domingo, 12 de agosto de 2018

POLICIÁRIO 1410




QUEM ROUBOU O RUBI DE MARLENE?

Dizia-nos um confrade há algum tempo, que o mês de Agosto era o seu preferido para ler romances policiais, principalmente porque havia calor, o que convidava a permanecer em locais frescos; havia disponibilidade de tempo, porque os dias eram longos; e o ambiente de férias abria espaço intelectual para acompanhar o enredo e as voltas que um bom romance ia dando até atingir o clímax numa decifração completamente inesperada.
Na verdade, se há um certo “mito urbano” em tudo isso, é igualmente realidade que as vendas de livros policiais registavam uma explosão no verão, meses de Julho e Agosto e era muito frequente, nas praias, ver pessoas a lerem Vampiros ou Xis, enquanto tostavam ao sol, bem longe do esgravatar nos ecrãs de telemóveis e outros artefactos, que hoje furiosamente se pratica, um pouco por toda a parte.
É tempo de férias, uma grande parte do país está a banhos, mas os nossos passatempos mantém-se activos, com mais um desafio para decifrar, de autoria, tal como o da passada semana, do confrade Rigor Mortis, um dos valores mais seguros do actual Policiário.
Vamos tentar encontrar quem roubou o suposto rubi, que afinal não passava de fancaria barata?

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2018
PROVA N.º 7 – PARTE II
“O RUBI” – Original de RIGOR MORTIS

O agente Rogério Viriato sentia-se confuso e ansioso… Era a primeira vez que tinha sido responsabilizado pela resolução de um crime e as coisas não estavam a andar bem, com a balbúrdia que aqueles malditos actores faziam…
– Senhor detective! Tem que resolver isto rapidamente, daqui a pouco temos que começar o espectáculo! – reclamou o director de cena.
– Eu não actuo sem que se descubra o meu rubi! – gritou Marlene, a actriz principal, em voz estridente.
– Calma, Marlene – disse Ruby, a actriz secundária, acidamente – não te excites!
– Não havia ela de arranjar uma confusão qualquer!... – exclamou o contra-regra, em tom zombeteiro.
– Com rubi ou sem rubi, temos é que começar o espectáculo! – berrou Marco, zangado e frustrado, o actor que contracenava com Marlene nas cenas principais da peça.
Rogério Viriato sentia-se impotente para controlar toda aquela barafunda. Tinha sido mandado ao teatro, nesse princípio de noite, para investigar o roubo de um rubi, jóia que Marlene muito apreciava e que tinha desaparecido de uma caixa no seu camarim. A actriz tinha dado pelo roubo quando se aprestava para se maquilhar para a representação dessa noite. Precisava absolutamente dele para os dois primeiros actos, e garantia tê-lo arrumado devidamente na véspera, precisamente no fim do segundo acto. No fim do espectáculo, acrescentou, fechou à chave tanto a caixa das jóias como o próprio camarim.
Fazendo recurso a todas as suas energias, o agente Viriato pediu, em voz forte:
– Digam-me lá o que aconteceu ontem no terceiro acto!
– O costume, senhor detective, apenas o costume! – respondeu o director de cena, com impaciência. – O acto começa com um diálogo entre a Marlene e a Ruby, com o Marco no fundo do palco, alheio à conversa, no fim do qual elas se zangam. Ruby sai de cena e o Marco aproxima-se da Marlene, com quem tem um longo diálogo de amor, que conclui com ele a dizer que tem que partir para longe. Marco sai e Marlene tem um monólogo triste e trágico, no fim do qual morre no palco. Cortinas, palmas e os três regressam ao palco para agradecer ao público. Pronto!
Os três actores começaram novamente a falar, todos ao mesmo tempo, acrescentando pormenores à descrição do director de cena, enquanto o contra-regra resmungava em voz baixa, de semblante carregado:
– Como se tudo isso tivesse alguma importância!... Actores de terceira!... Só o que eles fazem é que lhes importa!...
Dos comentários dos actores, Viriato apercebeu-se dos ciúmes de Ruby e Marco relativamente a Marlene, bem como do desprezo que o contra-regra dedicava a qualquer deles.
– Ruby – perguntou Viriato – você roubou o rubi da Marlene?
– Que disparate! – respondeu Ruby – Não gosto de jóias! Para que o quereria?! Mas é bem feito que ela tenha ficado sem o seu bijou… Para aprender!...
– E você? – perguntou Viriato ao contra-regra.
– Não o desprezaria… Mas como o poderia ter feito? Estive sempre aqui ao lado do palco durante toda a peça e Marlene fecha sempre o seu camarim antes de se ir embora e só ela tem essa chave.
– E você, Marco?
– Bem jeito me dava, para o pôr no prego!... O que me pagam pelo meu excelente papel de actor mal me dá para viver…
– No prego? – retorquiu o director de cena. – Não recebias grande coisa… O rubi era falso, não valia cinquenta euros… Sabem bem que fui eu que o ofereci à Marlene, pelo seu enorme êxito na nossa última peça.
O contra-regra mostrou claramente a sua surpresa pela afirmação do director, e Marco limitou-se a fechar ainda mais a cara. Ruby comentou, com sarcasmo, dirigindo-se à Marlene:
– Também não merecias mais!
 Marlene exibiu um sorriso irónico e comentou:
– Mas era bem bonito!...

Que acha, caro leitor? Quem terá roubado o rubi da Marlene?
A – A própria Marlene.
B – A Ruby.
C – O Marco.
D – O contra-regra.

E pronto.
Agora que está concluída a publicação dos dois desafios do mês de Agosto, chegamos ao tempo que é dos “detectives”, para que leiam, analisem os casos propostos e nos remeterem, impreterivelmente até ao próximo dia 10 de Setembro, as suas soluções, utilizando um dos meios seguintes:
- Pelo Correio para Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
- Por entrega em mão ao coordenador da secção, onde quer que o encontrem.
Boas deduções e boas férias, para quem as tem!






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