MILHÃO
MORRE NO CASAL PERDIDO
Um
título que sugere uma hecatombe de contornos bíblicos, trata-se, afinal, de um
desafio do nosso confrade de Torres Vedras, Karl Marques, que nos transporta
para a morte de Albano Milhão e para a povoação, informal, do Casal Perdido,
para onde remetemos os nossos “detectives”:
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2015
PROVA
N.º 9 – PARTE II
“UM
MILHÃO SE MATA, UM MILHÃO SE MORRE”
ORIGINAL
DE KARL MARQUES
As
primeiras indicações seriam que não falecera logo de imediato, a avaliar pelo
sangue derramado pelo chão. Mesmo assim não teria sido muito tempo, a primeira
chamada de um vizinho, a assinalar movimentações estranhas na casa (um carro
parado nas discretas traseiras, alguém que entrara pelas mesmas traseiras e
ocultando o ruído, sem acender qualquer luz, e um som que parecia ser de coisas
a tombar) fora pelas 21h20. O mesmo vizinho insistiria menos de 10 minutos mais
tarde, assinalando a saída do estranho visitante, a GNR chegaria pelas 21h45 àquela
aldeia com cerca de uma vintena de casas (conhecida localmente como Casal
Perdido (nome não oficial), metade desocupadas, e a 4 kms de uma estrada mais
movimentada (e única saída da aldeia “via alcatrão”).
Entraram
na casa, mas apenas depois de encontrarem a porta aberta nas traseiras, quando
chegaram ao corpo este era já cadáver. Encontrava-se a um canto da sala, com
parte do corpo ainda encaixado numa cadeira de secretária “com rodinhas”, corpo
e cadeira tombados. Eram visíveis no peito e nas costas as lesões causadas pela
perfuração da bala. A sala em si parecia despida de mobiliário com excepção dos
equipamentos instalados numa secretária muito grande onde um monitor (ligado),
um teclado, rato, colunas e até uma impressora, partilhavam o espaço com alguns
papéis soltos, meio rabiscados. Teclas do teclado soltas e desfeitas chamaram a
atenção para a existência de uma bala onde deveria estar um G e um H.
Causou
um susto valente nos presentes quando de súbito começou a ouvir-se “como uma
força, como uma força”, vindo do cadáver. Atrás do corpo da vítima, junto à sua
mão esquerda, foi encontrado um telemóvel. Alguém atendeu, por impulso
irrefletido, e a chamada terminou de imediato. Finda a chamada foi visível no
ecrã manchado de sangue 22454603. Em análises posteriores não se encontraram no
telemóvel da vítima quaisquer contactos com aquele início, assim como não se
verificou qualquer chamada feita para qualquer número com aquele início.
O
vizinho que chamara a GNR informou que conhecia mal a vítima, secundado pelos
outros habitantes da aldeia que entretanto se juntaram, chegara ao lugar à
coisa de 5 meses e pouco ou nada sabiam, pois pouco comunicava com eles. Saía
frequentemente de casa, no seu carro, e era isso o, pouco, que sabiam. A maior
comunicação que tivera havia sido com o neto de um dos residentes, estudante
universitário “de computadores” e com havia ainda partilhado o seu entusiasmo
por tudo o que fosse tecnologia, considerando-se um indivíduo do século XXII
disposto a usar tudo aquilo que o homem atribuísse à máquina para facilitar a
vida do humano. O vizinho não conseguira perceber nem a cor nem a marca do
veículo, apenas que era um veículo “dos mais pequenos”.
Viria
a apurar-se que a vítima se chamava Albano Milhão, e que era um detetive profissional.
Oriundo de Braga refugiara-se naquela aldeia por precisar de se isolar por
estar a tratar de um caso muito delicado, que lhe ocupara sensivelmente os
últimos 7 meses. Contratado por um industrial (que assumiu depois ser o autor
da chamada para o telemóvel da vítima, que desligou por receio sobre de quem
seria aquela voz) para investigar um concorrente, o tópico viria a tornar-se
muito mais perigoso do que esperava.
Por
coincidência, nessa noite, a 14 kms da aldeia, ocorrera um acidente que envolvera,
apenas com danos materiais ligeiros, quatro “carros pequenos”. Os quatro
condutores, que viajavam sozinhos, foram interrogados pelos agentes que se
dirigiram ao local para tomar conta da ocorrência, mas que eram já conhecedores
do assassinato entretanto ocorrido.
Albino
Um: era do Porto e estava em trânsito vindo de Espanha. Fora em trabalho levar
uma encomenda a Madrid. Disse não saber do que seria a encomenda, pois ele
limitava-se a transportá-las. Forneceu, muito a contragosto o contacto de quem o
contratara, tendo essa entidade, de forma muito receosa, fornecido qual o
destino da encomenda. Quando questionado sobre Casal Perdido disse não ter por
hábito fazer paragens em terras desconhecidas. Embora os outros envolvidos o
considerassem o responsável ele estava renitente em dar-se como culpado. Disse
não conhecer sequer ninguém de apelido Milhão. Veio a apurar-se ter cadastro de
pequeno tráfico.
Abílio
Dez: Afirmou ter até estado uma vez em Casal Perdido, num acampamento feito com
escuteiros na adolescência. Mas que não lá voltara entretanto. Mas Milhão não
conhecia. Era de Aveiro e fora visitar um amigo a Viseu. Aceitou fornecer a
identidade e contacto do amigo. Não tinha cadastro.
Acácio
Cem: Era da Feira e tinha-se ido despedir da amante, e pedia encarecidamente
para não o revelarem à mulher. Não podia fornecer o número da amante pois ela ia
precisamente embora para sempre, e não quisera deixar-lhe contacto. Estava
ainda muito transtornado, pois ele pensava até deixar a mulher. Concluía agora
que nem sequer sabia se o nome da amante era verdadeiro. E sim, estivera duas
vezes em Casal Perdido, por razões profissionais (era geólogo), mas qualquer
uma dela há já algum tempo. Também não conhecia Milhão. Cadastro não tinha.
André
Mil: Era de Viana do Castelo. Afirmou não conhecer Casal Perdido, mas que até
julgava conhecer Albano Milhão. Um amigo seu pedira-lhe uma vez para o
acompanhar a uma entrevista com o detetive (desconfiava de um sócio), mas nessa
altura Milhão tinha escritório em Braga. Estava na zona a preparar um jogo de
pista a propor como atividade aos colegas do seu local de trabalho daí a
algumas semanas. Tinha uma condenação, já antiga, por condução sem carta de
condução.
Estes
dados e posteriores confirmações permitiram concluir que o assassino foi:
1.
Albino Um
2.
Abílio Dez
3.
Acácio Cem
4.
André Mil
E
pronto.
Resta
aos “detectives” assinalarem a hipótese que consideram correcta,
impreterivelmente até ao dia 31 deste mês de Outubro, podendo usar um dos
seguintes meios:
- Pelos Correios para
Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
- Por e-mail para um dos
endereços:
- Por entrega em mão ao
orientador da secção, onde quer que o encontrem.
Boas deduções!
Tertúlia
Policiária da Liberdade
Convívio de Outono
Dia 18 de Outubro,
domingo. Taverna dos Trovadores, Sintra
Para além do
natural convívio, será feita a apresentação do livro do Concurso de Contos do
XI Convívio da TPL e será falada a possível edição de uma antologia de
problemas policiais produzidos por confrades ligados à TPL ao longo da sua
existência.
Também o confrade
Inspector Aranha (Domingos Cabral) aproveitará a oportunidade para lançar a sua
primeira antologia de contos policiais, o que demonstra movimentação no nosso
meio editorial, que se saúda vivamente.
A concentração na
Taverna dos Trovadores, no extremo norte do Largo D. Fernando II, também
conhecido pelo Largo da Feira, em S. Pedro de Sintra, far-se-á a partir das
11:30 e o preço do almoço é de 15,50 €.
Contactos, para
esclarecimentos e inscrições: 214719664 ou 966102077 (Pedro Faria); 213548860
ou 966173648 (António Raposo); 219230178 ou 965894986 (Rui Mendes).
As inscrições
deverão ser efectuadas até às 21:00 de sexta-feira, 16 de Outubro.
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