Nesta
breve paragem competitiva, enquanto aguardamos a publicação dos próximos
desafios, recordamos o Sete de espadas, uma figura ímpar, a quem devemos este
passatempo que nos une.
EVOCANDO SETE DE ESPADAS
Sempre que falamos de Policiário, a referência ao
Sete de Espadas aparece como uma inevitabilidade, tal a sua importância,
primeiro para a divulgação e depois para a consolidação deste passatempo
exemplar, amplamente reconhecido como um veículo importante para estimular a leitura,
a interpretação, a análise, o poder de síntese, o espírito observador e
científico.
O Sete de Espadas nasceu no Ribatejo, na vila da
Chamusca em 1 de Fevereiro de 1921 e em 12 de Janeiro de 1947 iniciava a sua
actividade como orientador de um espaço policiário, no Jornal de Sintra, com o
título Mistério e Aventura, que ele mesmo definia, em subtítulo, como uma
“secção policial orientada por Sete de Espadas”.
Depois foi um nunca mais acabar, na divulgação da
literatura policial e, sobretudo, na vertente da competição policial.
Que me desculpem os confrades mais antigos, aqueles
que viveram com ele as aventuras do Clube de Literatura Policial, das secções
no Camarada, no Cavaleiro Andante e em tantos locais, mas nós apontamos um
marco que nos parece decisivo em toda a História do Policiário: O dia 13 de
Março de 1975.
Nesse dia, em todas as papelarias, quiosques, pontos
de venda de jornais e revistas, apareceu, apenas, mais um número do “Mundo de
Aventuras”, uma revista de histórias aos quadradinhos, editada pela Agência
Portuguesa de Revistas, que já vinha dos anos 40 do século XX, mas que trazia
algo de novo: As últimas páginas eram identificadas como “Mistério… Policiário”
e assinadas por um não menos misterioso “Sete de Espadas”!
Foi, podemos dizê-lo com toda a propriedade, o virar
de página de toda uma geração de jovens, muito jovens mesmo, na casa dos 13, 14
anos, que apareceram em enorme explosão, criando um movimento imparável que nos
trouxe até aos nossos dias.
Muitos dos actuais policiaristas são produtos dessa
época, eram leitores de histórias aos quadradinhos e descobriram o policiário,
tornando-se detectives!
O primeiro sinal de que algo se movia, foi a grande
afluência à literatura policial, a corrida aos alfarrabistas, a ânsia de ler os
clássicos do policial, antes da procura dos modernos escritores. Depois, foi a
quantidade de malta nova a tratar-se por nomes escolhidos pelos próprios, que
podiam ser de uma personagem dos quadradinhos, de um detective da literatura,
de uma abreviatura do próprio nome, de uma invenção pura… Tudo servia para nos
identificarmos perante os outros. Era o Detective Invisível, o Inspector
Moisés, o Ubro Hmet ou o Satanás… Poucos sabiam o nome real do confrade que
estava à sua frente, nem isso era importante! Poucos sabiam o que faziam os
outros na vida profissional, mas também não era necessário! O importante era o
facto de estarem todos irmanados no mesmo gosto pela dedução, pelo exercício
das “células cinzentas”, estarem disponíveis para se reunirem em Tertúlias Policiárias
e todos os meses percorrerem o país para os Convívios, na altura única forma de
travarmos conhecimento para além das fronteiras próximas.
No centro de tudo, a figura simpática de um homem de
barbas brancas, cabelo ralo, sorriso aberto e simpático: O Sete de Espadas.
Nos dias dos Convívios, era digno de ser visto o
número de pais que chegavam perto do Sete e lhe confiavam os miúdos de 11 ou 12
anos, como se confia a um avô e lhe diziam que eram os próprios miúdos que
insistiam em ir e não aceitavam um não como resposta! E o Sete, com a calma e o
espírito positivo que sempre teve, lá os tranquilizava, dizendo-lhes que na
tribo policiária eles estavam no local certo para crescerem, num são convívio,
numa camaradagem exemplar.
Ainda hoje sentimos isso. Mesmo nós, muitos já avós,
ainda olhamos para o exemplo do Sete como um aspecto importantíssimo no nosso
processo de desenvolvimento. Todos crescemos muito com ele e com o Policiário.
Todos lhe devemos muito daquilo que conseguimos ser. O seu exemplo, de persistência
na demonstração dos benefícios do exercício de uma actividade tão saudável para
o desenvolvimento harmonioso de um espírito científico, como é o caso do
Policiário, merece ser sempre realçado.
Esta nossa secção, se teve o seu nascimento formal
no dia 1 de Julho de 1992, verdadeiramente nasceu muitos anos antes, algures
pelo ano de 1975, quando o Inspector Fidalgo encontrou o Sete de Espadas e
ficou fascinado com o Mundo que este lhe abriu! Este espaço tem a matriz que
foi desenhada por ele, de que o Policiário era, sobretudo e principalmente,
problemística, publicação de desafios para serem decifrados, competição
saudável entre todos os confrades!
Mais tarde foi o XYZ Magazine, o Clube dos Amigos do
XYZ e muitas outras coisas, sempre com a relevância da Amizade e da
Camaradagem, suas imagens de marca.
Foi no dia 10 de Dezembro de 2008 que a notícia do
seu falecimento correu no seio da imensa família policiária, que assim viu
partir o seu principal divulgador, deixando um rasto de pesar entre a imensa
legião daqueles que com ele cresceram física e mentalmente.
Ao “velho” Amigo Sete de Espadas queremos prestar
este tributo, com a garantia de que o Policiário continua muito vivo e a sua
memória não é esquecida.
4 comentários:
É sempre importante falar do Sete de Espadas porque é uma referência.
Deco
Merecida homenagem!
No POliciário, sempre fomos educados a honrar as nossas referências.
Um abraço
Zé
Muito justa esta hom3enagem a quem devemos o Policiário
I Alegria
Um abraço ao Sete onde quer que esteja do
Rip Kirby
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