CRIPTOGRAFIA PARA
TODOS
Pela mão do nosso confrade Daniel
Falcão, vamos fazer uma incursão na decifração de enigmas criptografados,
colmatando uma brecha que já havia sido assinalada por alguns confrades.
CAMPEONATO NACIONAL E
TAÇA DE PORTUGAL - 2017
PROVA N.º 8 – PARTE I
“CRIPTOGRAFIA PARA
TODOS” – Original de DANIEL FALCÃO
Todos nós, policiaristas, mas também seres humanos em geral, somos
criptanalistas proficientes, pelo simples facto de vivermos inseridos numa
cultura imbuída de códigos, os quais determinam as nossas ações, nos fornecem
informação e fornecem informação sobre nós a outros.
As crianças, mesmo antes de aprenderem a falar, começam a descodificar
aquilo que as rodeia. Desde muito cedo, são capazes de ler instintivamente
expressões e gestos e são sensíveis à entoação.
A aprendizagem de uma língua é um processo codificado altamente
complexo, envolvendo não só um conjunto de sons, mas também as regras que os
regem, lado a lado com todos os gestos, entoações e expressões faciais que lhes
conferem um acréscimo de significados.
A descodificação prossegue durante toda a vida, enquanto avaliamos o que
está à nossa volta e aqueles que nos rodeiam, inúmeras vezes de forma
inconsciente. Chegamos mesmo a aprender a ouvir aquilo que não é dito, pois a
linguagem também pode ser utilizada como forma de ocultação, tanto como forma
de comunicação.
Compreende-se que a ocultação também seja endémica nas sociedades
humanas, visto que as linguagens e os gestos secretos são característicos de
muitos grupos de pessoas, podendo servir como meio de esconder mensagens dos
não iniciados.
É provável que os códigos, no sentido de mensagens deliberadamente
ocultas, sejam tão antigos como os sistemas de escrita que os tornaram
possíveis. Daí que, desde os tempos mais antigos, tenha sido utilizada uma
extraordinária variedade de formas de escrita secretas.
Os primeiros códigos conhecidos que se serviam da encriptação para
ocultar o conteúdo de uma mensagem remontam há mais de dois milénios e podem
dividir-se em dois estilos: cifras de transposição, em que as letras de uma
mensagem são simplesmente reordenadas, e cifras de substituição, em que cada
letra da mensagem é substituída por uma outra.
Uma das primeiras formas de cifra de transposição baseia-se num
algoritmo relativamente simples, o qual basicamente é uma forma de criar um
anagrama da mensagem original. O sistema Rail
Fence, muito utilizado pelas crianças, proporciona um texto cifrado
enigmático, embora o conhecimento do algoritmo signifique que se torna fácil de
descodificar.
Exemplificando com a mensagem: 25 ANOS DE POLICIÁRIO; para aplicarmos o
sistema Rail Fence basta eliminar o
espaço entre palavras e depois reordenar as letras alternadas da mensagem em
duas linhas separadas:
As letras de cada linha devem ser reordenadas como um texto cifrado
único ficando:
Claro que é possível modificar este sistema de múltiplas formas, como
por exemplo: reordenar iniciando pela segunda linha ou reordenar do fim para o
início; tornando-o mesmo mais complicado, utilizando mais de duas linhas
(fazendo com que as letras formem um retângulo ou um quadrado, por exemplo) e
com diferentes opções de reordenação.
Bem, sem mais demora, até porque o espaço é relativamente escasso,
obviamente que não podíamos perder a oportunidade de desafiar os nossos amigos
policiaristas a demonstrar os respetivos dotes de criptanalistas.
Na realidade, aquilo que vos propormos é um duplo desafio. Em primeiro
lugar, pretendemos que nos esclareçam sobre a mensagem que está escondida no
seguinte texto cifrado:
A I G P R C T A R T I O P A O D A F O R S
Como estamos certos que não terão
grandes dificuldades em encontrar a mensagem escondida, passamos então ao
segundo desafio visto que achamos que não será difícil explicar qual foi o
processo utilizado para obter o texto cifrado anterior. E, para terminar,
porque não exemplificar esse processo, aplicando-o para cifrar a mensagem que
intitula o post de Luís Pessoa
publicado no passado dia 3 de Julho no blogue Crime Público:
UM INESPERADO QUARTO DE
SÉCULO LP
E
pronto!
O
nosso confrade Daniel Falcão surpreende-nos com um desafio sobre um dos temas
mais recorrentes e apaixonantes do mundo Policiário: A Criptografia.
Infelizmente
descurada nos últimos tempos, certamente por culpa de uma visão mais
“acelerada” da vida, que nos conduz produtos de fácil e rápida absorção, sem
digestões prolongadas, a criptografia faz parte integrante das nossas memórias
policiárias.
Recordamo-nos
dos primórdios das nossas participações, já lá vão mais de 40 anos, em que cada
problema criptográfico demorava dias a ser decifrado, quando o era, na ausência
de “google” e afins, muitas vezes com consultas demoradas em bibliotecas
públicas onde tentávamos encontrar, quantas vezes sem sucesso, o livro certo para
alcançar a chave de decifração.
Com
a ajuda que o confrade Daniel Falcão não regateou neste seu problema, os nossos
“detectives” estão convidados a decifrar o enigma proposto e, impreterivelmente
até ao próximo dia 30 de Setembro, fazerem-nos chegar as propostas de solução,
para o que podem usar um dos seguintes meios:
Por Correio para: Luís
Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
Por e-mail para: lumagopessoa@gmail.com;
pessoa_luis@hotmail.com;
luispessoa@sapo.pt;
Por entrega em mão ao
orientador da secção, onde quer que o encontrem.
Boas deduções e
boas férias, para quem as tem!
Sem comentários:
Enviar um comentário