SOLUÇÕES DE MAIS DOIS DESAFIOS
Publicamos hoje as soluções oficiais dos desafios que integraram a prova n.º 2 do Campeonato Nacional e da Taça de Portugal de 2011.
Trata-se de informação importante para os nossos “detectives”, no sentido de avaliarem as suas prestações e fazerem os cálculos, enquanto aguardam pela publicação dos resultados, que irão desfazer todas as dúvidas.
Entretanto, convidamos os nossos confrades a visitarem o blogue CRIME PÚBLICO, em http://blogs.publico.pt/policiario, onde poderão recolher toda a informação sobre o andamento das competições e sobre o Policiário em geral.
Aliás, cabe aqui referir que o blogue está à inteira disposição dos confrades e “detectives” para que possam propor assuntos, apresentar ideias, reflectir sobre todas as questões que o Policiário levanta, incluindo a discussão dos próprios problemas publicados, depois de terminados os prazos, como é óbvio.
É nossa finalidade transformar o blogue na casa em que todos os “detectives” têm o seu espaço próprio e em que o Policiário pode e deve ser abordado em todas as suas vertentes. Se nós conseguirmos fazer uma discussão aberta e franca em torno do passatempo que escolhemos como nosso, certamente encontraremos novas medidas, novas propostas para o tornar mais atractivo, mais dinâmico, em suma, mais forte.
CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
SOLUÇÃO DA PROVA N.º 2
PARTE I
TEMPICOS E A “VIÚVA – ALEGRE”, de A. Raposo & Lena
Não é que o quadro do Picasso “Les demoiselles d´Avignon está muito sossegadinho numa parede do Museu Moma de Nova Iorque, ocupando uma parede no seu tamanhão de mais de dois metros de lado; não é um pequeno quadro. Tempicos foi contemplado pela sua amiga Lilly com uma falsificação, sem valor.
Não há dúvida que Tempicos foi bem “enrolado”…
Analisemos o crime que aconteceu na mansão do amigo inglês do Tempicos.
O bailarino Romanoff foi morto por tiro dado a curta distância e por alguém perto da ala leste da vivenda.
Sabendo que os quartos dos hóspedes ficam ao nível do rés-do-chão, até seria possível disparar de dentro de um quarto, com a janela aberta.
A estradinha de acesso à casa corre junto ao edifício e vem da rua em direcção à ala nascente. Depois corta à esquerda seguindo paralela à casa, rodeia a ala oeste e acaba numa praceta já nas traseiras. Se o veículo ficou imobilizado entre a porta principal e a estátua, então alguém através dos quartos da ala nascente poderia ter disparado. Entre a vítima e o atirador poucos metros os separariam. Lembramos que na ala esquerda ficavam os quartos da vítima e de Hervé.
Sabemos que no Reino Unido a condução é pela esquerda e o condutor ocupa o lado direito do veículo. Como sabemos a viatura dirigia-se a casa tendo o vidro do lado sul – do lado oposto ao condutor subido. Daí não poderia ter vindo o tiro, pois o veículo estava incólume. Do lado do condutor estava aberto o vidro e foi por aí que a bala entrou sem provocar qualquer mossa na viatura.
Se a mansão estava virada a sul (diz-se na prova) o cavalo da estátua marcharia para norte e havendo sombra projectada no chão obtida pela espada do cavaleiro isso obriga a que a foto tivesse sido obtida obrigatoriamente da parte da tarde!
Hervé, que foi o autor da foto, mente dizendo que as fez de manhã. Com que interesse?
Mascarar e dar-lhe um álibi para a parte da manhã.
Porém, mesmo à distância Tempicos apanhou um mentiroso. Se foi ele que matou ainda não temos a sua confissão mas a polícia inglesa tem fama e qualidade. Depressa incriminará o fotógrafo até porque haveria por ali um motivo de ciúmes entre ele e Romanoff por causa do Anderson. As tais cenas “abichanadas” que o problema policial dá a entender.
A perder ficou Tempicos que já estava a pensar vender o tal quadro de Picasso mas a ele também lhe saiu o tiro pela culatra.
PARTE II
“QUE ESTRANHA PESCARIA!...”, de Inspector Boavida
Resposta certa: alínea C. É verdade que o pai de Angélica chegou a casa gritando, no dia em que Jorge fora visto pela última vez: «Acabou-se! Acabou-se!», mas isso poderá apenas indiciar que ele soubera o que se passara nessa tarde na margem do rio e decidira acabar de vez com aquele namoro da filha. Não podemos concluir que ele matara Jorge! Da mesma forma que não podemos concluir que o facto de o pai de Angélica, Jonas e Zezinho não se condoerem com a morte de Jorge significa que eles tiveram algo a ver com a sua morte. Apenas detestavam o rapaz e… pronto!
Já quanto ao Beto, este teria que dar muitas e grandes explicações à polícia. É certo que Beto podia muito bem ter descoberto o corpo e içá-lo do fundo do rio com os seus próprios braços, como diz. Beto é robusto e o rio é pouco fundo e o seu leito estável. Mas ele tinha que explicar como é que era possível haver sangue na cabeça de um cadáver que esteve submerso nas águas do rio durante quatro ou cinco dias, como sustentavam os homens do INEM. Se isso fosse verdade, não podia haver sangue na cabeça do morto (a água tê-lo-ia feito desaparecer durante esse período de imersão).
Note-se que, mesmo que os homens do INEM estivessem enganados quanto ao número de dias em que o corpo de Jorge esteve submerso (ou Beto não estivesse a relatar com verdade o que eles haviam alegadamente dito sobre o assunto), o certo é que o cadáver esteve pelo menos quatro horas no fundo do rio (Beto disse que esteve durante quatro horas na pesca e que pescou o morto quando se preparava para dar por finda a sua pescaria!) e bastaria esse período de tempo para que fosse completamente impossível a presença de sangue na cabeça do cadáver.
Note-se ainda que o cadáver não podia ter sido lançado ao rio por alguém que não o Beto durante o tempo em que este estivera a pescar, sem que essa ocorrência escapasse ao seu olhar. Por outro lado, o corpo do Jorge não podia ter sido depositado nas águas noutro local do rio, sendo depois arrastado pela corrente até ao lugar onde estava o Beto, uma vez que o cadáver estava amarrado a corda com uma pedra presa numa das pontas que o puxava para o fundo e as águas do leito eram… “sempre mansas”.
Por último, e sabendo nós que Beto é um rapaz “muito amigo de trabalhar”, talvez fosse conveniente que ele explicasse também porque se encontrava na pesca num dia de trabalho (quinta-feira – cinco dias depois de sábado!). Na verdade, como se diz aliás no enunciado do problema, o Beto não é “muito brilhante de cabeça”. E foi isso que facilitou a tarefa dos leitores-detectives do PÚBLICO-Policiário: era ele a pessoa que tinha que dar grandes explicações à polícia!
COLUNA DO “C”
DANIEL FALCÃO
“Foi no dia 19 de Setembro de 2010, durante o Convívio da Edição 1000 da secção Público-Policiário, que o Clube de Detectives apresentou o primeiro volume do seu projecto editorial, dedicado aos enigmas publicados nesta milenária secção, entre as temporadas 2001-2002 e 2004-2005. Hoje, seis meses volvidos, primeiro dia de Primavera, chega o momento de apresentarmos o segundo volume deste projecto, abrangendo os enigmas desde a temporada 2005-2006 até à temporada 2010. São 276 páginas (que se juntam às 240 do volume anterior) recheadas de excelentes produções. Caso estejam interessados neste volume (cujo preço de venda é de 15 euros), podem proceder à respectiva reserva para clubededetectives@gmail.com.”
Assim o confrade Daniel Falcão lança o repto aos “detectives” para que possam ficar com uma obra que seja o retrato deste nosso espaço, ao longo dos quase 19 anos que levamos de existência.
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