NO XXV ANO DE POLICIÁRIO
UMA FIGURA: RIP KIRBY - BARREIRO
O
confrade Rip Kirby foi uma das grandes figuras do Policiário no PÚBLICO, como
havia já sido no passado em outros espaços.
Natural
de Olhão e residente no Barreiro, este confrade conseguiu tornar-se um dos
produtores mais prolixos e celebrados, mercê de uma especial mestria para
encontrar mistérios em situações aparentemente vulgares.
Quando
deixou o nosso país e se fixou no Brasil, continuou sempre ligado a nós, participando
nos torneios, obtendo mesmo o título máximo de Campeão Nacional na modalidade
de decifração.
Membro
e fundador da Tertúlia Policiária Valtejo e mais tarde da Tertúlia Policiária
da Liberdade, este confrade, recentemente falecido, deixou marca de relevo ao
longo das últimas décadas da nossa modalidade, merecendo o respeito e admiração
de todo o nosso Mundo Policiário.
Ficaram
célebres os convívios organizados no Barreiro, em conjunto com o Inspector
Moka, que originavam autênticas romarias de “detectives” e que se prolongavam
por horas e horas de acalorados debates.
Numa
altura em que pretendemos deixar testemunho dos confrades que nos acompanharam
ou acompanham nesta longa maratona de 25 anos, a referência a Rip Kirby
torna-se inevitável e inteiramente merecida.
Recordamos
hoje um dos seus problemas, que deixamos como um passatempo de férias para os
nossos leitores testarem os dotes de investigador e “detective”.
“MISTÉRIO EM NOITE DE LUAR”
ORIGINAL DE RIP KIRBY – BARREIRO
Era
uma formosa noite de Janeiro. Estava frio, é verdade, mas no céu não se via uma
nuvem e lá no alto, embora já se aproximando do Ocaso, a Lua Cheia iluminava a
Terra com a sua luz pálida.
Cerca
das 05h00m da madrugada, mais minuto menos minuto, alguém, não identificado, telefonou
para a esquadra de Polícia informando que em determinado andar de um prédio
situado em certa rua tinha acontecido um crime. O informante disse que ouvira
um tiro.
Chegado
ao local o piquete da Polícia, depois de tocar a campainha e não obtendo resposta,
resolveu arrombar a porta.
Efectivamente
foi encontrada uma jovem estendida no chão, entre um sofá e uma mesa de centro,
tendo no temporal direito o ferimento provocado por uma bala. A arma usada, uma
pequena bareta havia sido atirada para debaixo de um móvel. Sobre a mesa, atrás
referida, encontrava-se um balde com pedras de gelo já meio fundido e uma
garrafa de champanhe aberta com o conteúdo intacto. Havia também dois copos
próprios para o consumo da bebida referida.
O
tiro fora disparado de muito perto pois o ferimento, além de outros sinais
característicos dessa circunstância, tinha os bordos queimados e sinais de
pólvora. O derramamento de sangue, devido à cauterização do ferimento, não
tinha sido muito grande.
A
vítima envergava roupas caras, mas bastante ousadas. Nas costas de um sofá
repousava, como que atirado para ali ao acaso, um casaco de peles. Junto do
casaco estava uma bolsa no interior da qual foram encontrados os documentos da
vítima. Tratava-se de uma cidadã mexicana de nome Marga Romero que trabalhava
como stripper num clube noturno da cidade.
Tão
depressa quanto foi possível a Polícia iniciou as investigações. No clube, onde
trabalhava a jovem, informaram que ela havia saído do estabelecimento pouco
depois das 04h30m. Saíra sozinha, mas o porteiro informou que na rua alguém a
esperava num carro. Ainda, por informações obtidas no clube, soube-se que a
jovem naquela noite confraternizara com quatro clientes já bastante conhecidos
cujos nomes foram fornecidos. Ainda não eram dez horas já a polícia havia
interrogado os quatro indivíduos sinalizados.
Amílcar
Cardoso, técnico de informática, declarou ter saído do clube com o seu vizinho
e colega de trabalho cerca das seis horas da madrugada. Saíram tão tarde, ou
cedo, porque era Sábado e não iriam trabalhar.
Óscar
Afonso, técnico de informática tal como o seu vizinho, confirmou as declarações
do seu colega.
António
Fonseca, Inspetor aposentado da PJ, actualmente trabalhando como detective
particular. Convidou os investigadores a entrarem. Disse que de facto estivera
no clube naquela noite, mas tinha saído
cedo, cerca das 04h30m. Até tinha trazido de lá uma garrafa de champanhe pois
pensava em telefonar a uma garota para lhe ir fazer companhia, mas não
conseguira contactar com ela. Acabara por não beber o champanhe e ficar sozinho.
Enquanto
um dos agentes recolhia as declarações o outro deu uma volta pela casa que até
nem era muito grande, um quarto, uma cozinha e uma saleta de entrada. Este
agente informou mais tarde o colega de que não tinha visto nada de anormal, nem
sequer qualquer sinal de bebidas alcoólicas.
José
Jeremias conhecido por “O Morcego”, não tinha profissão conhecida, mas nunca
lhe faltava dinheiro. Irritado com o interrogatório afirmou desabridamente, que
saíra do clube era já quase dia. Normalmente era sempre o primeiro cliente a
entrar e o último a sair.
Todas
estas declarações foram confirmadas pela gerência do Clube.
O
médico legista que, contra o que é habitual, compareceu no local do crime pouco
depois da chegada da polícia, depois de examinar a vítima, afirmou que a morte
deveria ter ocorrido bastante perto da hora a que foi dado o alarme pois o
corpo ainda não se encontrava frio.
Depois
destas investigações a polícia depressa concluiu quem tinha sido o assassino. E
os meus amigos quem acham que foi?
A) — José Jeremias
B) — Amílcar Cardoso
C) — António Fonseca
D) — Óscar Afonso
E pronto.
O confrade Rip deixou este desafio,
curiosamente e em contraste passado em época de frio, que vamos aproveitar
para, também nós, desafiarmos as “células cinzentas” dos “detectives”, em
férias bem quentes, entre dois mergulhos refrescantes. E quem não tiver a sorte
de estar em férias, pode aproveitar um intervalo, um momento de descompressão
para desafiar as suas capacidades dedutivas.
Em breve revelaremos a solução.
Boas férias, para quem as tem!