O QUE ACONTECEU NA MORTE DE ELISA?
Aqui fica o desafio da parte II da prova
n.º 2, um problema de autoria do confrade Inspector Boavida, tal como o
anterior. Este problema tem características diferentes, sendo apenas necessário
que os nossos confrades e “detectives” indiquem qual é a alínea que, na sua
opinião, resolve o enigma.
CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE
PORTUGAL – 2018
PROVA N.º 2 – PARTE II
“O CASO DA MORTE DE ELISA” - Original
de Inspetor Boavida
O subchefe Pinguinhas tinha acabado de se
refastelar no seu sofá preferido da sala de estar da sua nova casa, na baixa de
Lisboa, após uma jornada intensa de trabalho quase ininterrupto de dez horas,
iniciada às dez da manhã, quando o telemóvel tocou. Era o subintendente Pezinhos
a pedir-lhe o favor de tomar conta de uma ocorrência registada naquela rua,
três prédios acima do seu. O prédio em questão é composto por três andares,
totalmente ocupado por uma conhecida empresa de pronto-a-vestir. No piso térreo
funciona a loja dedicada aos últimos modelos de homem e senhora; no primeiro
piso funciona um armazém aberto ao público com restos de coleção das épocas
mais recentes para todos os géneros e crianças, destinados à clientela menos
endinheirada; no segundo piso funcionam os escritórios da empresa; e no último
piso, situam-se dois gabinetes, do sócio-gerente e da sua secretária, e uma
sala para reuniões.
Ao chegar junto do prédio, Pinguinhas
encontrou à porta da loja o sócio-gerente da empresa, um homem de boa
aparência, elegante, alto e magro, moreno, de cabelo castanho claro e olhos
verdes, com cerca de 50 anos, que se apresentou como Carlos Marques. Denotando
algum nervosismo, levando constantemente o cigarro à boca, afirmou que tudo
havia acontecido no terceiro andar, cerca de uma hora depois de a empresa ter
encerrado ao público e quando todos os funcionários já haviam abandonado as
instalações, à exceção da sua secretária, Elisa Fagundes. Ele tinha saído do
seu gabinete por volta das seis e meia da tarde para atender um cliente que
requisitara a sua presença na loja, no sentido de reclamar da maneira como fora
atendido por um empregado do setor masculino. Resolvida a questão, e já algum
tempo depois de encerrada a empresa, disse ter-se dirigido às traseiras do
edifício para fumar um cigarro.
E foi aí, nesse preciso momento, que se
terá confrontado com a queda da sua secretária no chão, que teve morte
imediata. Estarrecido com a ocorrência, disse ter-se sentido completamente
perdido, não sabendo o que fazer, pelo que decidiu ligar para o seu amigo
Pezinhos, que lhe disse para não tocar em nada, o que assim fez, e que ficasse
à porta da loja a aguardar pela chegada de um dos seus subordinados que morava
nas proximidades. Sou eu – disse o Pinguinhas – sou vizinho da sua empresa há pouco
mais de três meses e tenho ouvido alguns comentários sobre os seus grandes
sucessos amorosos. Carlos Marques, que é um homem casado, pai de dois rapazes,
de cinco e sete anos, ruborizou. Afirmou que esse tempo das conquistas amorosas
já lá vai há muito, sendo agora um homem completamente dedicado aos negócios e
à família, sem tempo a perder com romances estéreis que apenas contribuem para
acumular problemas.
O subchefe Pinguinhas disse concordar com
aquela sensata decisão de Carlos Marques e depois pediu-lhe para subir com ele
ao terceiro piso para ver o local onde Elisa trabalhava. Preferiu fazê-lo a pé
e, ao passar pelos dois pisos intermédios, certificou-se de que ninguém estava
nas instalações e que tudo se apresentava isento de indícios de associação ao
ocorrido. Por fim, ao chegar ao gabinete onde trabalha a secretária do
sócio-gerente da empresa, ficou parado, percorrendo os olhos por todos os
cantos do espaço. Em frente, uma grande janela. As paredes laterais pejadas de
alto abaixo de dossiês nas prateleiras das estantes. A meio do gabinete, sobre
a direita, uma secretária com um computador, papelada variada, um copo meio de
água, canetas… e um papel em cima do teclado do computador, com um texto
manuscrito com letras trémulas: “Não aguento mais fazer mal a quem me ama
tanto. E para quê, para ser desprezada por quem me perdi de amor e me faz
sofrer? É melhor assim. Desculpem!”
O subchefe Pinguinhas abriu a janela e
olhou para baixo. No chão, no enfiamento da janela, jazia Elisa, uma mulher
jovem, interessante, com pouco mais de trinta de anos. E ele não tinha dúvidas:
fora dali que a pobre da secretária voara para o lajedo das traseiras do
prédio! Virou-se para Carlos Marques e, de forma sarcástica, perguntou-lhe há
quanto tempo tinha um caso com Elisa. O sócio-gerente da empresa continuava
muito nervoso e não reagiu à pergunta. O subchefe insistiu com a pergunta, ao
mesmo tempo que quis saber se a sua mulher sabia do caso. E, sem esperar pela
resposta, acrescentou uma outra pergunta: “Sabe onde está agora a sua mulher?”
O subchefe Pinguinhas já tinha uma ideia do que se teria passado naquele fim de
tarde de um dia de verão de 2017, o que configuraria uma de quatro hipóteses.
Qual está correta?
A) Suicídio.
B) Acidente.
C) Homicídio praticado pela mulher de Carlos
Marques.
D) Homicídio praticado por Carlos Marques.
E pronto.
Resta aos nossos “detectives” procederem ao
envio das propostas de solução, impreterivelmente até ao próximo dia 31 de
Março, podendo usar um dos meios seguintes.
- Pelos Correios: Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
- Por entrega em mão ao coordenador da secção, onde quer que o
encontrem.
Boas deduções!
Chama-se a atenção para o facto de haver confrontos directos na Taça de
Portugal, sendo que cada um dos 512 confrades apurados vai ter como opositor um
outro “detective” que serás conhecido em breve, no nosso blogue Crime Público,
em http://blogs.publico.pt/policiario
.
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