domingo, 27 de agosto de 2017

POLICIÁRIO 1360



SORTEIO DA TAÇA EM DIA DE HOMENAGENS


Para além dos confrontos dos oitavos de final da Taça, vamos poder recordar dois “monstros sagrados” do nosso Policiário, ambos falecidos no mês de Agosto e que tanta falta nos fazem, ao Policiário e a nós, que tivemos o privilégio de com eles convivermos: Recordamos DIC ROLAND e KO.

 OITAVOS DE FINAL DA TAÇA DE PORTUGAL

Com a aproximação do final da nossa época competitiva, a selecção vai sendo feita e os “detectives” mais apetrechados ou mais sortudos, vão conseguindo impor-se e passar eliminatórias, rumo à desejada final.
Eis os resultado do sorteio dos oitavos de final da taça deste ano, com a preciosa ajuda da inevitável “D. Sorte” a que se referia o nosso saudoso Sete de Espadas:

Daniel Falcão – Karl Marques; Búfalos Associados – Mister H; Inspector Boavida – Detective Jeremias; Paulo – A Raposo & Lena; Zé - Ribeiro de Carvalho; Rigor Mortis – Ego; Inspector Aranha – Alex; Inspector Moscardo – Deco.
Destaque para o confronto entre a Detective Jeremias e o Inspector Boavida, que vai deixar pelo caminho um forte candidato à vitória. Grande equilíbrio vai estar certamente nos embates de Daniel Falcão com Karl Marques, bem como do “mano” deste, Mister H, com a dupla Búfalos Associados; emoção e dúvida até final, vai estar presente quando Paulo e a dupla A. Raposo & Lena medirem argumentos!
Em suma, oito belíssimos confrontos, que vão abrir as portas dos quartos de final da competição aos oito “detectives” que conseguirem suplantar os seus adversários directos.

 DIC ROLAND (n. 1921.04.11, f. 2006.08.09)

Este nosso confrade apareceu no Policiário com a nossa secção. Leitor do PÚBLICO desde o primeiro número, como fazia questão de frisar, cedo foi atraído pelos desafios policiais e desde logo neles se embrenhou.
Com uma vida riquíssima e cheia de episódios, de que se destacam os passados na Índia, onde chegou a ser comandante da polícia em Goa, até à sua fixação junto de Castelo Branco, onde era gerente de uma unidade hoteleira, nos primórdios da sua participação no Policiário, tendo depois passado pelo Fratel, até se fixar em Vila Nova de Santo André, Dic Roland era, podemos dizê-lo sem exagero, um “Cavaleiro Andante” do Policiário, percorrendo o país de lés-a-lés, para onde houvesse um acontecimento, fosse ele qual fosse: campeão dos convívios, presença certa nas reuniões da Tertúlia da Liberdade, sempre pronto para dois dedos de conversa ou para a discussão de qualquer caso mais intricado!
Dic Roland vivia o “seu” Policiário com uma intensidade única e eram inúmeros os telefonemas para nos dar a conhecer factos erradamente transmitidos, ou gralhas que alteravam o sentido das coisas, ou a confirmar o envio das soluções dos enigmas…
O seu apurado gosto pelo convívio ficou sempre amplamente documentado nas realizações em que se empenhou. Na estalagem junto à Barragem do Fratel, de que era gerente na altura, com almoço e passeio por Nisa, na companhia do Presidente da Câmara da vila alentejana e visita das termas da Fadagosa. Nos convívios do litoral alentejano, já a partir de Santo André, onde fundou uma tertúlia, com os confrades Vilnosa e Sinid Agiev e que tinham sempre uma componente cultural e lúdica a não desprezar. Houve safaris no parque temático Badoka Park; houve buscas nas praias do litoral alentejano, à procura da prova necessária para a decifração de mais um caso; houve visita às ruínas da cidade romana de Miróbriga, em Santiago do Cacém…
Dic Roland foi um “detective” completo: Foi campeão nacional, conquistou a taça de Portugal, foi policiarista do ano, comandou o ranking, esteve em todos os acontecimentos importantes da nossa história, foi um mestre na arte de saber conviver.

K.O. (n. 1939.01.06, f. 2007.08.24)


Conhecemos o K.O. logo no início deste nosso espaço, no ano de 1992. Era já um policiarista antigo, que andara por muitos dos acontecimentos mais marcantes da nossa actividade e que naquele momento regressava “a casa”, à sua casa Policiária.
Decifrador de elevada craveira, entusiasta do Policiário, desde logo se destacou pelas soluções elaboradas que produzia, ao ponto de serem muitas as vezes em que combinava connosco um encontro no parque de estacionamento de um hipermercado no Cacém, para entregar um “embrulho” que continha a sua proposta de solução, à tarde, quando ele regressava a casa em Mem Martins, vindo da “sua” escola, onde leccionava e fazia parte da direcção.
Vencedor por natureza, K.O. acumulou títulos e prémios, espalhou a sua simplicidade, simpatia e entusiasmo por todos os locais por onde o Policiário passou, deixando um rasto de admiração pelas suas qualidades, muito bem secundado pela sua inseparável mulher, a D. Isaurinda, sua verdadeira “alma gémea” em tudo, sendo difícil encontrar duas pessoas tão completas, tão Amigas dos seus Amigos, tão interessadas com o bem-estar de todos à sua volta!...


O K.O., presença assídua e constante em todos os acontecimentos policiários, com a sua “metade” Isaurinda, pertence ao restrito número dos nossos Maiores e será recordado pelo seu exemplo de luta, também contra a doença que o minou. Poucos dias antes de falecer, telefonou-nos para saber se passara uma eliminatória da Taça de Portugal! O “nosso” K.O. esteve connosco até encerrar este capítulo da sua vida, sempre na convicção de poder vencer a doença e regressar. Lutador, sempre, até ao fim! Em tudo na sua vida, onde o Policiário desempenhou um papel importante.



sexta-feira, 25 de agosto de 2017

CONFRONTOS DOS OITAVOS DE FINAL DA TAÇA DE PORTUGAL - 2017

 OITAVOS DE FINAL DA TAÇA DE PORTUGAL

Com a aproximação do final da nossa época competitiva, a selecção vai sendo feita e os “detectives” mais apetrechados ou mais sortudos, vão conseguindo impor-se e passar eliminatórias, rumo à desejada final.
Eis os resultado do sorteio dos oitavos de final da taça deste ano, com a preciosa ajuda da inevitável “D. Sorte” a que se referia o nosso saudoso Sete de Espadas:

Daniel Falcão – Karl Marques; Búfalos Associados – Mister H; Inspector Boavida – Detective Jeremias; Paulo – A Raposo & Lena; Zé - Ribeiro de Carvalho; Rigor Mortis – Ego; Inspector Aranha – Alex; Inspector Moscardo – Deco.

Destaque para o confronto entre a Detective Jeremias e o Inspector Boavida, que vai deixar pelo caminho um forte candidato à vitória. Grande equilíbrio vai estar certamente nos embates de Daniel Falcão com Karl Marques, bem como do “mano” deste, Mister H, com a dupla Búfalos Associados; emoção e dúvida até final, vai estar presente quando Paulo e a dupla A. Raposo & Lena medirem argumentos!

Em suma, oito belíssimos confrontos, que vão abrir as portas dos quartos de final da competição aos oito “detectives” que conseguirem suplantar os seus adversários directos.


TAÇA DE PORTUGAL - OITAVOS DE FINAL


CONFRONTOS 

AINDA HOJE, AQUI!


domingo, 20 de agosto de 2017

POLICIÁRIO 1359



AGOSTO COM MUITA QUÍMICA
E ASSALTO DESVENDADO

Entramos decididamente na segunda parte da nossa época competitiva com a publicação das soluções oficiais dos dois desafios que nos foram propostos pelo nosso confrade viseense, Paulo.
Depois de alguma confusão originada por erro na publicação do desafio de resposta múltipla, com a incorrecta troca de personagens, erro que prontamente corrigimos no blogue Crime Público e que, de resto, a generalidade dos “detectives” logo localizou, ou não estivéssemos na presença da elite dos decifradores de enigmas policiários, os desafios mereceram elogios, sobretudo o “Vinte Anos Depois”, que “obrigou” muitos confrades a um regresso ao tempo académico.
Ainda em tempo de férias para muitos, aqui ficam as soluções propostas pelo Paulo:

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2017
SOLUÇÕES DA PROVA N.º 6 – AUTOR: PAULO
PARTE I – “VINTE ANOS DEPOIS”

O texto de Ivo Diz encontra-se cheio de referências numéricas:
Sessenta e sete anos; cinquenta e duas letras; cinquenta e sete anos; setenta e sete barquitos; noventa e nove famílias; vinte e três fábricas; das cinquenta e três que laboraram; sessenta e três dias; trinta e três anos; um desejo; oito foram as que contámos; oitenta e oito anos; dezasseis anos.
67; 52; 57; 77; 99; 23; 53; 16; 63; 33; 1; 8; 88; 16.
Este conjunto de números, aparentemente aleatório, tinha para Ivo Diz significado, que lhe era dado pela sua formação académica, que ele partilhava com Gil Pio: a química.
A cada número corresponde um elemento da tabela periódica, com o seu símbolo químico.
Ho; Te; La; Ir; Es; V; I; S; Eu; As; H; O; Ra; S
Juntando as letras vê-se o surgimento de palavras
HoTeLaIrEsVISEuAsHORaS
Separando as sílabas de modo a fazer sentido lê-se:
HoTeL aIrEs VISEu As HORaS
Parece faltar a data e a hora. Consultando o texto e utilizando a mesma chave de desencriptação, encontramos o nome de dois elementos da tabela periódica; ferro e cloro, cujos números atómicos são 26 e 17.
Colocando estes números na sequência correta em que surgem no texto, relativamente aos símbolos químicos obtêm-se HoTeL aIrEs VISEu 26 As 17 HORaS, ou, de forma mais correta:
HoteL Aires Viseu 26 às 17 horas
O encontro estava marcado para o Hotel Aires, em Viseu, no dia 26 às 17 horas.
Como o texto foi publicado no jornal de 14 de fevereiro conclui-se que o encontro será a 26 desse mês. Caso a data falhasse, bastava tentar o dia 26 do mês seguinte.

PARTE II – “ASSALTO À LEILOEIRA”

Analisem-se as declarações de Cláudio.
O vigilante afirma ter estado amarrado junto a um relógio de pêndulo deitado e que apenas percebeu o passar do tempo pelo bater das horas do relógio. Esta situação não é possível. Este tipo de relógio funciona pelo efeito da força gravítica no pêndulo. Quando o relógio está deitado, o pêndulo não oscila e o relógio não funciona, não podendo bater as horas.
Cláudio não pode estar a contar a verdade, pelo que deverá ser detido para interrogatório.
Quanto às palavras ditas por Trajano, percebemos que ele abriu a porta do gabinete, mexeu no computador e abriu a porta do armazém, mas nestes locais não há impressões digitais. Como era uma noite quente, decerto Trajano não usaria luvas, e se as tivesse usado para proteger provas decerto que o referiria nas declarações.
As suas impressões teriam que obrigatoriamente surgir naqueles locais se ele fizesse o que declarou. Ou seja, as impressões só foram limpas no gabinete depois de ter comunicado o roubo e de ter ligado o computador, nunca antes de ele ter chegado. Só podiam ter sido limpas por ele.
Logo, Trajano não conta a verdade e deverá ser detido para novo interrogatório, como suspeito.
Os factos ter-se-ão passado da seguinte forma.
Trajano, Cláudio e provavelmente mais um ou dois cúmplices executaram o roubo. Às 22 horas e 17 minutos desligaram o computador e o sistema de vigilância. Transportaram o relógio para o veículo e Cláudio e os cúmplices partiram para largarem o produto do roubo em local seguro.
Trajano ficou nas instalações da leiloeira, aguardando que chegasse a sua hora de entrar ao serviço. Limpou as impressões digitais do armazém e esperou no gabinete até às 5 horas e 56 minutos, quando ligou o sistema informático e as câmaras de vigilância. Limpou todas as impressões no gabinete e na porta deste, tendo de seguida comunicado o roubo e ficado a aguardar as autoridades, não tendo tocado em nada depois de ter limpo as impressões digitais, contrariando as suas declarações quando diz ter tocado no puxador da porta, no computador, e provavelmente noutros locais do gabinete.
Quanto a Cláudio e os cúmplices, deixaram o relógio em sítio seguro, que até poderá ser longe da serra do Caldeirão, sendo este lugar usado apenas para despistar os investigadores. Cláudio simulou o seu abandono no local onde foi encontrado, embora, aparentemente, corresse o risco de ter que esperar muito tempo por auxílio. Provavelmente poderia desamarrar-se sozinho, caso não surgisse ninguém, e simular uma procura de auxílio numa qualquer localidade próxima.
Deste modo a hipótese C é a correta, devendo Cláudio e Trajano ser detidos por suspeita de participação no assalto.



domingo, 13 de agosto de 2017

POLICIÁRIO 1358



MUDAR OU NÃO, EIS A QUESTÃO!

O mês de Agosto é considerado o mês de férias por excelência e toda a actividade humana acaba por se ressentir disso mesmo. Não há a mesma disposição para abordar questões e quase tudo consegue ser justificado pelas férias. Também nós somos tomados por uma certa “preguiça” que nos impõe um regime mais aberto, menos rigoroso, mais convidativo a uns mergulhos refrescantes e retemperadores.
Mas as nossas competições não podem parar, porque um detective tem de estar sempre activo e pronto a responder ao crime, onde e quando este se manifestar, porque o crime não mete férias!
Hoje vamos ter a parte II da prova n.º 7, de autoria do confrade Verbatim, natural de Leiria e residente em Alfragide, que nestas páginas “nasceu” Nove e como referiu por variadas vezes, descobriu tarde o Policiário, tendo adoptado este pseudónimo por, no seu entender, retratar essa situação, ou seja, NO de novo “detective” e VE de velho em idade.
Protagonizou enormes lutas policiárias e conquistou muitos e variados títulos. Destaque para o de Campeão Nacional em 2003/2004, numa época de ouro em que foi também Policiarista do Ano, finalista da Taça de Portugal, apenas perdendo para o confrade Zé, curiosamente também natural do distrito de Leiria, numa final emocionante, (repetindo o desfecho do ano anterior em que perdeu a final para o confrade Daniel Falcão), concluindo ainda essa época como número 1 do ranking!
Autor de bons problemas policiais, numa altura em que estes não abundam, viu a sua qualidade reconhecida com a obtenção do título de vice-campeão nacional de produção na época 2005/2006, para além de outros excelentes resultados.
Elemento importante da extinta Tertúlia Policiária da Linha de Sintra, é hoje um dos responsáveis pela Tertúlia Policiária da Liberdade, promovendo o convívio saudável, na linha da tradição criada e desenvolvida pelo saudoso Sete de Espadas.
Afastado voluntariamente da competição esta época, aguardamos o seu regresso com redobrada expectativa, para podermos assistir às suas sempre excelentes participações, como decifrador.
 Vejamos o que nos propõe o confrade Verbatim:

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2017
PROVA N.º 7 – PARTE II
“MUDAR OU NÃO DE APOSTA, EIS A QUESTÃO” – Original de VERBATIM

No início dos anos sessenta, havia uma companhia de variedades que durante o seu espectáculo apresentava um concurso que tinha como prémio final um grande aparelho de televisão. Havia uma prova prévia onde se podiam ganhar telefonias portáteis, depois da qual ficava apenas um concorrente que se candidatava ao televisor.
Eram então apresentadas três grandes caixas, rigorosamente iguais por fora, numeradas 1,2 e 3. Uma tinha o desejado prémio e as outras duas estavam vazias.
           
O concorrente escolhia uma das caixas para se habilitar ao aparelho.
           
Prosseguindo o espectáculo, o apresentador, antes de abrir a caixa escolhida, descerrava uma das outras duas, que sabia estar vazia, e mostrava-a a toda a gente. Ficavam portanto duas caixas fechadas, uma delas com o televisor. Nessa altura, o apresentador dizia ao concorrente que lhe concedia a oportunidade de mudar a aposta para a outra caixa fechada, se o desejasse, esclarecendo-o, no entanto, de que seria indiferente fazê-lo ou não, visto saber-se que uma das caixas continha o televisor e a outra não, sendo assim igual a probabilidade de o televisor estar numa ou noutra das caixas.
Se, por exemplo, fosse escolhida a caixa 1 e descerrada a caixa 3, ao concorrente era, portanto, dada a oportunidade de alterar a sua aposta para a caixa 2, se o desejasse.
Ora, passadas várias sessões, em que umas vezes saiu o televisor e outras não, apareceu um protesto sustentando que o apresentador do concurso prejudicava os concorrentes com as explicações que produzia sobre a opção de alterar ou não a aposta, pois não eram iguais as probabilidades de o televisor se encontrar numa ou noutra das caixas. E, visto isso, poder-se-ia até estar perante uma fraude.
Chamaram-se pessoas sabedoras das subtilezas dos jogos de sorte e de azar para se pronunciarem sobre a matéria. E saíram quatro opiniões diferentes:
            A – O concorrente não era prejudicado nem beneficiado pelo esclarecimento dado pelo apresentador, visto ser rigorosamente igual a probabilidade de o televisor estar numa ou noutra das caixas.
            B – O concorrente era beneficiado porque as considerações do apresentador o levavam apenas a concentrar-se nas duas caixas em que poderia apostar e a esquecer o que se passara antes.
            C – O concorrente era prejudicado devido a ser bastante menor a probabilidade do televisor estar na caixa inicialmente escolhida do que na outra caixa que ficou fechada. 
            D – O concorrente era prejudicado devido a ser bastante maior a probabilidade do televisor estar na caixa inicialmente escolhida do que na outra caixa que ficou fechada
Será que o protesto tinha fundamento? Indique quem teria razão escolhendo uma das alíneas anteriores.

E pronto.
Fica a proposta do confrade Verbatim, que apesar da decisão de fazer uma pausa na decifração, respondeu afirmativamente ao desafio que lhe foi lançado para que apresentasse dois problemas, um de cada tipo.
Agora, resta aos “detectives” decidirem qual das alíneas é a correcta e, impreterivelmente até ao próximo dia 10 de Setembro fazerem chegar as suas opções ao coordenador deste espaço, em conjunto com a solução do problema publicado na semana passada, para o que poderão usar um dos seguintes meios:
Pelo Correio: Luís Pessoa, Estrada Militar, n.º 23, 2125-109 MARINHAIS;
Por entrega em mão ao orientador, onde quer que o encontrem.
Boas deduções e boas férias (se for o caso!)






domingo, 6 de agosto de 2017

POLICIÁRIO 1357



MORTE MISTERIOSA Á ESPERA DE RESPOSTAS

Cumprimos mais uma etapa das nossas competições, pela mão do nosso confrade VERBATIM, que nos propõe um desafio a exigir atenção redobrada.

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2017
PROVA N.º 7 – PARTE I
MORTE NAS TRASEIRAS” – Original de VERBATIM
           
Marisa Figueira, sentada sob o chapéu-de-sol, perguntou as horas ao filho mais velho. Vinte para o meio-dia, respondeu o jovem. O teu pai, retorquiu ela, já cá devia estar há mais de uma hora e sabe que daqui a nada temos de ir ao homem dos sanitários, por isso, pega na mota e vai ver o que se passa. O rapaz obedeceu, algo contrariado, e partiu com um amigo no sentido da zona onde residiam, a vinte quilómetros da praia.
Os dois moços encontraram Eusébio Figueira estendido de costas no quintal, com o corpo quase paralelo às traseiras da vivenda, com a cabeça para o lado direito e as pernas para o lado esquerdo de quem saía da casa, com uma órbita esfacelada, encontrando-se o cão de guarda, também aparentemente morto, junto de uma poça de sangue, aos pés do dono. Ainda mal recompostos desta terrível surpresa, um deles foi chamar a GNR ao posto mais próximo e outro ficou em casa ao telefone, a pedir socorro médico, pois Eusébio Figueira podia ainda estar vivo.
Moravam num bairro de vivendas arrumado de forma regular, que terá começado por ser clandestino, com amplos terrenos nas traseiras, onde a generalidade dos habitantes, gente com algum dinheiro, tinha troços ajardinados, pequenas hortas, árvores de fruto ou capoeiras. O quintal dos Figueira estava rodeado por cinco outros terrenos de área semelhante. No conjunto tinha-se um rectângulo de três por dois. Só a vedação do quintal que estava em frente das traseiras da vivenda dos Figueiras, o dos Ferreira, apresentava, nas suas três contiguidades, uma vedação difícil de ultrapassar e impeditiva de olhares bisbilhoteiros.
Eusébio Figueira levou um tiro que o matou. O projéctil homicida entrou na órbita esquerda e saiu um pouco abaixo do occipital da vítima, tendo caído no canteiro junto ao pequeno muro de separação entre os terrenos dos Figueira e dos Lopes, depois de bater nesse muro. Outra bala perfurara e matara o cão, alojando-se no meio de duas pedras de revestimento do chão, logo atrás do corpo do animal, entre este e o muro onde embatera a outra bala. Verificou-se, depois, que os dois projécteis provinham da mesma arma.
O quintal dos Silva, situado à direita de quem saía pelas traseiras da vivenda dos Figueira, tinha uma parreira que, apanhando fumo de um grelhador instalado pelos Figueira, fora motivo de zanga entre aquelas duas famílias vizinhas. Sabia-se, no entanto, e a polícia confirmou-o, que a verdadeira razão dos azedumes residira em desentendimentos havidos num negócio de importação e exportação. Contrabando, segundo alguns. Mas já tinham feito as pazes há uns quatro anos, pouco depois do 25 de Abril de 1974. Por outro lado, com os Lopes a tensão era agora elevada. Na origem disso estavam dívidas de Alberto Lopes a Eusébio Figueira, reclamadas por este mas, ao que parecia, sem provas legais. A chefe do clã Silva, Josefa da Silva, de cerca de 42 anos mas ainda muito vistosa, não se cansava de dizer que o Eusébio tinha toda a razão.
Em frente das traseiras da vivenda dos Lopes situava-se o quintal dos Simões e em frente das traseiras da vivenda dos Silva estava o terreno dos Costa. Estes dois quintais, dos Simões e dos Costa, tocavam apenas em vértices do quintal dos Figueira, cada um no seu. Todavia, qualquer deles tinha vista, embora muito atrapalhada pelas plantas, para o terreno dos Figueira e vice-versa. As relações dos Figueira com os Simões eram amistosas, sendo praticamente nulas com os Ferreira e os Costa
Os Simões e os Ferreira provaram não ter estado nas respectivas vivendas naquela manhã quente e clara de Agosto. Silvino da Costa disse ter ficado toda a manhã sozinho em casa a redigir um relatório complicado, enquanto a família fora para a praia. Informou também só ter dado por alguma coisa quando, ao chegar ao seu quintal para arejar, cerca da uma e meia, avistou mais pessoas do que o costume no terreno dos Figueira. Josefa da Silva provou ter estado na praia com os filhos, mas sem o marido, António da Silva, que ficou em casa. Este jurou ter falado com o Eusébio pelas dez horas, enquanto verificava os cachos da parreira, tendo apenas voltado a vê-lo, perto do meio-dia e meia, então estendido no quintal, como quem tivesse levado um balázio pela frente. Acrescentou que na altura em que tocava à porta de entrada da casa do Eusébio, para alertar quem lá estivesse para a necessidade de o socorrer, viu chegar dois militares da GNR e percebeu que, entretanto, alguém já concluíra que o vizinho tinha sido morto a tiro. Alberto Lopes afirmou e provou ter ido à praia com a família e ter regressado a casa sozinho, ainda não eram duas da tarde, depois de haver comido no “Travessas”, e que, logo na rua, lhe disseram que alguma coisa de grave acontecera ao Eusébio. Afirmou que estava muito chateado com ele mas que desejava a sua recuperação.
A polícia descobriu armas nas vivendas dos Lopes, dos Figueira, dos Silva e dos Costa, só uma devidamente legalizada, em nome de António da Silva, mas nenhuma idêntica àquela de onde terão saído os projécteis que atingiram a vítima e o seu cão. No quintal dos Lopes apareceu um silenciador atrás de uns tufos de Alecrim, com sinais de uso recente mas sem impressões digitais. Havia sangue do bicho misturado com sangue do dono, conforme informação posterior do laboratório da polícia, e algum sangue de Eusébio Figueira em escassas pingas caídas entre a porta para o quintal e o sítio onde se encontrava o seu corpo, bem como na sua face esquerda, no ferimento de saída da bala e no chão sob a cabeça, aí também em pequena quantidade. Outros materiais orgânicos recolhidos estavam ainda a ser examinados. Segundo o médico legista, a morte de Eusébio Figueira terá ocorrido entre as 9:30 e as 11:00 daquela manhã.
O Inspector encarregado do caso afirmou que já era possível saber, quase de certeza, o que teria acontecido com Eusébio Figueira. O que lhe parece, caro leitor? Diga de sua justiça.

E pronto.
Resta aos nossos “detectives” dar resposta ao confrade Verbatim, impreterivelmente até ao próximo dia 10 de Setembro, para o que poderá usar um dos seguintes meios:
Por Correio para: Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.


Boas deduções e boas férias, para quem as tem!