[Transcrição da secção n.º 1180 publicada hoje no jornal PÚBLICO]
IDENTIFICADO O ASSASSINO DO RIBATEJO
Após algumas semanas em que os problemas para
decifrar foram reis e senhores do nosso espaço, eis que chega o primeiro
momento da época em que ficamos a saber quais as respostas que os autores deram
aos seus enigmas, antes de, em devido tempo, publicarmos no nosso blogue Crime
Público - que pode ser acedido em http://blogs.publico.pt/policiario - as classificações obtidas pelos nossos “detectives”.
Recordamos que essas classificações vão ser
determinantes para efeitos do apuramento para a eliminatória seguinte da Taça
de Portugal, uma vez que nesta fase, apenas serão apurados os autores das
melhores 512 propostas de solução. Nas etapas seguintes, tudo se jogará em
confrontos de um para um, sendo apurado o melhor.
Entretanto, hoje é a vez dos desafios que fizeram a
prova n.º 1 deste ano serem solucionados. Vamos dar a palavra aos autores das
duas partes, Beirão e Lobo Mau, respectivamente:
CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2014
SOLUÇÕES DA PROVA N.º 1
PARTE I - “UM MORTO NO RIBATEJO” – de BEIRÃO
Numa primeira análise, é necessário ler muito bem o
texto, situar a cena, tendo em linha de conta os diversos factores,
nomeadamente:
– Espaço temporal e condições climatéricas: É de dia
ou de noite? Está a chover ou faz sol? Está enevoado, há nevoeiro? Há vento e
de onde sopra? A que horas se passa a acção? etc.;
– Personagens e sua colocação na cena: Quantos
intervenientes existem? Onde estão e o que fazem? Que intervenção têm na acção?
– Local e suas características: Onde se passa a
acção? Em local de fácil acesso ou difícil? Há obstáculos a vencer em certas
condições, por exemplo em caso de chuva, de neve, etc.
– Factores externos: Há animais que possam dar
alarme? Há sistemas de segurança eléctricos ou electrónicos que apenas possam
ser iludidos por quem os conheça?
– Testemunhas visuais, auditivas ou outras: Quem
esteve no local que possa fornecer elementos? Quem estava suficientemente perto
para ouvir sons que se possam relacionar com o que está na cena?
– Oportunidades: Quem teve oportunidade de praticar
o acto, que encontros e desencontros teria de haver para correr bem a acção a
cada um deles?
No nosso caso, temos um crime cometido em zona não
fechada e portanto, à priori, sem dificuldades especiais de acesso.
Alarcão diz que estava nevoeiro cerrado; que o vento
era gelado e quase cortava a cara; que foi tratar dos cães muito rapidamente;
que não ouviu nem viu nada.
Os pais do jovem não deram por nada e encontraram o
moço, por volta das 8 horas.
O padeiro afirma ter visto o Alarcão a regressar lá
do fundo, ainda antes das 8 horas.
Os restantes moradores da casa de Alarcão não
notaram nada.
Os vizinhos do outro lado do pinhal referem a algazarra
dos cães depois das 7.30 horas, que só poderiam ouvir-se se o vento estivesse
de feição.
A filha do padeiro está totalmente posta de lado.
Há evidentes contradições entre depoimentos, a
saber:
Alarcão refere nevoeiro cerrado e o vento gelado.
Vento e nevoeiro não combinam. Com vento, o nevoeiro não se forma ou, já
existindo, dissipa-se rapidamente.
O padeiro afirma ter visto Alarcão a regressar de
casa do caseiro para a sua. Com nevoeiro cerrado, isso não seria possível
porque a distância era grande.
Os vizinhos declararam que os cães fizeram a
algazarra própria de quando o seu dono regressava a casa, mas só era audível
quando o vento soprava… Portanto, afastada a hipótese de haver um conluio entre
Alarcão e os seus vizinhos, por ilógica e não razoável, para que estes ouvissem
os cães era necessário que houvesse vento, portanto sem nevoeiro (que mais
ninguém refere); logo, ao encontro do depoimento do padeiro, que também confere
com o regresso de Alarcão a casa e a algazarra dos cães, que o padeiro não refere
por estar longe (a estrada era distante) e por soprar vento que levaria o som
para o outro lado do pinhal, portanto, não na sua direcção. Os cães fizeram
algazarra por detectarem que o seu dono estava por ali.
Ficamos,
pois, com um forte candidato a culpado – o Alarcão. Em grande parte por mentir,
mas também por ter a oportunidade, o tempo disponível e por a sua versão não
encaixar nos depoimentos dos restantes intervenientes, cujas afirmações se
complementam, sem erros.
PARTE II - “AO LUAR DE VERÃO” – de LOBO
MAU
Hipótese A.
Naturalmente que há premeditação, uma vez que a
história é muito mal contada, porque, às 21h30, nunca poderia existir uma
escuridão total, como afirma o homem, já que a cena passa-se no dia 5 de Junho
de 1993, muito perto do maior dia do ano.
A resposta a este enigma estava de certo modo
facilitada, porque por exclusão, também era possível chegar à hipótese em
causa, já que nenhuma das outras era viável.
E pronto.
De posse desta informação, podem os nossos “detectives” começar a
deitar “contas à vida”, aferindo das suas possibilidades em conquistar a
totalidade dos pontos em disputa no Campeonato Nacional e de continuação na
Taça de Portugal.
SORTEIO DA TAÇA DE PORTUGAL
Como já referimos, decorre o trabalho de selecção das melhores 512
soluções apresentadas, a que se seguirá um sorteio para encontrar os 256
“emparelhamentos” que vão disputar a eliminatória seguinte.
Como essa eliminatória é decidida sobre os problemas da prova n.º 2, já
publicados nas duas últimas semanas, os confrontos terão de ser publicados a
tempo de se saber quem joga com quem, conhecimento obrigatório, em termos de
regulamento.
Assim, com alguma antecedência em relação ao dia 31 de Março, data
limite para envio das propostas de solução, serão divulgados os confrontos no
blogue e, eventualmente, aqui na secção.
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