quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

FALECEU CARLOS PANIÁGUA FÈTEIRO, HERÓI POLICIÁRIO!



No apontamento que recentemente escrevi a propósito do falecimento do Álvaro Trigo, citei Carlos Paniágua Fèteiro, que então vivia nas Caldas da Rainha e onde, numa visita a este, Álvaro Trigo e eu nos conhecemos.
Tão pouco tempo depois volto a escrever sobre mais uma morte – agora a do Paniágua.
O Paniágua foi um excepcional policiarista, e devo dizer que, se o “Inspector Aranha” “nasceu” na Secção “O Gosto do Mistério”, na revista “Flama”, orientada pelo Jartur, foi na excelente secção que o Paniágua dirigiu no Jornal “A Voz Portalegrense” que adquiri a grande motivação para o Policiário, através do apoio e dos incentivos que me dirigiu, quer através da secção, quer quando me recebeu, por duas vezes, em sua casa.
Foi, repito, um excelente seccionista, bom produtor e um quase imbatível solucionista; venceu, destacado, um dos principais Torneios entre nós disputados, na secção “Gabinete do Inspector Varatojo, que este manteve no “Diário Ilustrado”. Torneio composto por 25 problemas, com a participação dos melhores solucionistas, e que tinha por prémio uma viagem à Scotland Yard – que por encerramento do jornal não usufruiu
Mas era, também, um profundo apaixonado pelo Teatro. Actor e encenador no C.C.C. - Círculo Cénico Caldense – foi, ali, um marco importantíssimo, e ainda hoje, mais de 50 anos depois de ter saído da Caldas, o seu nome é saudosamente recordado.
E foi ainda nas Caldas que o Teatro venceu o Policiário; por não dispor de tempo para se dedicar de alma e coração – como era próprio da sua personalidade – às duas actividades em simultâneo, optou pelo primeiro.
E, curiosamente, fui eu, aquele jovenzito que ele poucos anos antes apoiara com carinho, que o foi substituir na orientação da sua secção.
Foi, pouco depois, aliciado profissionalmente – porque no Teatro fui sempre amador – para Loures.

E ali, havia também teatro amador, que ele logo passou a integrar (ele, a sua mulher e depois seus filhos, a quem transmitiu aquela paixão), primeiro no Teatro Amador dos Bombeiros, seguidamente no TIL, Teatro Independente de Loures. E durante muitos, muitos anos fez de tudo em prol da arte de Talma, elevando esta última colectividade a um elevado plano no panorama do teatro amador português.
Através do Jartur, soube, há uns meses, que estava bastante doente. Escrevi-lhe duas vezes, mas da última já não recebi resposta, e a primeira, devido à doença, foi brevíssima. Por lhe ter citado o nome no comentário tecido sobre o Álvaro Trigo, procurei agora saber notícias dele, na Net, através do TIL. E a notícia lá estava, impiedosa:
Loures – Mestre Carlos Paniágua Fèteiro fechou o pano pela última vez e foi descansar.
Ficam as saudades, as memórias, os momentos de convívio e o enorme historial de quase 70 anos dedicado ao Teatro.”
Em 28 de Maio faleceu Carlos Paniágua Fèteiro, “O Verdadeiro Amador de Teatro”, como foi cognominado, mas também um grande nome que foi do Policiário.
Reconhecido pelo que para mim representou, vergo-me em sua memória Paz à sua Alma.
As minhas sentidas condolências aos seus Familiares.




ESCREVE:




 DOMINGOS CABRAL/INSPECTOR ARANHA

4 comentários:

Anónimo disse...

Por estas coisas vemos como é GRANDE o Policiário, como temos tantos heróis de todos os tempos e é orgulho pertencer a esta história, por menos valor que tenhamos. Um orgulho mesmo. Por cada herói que desaparece, o Policiário mais se reforça como grande força. Desculpem, não conheci nenhum dos confrades que vão desaparecendo, mas sinto todas as mortes como perdas minhas

Deco

luis pessoa disse...

Caro Deco, a essência do Policiário é essa mesma. Quando o Sete de Espadas deu o impulso ao Policiário, baseou-se no convívio, na criação de uma "necessidade" que era a de cada policiarista querer estar com outros policiaristas! Estes encontros que o Domingos Cabral relata, aconteciam mesmo, eram a realidade e os confrades reuniam-se e iam visitar outros que apenas conheciam pelo pseudónimo e por correspondência. E eram viagens épicas, porque naqueles tempos Portugal era um amontoado de terras sem vias de acesso nem transportes capazes! Cada deslocação era uma aventura e demorava horas e horas, mas a tal "necessidade" obrigava aos sacrifícios, tendo em troca um grande abraço à chegada e uma Amizade para toda a vida.
Assim se forjou o Policiário, ponto de competição, sim, mas sobretudo e principalmente ponto de reunião! Desde sempre e até hoje! E para o futuro, enquanto por cá estivermos todos nós, irmanados nesse espírito, que queremos passar para novas gerações. Essa passagem, é, agora, tarefa nossa e será depois daqueles a quem passamos o testemunho.
Assim é ser policiarista!

disse...

Ser policiarista é isto mesmo - pertencer a uma tribo onde se veneram os mais velhos (mesmo os que se não conheceram), fazer amigos, estimá-los e conservá-los. Não privei com nenhum deles mas foram pioneiros. Honra a eles

Anónimo disse...

Uma geração de pioneiros que nos vão deixando, assim é vida. Ultimamente são muitas as baixas. Paz e descanso para eles, que o policiário continua o caminho que eles desbravaram.
IA