domingo, 1 de fevereiro de 2009

88.º ANIVERSÁRIO DO NASCIMENTO DO SETE DE ESPADAS




Foi, este homem, um visionário, que fechou sempre os olhos à realidade para avançar, com apoios ou sem eles, arrostando todas as dificuldades? Foi, este homem, que se empenhou financeiramente para tentar dar luz às suas ideias, apenas mais um "louco" que não foi reconhecido? Foi, enfim, este homem, apenas e só mais um, que com o sua simplicidade e poder de sedução trouxe multidões de miúdos para o mundo do Policiário?

Este homem, está bom de ver, é o SETE DE ESPADAS!
Completava hoje a bonita idade de 88 anos e certamente ouviria os "parabéns" de uma enorme quantidade de amigos e companheiros de viagem por estes espinhosos caminhos do Policiário, não fosse ter sido traído por uma doença matreira!

Viu a luz do dia no dia 1 de Fevereiro de 1921, na vila ribatejana da Chamusca e, pelos anos 40 do século passado já respirava Policiário por todos os poros, já divulgava o romance e a problemística, já organizava e praticava o saudável convívio que se prolongou até aos nossos dias.

Mas, que me desculpem os mais antigos confrades, foi nos anos 70 que o SETE atingiu o seu ponto mais alto, com uma secção de "êxito impossível", numa revista de histórias aos quadradinhos chamada Mundo de Aventuras.
Depois de boas e ricas experiências em outras publicações de grande cartel no mundo dos quadradinhos, como o Camarada ou o Cavaleiro Andante, foi na publicação da Agência Portuguesa de Revistas (APR) que o SETE conseguiu fazer um trabalho de base e conquistar toda uma geração de jovens, mesmo muito jovens, completamente abertos para o Policiário nos meses seguintes ao 25 de Abril de 1974.
Primeiro eram dezenas, logo depois centenas, milhares de miúdos espalhados por todo o país, que adoptaram nomes interessantes, pelos quais passaram a ser chamados para sempre, que deram a cara, que apareceram nos convívios policiários do SETE DE ESPADAS, que aprenderam a ler, a compreender os textos e a dar-lhes resposta!
Foram, como toda a gente ligada ao meio hoje reconhece, "anos de ouro", com grande dose de "loucura" pelo meio!
No centro de tudo, uma figura curiosa, de barba branca e pouco cabelo, sorriso franco, quase gaiato: o SETE DE ESPADAS.

Com o desmoronar da APR, vítima de más gestões e pouca responsabilidade, este "velho" confrade arrosta as tempestades, arrisca tudo e lança grandes projectos, sem apoios monetários, de que o XYZ MAGAZINE é o exemplo maior.
A ideia é criar um grande clube de "Amigos do XYZ" que confira à revista um suporte capaz. Não é completamente bem sucedido. O Clube é uma realidade, a revista vai sobrevivendo, mas o seu espírito aberto acaba por o conduzir ao abismo. Muitos dos "Amigos do XYZ" recebem todos os números, mas não os pagam! O SETE, resignado, comenta: "Ó pá, o que é que queres, não lhes vou cortar a revista, se calhar não pagam porque não podem..."!
Completamente afogado em dívidas, mas sem cedências, levou a sua resistência até ao extremo, só sendo travado pelo encerramento da tipografia onde estava a ser ultimado mais um número do XYZ, que nunca mais conseguiu ver a luz do dia!

No dia 9 de Dezembro de 2008, o "nosso" SETE DE ESPADAS encerrou a sua participação activa neste nosso mundo. Levou consigo um dos seus grandes sonhos nunca concretizados: Uma colecção de romances policiais, os melhores entre os melhores, devidamente apresentados, estudados sob os mais diversos ângulos, analisados exaustivamente...
Ninguém o levou a sério nos meios editoriais deste nosso país!

Completam-se hoje 88 anos sobre o nascimento deste português ilustre, que merece, indubitavelmente, uma homenagem pública.
Certos de que há vultos que pela sua qualidade e importância jamais desaparecem, aqui queremos deixar os nossos votos:
Parabéns SETE DE ESPADAS, onde quer que te encontres!

3 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado por tudo, Sete de Espadas. Apesar de já não estares neste mundo, como diz o Luís Pessoa, muitos parabéns pelo aniversário que vamos continuar a relembrar para sempre.
Obrigado Sete de Espadas.

Deco

Anónimo disse...

Uma vida pelo policiário, para que nós possamos ter este lindo passatempo.

Fáfá
Féfé
Fifi

Andrew Black disse...

Eu fui um desses miúdos que participaram na secção do Sete no Mundo de Aventuras, o Mistério Policiário.

Tive oportunidade de conhecer muita gente boa, de todas as idades, gente da mais diversa, unida pelo apelo do policiário e do convívio sadio.

Hoje lembrei-me desses tempos e do Sete de Espadas, e fiz uma busca na net. Lamento a partida desse ser humano de excepção.

Creio que muito do que sou o devo ao exemplo do Sete e às experiências riquíssimas de participar numa actividade como o policiário.

AA