CONVÍVIO
POLICIÁRIO E SOLUÇÕES
XIV
Convívio da Tertúlia Policiária da Liberdade
Será
no próximo dia 21 de Maio o XIV Convívio da Tertúlia Policiária da Liberdade, a
realizar no Restaurante Taverna dos Trovadores, situado na Praça D. Fernando
II, 18, em S. Pedro de Sintra.
O
essencial do almoço vai ser uma festa gastronómica constituída pelos sete
pratos e um doce de “ O Livro de Pantacruel”. Leu bem, não se trata do mui
estimável livro antigo, o de Pantagruel. Aqui, é mesmo o de Pantacruel, coisa
mais moderna, que inclui um conjunto de oito estórias erótico-mortíferas
ligadas a um mesmo número de diferentes receitas culinárias. Cada um petiscará
conforme o seu gosto. Melhor é difícil arranjar.
Este
convívio contará, ainda, com a simpatia de Fernando Pereira, o dono da Taverna
dos Trovadores, que, de certeza, nos oferecerá poesia e música para levarmos no
coração.
O
programa é o seguinte, por apenas 16 euros:
12:00 H – Início da concentração.
12:30 H – Apresentação de “O Livro de
Pantacruel”, edição TPL 2017.
13:15 H – Almoço Pantacruélico.
15:00 H – Homenagens ao blogue “Crime
Público” e ao site “Clube de Detectives”.
15:30 H – Momentos de Poesia e Música
Contactos, para esclarecimentos e
inscrições, que deverão ser efectuadas até às 18 horas do dia 19 de Maio:
214719664 ou 966102077 (Pedro Faria); 213548860 ou 966173648 (António Raposo);
219230178 ou 965894986 (Rui Mendes).
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2017
SOLUÇÃO
DA PROVA N.º 2 – PARTE I
“TRUFAS
E MORTE” – de RIGOR MORTIS
Não iria de facto ser
nada fácil ao inspector João Velhote provar quem fora o assassino do Jeremias.
Talvez o trabalho de sapa de averiguações à volta da pequena pistola cromada,
da engenhoca a ela associada e do comando de garagem conduzissem a provas
irrefutáveis, talvez a polícia viesse a encontrar alguém que tivesse visto um
dos familiares do Jeremias dirigir-se à mansão noutra altura que não àquele
jantar… Mas iria ser o cabo dos trabalhos.
Para mais ele tinha todas
as razões para crer que sabia quem tinha sido o assassino.
As evidências recolhidas
levavam Velhote a focar as suas suspeitas nalgum dos três irmãos:
· Os outros membros da família não
tinham simpatias pelo Jeremias, mas nenhum deles aparentava ter rancor extremo
pelo homem.
· Os três filhos do Jeremias, todavia,
evidenciavam de longa data ódio pelo pai, sem dúvida causado pelos muitos anos
de frieza, aspereza e desprezo com que ele os tratara.
· A construção da engenhoca que
provocara o disparo da pistola exigia inteligência, alguns conhecimentos
tecnológicos e habilidade de mãos, atributos que qualquer dos irmãos tinha.
· Além do Edgar e do próprio Jeremias,
apenas os três irmãos tinham a chave da mansão ribatejana. Portanto, só eles
poderiam em alguma altura ter lá ido instalar a pistola no lustre. Essa
oportunidade só poderia ter ocorrido na tarde do domingo anterior ao jantar de
aniversário, dois dias antes deste, única altura naqueles dias em que ninguém
estava na mansão. Se a instalação tivesse sido feita antes das limpezas da casa
pelo Edgar e pelos criados a pistola teria sido obviamente detectada – o lustre
da sala de jantar não terá escapado a essa limpeza.
Três outros factos
apontavam para que o assassino fosse concretamente a Catarina:
· Alberto e Sofia tinham passado
brevemente pela casa, durante as limpezas. Não teria sentido que o fizessem se
pretendessem instalar a engenhoca no lustre. Com os criados em limpezas – e
sabê-lo-iam certamente – não o poderiam fazer sem que fossem notados. Catarina,
pelo contrário, não apareceu na mansão durante esses dias…
· Naquele domingo os três irmãos tinham
almoçado juntos em Lisboa, após o que Alberto e Sofia tinham ido ver um jogo de
râguebi da antiga equipa do Alberto, passando portanto a maior parte da tarde
juntos. Catarina não os acompanhara, afirmando querer ir ao cinema. Distando a
mansão uma hora de automóvel de Lisboa, ela teve portanto a oportunidade para
instalar a pistola no lustre, certamente conhecedora dos hábitos do Edgar e de
que a mansão estaria sem ninguém na tarde desse domingo. Pequena como era, não
lhe terá sido fácil camuflar a pistola no lustre, dada a altura a que este
estava – para observar a pistola disfarçada no lustre, o inspector João Velhote
pusera-se de pé em cima da mesa – mas uma cadeira em cima da sólida mesa de mogno
terá resolvido o problema.
· Da descrição da posição dos convivas
à volta da mesa, Catarina ocupava o topo precisamente oposto àquele em que se
sentava o pai, assento que lhe correspondia por ser a mais nova dos três
irmãos. O lustre estava por cima da mesa de jantar, certamente ao centro desta,
e a pistola instalada junto ao seu eixo central, portanto na vertical ao centro
da mesa, apontando para a parte superior da cadeira onde o Jeremias estava
sentado. Sendo a mesa rectangular e estando o lustre relativamente alto devido
ao pé direito da sala, a posição da Catarina à mesa, no topo oposto ao do pai,
era necessária e fundamental para saber o momento preciso em que a posição do
Jeremias fosse tal que a sua cabeça estivesse na linha de mira da pistola. À sobremesa,
esse foi o momento escolhido para activar o comando de garagem, emitindo o
sinal que, recolhido pela antena da engenhoca que montara e ajustara à pistola,
provocou uma corrente eléctrica no solenóide e a consequente sucção do êmbolo,
levando à pressão no gatilho da arma e ao disparo.
O Leitor, com os seus
dotes de telepatia, dispõe ainda de dois outros elementos, que o inspector João
Velhote não podia conhecer já que não teve acesso aos pensamentos do assassino
durante o jantar:
· Quando o assassino se interroga sobre
se o Jeremias estaria a desconfiar de alguma coisa, a pergunta que coloca a si
próprio é “Será que ele desconfia de
alguma coisa?... De mim, ou dos meus irmãos?...” Obviamente, quem coloca a
pergunta é uma das irmãs, já que se fosse o Alberto teria pensado “De mim, ou das minhas irmãs?”
· Ao criticar mentalmente as tias, a
assassina diz para si própria “Felizmente,
uma mulher hoje é muito mais que roupas e culinária!” Quando comenta
mentalmente o consommé, o seu pensamento é “Magnífico
consommé! O Edgar levou a cozinheira a exceder-se!” Estes são pensamentos
muito mais atribuíveis a uma mulher de características bem femininas – a
Catarina – do que a uma mulher de porte atlético e altamente habituada a uma
forte competição de natureza física – a Sofia.
Certamente que o Leitor
também terá também concluído que foi a Catarina quem matou o Jeremias!...
Sem comentários:
Enviar um comentário