QUEM
ROUBOU O RUBI DE MARLENE?
Dizia-nos um confrade há
algum tempo, que o mês de Agosto era o seu preferido para ler romances
policiais, principalmente porque havia calor, o que convidava a permanecer em
locais frescos; havia disponibilidade de tempo, porque os dias eram longos; e o
ambiente de férias abria espaço intelectual para acompanhar o enredo e as
voltas que um bom romance ia dando até atingir o clímax numa decifração
completamente inesperada.
Na verdade, se há um certo
“mito urbano” em tudo isso, é igualmente realidade que as vendas de livros
policiais registavam uma explosão no verão, meses de Julho e Agosto e era muito
frequente, nas praias, ver pessoas a lerem Vampiros ou Xis, enquanto tostavam
ao sol, bem longe do esgravatar nos ecrãs de telemóveis e outros artefactos,
que hoje furiosamente se pratica, um pouco por toda a parte.
É tempo de férias, uma
grande parte do país está a banhos, mas os nossos passatempos mantém-se
activos, com mais um desafio para decifrar, de autoria, tal como o da passada
semana, do confrade Rigor Mortis, um dos valores mais seguros do actual Policiário.
Vamos tentar encontrar
quem roubou o suposto rubi, que afinal não passava de fancaria barata?
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2018
PROVA
N.º 7 – PARTE II
“O
RUBI” – Original de RIGOR MORTIS
O agente Rogério Viriato
sentia-se confuso e ansioso… Era a primeira vez que tinha sido responsabilizado
pela resolução de um crime e as coisas não estavam a andar bem, com a balbúrdia
que aqueles malditos actores faziam…
– Senhor detective! Tem
que resolver isto rapidamente, daqui a pouco temos que começar o espectáculo! –
reclamou o director de cena.
– Eu não actuo sem que se
descubra o meu rubi! – gritou Marlene, a actriz principal, em voz estridente.
– Calma, Marlene – disse
Ruby, a actriz secundária, acidamente – não te excites!
– Não havia ela de
arranjar uma confusão qualquer!... – exclamou o contra-regra, em tom zombeteiro.
– Com rubi ou sem rubi,
temos é que começar o espectáculo! – berrou Marco, zangado e frustrado, o actor
que contracenava com Marlene nas cenas principais da peça.
Rogério Viriato sentia-se
impotente para controlar toda aquela barafunda. Tinha sido mandado ao teatro,
nesse princípio de noite, para investigar o roubo de um rubi, jóia que Marlene
muito apreciava e que tinha desaparecido de uma caixa no seu camarim. A actriz
tinha dado pelo roubo quando se aprestava para se maquilhar para a
representação dessa noite. Precisava absolutamente dele para os dois primeiros
actos, e garantia tê-lo arrumado devidamente na véspera, precisamente no fim do
segundo acto. No fim do espectáculo, acrescentou, fechou à chave tanto a caixa
das jóias como o próprio camarim.
Fazendo recurso a todas
as suas energias, o agente Viriato pediu, em voz forte:
– Digam-me lá o que
aconteceu ontem no terceiro acto!
– O costume, senhor
detective, apenas o costume! – respondeu o director de cena, com impaciência. –
O acto começa com um diálogo entre a Marlene e a Ruby, com o Marco no fundo do
palco, alheio à conversa, no fim do qual elas se zangam. Ruby sai de cena e o
Marco aproxima-se da Marlene, com quem tem um longo diálogo de amor, que
conclui com ele a dizer que tem que partir para longe. Marco sai e Marlene tem
um monólogo triste e trágico, no fim do qual morre no palco. Cortinas, palmas e
os três regressam ao palco para agradecer ao público. Pronto!
Os três actores começaram
novamente a falar, todos ao mesmo tempo, acrescentando pormenores à descrição
do director de cena, enquanto o contra-regra resmungava em voz baixa, de
semblante carregado:
– Como se tudo isso
tivesse alguma importância!... Actores de terceira!... Só o que eles fazem é
que lhes importa!...
Dos comentários dos
actores, Viriato apercebeu-se dos ciúmes de Ruby e Marco relativamente a
Marlene, bem como do desprezo que o contra-regra dedicava a qualquer deles.
– Ruby – perguntou
Viriato – você roubou o rubi da Marlene?
– Que disparate! –
respondeu Ruby – Não gosto de jóias! Para que o quereria?! Mas é bem feito que
ela tenha ficado sem o seu bijou… Para aprender!...
– E você? – perguntou
Viriato ao contra-regra.
– Não o desprezaria… Mas
como o poderia ter feito? Estive sempre aqui ao lado do palco durante toda a
peça e Marlene fecha sempre o seu camarim antes de se ir embora e só ela tem
essa chave.
– E você, Marco?
– Bem jeito me dava, para
o pôr no prego!... O que me pagam pelo meu excelente papel de actor mal me dá
para viver…
– No prego? – retorquiu o
director de cena. – Não recebias grande coisa… O rubi era falso, não valia cinquenta
euros… Sabem bem que fui eu que o ofereci à Marlene, pelo seu enorme êxito na
nossa última peça.
O contra-regra mostrou
claramente a sua surpresa pela afirmação do director, e Marco limitou-se a
fechar ainda mais a cara. Ruby comentou, com sarcasmo, dirigindo-se à Marlene:
– Também não merecias
mais!
Marlene exibiu um sorriso irónico e comentou:
– Mas era bem bonito!...
Que acha, caro leitor?
Quem terá roubado o rubi da Marlene?
A – A própria Marlene.
B – A Ruby.
C – O Marco.
D – O contra-regra.
E
pronto.
Agora
que está concluída a publicação dos dois desafios do mês de Agosto, chegamos ao
tempo que é dos “detectives”, para que leiam, analisem os casos propostos e nos
remeterem, impreterivelmente até ao próximo dia 10 de Setembro, as suas
soluções, utilizando um dos meios seguintes:
-
Pelo Correio para Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
-
Por e-mail para pessoa_luis@hotmail.com; lumagopessoa@gmail.com;
luispessoa@sapo.pt.
-
Por entrega em mão ao coordenador da secção, onde quer que o encontrem.
Boas
deduções e boas férias, para quem as tem!
Sem comentários:
Enviar um comentário