domingo, 4 de fevereiro de 2018

POLICIÁRIO 1383




ALENTEJO TINGIDO DE SANGUE

Damos hoje início às competições desta época de 2018!
Este primeiro problema reveste-se de especial importância porque é decisivo em termos de continuidade na Taça de Portugal, uma vez que – recordamos – apenas serão apurados para a segunda eliminatória os autores das 512 melhores propostas de solução. Sendo previsível que o número de totalistas seja consideravelmente superior ao das vagas, será fundamental que a solução apresentada seja bem construída para que não haja surpresas indesejadas.
Após esta eliminatória, as decisões passam a ser em confronto directo entre dois “detectives” previamente sorteados, sendo apurado o autor do melhor desempenho.
Vamos, então, até ao Alentejo, que uma vez mais se tingiu de sangue…

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2018
PROVA N.º 1 – PARTE I
CALOR E MORTE NO ALENTEJO – Original de COMPADRE AL

O calor teimava em apertar e ninguém parecia ter a noção exacta das dificuldades que se avizinhavam. O que as pessoas queriam era sol e bom tempo, muita praia e muitos passeios à beira-mar. Isso sim, era vida boa.
O Lito não pensava assim e procurava meios alternativos para poder defrontar a seca e a miséria que se aproximava, porque falta de água era coisa que lhe metia muita impressão. Costumava dizer que “falta de luz é uma tristeza, mas falta de água é muito pior”.
A partir de certo momento, resolveu assumir-se como um combatente das alterações climáticas e passou a denunciar comportamentos e modos de vida que considerava serem abusadores da Natureza e, por tabela, de todos os cidadãos deste mundo.
Por isso, começou a “patrulhar” campos e vales, procurando coisas que ilustrassem o que andávamos a fazer ao ambiente e a nós todos. Dia após dia, calcorreou caminhos e matas e foi anotando tudo o que encontrava, de bom e de mau.
Naquele dia fatídico a sorte abandonou Lito e quando estava na sua meritória acção, caiu fulminado, no meio de uma enorme tempestade de verão, com chuva diluviana, raios e trovões arrepiantes. Ironia do destino, pensaram alguns, um combatente contra a seca e o fogo morrer às mãos da água diluviana e da tempestade.
Mas o Inácio, que andava por ali e assistiu, de longe, segundo afirma, à queda de Lito, não embarcou na história e quando mais tarde conseguiu aproximar-se, reparou que ele estava mais pesado do que seria normal, pelo acréscimo de chumbo com que foi atingido e esse chumbo não era transportado por tempestades!
- O que eu vi foi o Lito cair. Estava bastante longe, mas isto é tudo plano, como vê. Demorei mais de 20 minutos a chegar aqui porque para aquele lado, de onde vim, não há caminhos e vim a corta-mato. Foi uma carga de água dos diabos e fiquei completamente encharcado e até o chão ficou escorregadio e enlameado. Ao chegar, finalmente, vi que estava cá o Zé Farófias. Quando olhei lá de longe, vi que estava um homem com o Lito, mas não vi quem era. Só ao chegar vi que estava cá o Zé. Não gosto dele nem um bocadinho, tem a mania de deitar fogo a tudo para aproveitar os campos e não olha a mais nada, quer lá saber se é proibido ou não!
O Zé Farófias disse:
- Não tenho nada a ver com isto. É verdade que estava mesmo para começar uma queimada, mas mais nada. Ia fazer arder este terreno aqui para haver pasto para as minhas cabras, mais nada. Mas eu sou muito cuidadoso e ia vigiar tudo, não pense que não… Depois começou a trovoada e a chuvada e já não podia queimar. Só vi o Lito a rodopiar e cair. Pensei logo que tinha sido atingido por um raio. Só depois é que reparámos, o Inácio e eu, que levara um tiro. De quem, não faço ideia…
O Zé arrancou um pedaço de palha ressequida para limpar os sapatos brilhantes e um ou outro salpico de lama, enquanto alisava o casaco que cobria um colete decorado com uma gravata azul. Estava impecavelmente vestido porque tinha uma escritura para fazer na vila e estava atrasado.
- Se tudo tivesse corrido bem, já lá estava. Moro ali abaixo, logo depois daquele morro. São cinco minutos a andar… Não saí daqui, não tenho telefone e não podia fazer nada. Como vi que o Inácio vinha lá ao longe, esperei por ele, não podia fazer mais nada e podia ser que ele tivesse um desses telemóveis que dessem para falar à polícia. Não tenho arma nenhuma e também não ia andar aos tiros ao Lito, mas ele tinha muitos inimigos desde que andava armado em polícia a chatear as pessoas com essas coisas do ambiente e dos fogos. Sempre se fizeram queimadas e nunca aconteceu nada de mal… Claro que sei que é proibido, mas isso é coisa de políticos que não percebem nada disto.
O agente da GNR ouvia-os em silêncio, apontando cada palavra proferida. Ele já tinha dado uma volta pelas imediações e notara que só havia marcas de quatro presenças no local, para além das suas próprias. O trajecto de Inácio estava bem definido, tal como o do Lito e do Zé Farófias, mas havia mais um trilho em direcção do morro, nos dois sentidos, que talvez fosse a chave para o enigma.
Quem terá disparado sobre a Lito?
Justifique todas as suas deduções.

E pronto!
Resta aos nossos “detectives” darem o pontapé de saída nas competições desta época, elaborando um relatório com as suas conclusões e, impreterivelmente até ao próximo dia 28 de Fevereiro, remetê-lo usando um dos seguintes meios:
- Pelos correios para Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
- Por entrega em mão ao coordenador do espaço, onde quer que o encontrem.
Boas deduções! 


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