vida. Foi então que vi densos rolos de fumo saindo pela porta aberta da biblioteca. Entrei, e de súbito, tropecei em qualquer coisa que me pareceu ser um corpo humano. Acendi a pilha de bolso, de que ando sempre munido, e verifiquei assombrado que não me enganara. Era com efeito um corpo, o corpo de meu tio Charles. Junto do corpo vi um pequeno estilete, tendo gravado no cabo as iniciais B. P. Confesso que fiquei bastante desorientado, que nem sequer me ocorreu evitar o fogo que dum momento para outro se declararia, nem dar o alarme. Corri rapidamente a refugiar-me no meu quarto, donde só passados momentos tive ânimo suficiente para telefonar dando o alarme. E é tudo…
AHPPP - DETECTIVE MAGAZINE 18
Mary Price: - Eram 11,45 horas, pouco mais ou menos, quando fui atraída por um cheiro esquisito a queimado, que me pareceu vir de baixo. Temendo qualquer desgraça, desci ao 2.º andar e notei que um fio de fumo se escapava da porta da biblioteca. Abri-a, e vi a biblioteca cheia de fumo. Decididamente entrei. Avancei alguns passos e de repente tropecei em qualquer coisa, e a custo abafei um grito de espanto ao ver a chama trémula trémula dum fósforo. Mr. Boyson, jazendo por terra. Sufocava-se ali dentro. Aterrorizada corri para a saída, mas não cheguei a transpor o limiar. Senti uma dor aguda na cabeça, e caí desmaiada por terra. Quando voltei a mim, achava-me deitada no vão da escada. Nada mais sei dizer!
Bertrand Price: - Seriam meia noite e cinco, quando notei cheiro a fumo. Desci rapidamente, e ao atingir o 2.º andar vi logo do que se tratava: havia fogo na biblioteca! Baforadas de fumo negro saíam pela porta aberta e as labaredas alastravam-se rapidamente. Corri imediatamente a buscar um balde de água à casa de banho que fica do lado oposto à biblioteca. Mas não cheguei a servir-me dela. Quando transpunha a porta uma névoa passou-me pela vista, e caí para a frente. Felizmente que os senhores chegaram, arrancando-me duma morte certa e horrível!
John Bruce: - Estava a dormir quando Mr. Bing me veio acordar dizendo que a casa estava a arder. Claro que saltei logo do leito!... Lembro-me também que em dada altura da noite ouvi ruído de passos na escada, mas como estava um pouco atordoado pelo sono não tive consciência para ver as horas
De seguida Lash, precedido pelo inspector, foi examinar a biblioteca.
O aposento estava uma autêntica ruína. Lash ficou à porta inspeccionando-o cuidadosamente. O corpo de Boyson jazia no soalho, próximo dum canapé, no meio de jornais queimados e revistas, onde evidentemente se tinha originado o incêndio. Tinha as roupas queimadas, bem como o cabelo e o rosto. No peito, sobre o coração, tinha uma profunda ferida, cuja superfície se apresentava ligeiramente queimada. Lash curvou-se sobre o corpo examinando atentamente.
Por fim ergueu-se e começou remexendo nos jornais, molhados e carbonizados. E no meio de tudo Lash encontrou um pano de algodão absorvente.
- Clorofórmio, inspector. Ainda se pode sentir o cheiro, apesar do fogo.
O cheiro do clorofórmio era débil, mas ainda sensível.
Lash consultou os apontamentos que tomara e sorrindo para o inspector, disse:
- Já tenho a solução do «caso». Ergui uma hipótese, e ela ajusta-se perfeitamente às «pedras soltas» que eu já possuía. Olhe…
Petrgunta-se:
1) – Qual é a sua opinião sobre o «caso»?
2) – Foi crime ou suicídio?
3) - Como se deve ter passado o «caso»?
M. M.
AHPPP - DETECTIVE MAGAZINE 19
# 9 (#21) Solução do Problema n.º 5
NA NOITE DO INCÊNDIO
Original de: Matos Maia
1- O milionário foi assassinado. O criminoso foi o sobrinho Bing Pevoy.
- Mas… - tenta atalhar o inspector.
- Oiça o resto inspector. Depois diga a sua opinião. As declarações de Bing eram totalmente falsas!
Deste modo o caso passou-se da seguinte maneira:
Bing – segundo diz nas suas declarações – desceu para o jardim, às 11,30. Mas não fez tal; desceu sim, mas para a biblioteca onde se encontrava o tio. Entrou, e este vendo que era o sobrinho não desconfiou de nada.
Então Bing aproximou-se sorrateiramente por detrás do milionário, com uma mão segura-o enquanto que com a outra lhe aplica o pano embebido em clorofórmio, sobre o nariz e a boca. O milionário desmaiou. Nessa altura Bing incendeia os jornais e revistas e coloca o corpo junto dos mesmos, para dar a aparência de acidente. Assim o milionário morreu por intoxicação, em virtude do fumo que se desprendia dos jornais.
Mas enquanto fazia tudo isto cai-lhe do bolso, sem ele notar, um pequeno estilete com as suas iniciais.
Depois de consumado o seu acto odiento vai para sair, mas ouve passos na escada. Refugia-se na biblioteca e dai a pouco entra Mary. Então, quando ela vai para sair, depois de ter visto o morto, abate-a, arrastando-a para o vão da escada, deixando a porta da biblioteca aberta.
Mas aí, caro inspector, houve um pormenor que descurou. Esqueceu-se que enquanto ele abatia Mary, a porta se encontrava aberta. E nesse espaço de tempo o oxigénio entrava livremente e ateava o incêndio. Ora, Bing diz nas declarações que só viu fumo…
Sobe depois a escada para se refugiar no quarto, mas nessa altura soam novamente passos na escada. É Bertrand que desce.
Volta a refugiar-se no vão da escada junto do corpo de Mary. Bertrand vê o fumo e corre à casa de banho.
Regressa, e ao entrar na biblioteca Bing dá-lhe uma pancada na cabeça, fazendo-o desmaiar.
Então, teve uma ideia! Põe o corpo do jovem Price junto docadáver do milionário. Foi aí que viu o estilete. Apanha-o e esfaqueia o corpo do tio, para dar a impressão de que tinha sido Price o assassino, pois que as iniciais do estilete, tanto se adaptavam ao seu nome, como ao de Bertrand.
Mas aí houve outro pormenor que o perdeu!
Não lhe ocorreu ou ignorava, que o corpo de um homem já morto, quando recebe uma facada, a ferida não sangra normalmente, porque o coração não palpita e a circulação do sangue está parada. A coagulação não se dá.
Só o coração dum homem vivo, que recebe uma facada, bate com grande força e descontrola-se, espirrando sangue para longe.
E pronto, inspector, este foi o meu raciocínio, baseando-o em alguns pontos de forte convicção! Que vai fazer?
- Que… vou fazer? Mas, evidentemente, prender Bing Pejoy, por assassino do seu tio!
AHPPP - DETECTIVE MAGAZINE 20
CASOS INSTANTÂNEOS
# 7 (#19) A MORTE ENTROU NO COMBÓIO
Problema original de: Matos Maia
Eis a traços largos mais um «caso» do nosso conhecido SIMON LASH, um «caso» de assassínio cometido num comboio, onde o «detective» viajava.
O dr. Edward Burks aparecera assassinado no seu compartimento. O gabinete estava uma autêntica ruína: mesas e cadeiras caídas, jarras quebradas, malas abertas, roupas em desalinho, livros e papeis espalhados pelo chão. – A vítima apresentava três profundas punhaladas. Uma em pleno peito e duas sobre os pulmões. O rosto estava ensanguentado, cheio de equimoses e arranhões. Era óbvio que a vítima lutara desesperadamente com o assassino.
Numa das unhas do doutor, um pequeno fragmento de pele. Debaixo dum sofá, uma «Star», carregada. No chão, próximo do corpo, um dente.
Após algumas investigações – e depois de averiguar que o gabinete do Dr. Era o único ocupado naquele vagon – Lash deteve dois indivíduos; San Lupe, um negociante alemão, e Jones Fishman, um negro, músico de jazz.
Nos laboratórios da Yard, averiguou-se que: o dente depois de reduzido a pó, tomou uma cor esverdeada – e o pedaço de pele após aturados exames e provas fluoresceu.
A ambos os detidos faltava um dente. Fishman declarou que o havia partido numa briga e Van Lupe, que se embriagara, caíra…
Com estes dados Lash prendeu um dos suspeitos como assassino.
Pede-se um relatório completo do «caso».
# 9 (#21) Solução do Problema
A MORTE ENTROU NO COMBÓIO
Original de: Matos Maia
O assassino do Dr. Burks foi Van Lupe, o negociante alemão.
Lash chegou a essa conclusão porque:
1) Só os dentes de indivíduos de cor branca, depois de reduzidos a pó, tomam a cor esverdeada. Com os indivíduos de cor fica laranja-avermelhado.
2) A pele encontrada no gabinete, fluoresceu. Daí se conclui (segundo as últimas investigações científicas) que pertencia a um homem branco, pois que com os negros a pele só fluoresce se for queimada ao sol.
Assim não está certo, amigos Sherlock-Holmes!
Então queriam «casos» curtos… mas difíceis, ou não?
Que desânimo foi esse?
AHPPP - DETECTIVE MAGAZINE 21
# 10 (#22) 1.º TORNEIO - 6.º e ÚLTIMO PROBLEMA
QUEM MATOU?
Original de Joe Match
Após uns dias de chuvas contínuas e pesados nevoeiros, o sol, um ssol brilhante e quente – como os ingleses já não viam há muito – inundava a cosmopolita cidade de Londres.
Os ingleses despiram os usuais impermeáveis, para envergarem fatos leves e respirarem amplamente aquele sol benéfico de que a natureza os doara por uns tempos.
Num sombrio e enorme casarão – a Scotland – em New S. Y., o sol batia de chapa, refulgindo nas centenas de vidros das grandes janelas. Lá dentro, como de costume, trabalhava-se afanosamente nas diversas secções.
No seu pequeno e modesto gabinete, Simon Lash, o jovem «detective» londrino que a Inglaterra adora como um ídolo, revia os apontamentos dos diversos e inúmeros «casos» que resolvera, aproveitando umas bem merecidas férias.
Foi então que pela primeira vez, Lash leu entre todos o segundo «caso» que resolvera. Um «caso» simples, em toda a acepção da palavra, mas com o qual andara a braços diversas semanas. Mas… que diabo!, era o segundo «caso» e tinha uma certa desculpa!
Por amável deverência do «detective» que nos cedeu os apontamentos, vamos transcrevê-lo aos nossos colegas. Pode ser que tenhaam mais sorte que Lash. Aliás, só têm quinze dias…
«… Herbert Wren, um dos melhores «detectives» da Yard – um grande cérebro, na opinião do Inspector-Chefe – e aamigo íntimo de Lash, aparecera morto na sua residência, com duas balas nas costas. Uma perfurara-lhe o coração, ao passo que a outra se alojara nos pulmões.
«Morte quase instantânea» - dissera o médico legista – mas posso afirmar que a vítima teve consciência para conhecer o seu agressor. Se ele pudesse falar… mas está morto!».
Wren morava no rés-do-chão dum prédio modesto, em Regent Street. Vivia sòzinho.
Quem descobrira o cadáver fora a mulher da limpeza às 10,30 horas da manhã. Comunicara à senhoria o socedido, que por sua vez telefonara à Polícia, contando atabalhoadamente o caso.
Num pequeno jardim que circundava a casa, Lash – encarregado do caso – encontrou duas séries de pègadas que iam do portão à janela do quarto da vítima e vice-versa. Fácil foi chegar à conclusão de que pertenciam a um só indivíduo.
Um vidro da janela estava partido, por onde, introduzindo uma das mãos, se abriria o fecho com facilidade…
Sobre a relva, viçosa e bem cuidada do jardim, alguns fragmentos de vidro jaziam, testemunhas mudas da tragédia que se desenrolara.
Lash atirou-se ao trabalho afincadamente.
Mediu as pègadas; cada pègada media precisamente 25 cm. Traçando uma linha de marca, Lash verificou que os calcanhares incidiam mais no terreno do que as pontas dos pés. Tomou apontamentos.
AHPPP - DETECTIVE MAGAZINE 22
Após aturadas investigações Lash conseguiu averiguar na companhia de quem Herbert tinha estado na noite fatal.
Reuniu os suspeitos e para resumir traçou um pequeno esboço da personalidade de cada um.
Eis as suas declarações:
Florette: - 25 anos. Bonita, bastante bonita. 1m,60 de altura. Empregada num bazar. Ia casar com a vítima no mês seguinte. Ao comunicar-lhe a morte do noivo, desmaiara.
Fora falar com Herbert sobre o enxoval e documentos necessários para o casamento.
Achara-o alegre, bem disposto, como sempre.
David Nigel: - 53 anos. Bem musculado para a idade. 1m, 64 de altura.
Falara com o «detective» sobre o casamento da sua enteada.
Não via «aquilo» com bons olhos.
«…Nunca gostei de polícias…» - dissera. Encontrara Herbert bem disposto. Fumaram e beberam juntos um «whisky and soda».
Rafael Lopez: 35 anos. Estatura normal (1m,58). Bastante largo de ombros. Falara com a vítima para saber se queriam – ele e Florette – ir naquela noite à Ópera. Pretextando uns afazeres sobre o casamento, Herbert declinara o convite amavelmente.
Joe Bentew: - Verdadeiro tipo britânico. Alto (1m,87) e louro. Fora transmitir a Wren uma comunicação urgente do Inspector-Chefe da Yard.
Walter George: - 38 anos. 1m,72 de altura. Autêntico tipo de «gentleman». Rosto sombrio, de maçãs salientes.
Negou terminantemente que tivesse falado com Wren. Chegara a entrar no edifício, mas para o que ia fazer, apenas visitá-lo, não entrara.
Numa das mãos enclavinhadas do morto foi encontrado um pequeno medalhão, tendo gravado o seguinte: «De F. a H.».
Lash interrogou Florette, que declarou que o tinha oferecido nesse dia a Herbert.
E Lash não encontrou nada que provasse o contrário.
Andou algumas semanas com o «caso» entre mãos, após as quais se fez luz no seu cérebro.
Tinha um «dado» que o levaria à captura do criminoso. Era tão insignificante, que lhe passara despercebido.
E Lash procedeu à prisão de…
Pergunta-se:
1) – Quem foi o assassino?
2) Qual o motivo porque chega a essa conclusão?
3) No decorrer do «caso» que pormenores encontrou mais?
NOTA: A solução deste problema não foi publicada, por ter acabado a secção.
AHPPP - DETECTIVE MAGAZINE 23
# 11 (#23) TORNEIO «AMIGOS DE MISTÉRIO E ACÇÃO»
I Problema
O JARDIM FATAL
Original de ÁLVARO TRIGO - Lisboa
O «detective» Birck Douglas foi chamado à vivenda da condessa Agatha para resolver um caso de crime, ocorrido no jardim.
O cadáver do caseiro estava caído na relva, entre o lago e uma pequena floresta, cheia de árvores e arbustos. O morto estava a 10 metros do lago e tinha uma bala em pleno peito: morte instantânea.
INTERROGATÓRIO:
Condessa: - Viu o caseiro pela última vez no dia anterior. Só estavam em casa com ela, o morto, Joe, Peter e Baby. Não notou nada de extraordinário no caseiro e julga que o criminoso é Peter.
Peter: Para ele quem tinha cometido o crime fora a condessa, embora todos odiassem a vítima. Desde que a condessa despedira o caseiro este tinha jurado vingar-se…
Quando ouviu o tiro, estava no bosque.
Joe: Estava no lago nadando, quando ouviu o tiro. Ouviu ainda o criminoso fugir. Não tocara em nada.
Baby: Estava a fazer «tricot» quando ouviu a detonação. Chegoiu ao lago e viu a condessa, Joe e Peter.
Tinha ouvido naquele dia o caseiro dizer que tinha de ir ao correio levar uma carta da condessa.
Douglas apurou que a condessa ia despedir o caseiro, que era odiado por todos. O «detective» ajoelhou junto do cadáver, que estava caído de bruços e com os braços estendidos à frente da cabeça – em direcção ao lago – e entre as mãos a carta que levava para o correio, com o remetente de Agatha.
A condessa negou ter posto na bandeja alguma carta.
A condessa e Peter tinham tido em tempos um «flirt» que acabara muito mal. E os resultados estavam à vista: acusações recíprocas!
PERGUNTA-SE:
1) Quem matou?
2) Porque pensa assim?
NOTA: A solução deste problema não foi publicada, por ter acabado a secção.
AHPPP - DETECTIVE MAGAZINE 24
SECÇÃO POLICIÁRIA DIRIGIDA POR: JOE MATCH (MATOS MAIA)
20 de Janeiro de 1948 / 30 de Novembro de 1949
QUADROS DE LISTAGEM
DOS PROBLEMAS PUBLICADOS NA SECÇÃO
NOTA: Indicam-se, por ordem: n.º do jornal; data do jornal; n.º do problema; título do problema; nome ou pseudónimo do autor; e n.º onde se publicou a solução.
I T O R N E I O ( A N U L A D O N O N.º 4 / 30.04.1949 )
N.º Data Prob. Título Autor Solução
11 20.11.1948 1 UM CASO VULGAR Joe Match # 2
12 20.12.1948 2 A MORTE VEIO ÀS 11 HORAS Luiz R. Correia # 3
13 30.01.1949 3 FRATRICÍDIO I Visconde de Valamor Não publicada
4 UMA HISTÓRIA… Joe Match Não publicada
I T O R N E I O
N.º Data Prob. Título Autor Solução
16 30.04.1949 1 O CRIME DA RUA DO SALITRE Matos Maia # 17
17 30.05.1949 2 UM CASO DE CIÚMES Matos Maia # 18
18 30.06.1949 3 NA NOITE DE NATAL Matos Maia # 19
19 30.07.1949 4 QUEM FOI O LADRÃO Matos Maia # 20
20 30.08.1949 5 NA NOITE DO INCÊNDIO Matos Maia # 21
22 30.10.1949 6 QUEM MATOU ? Matos Maia Não publicada
C A S O S I N S T A N T Â N E O S
N.º Data Prob. Título Autor Solução
19 30.07.1949 1 A MORTE ENTROU NO COMBÓIO Matos Maia # 21
Elaboração de:
“Jartur” João Artur Mamede
Porto, 6 de Agosto de 2010
1 comentário:
É Visconde de Val'mor ou de Valamor o pseudónimo do confrade M Constantino nos idos de 1948 (ainda tardei quase 20 anos!)?
Deco
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