domingo, 31 de julho de 2016

POLICIÁRIO 1304


  
  NO XXV ANO DE POLICIÁRIO

UMA FIGURA: RIP KIRBY - BARREIRO

O confrade Rip Kirby foi uma das grandes figuras do Policiário no PÚBLICO, como havia já sido no passado em outros espaços.
Natural de Olhão e residente no Barreiro, este confrade conseguiu tornar-se um dos produtores mais prolixos e celebrados, mercê de uma especial mestria para encontrar mistérios em situações aparentemente vulgares.
Quando deixou o nosso país e se fixou no Brasil, continuou sempre ligado a nós, participando nos torneios, obtendo mesmo o título máximo de Campeão Nacional na modalidade de decifração.
Membro e fundador da Tertúlia Policiária Valtejo e mais tarde da Tertúlia Policiária da Liberdade, este confrade, recentemente falecido, deixou marca de relevo ao longo das últimas décadas da nossa modalidade, merecendo o respeito e admiração de todo o nosso Mundo Policiário.
Ficaram célebres os convívios organizados no Barreiro, em conjunto com o Inspector Moka, que originavam autênticas romarias de “detectives” e que se prolongavam por horas e horas de acalorados debates.
Numa altura em que pretendemos deixar testemunho dos confrades que nos acompanharam ou acompanham nesta longa maratona de 25 anos, a referência a Rip Kirby torna-se inevitável e inteiramente merecida.
Recordamos hoje um dos seus problemas, que deixamos como um passatempo de férias para os nossos leitores testarem os dotes de investigador e “detective”.


“MISTÉRIO EM NOITE DE LUAR”
ORIGINAL DE RIP KIRBY – BARREIRO


Era uma formosa noite de Janeiro. Estava frio, é verdade, mas no céu não se via uma nuvem e lá no alto, embora já se aproximando do Ocaso, a Lua Cheia iluminava a Terra com a sua luz pálida.
Cerca das 05h00m da madrugada, mais minuto menos minuto, alguém, não identificado, telefonou para a esquadra de Polícia informando que em determinado andar de um prédio situado em certa rua tinha acontecido um crime. O informante disse que ouvira um tiro.
Chegado ao local o piquete da Polícia, depois de tocar a campainha e não obtendo resposta, resolveu arrombar a porta.
Efectivamente foi encontrada uma jovem estendida no chão, entre um sofá e uma mesa de centro, tendo no temporal direito o ferimento provocado por uma bala. A arma usada, uma pequena bareta havia sido atirada para debaixo de um móvel. Sobre a mesa, atrás referida, encontrava-se um balde com pedras de gelo já meio fundido e uma garrafa de champanhe aberta com o conteúdo intacto. Havia também dois copos próprios para o consumo da bebida referida.
O tiro fora disparado de muito perto pois o ferimento, além de outros sinais característicos dessa circunstância, tinha os bordos queimados e sinais de pólvora. O derramamento de sangue, devido à cauterização do ferimento, não tinha sido muito grande.
A vítima envergava roupas caras, mas bastante ousadas. Nas costas de um sofá repousava, como que atirado para ali ao acaso, um casaco de peles. Junto do casaco estava uma bolsa no interior da qual foram encontrados os documentos da vítima. Tratava-se de uma cidadã mexicana de nome Marga Romero que trabalhava como stripper num clube noturno da cidade.
Tão depressa quanto foi possível a Polícia iniciou as investigações. No clube, onde trabalhava a jovem, informaram que ela havia saído do estabelecimento pouco depois das 04h30m. Saíra sozinha, mas o porteiro informou que na rua alguém a esperava num carro. Ainda, por informações obtidas no clube, soube-se que a jovem naquela noite confraternizara com quatro clientes já bastante conhecidos cujos nomes foram fornecidos. Ainda não eram dez horas já a polícia havia interrogado os quatro indivíduos sinalizados.
Amílcar Cardoso, técnico de informática, declarou ter saído do clube com o seu vizinho e colega de trabalho cerca das seis horas da madrugada. Saíram tão tarde, ou cedo, porque era Sábado e não iriam trabalhar.
Óscar Afonso, técnico de informática tal como o seu vizinho, confirmou as declarações do seu colega.
António Fonseca, Inspetor aposentado da PJ, actualmente trabalhando como detective particular. Convidou os investigadores a entrarem. Disse que de facto estivera no clube naquela noite,  mas tinha saído cedo, cerca das 04h30m. Até tinha trazido de lá uma garrafa de champanhe pois pensava em telefonar a uma garota para lhe ir fazer companhia, mas não conseguira contactar com ela. Acabara por não beber o champanhe e ficar sozinho.
Enquanto um dos agentes recolhia as declarações o outro deu uma volta pela casa que até nem era muito grande, um quarto, uma cozinha e uma saleta de entrada. Este agente informou mais tarde o colega de que não tinha visto nada de anormal, nem sequer qualquer sinal de bebidas alcoólicas.
José Jeremias conhecido por “O Morcego”, não tinha profissão conhecida, mas nunca lhe faltava dinheiro. Irritado com o interrogatório afirmou desabridamente, que saíra do clube era já quase dia. Normalmente era sempre o primeiro cliente a entrar e o último a sair.
Todas estas declarações foram confirmadas pela gerência do Clube.
O médico legista que, contra o que é habitual, compareceu no local do crime pouco depois da chegada da polícia, depois de examinar a vítima, afirmou que a morte deveria ter ocorrido bastante perto da hora a que foi dado o alarme pois o corpo ainda não se encontrava frio.
Depois destas investigações a polícia depressa concluiu quem tinha sido o assassino. E os meus amigos quem acham que foi?


A) — José Jeremias
B) — Amílcar Cardoso
C) — António Fonseca
D) — Óscar Afonso

E pronto.
O confrade Rip deixou este desafio, curiosamente e em contraste passado em época de frio, que vamos aproveitar para, também nós, desafiarmos as “células cinzentas” dos “detectives”, em férias bem quentes, entre dois mergulhos refrescantes. E quem não tiver a sorte de estar em férias, pode aproveitar um intervalo, um momento de descompressão para desafiar as suas capacidades dedutivas.
Em breve revelaremos a solução.


Boas férias, para quem as tem!

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa homenagem
saudade...