O desafio de hoje é de autoria de uma dupla que já se sagrou campeã
nacional de produção, a merecer uma atenção especial aos nossos “detectives”.
CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
PROVA N.º 5 – PARTE II
“QUEM MATOU O SALAZAR?”, de BÚFALOS ASSOCIADOS
Nos anos 50 do século que nos deixou, ocorreu um estranho caso que chegou a
intrigar o Inspector Garrett, coleccionador de histórias e mistérios curiosos. Tudo
se passou na humilde Travessa da Trabuqueta, ali a Alcântara, local celebrizado
por Eça de Queirós no terceiro parágrafo de “A Cidade e as Serras” por lá se ter estatelado o anafado avô de
Jacinto, logo prontamente socorrido por um transeunte ocasional que por acaso
até era o senhor infante D. Miguel. Naquele rincão bem lisboeta existiu uma
castiça taberna, propriedade de um tal Inocêncio Salazar que, por se recusar a
vender fiado, era odiado por uma boa parte da clientela. Além disso, desde os
tempos da guerra, era conhecido pelas suas tendências germanófilas.
Aquele templo de “vinhos e petiscos” era um ninho de discórdias onde se
misturavam diversas religiões e outras divergências. Havia já na época grandes
rivalidades clubistas e habitualmente, aos domingos à noite, ali se reunia uma
assembleia de fanáticos discutindo os casos mais candentes da jornada
futebolística, numa troca de argumentos que, não raro, acabava com recurso à
arnica e ao mercurocromo. Digladiavam-se quatro facções principais defendendo
por vezes violentamente os seus clubes de eleição, e os chefes de fila tinham
curiosas alcunhas adequadas às cores que defendiam. Por exemplo, o adepto do
Sporting, que professava a religião judaica, era conhecido por "Zé da
Europa", alcunha dada ao excelente jogador que era José Travassos que até
já jogara pela selecção da Europa que em Londres defrontara a Inglaterra. A outro,
que era católico, todos chamavam o "Pipi", alcunha por que era
conhecido o mais popular jogador do Benfica, o Rogério de Carvalho que, além de
ser um artista da bola, usava uma popa no penteado que nunca se desmanchava
porque não era muito dado ao jogo mais viril. Um terceiro frequentador da tasca
do Salazar era originário de África e muçulmano, e como era simpatizante do
Belenenses, não escapou à alcunha de "Matateu", o que era para ele
motivo de grande orgulho, tal a classe do jogador. Resta falar do adepto do
Futebol Clube do Porto, protestante, que por ser o mais gordo dos quatro, tinha
a alcunha de "Barrigana", grande guarda-redes que fora da turma
portista.
Numa manhã invernosa de segunda-feira, o drama estalou na
pacífica Travessa da Trabuqueta. O Salazar, que mantinha uma aparente
imparcialidade não se lhe conhecendo inclinação clubista, foi encontrado pela
empregada da limpeza, morto no pequeno cubículo que habitava nas traseiras da
taberna. O homem vivia modestamente num pequeno pavilhão isolado, onde se
chegava partindo dos fundos da taberna, atravessando um escasso pátio a
descoberto. Apenas uma porta e uma pequena janela, ambas dando para o pátio.
Na noite anterior o calor da discussão excedera tudo, em
contraste com o forte arrefecimento que se fez sentir ao longo da madrugada.
Soube-se mais tarde que os quatro chefes de fila teriam sido os últimos a sair,
tiritando de frio, por volta das quatro da manhã. Um dos temas do desaguisado
tinha sido mesmo a recusa do taberneiro em aceitar dívidas pelas despesas
feitas e naquela noite havia-se bebido a bom beber. Alguém ouvira um dos quatro
embriagados ameaçar o Salazar de morte pela sua atitude. O corpo do homem foi
encontrado ensanguentado, alvo de múltiplas pauladas no crânio, no tronco e nas
pernas, fechado no cubículo com a chave do lado de fora da porta e marcas de
sangue por toda a divisão, principalmente junto à porta, o que indiciava que a
morte não teria sido imediata e ele teria tentado sair para o exterior. O
relatório da autópsia indicou que a morte se teria verificado perto das seis da
manhã.
A polícia cedo chamada a investigar o caso verificou que
nos vidros da janela era bem visível desde o exterior, uma data escrita com os
dedos nos vidros embaciados: 1919. Também que não havia marcas de sangue fora
do cubículo e que lá dentro só foi encontrado um barrote ensanguentado,
presumível arma do crime, o que indicaria que o agressor teria sido só um.
Os quatro adeptos, depressa apontados como suspeitos,
apresentaram alibis credíveis em que uns justificavam os dos outros. Foi
preciso o Inspector Garrett descortinar qual deles teria sido o agressor.
A) O Travassos?
B) O Rogério?
C) O Matateu?
D) O Barrigana?
E pronto.
Agora, resta aos nossos “detectives” optarem pela alínea
que entendam correcta e enviarem, impreterivelmente até ao dia 30 de Junho,
usando um dos seguintes meios:
- Pelos Correios para
PÚBLICO-Policiário, Rua Viriato, 13, 1069-315 LISBOA;
- Por e-mail para policiario@publico.pt;
- Por entrega em mão na redacção do
PÚBLICO de Lisboa;
- Por entrega em mão ao orientador
da secção, onde quer que o encontrem.
Boas deduções!
2 comentários:
Luis enviei minhas soluções as provas numero 5 e por mais de uma vez que retornam para tras que se passa??? com a sua capacidade de correio? Recebeu minhas deduções?
Cumprimentos meus "sarg Estrela
Meu caro, tanto quanto me apercebi não há qualquer anomalia nos meus endereços, pelo menos no do sapo e no do hotmail. Quanto ao do PÚBLICO, não possuo qualquer informação nem reclamação de mais nenhum confrade.
As suas soluções do n.º 5 foram bem recepcionadas, pelo menos pelo endereço do hotmail.
Obrigado pelas suas amáveis palavras
Abraço
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