Publicamos hoje as soluções oficiais das
duas partes da prova n.º 2 do Campeonato Nacional 2012.
SOLUÇÃO DA PROVA N.º 2 - PARTE I
“O ALVES, EMIGRANTE OBRIGATÓRIO”, original de LUMAPE
O nosso Alves foi enganado com as promessas
fáceis dos oportunistas que espreitam, em cada esquina, aqueles que estão
desesperados.
Talvez por isso nunca mais apareceu.
O Alves foi notificado num dia 21 e tinha
um prazo para pagar de 15 dias corridos, porque se fossem úteis, essa
informação tinha de ser fornecida. Portanto, como sabemos que o dia da
notificação não conta, iniciamos a contagem a 22.
Por outro lado, sabemos que é no “dia de
são senhorio” que se completa o prazo, portanto, no dia 8 do mês seguinte.
Ora, de 22 (inclusive) a 28, são 7 dias, que
com mais os 8 do mês seguinte, completarão os 15 dias.
Portanto, a conclusão óbvia é que foi
notificado a 21 de Fevereiro e o prazo decorria até ao dia 8 de Março.
As promessas que lhe fizeram foi de que ia
trabalhar nos acabamentos das obras de uns Jogos Olímpicos que iam ocorrer dali
por alguns meses e com isso teria trabalho assegurado para esses meses. Só que
isso era falso. Os Jogos Olímpicos decorrem sempre em anos bissextos, anos em
que o mês de Fevereiro, como é sabido, tem 29 dias e não 28. O angariador de
trabalhadores mentiu-lhe, aproveitando-se do seu pouco conhecimento dessas
coisas, bem patente no facto de nem saber onde eram os Jogos, apenas “algures
no mundo”.
O Alves partiu e não regressou.
SOLUÇÃO DA PROVA
N.º 2 – PARTE II
“ROUBAR É FÁCIL! DIFÍCIL É ESCAPAR À
POLÍCIA!”, de RIP KIRBY
Todos os lingotes tinham 200x70x50mm, que
eram as dimensões interiores das caixas que continham o mercúrio, portanto o
seu volume era igual a 700 cm3. O mesmo acontece com o mercúrio que vinha
acondicionado nas caixas que, como já vimos tinham servido de lingoteiras para
fazer os lingotes.
Vejamos agora qual o peso específico de
cada um dos materiais em questão. Chumbo, 11,34 gr/cm3; cobre, 8,93; ferro,
7,86; irídio, 22,4; níquel, 8,9; ouro, 19,3; platina, 21,45; titânio, 4,5.
Finalmente, temos o mercúrio, cujo peso específico é 13.59 gr/cm3 a 20 graus de
temperatura, que era a que se fazia sentir em casa dos três irmãos, quando o
sucateiro lá foi.
Por isto, e feitas as operações
necessárias, verificamos que cada um dos irmãos possuía as seguintes
quantidades de metal:
António - 40,510 kg de ouro; 79,38 kg de chumbo; 47,579 kg de mercúrio;
totalizando 167, 469 kg .
Alberto - 62,51kg de cobre; 49,518 kg de ferro; 56,07 kg de níquel;
totalizando 168,098 kg .
Anastácio - 60,06 kg de platina; 62,72 kg de irídio; 47,25 kg de titânio; o que
soma 170,03 kg .
Perante estes números, como o contrato
previa que todos os materiais seriam pagos ao mesmo preço independentemente da
sua qualidade parece ser o António aquele que tem menos peso para vender e, por
conseguinte, o que realizou menos dinheiro com a operação. Porém, não nos
podemos esquecer que o mercúrio estava acondicionado em cinco caixas de ferro
com 3mm de espessura, e que estas também entravam no peso.
Sendo as dimensões interiores das caixas
iguais às dos lingotes, a área de chapa necessária para a construção de cada
uma é 410cm2 vezes 3 mm
de espessura, logo 123 cm3. Tendo em conta o peso específico do ferro, sabemos
que cada caixa pesa 966,78gr. Como são cinco caixas, isso representa mais
4,8339kg, que somados ao peso dos metais que o António vendeu dão 172,3229 Kg . Portanto,
este tinha mais peso, logo realizou mais dinheiro com o negócio.
Por consequência a alínea certa é a
A) - Foi o António
Para se saber o peso de cada lingote
realiza-se a seguinte operação:
L x C x A= V x peso especifico.
L = largura
C = comprimento
A = altura ou espessura
V = volume
VIII CONVÍVIO DA Tertúlia Policiária da Liberdade
“RAPIDINHA POLICIÁRIA – SEM PSEUDÓMINOS E
SEM JÚRI”
Trata-se de um conceito inovador, que será
posto em prática no próximo dia 27 de Maio, mais uma vez no aprazível espaço da
QUINTA DO RIO, situada na Estrada Nacional 397, entre Brejos de Azeitão e
Sesimbra, onde decorrerá o Convívio. Para concorrer torna-se obrigatório que
cada participante individual elabore um (apenas um) problema policial, não
podendo exceder uma folha A4 escrita só de um lado, sem assinatura e
identificado apenas pelo título que o deverá encabeçar. O texto será
apresentado ao Secretariado do Torneio, dentro de um sobrescrito, o qual deverá
estar identificado exteriormente, esse sim, com o título do problema e o nome
do seu autor. Apenas o Secretariado terá conhecimento destes dados. Cada autor
deverá fazer-se acompanhar da respectiva solução, a qual manterá secreta e em
seu poder atá ao final da prova. Após a entrega dos problemas, cada autor será
então chamado a solucionar um dos outros problemas a concurso, escolhido por
sorteio.
1 comentário:
A solução da Prova n.º 2 (Parte I) apresenta como elemento principal a descoberta de que o ano em que decorre a história não era bissexto, devido ao facto do prazo para um pagamento no banco apenas ser verificável se iniciado num mês de Fevereiro de 28 dias. Daí conclui-se que Alves foi enganado com a possibilidade de ir trabalhar nos acabamentos de grandes obras ligadas a umas Olimpíadas que ocorreriam poucos meses após, exactamente porque não haveria quaisquer Olimpíadas.
Mas, na verdade, depois de feita a constatação relativa ao mês de Fevereiro, colocam-se-nos dois caminhos: a) ou consideramos que o narrador se enganou nas contas e o ano mantinha-se bissexto em face de outras pistas dadas no texto; b)ou somos obrigados a entender como irrelevante o singular convite governamental à emigração, num período de seca, coisa só ouvida no fim de 2011 e no primeiro trimestre de 2012, este um ano bissexto, bem como somos ainda constrangidos a tomar Alves como um pateta que desconhecia para onde tinha bilhete de ida e não sabia que as Olimpíadas eram em anos bissextos.
No primeiro caso podemos considerar ter havido um simples lapso do narrador. No segundo já somos levados a entender que o autor pôs pistas relevantes mas que entendeu não as ter em conta na solução.
A referência a que Alves iria “para um local distante” e trabalhar numas Olimpíadas que aconteceriam “algures no mundo” é passível de ser interpretada como um estranhíssimo desconhecimento do Alves quanto ao sítio para onde se propunha ir, mas será muito mais naturalmente interpretável como algo que Alves sabia onde era, mas que podia ser aí ou noutro lugar do mundo, já que o problema era ter de abandonar o que amava, isto é, a sua exploração pecuária em Portugal.
Há pois, em meu entender, duas soluções possíveis quanto ao essencial da interpretação do texto, dada a ambiguidade nele contida.
Verbatim
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