DECIFRADA
A MORTE DO AFONSINHO
Estamos
cada vez mais próximos do final das nossas competições desta época. Hoje, vamos
tomar conhecimento das soluções que o Inspector Fidalgo encontrou para os seus
desafios.
Fica
a faltar o grande teste que vai ser o problema do “mestre” M. Constantino,
certamente o definidor de todas as classificações.
Cabe
aqui uma nota para o desafio publicado na passada semana, que mereceu
referências elogiosas à generalidade dos confrades que se pronunciaram sobre um
dos maiores vultos do Policiário português. Ao grande espírito divulgador de
Sete de Espadas, que impulsionou a nossa actividade até limites muito altos,
criando gerações de adeptos e leitores, juntamos, na galeria dos nossos maiores
o nome de M. Constantino, o produtor de enigmas policiais de excelência
(sabendo que só com bons problemas policiais o passatempo se pode desenvolver),
a par de uma enorme actividade de ensaísta e investigador.
O
desafio da semana passada não tem apenas uma solução certa, como referimos na
altura, pelo contrário, só tem respostas correctas e até no nome do seu autor
os confrades encontraram um enigma para decifrar. Quase imediatamente após a
publicação, houve tentativas de decifração, embora sem ninguém a acertar no
alvo. Aceita-se sugestões…
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2017
SOLUÇÕES
DA PROVA N.º 9
PARTE
I - “A MORTE DO SENHOR AFONSINHO” – INSP. FIDALGO
Como
é dito, não havia acesso para ninguém do exterior e por isso o assistente do
inspector tinha a certeza de que tudo se resolveria entre os dois primos que
estavam vivos.
A
questão do suicídio ficava desde logo excluída uma vez que o cadáver se
apresentava de modo que impedia esse facto, quer pela posição em que se
encontrava, nada plausível para um suicídio, quer pela existência do orifício
de entrada do projéctil acima da orelha esquerda da vítima, quando a arma
estava junto da sua mão direita. Igualmente de assinalar a falta da cápsula,
não referida apesar da busca minuciosa.
Assim,
acabam por subsistir os dois primos que viviam com a vítima. Um deles terá
posto fim à vida dele, mas importava saber qual e onde. Naquele escritório ou
fora dele?
A
descrição do local indica que o crime não foi cometido ali, porque não há
sangue em quantidade para um tiro desferido numa das zonas mais irrigadas do
corpo humano. Mesmo tratando-se de um tiro de arma de pequeno calibre, como a
descrição sugere, o sangue teria de brotar com alguma violência, sobretudo no
momento do contacto violento e desamparado com o chão. Os salpicos em redor da
cabeça com laivos na parte exterior e alongados, indicam que foram provocados
do centro para a periferia, da cabeça para o exterior. Parecem, pois, estar
correctos, só que numa queda em superfície horizontal, como é o caso, os salpicos
não seriam apresentados por igual em redor de toda a cabeça, mas localizados a
partir do orifício.
As
análises “sherlokianas” feitas pelo ajudante do inspector apenas permitem
averiguar com toda a certeza se são de sangue ou não. E neste caso, quer uma,
quer outra, revelam que não se trata de sangue!
Conclusão
óbvia, houve encenação. O crime foi cometido fora daquela sala, o cadáver
chegou ali já sem sangramento e o responsável borrifou o chão, a partir da
cabeça da vítima, com um líquido que se pode confundir com sangue à vista
desarmada.
Chegados
a esta conclusão, resta saber quem terá arrastado o cadáver. O modo de o fazer
difere se é feito por um homem ou por uma mulher. Um homem pega no corpo pelos
sovacos e arrasta-o com os calcanhares pelo chão. Uma mulher, sobretudo por
falta de força para erguer o corpo pelos sovacos, puxa-o pegando pelos pés,
fazendo deslizar o corpo apoiado nas costas e nuca.
Neste
caso, face ao que está descrito, verificamos que a vítima era um homem atlético
e musculado. Logo, algo pesado. Sobre os dois candidatos a criminosos, o primo
era para o gordito, mas de boa compleição e a prima era esbelta e frágil.
Assim, sendo necessária força, o primeiro a ser chamado pelo ajudante do
inspector, se este lhe der o aval, será o Afonso.
PARTE
II – “FESTAS DE ANIVERSÁRIO… OU NÃO!” – INSP. FIDALGO
Solução:
C – O notificado só podia ser o Ptolomeu.
O
ano de nascimento relaciona um acontecimento importante com a cidade de
Santarém, o que numa época mais recente apenas poderá ser associado com o 25 de
Abril e Salgueiro Maia, um dos seus executores mais importantes. Chegamos,
pois, a 1974.
Quarenta
nos depois, chegamos a 2014, ano em que decorrem todos estes factos.
A
haver notificação, esta seria para um dos seguintes dias: 5 de Outubro; 1 de
Novembro ou 1 de Dezembro. Todos feriados nacionais em que os serviços públicos
estão encerrados, pelo que não poderia haver notificações. Em condições
normais, seria a alínea D a correcta.
Só
que o governo em exercício retirou quatro feriados, dois civis e dois
religiosos, entre eles os três que estão em causa: 5 de Outubro, 1 de Novembro
e 1 de Dezembro. Destes, no entanto, o primeiro calhou a um domingo, o segundo
a um sábado e só o 1 de Dezembro calhou a uma segunda-feira! Só nesta data
poderia haver notificação e o alvo apenas poderia ser o Ptolomeu.
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