AGOSTO
COM MUITA QUÍMICA
E
ASSALTO DESVENDADO
Entramos
decididamente na segunda parte da nossa época competitiva com a publicação das
soluções oficiais dos dois desafios que nos foram propostos pelo nosso confrade
viseense, Paulo.
Depois
de alguma confusão originada por erro na publicação do desafio de resposta
múltipla, com a incorrecta troca de personagens, erro que prontamente
corrigimos no blogue Crime Público e que, de resto, a generalidade dos
“detectives” logo localizou, ou não estivéssemos na presença da elite dos
decifradores de enigmas policiários, os desafios mereceram elogios, sobretudo o
“Vinte Anos Depois”, que “obrigou” muitos confrades a um regresso ao tempo
académico.
Ainda
em tempo de férias para muitos, aqui ficam as soluções propostas pelo Paulo:
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2017
SOLUÇÕES
DA PROVA N.º 6 – AUTOR: PAULO
PARTE
I – “VINTE ANOS DEPOIS”
O
texto de Ivo Diz encontra-se cheio de referências numéricas:
Sessenta e sete anos;
cinquenta e duas letras; cinquenta e sete anos; setenta e sete barquitos;
noventa e nove famílias; vinte e três fábricas; das cinquenta e três que
laboraram; sessenta e três dias; trinta e três anos; um desejo; oito foram as
que contámos; oitenta e oito anos;
dezasseis anos.
67;
52; 57; 77; 99; 23; 53; 16; 63; 33; 1; 8; 88; 16.
Este
conjunto de números, aparentemente aleatório, tinha para Ivo Diz significado,
que lhe era dado pela sua formação académica, que ele partilhava com Gil Pio: a
química.
A
cada número corresponde um elemento da tabela periódica, com o seu símbolo
químico.
Ho;
Te; La; Ir; Es; V; I; S; Eu; As; H; O; Ra; S
Juntando
as letras vê-se o surgimento de palavras
HoTeLaIrEsVISEuAsHORaS
Separando
as sílabas de modo a fazer sentido lê-se:
HoTeL
aIrEs VISEu As HORaS
Parece
faltar a data e a hora. Consultando o texto e utilizando a mesma chave de
desencriptação, encontramos o nome de dois elementos da tabela periódica; ferro
e cloro, cujos números atómicos são 26 e 17.
Colocando
estes números na sequência correta em que surgem no texto, relativamente aos
símbolos químicos obtêm-se HoTeL aIrEs VISEu 26 As 17 HORaS, ou, de forma mais
correta:
HoteL
Aires Viseu 26 às 17 horas
O
encontro estava marcado para o Hotel Aires, em Viseu, no dia 26 às 17 horas.
Como
o texto foi publicado no jornal de 14 de fevereiro conclui-se que o encontro
será a 26 desse mês. Caso a data falhasse, bastava tentar o dia 26 do mês
seguinte.
PARTE
II – “ASSALTO À LEILOEIRA”
Analisem-se
as declarações de Cláudio.
O
vigilante afirma ter estado amarrado junto a um relógio de pêndulo deitado e
que apenas percebeu o passar do tempo pelo bater das horas do relógio. Esta
situação não é possível. Este tipo de relógio funciona pelo efeito da força
gravítica no pêndulo. Quando o relógio está deitado, o pêndulo não oscila e o
relógio não funciona, não podendo bater as horas.
Cláudio
não pode estar a contar a verdade, pelo que deverá ser detido para
interrogatório.
Quanto
às palavras ditas por Trajano, percebemos que ele abriu a porta do gabinete,
mexeu no computador e abriu a porta do armazém, mas nestes locais não há
impressões digitais. Como era uma noite quente, decerto Trajano não usaria
luvas, e se as tivesse usado para proteger provas decerto que o referiria nas
declarações.
As
suas impressões teriam que obrigatoriamente surgir naqueles locais se ele
fizesse o que declarou. Ou seja, as impressões só foram limpas no gabinete
depois de ter comunicado o roubo e de ter ligado o computador, nunca antes de
ele ter chegado. Só podiam ter sido limpas por ele.
Logo,
Trajano não conta a verdade e deverá ser detido para novo interrogatório, como
suspeito.
Os
factos ter-se-ão passado da seguinte forma.
Trajano,
Cláudio e provavelmente mais um ou dois cúmplices executaram o roubo. Às 22
horas e 17 minutos desligaram o computador e o sistema de vigilância.
Transportaram o relógio para o veículo e Cláudio e os cúmplices partiram para
largarem o produto do roubo em local seguro.
Trajano
ficou nas instalações da leiloeira, aguardando que chegasse a sua hora de
entrar ao serviço. Limpou as impressões digitais do armazém e esperou no
gabinete até às 5 horas e 56 minutos, quando ligou o sistema informático e as
câmaras de vigilância. Limpou todas as impressões no gabinete e na porta deste,
tendo de seguida comunicado o roubo e ficado a aguardar as autoridades, não
tendo tocado em nada depois de ter limpo as impressões digitais, contrariando
as suas declarações quando diz ter tocado no puxador da porta, no computador, e
provavelmente noutros locais do gabinete.
Quanto
a Cláudio e os cúmplices, deixaram o relógio em sítio seguro, que até poderá
ser longe da serra do Caldeirão, sendo este lugar usado apenas para despistar
os investigadores. Cláudio simulou o seu abandono no local onde foi encontrado,
embora, aparentemente, corresse o risco de ter que esperar muito tempo por
auxílio. Provavelmente poderia desamarrar-se sozinho, caso não surgisse
ninguém, e simular uma procura de auxílio numa qualquer localidade próxima.
Deste
modo a hipótese C é a correta, devendo Cláudio e Trajano ser detidos por
suspeita de participação no assalto.
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