segunda-feira, 5 de abril de 2010

POLICIÁRIO 976

UM DESAFIO GALÁCTICO

Viramos hoje mais uma etapa nas nossas competições, com a publicação de um desafio do confrade de Torres Vedras, Karl Marques, numa incursão futurista, a exigir muita atenção aos “detectives”.

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
PROVA N.º 4 – PARTE I
NA ÚLTIMA FRONTEIRA – original de KARL MARQUES

-Comandante, posso retirar o corpo?
Mavock estava distraído, o que era raro, muito raro, e não se apercebeu logo da pergunta...
-Comandante?
-Pode. A hora da morte é mesmo impossível de determinar?
-Lamento.
Estavam na enfermaria onde o exame indicara já causa da morte, não que houvesse grandes dúvidas, fora por perfuração do abdómen, directamente no coração. A arma do crime não fora encontrada.
Mavock saiu da enfermaria e dirigiu-se à ponte. Na sua cadência regular percorreu rapidamente o percurso.
-Tenente Gomez, já me pode fornecer dados sobre a arma do crime?
-Sim comandante.
-Prossiga.
-Trata-se de um objecto, com pelo menos 8 centímetros de superfície cortante. Os dados disponíveis coincidem com três armas registadas a bordo: uma Marsulan, uma Kiurtan e uma Tentyam. Eu apostaria na Tentyam....
-Apostaria?
-Sim...- Gomez ficou baralhado, mas percebeu rapidamente, Mavock não era o seu primeiro comandante vulcano- Chamo a atenção para o facto da arma Tentyam se encontrar na posse de um Tentyam que já tinha tido um problema no passado com a vítima.
O corpo fora descoberto pelas 20h, referência da nave, e no quarto pouco se achara. A vítima viajava com pouca bagagem e escassos objectos pessoais.
Os três portadores das armas estavam a bordo por razões diplomáticas, embora nenhum tivesse esse estatuto oficialmente, representando civilizações que só muito recentemente começaram a cooperar com a Federação. Os Kiurtan tinham evoluído a partir de lagartos, e isso ainda causava confusão a muita gente, espécies sensíveis que punham ovos. Os Marsulan eram fisicamente semelhantes aos terrestres, e os Tentyam destacavam-se sobretudo pelos seus grandes pescoços. Já a vítima, um Scosselan, era de um grupo ainda muito mal conhecido pela Federação, pois, apesar de já dominarem a capacidade de navegação espacial, até um contacto fortuito com a Federação nunca haviam tomado contacto com o exterior do seu sistema. O indivíduo em causa era conhecido por ser um cientista no seu planeta, e a sua presença a bordo relacionava-se precisamente com os contactos interplanetários com outras espécies de seres sensíveis, pois, até agora, a vítima fora dos maiores defensores de manter outras civilizações afastadas.
Como a aposta do Tenente Gomez conseguia ser a opção mais lógica, Mavock dirigiu-se aos aposentos de Gyaff, o Tentyam. Mesmo porque Mavock sabia que tinha de ser rápido: por razões diplomáticas não podia reter os três portadores das armas sem razões válidas, e faltavam apenas cerca de uma hora para eles abandonarem a nave, na estação espacial para onde a nave se dirigia.
Mavock interrogou o Tentyam:
-Esteve no quarto da vítima?
-Estive de facto com ele no seu quarto.
-Entre que horas?
-Julgo que cerca das 18h. Por pouco tempo, no máximo 15 minutos.
-Para?
-O meu governo, tinha-me instruído para encetar contactos com a civilização da vítima.
-Como é que ele lhe pareceu?
-Curioso que me pergunte isso. Pareceu-me cansado e nervoso, até o aconselhei a ir à enfermaria, mas a espécie dele não lida bem com a inteligência artificial, e sendo o vosso médico um holograma... Parecia no entanto satisfeito, pois conseguira finalmente resolver o problema inter-civilizacional da fórmula resolvente para qualquer caso polinomial de expoente 7.
-Foi a última vez que o viu?
-Sim.
-E antes disso, onde estava você?
-Estava num bar na companhia de Passav e Suap, o Marsulan e o Kiurtan.
-Desde que horas?
-Cerca das 17h.
-Pode-me dizer se é portador neste momento da faca com que entrou a bordo?
-Não, não sou. Vendi-a a um Ferengi, Morg, durante esta manhã.
Morg, lamentou Mavock, já não se encontrava a bordo. Era comandante da sua própria nave, já saíra e não se sabia para onde rumara. Mesmo assim, Mavock, contactou Gomez.
Mavock olhou em volta. Já conhecia essa característica daquela espécie, mas mesmo assim não esperava um quarto tão desprovido de objectos.
Seguiu-se a visita a Suap, o Kiurtan,
-Esteve durante o dia de hoje no quarto da vítima?
-Não, não estive.
-Quando foi a última vez que o viu?
-A última vez que o vi? Vi-o no corredor, pouco passava das 18h. Tinha estado em conversa com Gyaff,o Tentyam e Passav, o Marsulan, num dos bares, até por volta das 18h. Fui o primeiro a sair, mas o Tentyam, apercebi-me, seguiu-me quase de imediato pela mesma porta poucos segundos depois. À saída do corredor encontrei o falecido em conversa com o Comandante Data. Mas não conversei com ele.
-Desde que horas estava nesse bar nessa companhia?
-Sensivelmente desde as 17h.
-Pode-me dizer se é portador neste momento da faca com que entrou a bordo?
-A minha faca desapareceu durante a minha estada aqui.
-Informou alguém do facto?
-Não o fiz, Não me pareceu útil.
Mavock lamentou que o Comandante Data tivesse sido teletransportado para a sua nave ainda antes da descoberta do corpo. Seguira em warp máximo para uma missão junto dos Borg. Não seria possível contactá-lo no tempo que tinha disponível.
Mavock olhou em volta pelo quarto. Alguns objectos pessoais, assim como pinturas (a sua espécie não apreciava fotografias e tão pouco vídeos) de, provavelmente, familiares.
Seguiu-se a visita a Passav.
-Esteve hoje no quarto da vítima?
-Sim, estive no seu quarto pelas 18h30. Ele tinha-me informado que o seu governo estava aberto e encetar relações diplomáticas com o meu povo. Ele parecia-me bem. Descontraído e feliz por ir-se embora tão em breve. Foi a última vez que o vi. Antes disso eu tinha estado na companhia dos representantes dos Tentyans e dos Kiurtans, durante cerca de hora e meia, sensivelmente, desde as 17h. Havia-me despedido deles poucos minutos antes de me encontrar com o falecido... parece surpreendido?
-Surpreendido, eu?
-Sim... Em todo o caso, mais alguma questão?
-Sim, a faca com que entrou na nave, ainda a tem?
-Ah, não... Perdi-a ontem ao jogo para um Ferengi
Olhou em volta... mais um que viajava com pouca bagagem. Um papel em cima da mesa, na língua Marsulan: "0,1,2,3,4 há, 5,6,7,8,9,10... não". Ainda duas peças de artesanato tradicional do seu planeta de origem. Uma representando a constelação onde fica o planeta Marsulan e outra a representar uma cena de luta tradicional.
Gomez contactou Mavock naquele momento: - Comandante, confirma-se que Morg abandonou a nave por volta das 19h, na posse de três armas: uma Tentyam, uma Kiurtan e uma Marsulan.
Mavock seguiu até à ponte de comando. Dentro de quinze minutos iam chegar à estação espacial. Mas ele já sabia quem ia e quem não ia sair naquele momento.

E pronto.
Agora, depois das leituras sempre necessárias, resta aos “detectives” enviarem as propostas de solução, impreterivelmente até ao próximo dia 30 de Abril, para o que poderão usar um dos seguintes meios:
- Pelos Correios para PÚBLICO-Policiário, Rua Viriato, 13, 1069-315 LISBOA;
- Por e-mail para policiario@publico.pt;
- Por entrega em mão na redacção do PÚBLICO de Lisboa;
- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.

Recordamos, também, que o texto deste desafio estará disponível no nosso blogue Crime Público, bem como no Clube de Detectives, a página do confrade Daniel Falcão.
Boas deduções!






Coluna do “C”

FALTAM 23 SEMANAS PARA A EDIÇÃO 1000

A época 2005/2006 foi extremamente renhida, apenas decidida em pormenores, nas diversas competições.
No campeonato nacional, após 10 provas de grande intensidade, sete confrades foram autenticamente os “sete magníficos” e concluíram com a totalidade dos pontos em disputa: KO, Onaírda, Nove, Inspector Boavida, Búfalos Associados, Daniel Falcão e Zé-Viseu.
Em cima da linha de meta, foram os pontos das melhores soluções que acabaram por ordenar a classificação e decidir a atribuição do título. Apenas um desses pontos suplementares foi suficiente para que o “detective” Zé-Viseu se sagrasse campeão nacional de decifração, deixando para o confrade Daniel Falcão o segundo lugar, completando o pódio o confrade Búfalos Associados.

1 comentário:

Anónimo disse...

Este ano os problemas estão complicados. O do ARaposo era difícil e este também parece.

Deco