domingo, 18 de fevereiro de 2018

POLICIÁRIO 1385




DESAFIOS E ENIGMAS PARA TODOS!


Publicados os primeiros desafios desta época, um de características tradicionais e outro de escolha múltipla, entramos no tempo de pausa, durante o qual os nossos “detectives” vão analisar ambos e procurar a sua decifração, para entrarem com o pé direito.
Sendo usual que haja novos confrades a entrarem na nossa casa Policiária, impõe-se que façamos algumas considerações sobre a forma como funciona toda esta orgânica e como produzir um desafio policiário
Digamos que a base de todo o Policiário é o amor pelo policial, pelo crime enquanto fenómeno com que lidamos a todo o momento e a capacidade para o decifrar e encontrar os criminosos. Assim dito, parece algo muito simples, mas não é assim tanto!
Na nossa actividade, tudo começa na feitura das produções, os chamados problemas policiários, em que os escritores mais hábeis se envolvem, procurando criar um caso que exige investigação. Não é obrigatório que configure um crime, na verdadeira acessão da palavra, mas um enigma que espera decifração. Uma simples história passada em família e que necessita de apurar quem teria usado uma máquina ou comido um petisco que estava guardado, pode conduzir a um caso para resolver e a um problema policiário.
Por esse motivo dizemos, com total propriedade, que o Policiário é mesmo para todas as idades e não é obrigatória a exposição a qualquer tipo de violência. O processo de investigação, os princípios e meios usados é que são comuns, com a utilização prioritária e fundamental do raciocínio dedutivo.
Um problema policiário, qualquer que seja, passa sempre pelo contar de uma história, por retratar uma cena verosímil, capaz de ter ocorrido em qualquer lugar, que envolva um enigma e a sua resolução. Terminada a exposição dos factos, no exacto momento em que o investigador vai passar à fase de apresentação das conclusões e exibir as provas em que se baseia para apontar o responsável, o produtor interrompe o seu conto e lança os seus desafios. Alguns produtores escolhem o método de fazer algumas perguntas, que querem ver respondidas, outros optam por simplesmente interromperem o texto e aguardarem pelos relatórios. No caso dos de escolha múltipla, o texto termina com as quatro hipóteses de solução, de entre as quais o decifrador terá que escolher uma.
Numa visão um tanto redutora, porque é praticamente ilimitada a imaginação, podemos dizer que o tipo mais frequente de problemas é o de contradição. Essa contradição pode ser por o autor desenvolver a trama e colocar depoimentos dos suspeitos em que um deles afirma algo que não é possível ter acontecido por motivos externos, ou seja, por factores que são de conhecimento público ou de cultura geral. Ou por se contradizer a si mesmo com depoimentos que fez anteriormente.
Outro género tem a ver com factores climatéricos ou comportamentais de pessoas ou animais, que deixam marcas e indícios que não são compatíveis com a história que se está a desenvolver e conduzem a um dos suspeitos, ilibando os outros. Neste caso, nem precisa de haver depoimentos, os elementos fornecidos indicam o responsável.
Também os problemas de técnica policial são frequentes, embora exijam um grau de conhecimentos mais elevado, principalmente para que não haja contradições entre aquilo que o autor coloca como dados e as conclusões que ele pretende que se extraiam.
Este tipo de problemas é o mais científico, digamos assim, eliminando em grande parte os factores de subjectividade e de interpretação do investigador, tendo contra si o facto de apenas estar ao alcance de quem dominar capazmente a ciência e técnica de investigação criminal.
De qualquer forma, é importante que o candidato a produtor de enigmas se capacite de que quem comanda o enigma é ele. Ele é que definirá todos os factores, se há sol ou chuva, de há vento ou nevoeiro, se os intervenientes são cultos ou não, quem tem interesses e quem não tem, etc., etc. e por isso tem de articular todos os pormenores que quiser colocar no texto e obter uma unidade perfeita, para que não haja pontas soltas ou contradições insanáveis entre situações que o autor dá como adquiridas e as conclusões que vai exigir aos decifradores.
Este ano, uma vez mais, procuramos assegurar a disponibilidade dos produtores mais activos da nossa secção, uma disponibilidade que não nos cansamos de agradecer, mas a verdade é que necessitamos de “sangue novo”, novos métodos e processos de escrita, novidades, em suma, que evitem uma certa estagnação. É que, após alguns anos de Policiário, com o conhecimento dos autores e dos seus processos, começamos a perceber e antecipar as suas conclusões, quase resolvemos os problemas pelo conhecimento que temos dos seus autores. Claro que é um exagero, mas quer dizer algo.
A nossa actividade baseia-se, em primeira instância, na qualidade dos desafios que temos para propor aos “detectives”, sendo frustrante chegarmos à conclusão de que um determinado problema não tem a resposta adequada, depois de imenso tempo perdido na sua análise, ou que é anulado após tanto esforço.
Por isso vamos lançando o nosso apelo para que os nossos “detectives” elaborem um desafio, de qualquer dos tipos e o façam com o espírito de propor aos restantes confrades aquilo com que gostariam de ser confrontados. Aquilo que lhes daria prazer resolver.
Não é possível que todos sejamos mestres como M. Constantino, tal como nem todos os futebolistas podem ser Cristianos Ronaldos, mas nunca poderemos saber sem tentarmos, sem colocarmos todo o nosso empenho e cuidado, num desafio que seja também algo de nós, sempre procurando a excelência.



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