PROBLEMAS
POLICIÁRIOS
No
momento em que aguardamos o desafio proposto pelo confrade M. Constantino e que
verá a luz do dia na próxima semana, como primeira parte da última prova desta
época, mantemos a tónica num tema que é particularmente importante e recorrente
no Policiário: As produções.
Sendo
ponto assente e reconhecido por todos que no nosso país sempre houve e continua
a haver excelentes produtores, capazes de elaborarem problemas de elevada
craveira e complexidade, a realidade é que não são em número suficiente para
garantirem competições de grande folego, sem sobressaltos. Por isso, debaixo de
grande pressão, os orientadores acabam por criar uma quase obrigação a todos os
produtores, sob pena de não terem material para publicar.
Posto
isto, caros “detectives”, esta secção é especialmente dedicada a essa “espécie
em vias de extinção” - como referiu, com alguma graça mas também com alguma
verdade - um confrade que nos acompanha há muitos anos, o Inspector Alegria.
Apesar
de tudo, temos de entender que a sua extinção, ou não, depende inteiramente de
todos nós. Se cada um dos nossos leitores se abalançar na criação de um enigma,
por mais simples e ingénuo que possa parecer, está a dar um contributo
essencial ao Policiário, na luta por possuir muitos e bons desafios.
O
“DRAMA” DA FALTA DE PRODUÇÕES!
Meus
caros confrades e “detectives”, o drama é permanente e não mostra forma de
abrandar! De ano para ano, nota-se uma dificuldade crescente em produzir
problemas em quantidade e em qualidade, susceptíveis de assegurar um normal
desenvolvimento da actividade policiária.
Repetem-se
os apelos aos potenciais produtores; respondem os mesmos confrades, aqueles que
são já e sempre “clientes habituais”, que já se habituaram a arrostar ambientes
quase hostis, em que são questionados e inquiridos sobre as suas produções,
muitas vezes de forma desabrida.
Pois
bem, ninguém está acima da discussão, ninguém pode arvorar-se num paladino das
sãs virtudes de um produtor inatacável e olhar com desprezo para as críticas,
mas todos temos o direito de ver o nosso trabalho reconhecido, estudado,
criticado com decoro e respeito. Assim acontecerá, sempre, nesta nossa casa,
porque o respeito pelo trabalho de todos e de cada um, estará sempre
salvaguardado.
Alguns
confrades menos familiarizados com estas andanças, por estarem há pouco tempo
connosco, vão-nos questionando no sentido de prestarmos alguns esclarecimentos,
darmos algumas “dicas” que possam ser úteis para poderem iniciar-se como
produtores, em resposta ao desafio que periodicamente vamos lançando aos nossos
leitores para que possam criar, com entusiasmo, novos problemas, novas formas
de dar vida a este nosso passatempo, em constante renovação.
Isso
significa que o interesse em produzir continua vivo e nunca poderá ser uma má
crítica ou um deslize em algum dos aspectos dos problemas, que poderá
inibir-nos de continuarmos a produzir.
Correndo
o risco de nos repetirmos, aqui deixamos algumas palavras que, assim desejamos,
podem ser um indicador:
PRODUÇÕES
Assegurada,
como sempre, a disponibilidade dos produtores mais activos da nossa secção, uma
disponibilidade que não nos cansamos de agradecer, a verdade é que necessitamos
de “sangue novo”, novos métodos e processos de escrita, novidades, em suma, que
evitem uma certa estagnação. É que, após alguns anos de Policiário, com o
conhecimento dos autores e dos seus processos, começamos a perceber e antecipar
as suas conclusões, quase resolvemos os problemas pelo conhecimento que temos
dos seus autores. Claro que é um exagero, mas quer dizer algo.
A
nossa actividade baseia-se, em primeira instância, na qualidade dos desafios
que temos para propor aos “detectives”. É frustrante chegarmos à conclusão de
que um determinado problema não tem a resposta adequada, depois de imenso tempo
perdido na sua análise, ou que é anulado após tanto esforço.
Por
isso vamos lançando o nosso apelo para que os nossos “detectives” elaborem um
desafio, de qualquer dos tipos e o façam com o espírito de propor aos restantes
confrades aquilo com que gostariam de ser confrontados. Aquilo que lhes daria
prazer resolver.
Um
problema passa sempre pelo contar de uma história, por retratar uma cena
verosímil, capaz de ter ocorrido em qualquer lugar, que envolva um enigma e a
sua resolução. Terminada a exposição dos factos, no exacto momento em que o
investigador vai passar à fase de apresentação das conclusões e exibir as
provas em que se baseia para apontar o responsável, o produtor interrompe o seu
conto e lança os seus desafios. Alguns produtores escolhem o método de fazer
algumas perguntas, que querem ver respondidas, outros optam por simplesmente
interromperem o texto e aguardarem pelos relatórios. No caso dos de escolha
múltipla, o texto termina com as quatro hipóteses de solução, de entre as quais
o decifrador terá que escolher uma.
Caríssimos
“detectives”, não é aceitável que tenhamos hoje um universo de participantes
nos nossos desafios de mais de dois milhares de confrades, que os lêem e
estudam, se dão ao trabalho de escreverem as soluções, mas não tenham a
curiosidade de testarem os seus dotes de escrita, em desafios postos à
consideração e decifração dos restantes confrades!
Fazendo
o paralelismo com o que foi a nossa actividade nos anos 70 e 80 do século
passado, a produção fica a perder, já que nesses tempos o universo de
decifradores rondaria as cinco ou seis centenas, para um número de produtores
que rondaria a centena. Temos de corar de vergonha com o que se passa hoje, não
sendo aceitável tal disparidade. As pessoas não deixaram de utilizar a Língua
Portuguesa, desde logo porque o nosso passatempo, como já referimos, exige que
se escrevam as soluções, no mínimo.
Portanto,
será por preguiça? Procuramos essa resposta!
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