segunda-feira, 30 de novembro de 2009

MUNDO DOS PASSATEMPOS

I - ENIGMA POLICIÁRIO:

TORNEIO A. RAPOSO E TROFÉU CLUBE DE DETECTIVES:

3º PROBLEMA – "A MORTE DO GÉMEO FARIA" – SOLUÇÃO DO AUTOR (Inspector Boavida):

É óbvio que a morte do gémeo Faria não se deveu a suicídio. Isto porque o copo de água não continha arsénio e em lado algum da casa foram encontrados vestígios do veneno. Por outro lado, nenhum dos gémeos parecia ter motivos para atentar contra a sua própria vida. Um deles gozava a felicidade de um novo amor e o outro afirmava-se na arte que abraçara. E se dúvidas existissem sobre a causa do envenenamento, o inspector Gustavo dissipa-as ao afirmar que não se está apenas perante um crime de homicídio. O que, para além de nos afastar definitivamente da tese do suicídio, obriga-nos a esmiuçar todos os acontecimentos associados à morte do gémeo Faria.
Conjugando os depoimentos do irmão da vítima, de Lili, do carteiro, do homem da cave e da vizinha Gertrudes, podíamos concluir que o gémeo morto é o Pedro. Mas… Embora as quatro versões dos factos verificados nas escadas sejam coincidentes, convém sublinhar que a forma como o gémeo vivo se refere aos vizinhos, apelidando-os de «corno» e de «gorda», é completamente desajustada a uma pessoa sensível como o Paulo. Refira-se ainda que o gémeo vivo diz que acordou («com os guinchos da Lili» - outra frase desenquadrada de alguém com perfil humanista) às nove horas da manhã, quando é sabido que Paulo começava os seus dias muito cedo, quase de madrugada!
É Paulo o gémeo morto! O caderno A3 e os lápis de cera, encontrados junto ao cadáver, são “ferramentas” usadas por artistas plásticos na produção de esquissos (e que de nada serviam ao “absentista” Pedro). Perguntar-se-á como é que o gémeo vivo sabia o que se passou nas escadas, se não fosse ele o Paulo. É simples: Paulo contou ao irmão que saiu de casa para ir ao Café do Chico, por volta das 9 horas, devido aos ruídos registados no seu quarto, facto que motivou também o vizinho da cave a concentrar-se no piso da Gertrudes, a coscuvilhar o que se passava no andar de cima (isso explica a razão de Paulo se ter cruzado com aquele vizinho, quando subia as escadas…).
Perguntar-se-á também por que está ao lado do cadáver uma carta que era dirigida a Pedro, se é Paulo o gémeo morto. A explicação é simples: a missiva dirigida a Pedro tem como remetente um homem do norte (Gaia), ocasionalmente no Algarve, que solicita ao “amigo” o envio de uma carta para a sua mulher, a fim de a convencer de que se encontra na Capital (e não nos Algarves, como ela, provavelmente, desconfia). Diz o homem que a carta pode salvar o seu casamento! Para um sujeito insensível e sem escrúpulos como o Pedro, aquele pedido acabaria naturalmente por cair em saco roto. Só o bom coração de Paulo seria capaz de “sensibilizar” Pedro a satisfazer o pedido!
Paulo terá fechado ele próprio o envelope, pedindo ao irmão que o depositasse na estação dos correios mais próxima (na praça dos Restauradores!). Nunca se saberá se Paulo teve consciência de que o autor da carta podia ser o marido da mulher “do norte” com quem Pedro andava envolvido (recorde-se que não era a primeira vez que este se envolvia com duas mulheres ao mesmo tempo!), que queria efectivamente salvar o seu casamento, como dizia na missiva… eliminando o homem que o estava a pôr em causa. Só que a bondade de Paulo acabaria por colocá-lo no lugar errado e à hora menos própria para ser bonzinho, acabando por pagar com a vida culpas alheias!
Paulo humedeceu, com a língua, a goma do envelope, acabando por ingerir o arsénio aí contido. Ele terá ainda bebido alguma da água existente no copo encontrado no “local do crime”, o que acabaria por acelerar o efeito do veneno. O inspector Gustavo acabaria por confirmar as suspeitas quando encarregou o seu ajudante de efectuar uma diligência nas proximidades: na estação dos CTT dos Restauradores, onde foi recuperado e analisado o envelope que tinha o norte como destino. Após o sucesso desta diligência, Gustavo fez dois telefonemas. Um para a PJ do Porto (Gaia) e outro para uma das delegações da PJ no Algarve, para que vigiassem o assassino e a esposa.
O inspector ainda fora levado a pensar na possibilidade do envenenamento ter sido cometido por Lili Jardim ou pelo irmão da vítima, uma vez que apenas eles tiveram acesso ao local onde se registara a ocorrência. Mas depressa abandonou essa tese. Por uma simples razão: não foram encontrados quaisquer vestígios de arsénio em nenhum lugar da casa! Não podemos esquecer, porém, que Pedro podia retirar “benefícios” da morte de Paulo. E foi isso que ele tentou, logo que se viu confrontado com a morte do irmão, ao fazer crer subtilmente que era o Paulo, para usurpar a identidade deste e, assim, escapar a um conjunto de processos judiciais que ameaçavam levá-lo à cadeia.
Mas Pedro esqueceu-se de algo importante: os gémeos eram distinguidos aos olhos dos outros fundamentalmente pelo modo de vestir. O carteiro referiu-se a Paulo como o «gémeo das t-shirts», o que significa que ele vestia normalmente aquele tipo de roupa. Se os depoimentos recolhidos durante os processos de investigação criminal não fossem realizados em separado, tudo seria esclarecido quando o carteiro visse o gémeo vivo. Isto porque Pedro não trocou de roupa com Paulo quando regressou dos correios. Recorde-se que o corpo da vítima não fora mexido! Por outro lado, o telefonema feito para a esquadra teve lugar breves instantes após Pinguinhas ter visto o gémeo.
E era exactamente este facto que causava no espírito do sub-chefe Pinguinhas uma estranha sensação de que algo lhe escapava, sobretudo quando olhava para os dois gémeos. Ou seja: o gémeo vivo não envergava uma t-shirt. Ele estava exactamente vestido da maneira como Pinguinhas o havia visto momentos antes do telefonema para a esquadra… Por outro lado, o gémeo morto envergava uma das suas habituais t-shirts. Resumindo, o sub-chefe Pinguinhas podia confirmar com os seus próprios olhos que o gémeo vivo é o Pedro e o gémeo morto é o Paulo. Ambos Faria, como o Pedro Paulo de… Nove, um dos grandes amigos do homenageado Raposo!

Classificações: Com 10 pontos – Agente Guima; Alce Branco; Avlis e Snitram, Bernie Leceiro; Búfalos Associados; Cloriano Monteiro de Carvalho; Daniel Falcão; Danielux; Detective Jeremias; Dr. Gismondo; Insp. Boavida; Karl Marques; MedVet; Mister H; Rip Kirby.
Com 8 pontos: Insp. P.I.

As Melhores: 3 pontos: Daniel Falcão; 2 pontos: Inspector Boavida; 1 ponto: Medvet.

Comentários: Num problema que se perspectivava de decifração integral algo difícil, dado o número de pormenores que permitia detectar, haverá que dar o devido destaque à muito boa qualidade das respostas recebidas. Bom conjunto! Assim, referindo aqueles pormenores que eram considerados essenciais para a obtenção da pontuação máxima, a escolha das “Melhores” e a decisão relativamente às eliminatórias do “Troféu Clube de Detectives” teve como factor fundamental a indicação do maior número de pormenores assinalados e, especialmente, a maior identificação registada entre a solução recebida e a do autor. Por exemplo: a forma de administração do veneno (no envelope, para este; através do copo com água, depois substituído, para outros; e mediante o recurso a uma cápsula, segundo outros ainda), o caderno formato A3 e os lápis de cera coloridos, encontrados junto ao cadáver, “ferramentas” usadas por artistas plásticos na produção de esquissos (e que de nada serviam ao “absentista” Pedro)...
Acabou por ser uma jornada calma, sem alterações pontuais na classificação geral, contrariamente ao que se poderia esperar....

Troféu Clube de Detectives (Quartos de final): Avlis e Snitram venceu Insp. P.I.; Danielux venceu Detective Jeremias; MedVet venceu Búfalos Associados; Cloriano Monteiro de Carvalho venceu Rip Kirby.

Próximos confrontos (meias-finais, no problema nº 4):
Avlis e Snitram – Medvet; Cloriano Monteiro de Carvalho – Danielux.

Sem comentários: