TIRO DE PARTIDA PARA A COMPETIÇÃO
Chegamos ao grande momento que é, sempre, o início
de uma longa e difícil época policiária de competições.
Sabemos que os problemas policiários são o tempero
que move toda a imensa tribo policiária, sejam os inseridos em competições,
sejam os publicados de forma avulsa, apenas para estimular os sentidos e fazer
correr a adrenalina dos grandes desafios. Quem, como nós, acumula já algumas
décadas de dedicação ao policial, verifica que, nestas matérias, muito pouco
mudou ao longo dos tempos e as emoções vividas em cada recomeço de torneios,
tal como as recordamos, são hoje revividas de forma idêntica, com muita
intensidade, mesmo ansiedade.
Por isso, queremos saudar todos os leitores que ao
longo dos anos nos têm seguido, mas principalmente os “detectives” que se
desafiam e desafiam os restantes, semana a semana, procurando resolver os
enigmas que vamos propondo, dando o melhor de si próprios.
CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2013
PROVA N.º 1 – PARTE 1
O MISTÉRIO DA CARTEIRA DESAPARECIDA – Original de
TRYIT
O João acabara de chegar ao café e não vinha muito
satisfeito. Esteve a ver um jogo de futebol no estádio da terra e aquilo não
correu nada bem, ao que contou.
- Logo no princípio os de lá de cima marcaram um
golo, depois de um falhanço do nosso guarda-redes. Então não é que o rapaz em
vez de defender a bola que até vinha na sua direcção, resolveu baixar-se? Já
viram o filme? A bola direita ao gajo e ele, cheio de medo, desviou-se! E
depois a porcaria da chuva, que não parou um segundo que fosse e eu que me
esqueci do guarda-chuva em casa…
- Mas conta lá o que aconteceu. Perderam por
quantos?
- Ora, perdemos por 2-0 e o segundo golo também foi
um grande frango. Assim não vamos lá! Mas as minhas desgraças não acabaram,
porque quando fui para casa, vi que me esqueci da chave no bolso do outro
casaco e como a minha mulher foi fazer uma visita à mãe, fiquei fora de casa.
Já é galo!
- Olha, olha, dois frangos e mais um galo… Mas
tiveste a sorte de nos apanhar aqui, pá! Vamos beber um copo e esquecer essas
chatices… Zé, manda aí uma rodada para a malta…
Escassos minutos depois, já havia algazarra,
enquanto se alinhavam para lançar os dardos contra um alvo estrategicamente
colocado num canto pouco frequentado, não fosse a pontaria mais etilizada
provocar alguma desgraça.
Um a um, todos despiram os casacos e empilharam-nos
em cima de uma mesa de bilhar desactivada por problemas no pano.
Durante muito tempo durou o campeonato de dardos,
ora com vitória de uns ora de outros, entremeadas por rodadas que eram
ruidosamente saudadas.
Quando finalmente chegou a hora da debandada, cada
qual para sua casa, na hora das contas, o João pegou no casaco e gritou que lhe
faltava a carteira:
- Estava aqui, no bolso interior, tenho a certeza!
- Vejam no chão, pode ter caído… Espera aí, o meu
casaco estava por baixo do teu e não me falta nada. O do Álvaro estava por
cima… Álvaro, falta-te alguma coisa?
- Não, está aqui a carteira, tenho tudo…
- Bolas, se não falta nada ao Álvaro nem a mim, foi
muita pontaria terem roubado a tua carteira… Não estás a ver se não pagas?
- Duvidas de mim? Tenho a certeza que tinha a
carteira quando atirei o casaco para o monte, tenho a certeza absoluta! Vim do
futebol para aqui, directamente, não fiz paragens nem nada. E no campo fui
beber uma cerveja com o Tropas e paguei eu… Tropas? Ó Tropas!...
- Que é, pá?
- Lembras-te do copo que bebemos no campo de
futebol? Quem pagou?
- Foste tu, João, pagaste e vieste embora. Eu ainda
lá fiquei mais um bocado…
-Viram? Eu tinha a carteira, paguei e agora
desapareceu. Alguém a tem e se é brincadeira, isto acaba com um pero nas fuças,
entendem?
- Espera aí, pá, dá cá o casaco, se calhar meteste
noutro bolso ou tens o forro descosido e caiu, sei lá, dá cá o casaco…
Mas não era o caso. O casaco era relativamente novo,
muito bem cuidado e tratado, não tinha buracos no forro, nem nos bolsos e, de
facto, em nenhum deles havia rasto da carteira.
- Estão a ver? Estão a ver? Se alguém tem a
carteira, passem-na para cá, se não têm, paguem lá as bebidas que eu depois
pago a minha parte, mas tenho de me ir embora procurar a carteira, vou fazer o
caminho ao contrário…
- Alto aí, João! És muito boa pessoa, mas há nesta
história algumas coisas que não estão muito bem… Conta lá tudo outra vez, muito
calmamente…
- Lá vem este com as manias de que é um detective.
Andas a ler o PÚBLICO ao domingo, não é? Só pode…
Que coisas achou o amigo do João que não estavam lá
muito bem? De que estava ele a desconfiar e que indícios lhe despertaram as
dúvidas?
E pronto.
Agora, resta aos nossos “detectives” lerem muito bem
o problema, de preferência anotando os pormenores que pareçam responder às
questões e depois elaborarem os relatórios respectivos, que deverão ser
remetidos, impreterivelmente até ao dia 28 do corrente mês, usando um dos
seguintes meios:
- Pelos Correios para Luís Pessoa, Estrada Militar, 23 2125-109 MARINHAIS;
-Por e-mail para um dos endereços: lumagopessoa@gmail.com; pessoa_luis@hotmail.com ou luispessoa@sapo.pt.
- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde
quer que o encontrem.
Boas deduções!
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