“O
ÚLTIMO BEIJO” É O ÚLTIMO DESAFIO DO ANO
Chegamos à publicação
das últimas soluções do campeonato de 2017. A partir de agora, é altura de
pontuações e classificações, rumo aos vencedores de toda uma época.
CAMPEONATO NACIONAL E
TAÇA DE PORTUGAL – 2017
SOLUÇÕES DA PROVA N.º
10 (ÚLTIMA)
PARTE I – “O ÚLTIMO
BEIJO?” – de M. CONSTANTINO
Quis construir um
problema de fácil solução – o que, parece, consegui – para os 25 anos da secção
“Público Policiário”, prestando homenagem ao seu orientador (Luís Pessoa -
“Inspector Fidalgo”) cuja tenacidade a par do valor policiário que tem revelado
é justamente digna de realce. Incluo na homenagem todos os policiaristas
nacionais ou na lembrança destes, e tantos são, que têm ou tiveram passeado o
seu brilho, em produção ou decifração, nestas páginas (e outras que a memória
guarda) que aspiramos mantenha todo o seu brilho e crescente interesse.
E vamos ao problema:
Ao primeiro contacto
com o crime, a única hipótese que se apresentava era a declarada por Pedro:
dois mortos, assassínio múltiplo. A intervenção do legista, reduzindo o número
de vítima a um, derrubou aquela hipótese simples. O decorrer das investigações
adensou o mistério e cheguei a ter três hipóteses: Dário, Pedro e Ema. A hipótese
de Ema, que consistia no facto do carro estar parado à porta do edifício e que
explicava o beijo ao contrário, após assassínio, acabou por ser eliminada pelo
depoimento confirmado desta. O raciocínio admite que a rapariga depois de fazer
a maquilhagem, vendo o noivo adormecido na poltrona, foi por detrás desta e
acordou-o com um beijo. Este nunca poderia ser o resultado, por exemplo, da
despedida quando o foi levar ao escritório, nunca apareceria ao contrário e
normalmente não seria na face direita, mas na esquerda, voltada para si. Aliás
não se descortina motivo para acção violenta, tempo e oportunidade para
preparar todo o quadro apresentado. Até uma possibilidade de cumplicidade cai
por terra, como veremos.
Fica-nos pois, nas
mãos, um parricídio ou um homicídio.
O parricídio está
fora de questão. Dário, nascido e criado no seio da família Luz, não é filho de
Lúcio. Este possui sangue tipo AB (que ele considerava mais puro por só existir
na raça branca, cerca de 5%), enquanto Dário é considerado dador universal,
tipo O. Sabe-se que um genitor do tipo AB não pode ter filhos do tipo O, seja
qual for o tipo do sangue da mãe. O pai AB e mãe A nunca o filho é do tipo A ou
O, e sendo o pai AB e a mãe O, a filiação materna é impossível. Mas não sendo
parricida pode ser homicida? Vejamos: Dário foi derrubado com uma bengalada de
Lúcio? Não, com certeza. O médico hospitalar já havia revelado a rotura
temporal com impacto no osso frontal, o laboratório científico encontra no
extremo interior da argola da bengala vestígios de pele frontal e no interior e
início ou começo da mesma argola pequenos cabelos, o que quer dizer que a
bengalada foi dada por detrás; se fosse Lúcio a atingir Dário pela frente, a
posição da bengala está ao contrário, ou melhor, o quadro visual apresentado
não corresponde à verdade. Dário não pode ter-se batido a si próprio nestas
condições, excluindo-se dos suspeitos. Não nos resta outra hipótese de
suspeição para além de Pedro. Podemos concordar que Dário e Pedro teriam
motivações. Nem a vingança, noutrom um possível desfalque (o inquérito o dirá)
que Lúcio detectou e foi o motivo da reunião. Pedro, ao contrário do que
afirmou, deve ter chegado antes do tio, procurando desfazer-se de algumas
provas pois deve ter suspeitado que o tio o descobrira, o que justifica a
limpeza dos móveis e outros. Foi apanhado pelo tio que chegou mais cedo
confrontando-o com uma nota das suas falcatruas. Perdeu a cabeça, apunhalou o
tio e arrancou-lhe o papel da mão. Ao desfazer-se deste, deitando-o pela
janela, não notou o pingo de sangue que nele se alojara e caiu no caminho (daí
a forma oblonga). Quando ouviu o primo meter a chave na fechadura –
verificou-se que ainda tina as chaves na mão esquerda, era ambidextro –
escondeu-se atrás das portas do armário, atingindo-o com a bengala. Julgando-o
morto, montou a cena, limpou tudo com o cachecol comprido que voltou a pôr ao
pescoço, convencido da velha teoria que o mais à vista menos se vê (daí a não
se encontrar algo que servisse de limpeza, que no dia seguinte não foi encontrado
no beco, bem como a folha de papel levada pelo vento). Acaba por chamar a
polícia convencido dos crimes perfeitos.
PARTE II – “VOTAÇÃO NO SÉCULO XXV” – de HOMMBCALMPOR
A alínea certa será a
que cada confrade entender.
As três primeiras são
nome e pseudónimos do mestre Manuel Botas Constantino, cada qual com as suas
especificidades. Muitos confrades apreciam sobremaneira o Avô Palaló e, por
conseguinte, optaram pelo autor Mário Campino, mas a imensa maioria escolheu a
alínea D, assim englobando todos os escritos e personagens do confrade de
Almeirim.
Trata-se, assim, de
um problema aberto, susceptível de abarcar qualquer das respostas, dependendo
do gosto e do prazer que desperta em cada “detective”.
Uma referência final,
ao significado do nome do autor do problema, que foi identificado por muitos,
depois do desafio que aqui foi proposto: HOMMBCALMPOR – HOMenagem Manuel
Botas Constantino, ALMeirim, PORtugal.
PREPARANDO
A GRANDE NOITE
Terminada a
publicação dos desafios e respectivas soluções deste ano, aguardamos as
classificações que irão determinar os grandes triunfadores desta época que
serão, como já referimos, divulgados progressivamente na noite de passagem de
ano. Será, uma vez mais, uma noite de festa com um olho no nosso blogue Crime
Público.
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