domingo, 28 de fevereiro de 2010

POLICIÁRIO 971

SOLUÇÕES DA PRIMEIRA PROVA


Publicamos hoje as soluções dadas pelos seus autores, aos desafios que formaram a prova n.º 1 do Campeonato Nacional de 2010.

Solução de “Há Cada Queda!”, de H. Rái

Resposta: a certa é a alínea B.

A - a criada de quartos, porque afirmou que o hóspede tirava fotografias às aves e, na máquina, não havia qualquer ave fotografada?
Não pode afirmar-se que mentiu, pois sabemos que quem tem uma máquina fotográfica pode iludir quem olha, levando-o a julgar que se está tirando uma fotografia.

B - o empregado do bar, porque disse que bateu e entrou pois a porta estava no trinco e uma vez no quarto não mexeu em nada?
Este mentiu, pois havendo uma chave magnética esta não só controla a electricidade como a fechadura da porta, a qual não se pode verdadeiramente dizer que está no trinco, contrariamente ao que o empregado referiu, pois só abre com a passagem da chave pelo respectivo detector. Além disso, à hora a que a única fotografia da máquina foi registada já a vítima tinha caído da varanda e, no quarto, apenas estava o referido empregado. Por isso, só poderia ter sido este a tirar aquela fotografia, para o que teve necessariamente de mexer na máquina, contrariamente ao que afirmou.

C - a supervisora, porque o lavatório não é lugar onde apareçam pêlos da púbis e apenas pretendia incriminar a criada e proteger o gerente?
Esta também não mentiu, porque os pêlos da púbis podem aparecer em qualquer local de um quarto de hotel. Para além de já ter decorrido algum tempo entre a limpeza e a vistoria, seria a palavra da supervisora contra a da criada de quartos, o que torna a questão inconclusiva. Além disso, nada no texto permite justificar um relacionamento entre o gerente e a supervisora que a levasse a saber que ele teria morto o hóspede e a defendê-lo.


D - o gerente, porque tinha gostos bizarros, discutiram, mas não contou que o hóspede não foi em conversas e, por isso, lançou-o da varanda abaixo?
Não pode demonstrar-se que mentiu, pois não é possível encontrar no texto justificação para que as coisas se tivessem passado como aqui se especula.

Solução de “O Colar de Esmeraldas”, de Medvet

A troca foi feita três meses antes, quando o colar saiu do cofre. Bastos, teve tempo para arranjar uma cópia que pôs no embrulho antes de entrar no banco e depois de deixar a casa do patrão, pondo no cofre do banco a cópia. Ele era o único que podia tê-lo feito sem que ninguém desse por isso — nessa ocasião estava sozinho com a jóia e o colar estava fora da protecção quer do cofre da casa quer do banco. No baile ninguém deu por nada porque não era suposto que fosse uma cópia. Assim, quando se desse pela troca, podiam ter-se passado meses e o secretário estaria a salvo de suspeitas, mesmo porque o colar estaria guardado num outro sítio qualquer. O ladrão teve muito tempo para planear a troca e arranjar uma cópia.

COMENTÁRIO
Esta primeira prova registou vários aspectos que são dignos de conta.
Assim, na prova do confrade H. Rái, foram muitos os confrades que erraram por pormenores irrisórios, que julgávamos já não serem possíveis após quase 18 anos de Policiário nestas páginas.
Como sempre fomos dizendo, um caso policial não é para ser tratado como se fosse um processo menor. É evidente que todos andamos aqui pelo prazer que nos dá a decifração dos enigmas e tudo não passa de uma brincadeira inteligente. Mas há limites! Desde logo porque estamos a tratar com crimes, porque nos colocamos na pele dos investigadores e nos esforçamos por colher bem todas as indicações, com vista a podermos levar a tribunal o responsável pelo crime, com todas as provas que possam fazer com que a Justiça actue. Daí nós irmos frisando sempre a necessidade de uma investigação aprofundada, cuidadosa porque, se estivéssemos na vida real, um erro não poderia ser reparado e conduziria à libertação de um criminoso ou à condenação de um inocente.
Pois bem, uma grande parte dos confrades não respondeu ao que se pedia! Relembramos que tudo o que era solicitado era que cada concorrente indicasse a alínea que achava que respondia ao enigma proposto. Isso queria dizer que a resposta teria que ser A, B, C ou D, nada mais! Muitos dos confrades dissertaram, fizeram autênticos tratados de decifração, mas não referiram o essencial que era pedido: a alínea.
Desde sempre aceitámos que os confrades mais interessados dessem as suas explicações para as opções tomadas e daí não resulta qualquer problema, mas isso apenas depois de responderem àquilo que é exigido.
Todos os confrades que não indicaram a alínea por que optaram, foram penalizados.
O mesmo aconteceu a muitos “distraídos”, alguns com responsabilidades dados os resultados já obtidos em épocas anteriores, que inscreveram alíneas que não correspondem à opção tomada! Ou seja, indicaram a alínea C, por exemplo, mas a justificação que deram depois, conduzia à B. Nestes casos, em número bem maior do que se poderia pensar, o nosso procedimento só podia ser o de os penalizar com resposta incorrecta, uma vez que a alínea é aquilo que é pedido e nestes casos a alínea indicada foi outra.
E assim, uma prova que tinha tudo para ser um passeio para os nossos confrades, tornou-se uma fonte de perda de pontos, que colocam desde já alguns potenciais favoritos em desvantagem, logo ao primeiro desafio!
Relativamente ao problema da Medvet, este acabou por ser prejudicado por um erro na sua publicação, em que o texto foi alterado de modo ligeiro, mas suficiente para confundir e levar a conclusões diversas.
O texto original dizia: “O barão estava acompanhado do seu secretário, o qual viu a baronesa entregar o colar e dirigiram-se os dois para o estúdio, onde colocaram a jóia numa gaveta interior do cofre”.
O texto publicado referia: “O barão estava acompanhado do seu secretário, o qual viu a baronesa entregar o colar e dirigirem-se os dois para o estúdio, onde colocaram a jóia numa gaveta interior do cofre”.
Uma pequena troca de um a por um e ocasionou que no primeiro caso o barão com o secretário fossem guardar o colar e no segundo caso já fosse o barão com a baronesa efectuar essa acção.
A solução dada pela autora era uma das possíveis, mas outras poderiam ser encontradas, com mais ou menos criatividade, com o auxílio do erro referido, sendo as classificações, reflexo disso mesmo.

TODAS AS CLASSIFICAÇÕES

As classificações completas da prova n.º 1 estão já disponíveis no Crime Público, que pode ser acedido em http://blogs.publico.pt/policiario.
Aí poderão obter todos os resultados e classificações, que estarão também disponíveis na página da internet do confrade Daniel Falcão, Clube de Detectives.



COLUNA DO “C”

FALTAM 28 SEMANAS PARA A EDIÇÃO 1000

A época 2003/2004 foi também muito competitiva e os vencedores só foram encontrados em cima da linha de meta, uma tradição deste nosso espaço, onde nunca há vencedores antecipados.
O campeão nacional de decifração foi o confrade Nove, imediatamente seguido de Figaleira e Daniel Falcão, depois de muita emoção e incerteza.
A Taça de Portugal foi erguida pelo confrade viseense Zé, que bateu na final Nove, depois de animada luta e muito equilíbrio. Nas meias-finais ficaram pelo caminho Búfalos Associados e Daniel Falcão, apesar de terem elaborado excelentes trabalhos, que no entanto se revelaram insuficientes para baterem os finalistas.
Mercê destes resultados, Nove ergueu o troféu de Policiarista do Ano, à frente de Zé e terminou o ano como n.º 1 do Ranking, desta feita à frente do par Daniel Falcão e Búfalos Associados, que se igualaram no segundo lugar.

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