Alguns confrades enviaram ao orientador da secção e-mails relativos às pontuações da prova n.º 9 e ao modo como se processou essa pontuação.
Não sendo obrigatório que haja explicações sobre o modo como as soluções são pontuadas, a verdade é que sempre nos quisemos pautar pela máxima transparência e só isso poderá explicar que após mais de 23 anos, as reclamações sejam pontuais, apesar da enormidade do volume de soluções apresentadas.
O problema da prova n.º 9 foi contestado quanto à solução oficial. Aqui, no blogue, houve trocas de argumentos e posições diversas.
O orientador, perante esses factos, entrou em contacto com três policiaristas, actualmente afastados das competições e pediu-lhes, numa primeira fase, duas coisas:
1- Lerem o problema e a solução do autor;
2- Darem a sua opinião sobre se a solução confere com o problema e se eles dariam essa solução, caso estivessem a concorrer.
Os três foram de opinião que a solução era plausível, mas nenhum deles responderia assim, caso estivessem em competição.
Foram-lhes, então, enviadas três soluções, de confrades que estão no topo das classificações, todas em sentido contrário à do autor e foi pedida a opinião e como as classificariam e definiriam um critério para a classificação.
Não houve unanimidade, mas o sentido foi de classificar com o máximo de pontos quem apontasse o inspector, com perda mínima quem optasse pelo arrumadinho, mas referisse a possibilidade do inspector poder ser o criminoso, embora optasse por outra via, etc.
O orientador não pretende estar a justificar o seu critério e muito menos esconder-se atrás de opiniões por si pedidas a policiaristas. O que o orientador pretende é tentar soluções justas para o trabalho e empenho dos confrades que mês após mês gastam muito do seu tempo numa actividade que lhes dá gozo e prazer.
Essa é a razão principal de sempre procurar o máximo de informação, como foi o caso presente.
2 comentários:
Meu caro:
A minha falta de resposta ao teu critério (que respeito, mas não concordo) deve-se apenas à intenção de não voltar a comentar soluções. Também eu sou muito frontal e só por isso voltei a este problema. Repito - a partir de hoje vou ter de filtrar tudo o que a polícia diz, o que vai ser um trabalhão...MAS não é possível apontar o arrumadinho e admitir a hipótese de ter sido o polícia. Isso seria jogar em dois tabuleiros, coisa que tu (e muito bem) nunca aceitaste, como se prova por uma solução em que fui (muito justamente) penalizado por isso. NÃO estou a discutir a solução (repito, NÃO estou) mas o parecer, que não posso aceitar. Mas se aceito que o polícia minta nas informações que me dá...
Obrigado
Zé
Caros confrades:
Julgo ser fácil demonstrar que a solução “oficial” do problema n.º 9 não é plausível.
O narrador/investigador afirma, quando chega ao local do crime, o seguinte:
“No patamar (dois apartamentos por andar), empurrei a porta aberta, que ficou presa no tapete. Estilo exterior que estava no interior. Não entendi, a vítima era pessoa com uma constituição tipo a minha, 100 kg por 1,75 m (descuidos), precisava de abrir bem a porta. E eu era uns vinte anos mais novo (a vítima perto dos 80).”
Portanto, ficamos a saber que o narrador estranhou a prisão da porta no tapete por causa da necessidade, por parte da vítima, de que aquela porta abrisse muito mais.
Ora, se o próprio narrador foi o criminoso e esteve por ali anteriormente, manipulando a cena do crime, terá acontecido qualquer das seguintes coisas, no que respeita à porta e ao tapete:
1) A porta, antes do crime, abria bem. Então o narrador, na segunda visita, não podia estranhar a prisão no tapete apenas por ser suposto a porta dever sempre abrir bem. Ele já a vira a abrir o suficiente. Escamoteando tal facto, para ficar na posição de quem por ali não passara pouco tempos antes, presta uma informação falsa ao solucionista.
2) A porta, antes do crime, já prendia no tapete. Então o narrador, omitindo a primeira experiência, relatando-nos a segunda como se fosse a primeira, dá uma informação falsa ao solucionista.
Como as informações prestadas pelo narrador não podem ser falsas, sob pena de os problemas policiais se tornarem incompreensíveis, não é plausível uma solução que supõe uma falsificação por parte do narrador.
Note-se que não está em causa a possibilidade de um polícia ou um investigador ser o criminoso. O que está em causa é a coerência do texto que nos é dado analisar e que requer, para que nos possamos entender, que sejam verdadeiras todas as afirmações do narrador, embora dando voz a falsidades por parte de outros.
Pedro Faria / Nove / Verbatim
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