domingo, 20 de agosto de 2017

POLICIÁRIO 1359



AGOSTO COM MUITA QUÍMICA
E ASSALTO DESVENDADO

Entramos decididamente na segunda parte da nossa época competitiva com a publicação das soluções oficiais dos dois desafios que nos foram propostos pelo nosso confrade viseense, Paulo.
Depois de alguma confusão originada por erro na publicação do desafio de resposta múltipla, com a incorrecta troca de personagens, erro que prontamente corrigimos no blogue Crime Público e que, de resto, a generalidade dos “detectives” logo localizou, ou não estivéssemos na presença da elite dos decifradores de enigmas policiários, os desafios mereceram elogios, sobretudo o “Vinte Anos Depois”, que “obrigou” muitos confrades a um regresso ao tempo académico.
Ainda em tempo de férias para muitos, aqui ficam as soluções propostas pelo Paulo:

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2017
SOLUÇÕES DA PROVA N.º 6 – AUTOR: PAULO
PARTE I – “VINTE ANOS DEPOIS”

O texto de Ivo Diz encontra-se cheio de referências numéricas:
Sessenta e sete anos; cinquenta e duas letras; cinquenta e sete anos; setenta e sete barquitos; noventa e nove famílias; vinte e três fábricas; das cinquenta e três que laboraram; sessenta e três dias; trinta e três anos; um desejo; oito foram as que contámos; oitenta e oito anos; dezasseis anos.
67; 52; 57; 77; 99; 23; 53; 16; 63; 33; 1; 8; 88; 16.
Este conjunto de números, aparentemente aleatório, tinha para Ivo Diz significado, que lhe era dado pela sua formação académica, que ele partilhava com Gil Pio: a química.
A cada número corresponde um elemento da tabela periódica, com o seu símbolo químico.
Ho; Te; La; Ir; Es; V; I; S; Eu; As; H; O; Ra; S
Juntando as letras vê-se o surgimento de palavras
HoTeLaIrEsVISEuAsHORaS
Separando as sílabas de modo a fazer sentido lê-se:
HoTeL aIrEs VISEu As HORaS
Parece faltar a data e a hora. Consultando o texto e utilizando a mesma chave de desencriptação, encontramos o nome de dois elementos da tabela periódica; ferro e cloro, cujos números atómicos são 26 e 17.
Colocando estes números na sequência correta em que surgem no texto, relativamente aos símbolos químicos obtêm-se HoTeL aIrEs VISEu 26 As 17 HORaS, ou, de forma mais correta:
HoteL Aires Viseu 26 às 17 horas
O encontro estava marcado para o Hotel Aires, em Viseu, no dia 26 às 17 horas.
Como o texto foi publicado no jornal de 14 de fevereiro conclui-se que o encontro será a 26 desse mês. Caso a data falhasse, bastava tentar o dia 26 do mês seguinte.

PARTE II – “ASSALTO À LEILOEIRA”

Analisem-se as declarações de Cláudio.
O vigilante afirma ter estado amarrado junto a um relógio de pêndulo deitado e que apenas percebeu o passar do tempo pelo bater das horas do relógio. Esta situação não é possível. Este tipo de relógio funciona pelo efeito da força gravítica no pêndulo. Quando o relógio está deitado, o pêndulo não oscila e o relógio não funciona, não podendo bater as horas.
Cláudio não pode estar a contar a verdade, pelo que deverá ser detido para interrogatório.
Quanto às palavras ditas por Trajano, percebemos que ele abriu a porta do gabinete, mexeu no computador e abriu a porta do armazém, mas nestes locais não há impressões digitais. Como era uma noite quente, decerto Trajano não usaria luvas, e se as tivesse usado para proteger provas decerto que o referiria nas declarações.
As suas impressões teriam que obrigatoriamente surgir naqueles locais se ele fizesse o que declarou. Ou seja, as impressões só foram limpas no gabinete depois de ter comunicado o roubo e de ter ligado o computador, nunca antes de ele ter chegado. Só podiam ter sido limpas por ele.
Logo, Trajano não conta a verdade e deverá ser detido para novo interrogatório, como suspeito.
Os factos ter-se-ão passado da seguinte forma.
Trajano, Cláudio e provavelmente mais um ou dois cúmplices executaram o roubo. Às 22 horas e 17 minutos desligaram o computador e o sistema de vigilância. Transportaram o relógio para o veículo e Cláudio e os cúmplices partiram para largarem o produto do roubo em local seguro.
Trajano ficou nas instalações da leiloeira, aguardando que chegasse a sua hora de entrar ao serviço. Limpou as impressões digitais do armazém e esperou no gabinete até às 5 horas e 56 minutos, quando ligou o sistema informático e as câmaras de vigilância. Limpou todas as impressões no gabinete e na porta deste, tendo de seguida comunicado o roubo e ficado a aguardar as autoridades, não tendo tocado em nada depois de ter limpo as impressões digitais, contrariando as suas declarações quando diz ter tocado no puxador da porta, no computador, e provavelmente noutros locais do gabinete.
Quanto a Cláudio e os cúmplices, deixaram o relógio em sítio seguro, que até poderá ser longe da serra do Caldeirão, sendo este lugar usado apenas para despistar os investigadores. Cláudio simulou o seu abandono no local onde foi encontrado, embora, aparentemente, corresse o risco de ter que esperar muito tempo por auxílio. Provavelmente poderia desamarrar-se sozinho, caso não surgisse ninguém, e simular uma procura de auxílio numa qualquer localidade próxima.
Deste modo a hipótese C é a correta, devendo Cláudio e Trajano ser detidos por suspeita de participação no assalto.



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