UM CASO DO OUTRO MUNDO
Concluimos a publicação da prova n.º 1 das competições desta nova época com a apresentação da parte II. Este problema de resposta múltipla, é de autoria do confrade Al-Hain, de resto, também autor da primeira parte.
Recordamos que os confrades apenas terão de indicar a alínea que acham ser a solução do enigma, não necessitando de dar qualquer explicação das opções tomadas. No entanto, não está vedada a ninguém a possibilidade de poderem desenvolver e justificar a resposta dada, mas é obrigatório que refiram, com clareza, qual a alínea que escolhem, sem o que não somarão a totalidade dos pontos em disputa.
Posto isto, vamos a esta história, verdadeiramente “do outro mundo”!
CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL - 2011
PROVA N.º 1 – PARTE II
"São Pedro Resolve”, Original de Al-Hain
César Murteira, comerciante de cortiça, dirigia-se para casa em Santa Catarina da Fonte do Bispo quando, perto da saída da Via do Infante para Olhão, foi embater nas alfaias de um tractor que, de recuo, vinha saindo de um caminho vicinal. Murteira não se deslocava a grande velocidade, mas o choque foi o suficientemente para lhe tirar a vida. Não havia testemunhas e o condutor do tractor fugiu do local.
O sargento Veríssimo, da GNR de Tavira foi destacado para as primeiras investigações do acidente. De pergunta em pergunta o sargento descobriu quatro suspeitos. Eram eles: Tiago Fonseca, proprietário do trator envolvido no acidente, Jorge Patacão, Firmino Viegas e Alfredo Bodião que trabalhavam normalmente com tractores. Porém quando o sargento Veríssimo tinha o caso quase deslindado teve que intervir nas operações para prender os assaltantes de um banco sendo baleado e depois de dias entre a vida e a morte esta acabou por levar a melhor. Curiosamente os suspeitos não sobreviveram muito tempo ao sargento. Tiago Fonseca alguns dias depois foi colhido por um tractor e não sobreviveu aos ferimentos. Alfredo Bodião deslocou-se a Faro e no Rio Seco ao atravessar a EN 125 foi atropelado por um camião TIR. Jorge Patacão que morava em Moncarapacho uma semana depois, num domingo, numa taberna envolveu-se numa discussão e foi crivado de facadas. Por casualidade nesse mesmo dia Firmino Viegas foi acometido por um enfarte do miocárdio e chegou já cadáver ao hospital de Faro.
A narrativa que se segue não posso garantir que seja real, pois eu em não estava presente para o confirmar. Quem me contou foi um amigo que por essa mesma ocasião esteve entre cá e lá e teve oportunidade a assistir a tudo. Também não sei se serei capaz de contar tudo com a riqueza de pormenores que o meu amigo usou, mas vou tentar.
Alguns dias depois dos acontecimentos narrados anteriormente começaram a chegar os espíritos de César Murteira, do Sargento Veríssimo e dos suspeitos de terem provocado a morte do primeiro. O lugar se não era o autêntico Paraíso era pelo menos paradisíaco. Era uma imensa planície verdejante, cortada aqui e ali por ligeiras ondulações. Havia muitas e frondosas árvores cujo verde, de vários tons, das folhas contrastava com o verde da relva. Também eram abundantes os canteiros de flores maravilhosas e por todo o lado havia lagoas, fontes e ribeiros rumorejantes.
A luminosidade era intensa.. Era um lugar de a paz e harmonia.
Com a chegada dos espíritos já referidos a paz foi quebrada especialmente pelo espírito de César Murteira que acusava os outros de serem responsáveis por ele se encontrar ali. Apenas o espírito do sargento Veríssimo se conservava à parte de todas as brigas, mas bem atento ao que se passava.
Como os brigões não havia meio de se acalmarem dois dos chefes do lugar apareceram por ali para se inteirarem do que se passava e para acalmarem os ânimos. O meu amigo não podia garantir, mas disse-me que um dos dois chefões era muito parecido com as imagens que na terra pintam de São Pedro e o outro com as de São Paulo. Como os ânimos mesmo assim não acalmaram o espírito de Veríssimo pediu para falar em particular com os dois chefes ao que estes acederam.
Veríssimo contou o que se tinha passado na terra e deu pormenores das diligências que tinha feito antes de ter sido baleado.
Nos interrogatórios que havia feito no dia seguinte ao acidente Tiago Fonseca. Proprietário do trator que provocara o acidente afirmou que tinha estado alguns dias na Feira Nacional de Agricultura, para ver umas máquinas e tinha acabado de chegar naquele momento. Apresentou a fatura do hotel onde tinha ficado e os bilhetes do combóio entre Santarém e Lisboa e de Lisboa a Faro onde tinha chegado pouco depois das 13h. Não sabia quem teria trabalhado com o trator que provocou o acidente.
Aos outros suspeitos Veríssimo quando lhes perguntou o que havia feito no dia anterior não falou no acidente com o trator
Jorge Patacão afirmou que no dia anterior não trabalhara e que passara o dia todo em casa. Não tinha testemunhas, apenas a mulher. Por isso não tinha estado em Santa Catarina da Fonte do Bispo nem tinha nada a ver com acidentes com tratores.
Firmino Viegas quando interrogado afirmou que no dia anterior tinha ido a Faro onde fizera uns exames e a uma consulta com um cardiologista que lhe disse que ele tinha o coração em muito mau estado pelo que devia ter muito cuidado. Mostrou os recibos da consulta, que ainda tinha consigo.
Alfredo Bodião disse que no dia anterior não tinha ido trabalhar, fora logo pela manhã com o tractor para Moncarapacho para o levar a uma oficina de ferreiro para fazer a reparação dos formões do arado que já estavam muito rombas e tortas e colocar uns reforças nas aivecas que já estavam muito gastas. Não tinha faturas porque iria pagar no final do mês, mas a alfaia estava ali mesmo junto deles e o sargento podia confirmar que o trabalho referido de facto tinha sido feito havia pouco tempo.
A mulher de Jorge Patacão afirmou que saíra de casa cedo, ainda não eram 6 horas para ir trabalhar perto de Quelfes, o marido ainda ficara na cama, quando voltou eram já 19 horas e encontrou o marido a rachar lenha. Veríssimo que se tinha deslocado a Moncarapacho verificou que havia lenha rachada recentemente, uns vinte ou trinta tarolos, na casa do suspeito.
Quando Veríssimo acabou o seu relato, São Paulo segredou algo ao ouvido de São Pedro e este dirigindo-se ao espírito de um dos suspeitos disse: Tu mentiste, vais para baixo.
Quem teria sido ele?
A— Alfredo Bodião
B— Jorge Patacão
C— Firmino Viegas
D— Tiago Fonseca
Coluna do “C”
PRAZO ATÉ 31 DE JANEIRO
Com a publicação do desafio de hoje, completamos a prova n.º 1, pelo que é chegado o momento dos nossos “detectives” se debruçarem com afinco na sua resolução. Não apenas do problema publicado hoje, mas também do que saíu na semana passada, igualmente do confrade Al-Hain. Destas soluções irá depender um bom arranque de campeonato, por um lado e uma passagem à segunda eliminatória da Taça de Portugal, onde apenas irão ter assento os autores das melhores 512 duplas soluções, por outro.
As respostas terão de ser dadas, impreterivelmente até ao próximo dia 31 de Janeiro, para o que poderão usar um dos seguintes meios:
- Pelos Correios para PÚBLICO-Policiário, Rua Viriato, 13, 1069-315 LISBOA;
- Por e-mail para policiario@publico.pt;
- Por entrega em mão na redacção do PÚBLICO de Lisboa;
- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.
Boas deduções!
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