DESAFIOS
E ENIGMAS PARA TODOS!
Publicados
os primeiros desafios desta época, um de características tradicionais e outro
de escolha múltipla, entramos no tempo de pausa, durante o qual os nossos
“detectives” vão analisar ambos e procurar a sua decifração, para entrarem com
o pé direito.
Sendo
usual que haja novos confrades a entrarem na nossa casa Policiária, impõe-se
que façamos algumas considerações sobre a forma como funciona toda esta
orgânica e como produzir um desafio policiário
Digamos
que a base de todo o Policiário é o amor pelo policial, pelo crime enquanto
fenómeno com que lidamos a todo o momento e a capacidade para o decifrar e
encontrar os criminosos. Assim dito, parece algo muito simples, mas não é assim
tanto!
Na
nossa actividade, tudo começa na feitura das produções, os chamados problemas
policiários, em que os escritores mais hábeis se envolvem, procurando criar um
caso que exige investigação. Não é obrigatório que configure um crime, na
verdadeira acessão da palavra, mas um enigma que espera decifração. Uma simples
história passada em família e que necessita de apurar quem teria usado uma
máquina ou comido um petisco que estava guardado, pode conduzir a um caso para
resolver e a um problema policiário.
Por
esse motivo dizemos, com total propriedade, que o Policiário é mesmo para todas
as idades e não é obrigatória a exposição a qualquer tipo de violência. O
processo de investigação, os princípios e meios usados é que são comuns, com a
utilização prioritária e fundamental do raciocínio dedutivo.
Um
problema policiário, qualquer que seja, passa sempre pelo contar de uma
história, por retratar uma cena verosímil, capaz de ter ocorrido em qualquer
lugar, que envolva um enigma e a sua resolução. Terminada a exposição dos
factos, no exacto momento em que o investigador vai passar à fase de
apresentação das conclusões e exibir as provas em que se baseia para apontar o
responsável, o produtor interrompe o seu conto e lança os seus desafios. Alguns
produtores escolhem o método de fazer algumas perguntas, que querem ver
respondidas, outros optam por simplesmente interromperem o texto e aguardarem
pelos relatórios. No caso dos de escolha múltipla, o texto termina com as
quatro hipóteses de solução, de entre as quais o decifrador terá que escolher
uma.
Numa
visão um tanto redutora, porque é praticamente ilimitada a imaginação, podemos
dizer que o tipo mais frequente de problemas é o de contradição. Essa
contradição pode ser por o autor desenvolver a trama e colocar depoimentos dos
suspeitos em que um deles afirma algo que não é possível ter acontecido por
motivos externos, ou seja, por factores que são de conhecimento público ou de
cultura geral. Ou por se contradizer a si mesmo com depoimentos que fez
anteriormente.
Outro
género tem a ver com factores climatéricos ou comportamentais de pessoas ou
animais, que deixam marcas e indícios que não são compatíveis com a história
que se está a desenvolver e conduzem a um dos suspeitos, ilibando os outros.
Neste caso, nem precisa de haver depoimentos, os elementos fornecidos indicam o
responsável.
Também
os problemas de técnica policial são frequentes, embora exijam um grau de
conhecimentos mais elevado, principalmente para que não haja contradições entre
aquilo que o autor coloca como dados e as conclusões que ele pretende que se
extraiam.
Este
tipo de problemas é o mais científico, digamos assim, eliminando em grande
parte os factores de subjectividade e de interpretação do investigador, tendo
contra si o facto de apenas estar ao alcance de quem dominar capazmente a
ciência e técnica de investigação criminal.
De
qualquer forma, é importante que o candidato a produtor de enigmas se capacite
de que quem comanda o enigma é ele. Ele é que definirá todos os factores, se há
sol ou chuva, de há vento ou nevoeiro, se os intervenientes são cultos ou não,
quem tem interesses e quem não tem, etc., etc. e por isso tem de articular
todos os pormenores que quiser colocar no texto e obter uma unidade perfeita,
para que não haja pontas soltas ou contradições insanáveis entre situações que
o autor dá como adquiridas e as conclusões que vai exigir aos decifradores.
Este
ano, uma vez mais, procuramos assegurar a disponibilidade dos produtores mais
activos da nossa secção, uma disponibilidade que não nos cansamos de agradecer,
mas a verdade é que necessitamos de “sangue novo”, novos métodos e processos de
escrita, novidades, em suma, que evitem uma certa estagnação. É que, após
alguns anos de Policiário, com o conhecimento dos autores e dos seus processos,
começamos a perceber e antecipar as suas conclusões, quase resolvemos os
problemas pelo conhecimento que temos dos seus autores. Claro que é um exagero,
mas quer dizer algo.
A
nossa actividade baseia-se, em primeira instância, na qualidade dos desafios
que temos para propor aos “detectives”, sendo frustrante chegarmos à conclusão
de que um determinado problema não tem a resposta adequada, depois de imenso
tempo perdido na sua análise, ou que é anulado após tanto esforço.
Por
isso vamos lançando o nosso apelo para que os nossos “detectives” elaborem um
desafio, de qualquer dos tipos e o façam com o espírito de propor aos restantes
confrades aquilo com que gostariam de ser confrontados. Aquilo que lhes daria
prazer resolver.
Não
é possível que todos sejamos mestres como M. Constantino, tal como nem todos os
futebolistas podem ser Cristianos Ronaldos, mas nunca poderemos saber sem
tentarmos, sem colocarmos todo o nosso empenho e cuidado, num desafio que seja
também algo de nós, sempre procurando a excelência.
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