segunda-feira, 7 de maio de 2012

POLICIÁRIO 1083




Publicamos hoje um problema de autoria do confrade Penedo Rachado, que constitui a primeira parte da prova n.º 4.

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
PROVA N.º 4 – PARTE I
“MATARAM O TEJO”, Original de PENEDO RACHADO
             
O pai do insp. Jau dá-se bem com toda a gente. Ninguém lhe conhece qualquer pendência. Contudo, possuía o velhinho um perdigueiro por quem tinha grande predilecção e, que lhe arranjava problemas e o fazia entrar em despesas.
O “Tejo”, assim se chamava o cão, escapava-se e ia “visitar” capoeiras da vizinhança, causando prejuízos que o dono tinha que pagar. Havia vizinhos que não se importavam de ser bem compensados pelos danos, o que a alguns até dava jeito, pois era forma de venderem a criação, havia quem não achasse graça às tropelias do “Tejo” e tivesse  afirmado que um dia o matava.
Naquele sábado, como era hábito, o ti Jacinto, tal o nome do pai do Insp., foi de manhã ao mercado semanal da vila próxima. Ao voltar a casa, ao meio dia, deu com o “Tejo” agonizante, deitado junto da porta do quintal. Pela boca semiaberta, do animal escapava uma espuma de cor indefinida e mal cheirosa. Pressentindo o dono abanou a cauda e tentou levantar-se. Esforço  inútil, acabou caindo morto. Alguém cumprira a ameaça.
Só a chegada do filho, na sua visita semanal, conseguiu animar  o ti Jacinto. O Insp. Jau preocupou-se com o choque que o velho acabava de sofrer e decidiu, tirar a coisa a limpo  e perguntou ao pai se tinha algumas suspeitas. O ti Jacinto, na sua boa índole, disse que não, mas “apertado” pelo filho, lá foi adiantando haver três vizinhos que, por diversas vezes, tinham ameaçado de morte o “Tejo”. De referir que, aqui, o conceito de “vizinho” não é o de imediata continuidade de habitação, aproximando-se do sentido com que tal palavra é geralmente usada nas zonas rurais, especialmente do Norte do país. Jau exclamou: Ora vamos lá visitar esses três! Pai e filho puseram-se a caminho: Os três suspeitos foram visitados e, para todos eles, a pergunta  foi a mesma: Porque matou o cão do meu pai?. As respostas foram diversas!
O João das Cabras, primeiro visitado, mostrou-se admirado e respondeu: Então eu ia lá matar o cão? É verdade, que várias vezes disse que o fazia, mas isso eram só palavras da boca para fora! Hoje fui ao mercado da vila e só voltei há aí uns cinco minutos. Olhe, ti Jacinto, eu até ia à sua frente e o senhor só me passou quando eu parei em Santa Quitéria, para apanhar o Quim Ferrador, que estava à minha espera. Depois fui atrás de si até à vila.
A segunda entrevista foi com o Zé da Quinta, que respondeu à pergunta de modo agressivo. O quê?...eu? Vocês não estão bons da bola! Eu passei, a manhã na tasca  do Manuel dos Petiscos, bebendo uns copos e a jogar à sueca com uns amigos. Quando de lá saí faltavam dez minutos para o meio-dia, eu me lembro bem disso pois, quando vinha a sair, reparei que era a hora que o relógio que o Manel tem por cima da porta marcava! Saí a correr para ir à Junta de Freguesia, mas já não cheguei a tempo... E também não ganhava nada em envenenar o cão. É certo que muitas vezes disse que o matava, mas do dizer ao fazer vai um caminho comprido...
O último dos três suspeitos a ser visitado foi o Joaquim Ferrador, que respondeu: Eu não matei cão nenhum! Quando é que isso foi? Olhem hoje fui ao mercado com o João das Cabras, e só há pouco voltamos. Tinha combinado esperar por ele em Santa Quitéria, para irmos juntos, e, quando o João parou para me levar, o ti Jacinto passou por nós, é bem capaz de nem ter dado por isso. Depois tivemos que ir atrás de si até ao mercado, a comer toda a fumarada que a sua “chocolateira” larga... está a precisar de levar aquilo à revisão, está sim  senhor!.
Acabadas as visitas, como no regresso a casa passavam pela taberna do Manel, Jau sugeriu, que entrassem, para se dessedentarem. Demoraram alguns minutos na conversa. comentando o filho que para volta tão grande se justificava que tivessem trazido o carro. Até que, num salto, olhando o relógio, o ti Jacinto exclamou raios! Temos que ir andando, com estas voltas já são dez para as duas e ainda temos que  fazer o almoço!
O taberneiro, atalhou rápido: Não faça caso, senhor Jacinto, eu tenho aquele relógio sempre adiantado uns vinte minutos, que é por mor dos fregueses que acham sempre ser ainda cedo para fechar e há sempre tempo para mais um copo.
O inspector e o pai saíram da taberna, dez minutos depois, estavam em casa! Jau disse: Bem, meu pai, quem matou o cão já eu sei, resta saber agora se quer que se proceda contra ele!. A resposta a esta pergunta nós não a ouvimos, mas gostaríamos saber qual a conclusão a que o Insp. chegou e qual o raciocínio que a esta  conduziu.


E pronto.
Resta aos nossos “detectives” elaborarem os relatórios e participarem, enviando-os impreterivelmente até ao próximo dia 31 de Maio, para o que poderão usar um dos seguintes meios:

- Pelos Correios para PÚBLICO-Policiário, Rua Viriato, 13, 1069-315 LISBOA;
- Por e-mail para policiario@publico.pt;
- Por entrega em mão na redacção do PÚBLICO de Lisboa;
- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.
Relembramos os conselhos que sempre damos, sobretudo aos confrades com menor experiência nestas coisas do Policiário, no sentido de procederem a leituras cuidadas dos enunciados dos problemas, factor muito determinate na resolução correcta dos mesmos.

Boas deduções!




 

            

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