[Transcrição da secção n.º 1181 publicada hoje no jornal PÚBLICO]
POLICIÁRIO, ESSE “VELHO” CONHECIDO!
A nossa secção de hoje estava destinada à divulgação dos primeiros
confrontos da Taça de Portugal, ou seja à apresentação dos 256 confrontos para
a prova n.º 2.
Infelizmente, problemas pessoais do orientador, impediram que tudo
estivesse em condições para a divulgação, o que apenas vai acontecer na próxima
semana, aqui, no PÚBLICO.
Recomendamos que os confrades procurem no nosso blogue Crime Público,
em http://blogs.publico.pt/policiario
,onde essa informação será fornecida em primeira mão.
Entretanto apresentemos um “velho” conhecido, um nosso Amigo de todos
os dias. Que magia encerrará para que haja uma legião de pessoas que o seguem,
quase religiosamente?
O POLICIÁRIO COMO PEDAGOGIA
De uma forma geral todos temos a noção de que o Policiário pode e deve
ser um poderoso auxiliar pedagógico, não só como objecto de clarificação e
abertura na apresentação dos temas de ensino, mas igualmente como potenciador
de desenvolvimento de capacidades lógicas.
Temos de concordar que numa sala de aulas será muito mais motivador
para os alunos que se explique uma matéria pouco apetecível de forma
desafiante, talvez até enigmática, não se transmitindo todo o conhecimento de
forma maçuda. Um exemplo de enigma, um espicaçar de faculdades pode ser uma
chave eficiente.
Por outro lado, um espírito exercitado para o raciocínio lógico e
científico será sempre uma mais-valia extraordinária para o confronto com as dificuldades
de todos os dias e para o exercício de tomada de decisões, quando for
necessário.
Estas características, que só o Policiário tem, tornam-no uma
actividade completa na formação de jovens estudantes, já que estimula e exige
um perfeito domínio da leitura, da interpretação de texto, de exercício lógico,
de sistematização de ideias e sua catalogação em conformidade com a necessidade
e importância, redacção e transmissão de ideias para serem lidas e entendidas
por terceiros, finalmente uma cultura geral vasta ou, pelo menos, um
conhecimento correcto dos locais e métodos de consulta.
Sejamos claros, entrar no meio escolar como instrumento pedagógico, é
altamente improvável, pelo menos em termos oficiais.
Nunca será provável que seja obtida uma autorização ou um programa
pedagógico de ensino, a ser aplicado pelo Ministério da Educação, no
secundário, até pela carga negativa que o Policiário transporta indevidamente,
como transmissor de violência ou propiciador de discussões sobre crimes, armas
e instrumentos mais ou menos bélicos, numa sociedade extremamente violenta –
mesmo em termos mentais - mas que quer aparecer como muito pacifista, muito
politicamente correcta.
A adopção de uma estratégia dessas obrigaria a que o Policiário
estivesse devidamente organizado, com uma ou mais associações fortes e
credíveis, que tivesse um conselho pedagógico e científico capaz de provar o
mérito da nossa actividade em termos sociais e pedagógicos, o que está muito
longe de ser conseguido.
Resta-nos, pois, a acção – mais ou menos - isolada!
Perante o Conselho Executivo de cada escola, procurar transmitir a
visibilidade e mérito de introdução de uma experiência pedagógica envolvendo a
componente social, na dupla vertente que já explanámos anteriormente e agora
recordamos: Como auxiliar para despertar uma maior atenção aos alunos e como
instrumento para uma maior disciplina e ginástica mental.
Não podemos apresentar nas escolas um programa que não temos nem
conseguiremos fazer a curto prazo, para mostrar a bondade do policiário, mas
sim levar um exemplar avulso para dentro de uma turma ou escola, apresentar o
problema, dar umas explicações rápidas sobre o funcionamento, colocar o enigma,
recolher as propostas de explicação e solução, discuti-las com os
intervenientes e, assim, deixar ali mesmo uma semente, um primeiro grão.
Se dessa acção resultar a abertura para repetir mais tarde, um passo de
gigante terá sido dado.
O POLICIÁRIO COMO ENTRETENIMENTO
É sem dúvida neste aspecto que o Policiário mais é conhecido e tem mais
facilidade em captar novos aderentes.
Sem necessidade de grandes estudos e trabalhos e sem a obrigatoriedade
de demonstração da sua bondade, antes apelando ao espírito de decifração que
cada um de nós tem e ao prazer imenso que temos em conseguir desfazer as meadas
que outros nos colocam como desafio, o entretenimento terá de ser por nós
devidamente valorizado e constituir uma aposta muito efectiva.
Como entretenimento e sem a “ditadura” da pedagogia, embora nunca a
possa ou deva abandonar, pode o Policiário ter uma intervenção em todos os
escalões etários, desde tenra idade, assim haja a capacidade de produzir
desafios adequados a cada idade e a cada grupo destinatário.
Desde logo se infere que damos completa prioridade à problemística
sobre as outras vertentes – literatura policial, estudos e análises, mesmo as
notícias -, não por ser mais importante, mas simplesmente porque traduz a força
do enigma, do desafio que temos pela frente e queremos decifrar.
O POLICIÁRIO COMO LOCAL DE CONVÍVIO
Se os concorrentes aos torneios e aos desafios são muitos e bastante
fiéis, pelo menos na nossa secção, o mesmo já não se verifica quando a meta é
trazer essas pessoas para o contacto personalizado, quer em tertúlia, quer em
convívio.
Não parece que existam soluções para um problema que afecta de modo
generalizado, toda a sociedade, que aposta muito mais nas modernas tecnologias
em detrimento do contacto pessoal, mas já entendemos que é possível aproveitar
aquilo que a Internet hoje nos pode proporcionar, nomeadamente tertúlias em que
não seja indispensável a presença física ou uma aproximação geográfica.
A discussão dos assuntos on-line é hoje uma realidade que tem de ser
tomada em conta e por nós plenamente apoiada.
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