M. CONSTANTINO / MÁRIO CAMPINO
VAI ENCERRAR COMPETIÇÃO
Como o prazo para as respostas da
prova n.º 8 apenas terminou ontem, dia 15, devido à necessidade de o adequarmos
aos atrasos sofridos, as soluções oficiais dos dois desafios apenas serão
publicadas na próxima semana.
Esse facto dá-nos a possibilidade
de anunciarmos que dentro de algumas semanas, mais concretamente no dia 6 de
Novembro, vamos publicar os últimos desafios de uma época que chegou a estar em
risco, pelas causas já sobejamente divulgadas, mas que, felizmente, conseguiu
prosseguir naturalmente, até ao seu final, no tempo devido, indo ter o seu
epílogo, como nos anos mais recentes tem acontecido, na noite de passagem de
ano, em que vão sendo anunciados, ao longo de toda a noite, os diversos
vencedores, culminando com o anúncio do campeão nacional, do vencedor da taça e
restantes campeões.
Para terminarmos com chave de
ouro uma época de competição extremamente exigente, pensamos que dificilmente
poderíamos encontrar melhor do que darmos voz àquele que é unanimemente
considerado o melhor produtor português de enigmas policiários, seja como Mário
Campino, seja com o seu nome M. Constantino.
Cabe aqui uma nota muito especial
para o trabalho excelente que M. Constantino vem desenvolvendo ao longo de
muitas décadas, em prol do Policiário, principalmente, se nos é permitido o
destaque, como seu estudioso, sendo autor de muitos ensaios sobre a Literatura
Policial e a nossa actividade e um divulgador importante de uma das nossas
facetas menos utilizadas, mais concretamente a técnica de investigação, que usa
amiúde nos seus problemas.
Possuidor de vastos conhecimentos
na área da técnica de investigação criminal e Polícia Científica, M.
Constantino vai passando alguns conhecimentos, sobre armas, sobre venenos,
etc., tornando os problemas bem mais verosímeis e próximos da realidade
criminal que pretende transmitir.
O que dizer de M. Constantino,
que possa ainda não ter sido dito? Na verdade, falamos “só” do melhor produtor
nacional de problemas policiários, com uma carreira longa e recheada de êxitos,
com enigmas que são hoje verdadeiros hinos à arte de bem desenvolver uma
investigação, com muita dedução e muito apelo à capacidade de interpretação e
análise.
De uma das suas muitas obras,
precisamente o “Manual da Enigmística Policiária”, numa edição da Associação
Policiária Portuguesa, de 1995, deixamos um dos seus textos mais
significativos, sobre aquilo que ele entende ser a relação entre o homem e o
apelo pela resolução do enigma:
«O homem encontra no enigmático
algo que lhe excita o espírito e lhe motiva a curiosidade.
Posto perante um mistério, todas
as faculdades se lhe alertam e, atentas, se debruçam em torno do problema.
Sente prazer íntimo em seguir
passo a passo todas as pistas até alcançar o objectivo.
Satisfaz-se ao conseguir rodear
as dificuldades, tanto como vencer obstáculos que se apresentam
intransponíveis.
E quanto mais a precisão dos
factos não se permite que se vislumbre sombra de uma estrada, maior é o apego e
o desenvolvimento do cérebro, maior é a satisfação da vitória.
Segundo Bergson, um problema que
inspira atenção é uma representação duplicada de uma emoção, sendo ao mesmo
tempo a curiosidade, o desejo e a alegria antecipada de o resolver. É o desafio
posto que impele a inteligência diante das interrogações, vivifica, ou antes
vitaliza os elementos intelectuais com os quais fará corpo até à solução.
A própria vida cifra-se em
constante mistério, um enigma constante que a humanidade procura solucionar o
melhor e mais rapidamente possível. O obscuro nunca nos desampara, desafia-nos.
De prazer espiritual que se sente
em desvendar incógnitas, desvanecimento de sobressair, simples divertimento,
tudo conduz a que os homens do povo na sua singeleza através de simples
adivinhas que andam de boca em boca, os letrados com bem urdidos trabalhos, os
sábios na esfera da humanidade, acorram ao seu cultivo e decifração.»
M. Constantino continua o mesmo,
criador de enigmas policiários, trabalhador da mente, desafiador dos leitores,
apesar de estar já para além das nove décadas de existência e mais de sete de
policiário, prova absoluta de que não há idade limite para imaginar, pensar,
desenvolver ideias e colocar os outros a pensar.
Na mente de quem esteve presente
na justíssima homenagem que foi prestada ao “mestre” em 17 de Maio de 2015, na
sua terra natal, Almeirim, ainda ecoam as suas palavras emocionadas, de
agradecimento:
“Obrigado por terem vindo. Sois
uma Família que junto à do meu sangue, aqui representada pela minha filha
Marília e neta Teresa.
Já afirmei em tempos, que uma homenagem
não se pede, nem se recusa: agradece-se…
Não serei mal-agradecido, no
entanto sempre vos digo, sou tão digno desta homenagem como a maioria dos
presentes. Todos lutamos por ficar entre os melhores, por vezes conseguimo-lo.
Essas pequenas vitórias não nos tornam o melhor, certamente. Fazer parte do
grupo dos melhores, é bastante!
De resto, o troféu maior, o
apetecido, está nas amizades conquistadas: Essas sim, engrandecem-nos, sois o
exemplo.”
O problema que vamos publicar encerra
algumas dificuldades de caracter logístico por ser mais extenso do que é
habitual – M. Constantino sempre teve um prazer especial em escrever e nunca
procurou limitar o que tem a dizer, ao espaço. No entanto, tentaremos que saia
de forma natural, capaz de despertar em todos os “detectives” o mesmo prazer
que nós sentimos ao lê-lo pela primeira vez.
Para o confrade M. Constantino,
fica a renovação do nosso agradecimento pela atenção que dedica a este nosso
espaço e pelos bons momentos que sempre proporciona com os seus desafios, que
esperamos avidamente.
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