segunda-feira, 25 de abril de 2011

25 DE ABRIL

O 25 de Abril e o Policiário


O Policiário é uma actividade muito anterior ao 25 de Abril de 1974, já vem, de forma organizada, desde os anos 40 do século XX.
Portanto, parece nada o ligar ao 25 de Abril, tanto mais que uma das secções mais interessantes e importantes foi orientada pelo inevitável Mestre SETE DE ESPADAS no Camarada, um jornal juvenil da Mocidade Portuguesa, uma organização com contornos fascistas do chamado Estado Novo.
Mas o 25 de Abril também marcou o Policiário, precisamente quando, após alguns anos de letargia, em 13 de Março de 1975, menos de um ano após o golpe militar que derrubou o regime do Estado Novo, o mesmo Mestre apareceu no Mundo de Aventuras, uma revista de Histórias aos Quadradinhos, dirigida predominantemente à juventude, com uma secção chamada “Mistério… Policiário”.
Numa altura em que o país fervilhava politicamente, a secção teve um impacto demolidor, ao contrário do que seria expectável e rapidamente alcançou uma audiência jovem, de onde saíram muitos dos actuais policiaristas, enchendo um vazio que a juventude da época sentia, pela aventura, pela investigação criminal, pelo mistério, pela Amizade, pela confraternização, por tudo o que a fazia pensar!
O 25 de Abril deu, afinal, o mote para que o Policiário pudesse evoluir e chegar a muito mais jovens e menos jovens, livre de qualquer acto censório ou de qualquer tique moralista de defesa dos bens sagrados do sossego e da paz. É que muitas vozes se levantavam para dizer que o Policiário incitava à violência e aos sentimentos mórbidos da juventude, quando a realidade era, precisamente, o inverso!
O Estado Novo sempre lidou muito mal com essas situações e é paradigmático um episódio em que um jornalista foi chamado para que mudasse os nomes das pessoas do facto que relatava porque um crime daqueles nunca poderia ter ocorrido em Portugal!
Hoje, todos estes anos passados, parecem brincadeiras de crianças muitas das histórias que se contam, mas não, foram FACTOS REAIS que atiraram cidadãos, pais de família, pessoas honestas e sérias para trás das grades, para a tortura, para a morte!

Se nada mais houvesse para celebrar o 25 de Abril de 1974, o estarmos aqui a dizer o que entendemos, já é mais do que suficiente!

9 comentários:

Anónimo disse...

O 25 de Abril há-de ser sempre lembrado mais por quem o viveu, mas a liberdade de falarmos e dizermos o que queremos é uma conquista para todos. O Policiário também sentiu isso e por isso viva o 25 de Abril!
I Alegria

Anónimo disse...

O Policiário não era possível sem o 25 de Abril? Ser era e o Sete de Espadas orientou muitas secções, mas não era a mesma coisa

Jo.com

Anónimo disse...

Jo.com, nem o Policiário nem coisa nenhuma eram iguais sem o 25 de Abril de 1974.

Deco

Paulo disse...

O 25 de Abril trouxe consigo um aumento do poder de compra que permitia a aquisição com maior facilidade, pelos jovens, das revistas que publicavam o policiário. Foi o caso do Mundo de Aventuras, revista de BD e onde se deu a reinvenção do policiário, após alguns anos de apagamento, mas também de outras revistas com distribuição nacional dedicadas a palavras cruzadas e passatempos similares: Passatempo, Cruzadex, Cruzadismo, Quebra-Tolas, Zig-zag, Eureka, Pensador, Divirta-se. Todas elas nasceram a partir de 1975-76 e chegaram a existir em simultâneo, o que para quem não viveu essa época, talvez dê para perceber um pouco do espírito que se vivia. As próprias revistas de BD tiveram um enorme crescimento, com o aumento exponencial da quantidade de títulos em relação a 1974. O Policiário chegou a ter 4 secções em suportes de divulgação nacional simultaneamente, durante bastante tempo: Mistério Policiário no Mundo de Aventuras, pelo Sete de Espadas, Enigma Policiário no Passatempo, com o Inspector Aranha e depois também com o Zé, Cruzadex Policiário, no Cruzadex, com o L.P, Mistério e Aventura no Quebra-Tolas com o Sete de Espadas. Ainda a nível nacional, mas com duração mais curta houve secções no Pensador, pelo Alva e no jornal Primeiro de Janeiro com o Jartur. A somar a isto surgiram várias secções em jornais regionais , das quais neste momento recordo Viseu, Famalicão e no Algarve. Tudo isto se passou a partir de 1975-1976. Antes era o vazio. Pelo meio ficou o 25 de Abril de 1974. Poderíamos encontrar decerto muitos factores explicativos: aumento do poder de compra, a curiosidade de saber mais, uma juventude ávida de coisas novas, etc. A relação entre o renascer do policiário e o 25 de Abril parece-me evidente. Os elos relacionais talvez necessitassem de uma análise mais profunda para melhor serem identificados, mas eles existem e estão lá.

Anónimo disse...

Aquele L.P. no Cruzadex é o Luís Pessoa?

I Alegria

luis pessoa disse...

Assim é, com efeito, meu caro Inspector Alegria. Não tenho certezas, mas creio que a primeira secção foi em Fevereiro de 1979 e por lá se manteve até 1981/82.
Talvez um dis possamos trazer aqui um pouco mais da nossa história...

Paulo disse...

Acho que o meu post anterior, com a data da 1ª secção no cruzadex, saiu com a assinatura errada

luis pessoa disse...

Um engano que se corrigiu com um erro, quando apagámos o comentário do confrade Paulo em que ele referia que a primeira secção do Cruzadex foi em Fevereiro de 1977 e não 1979 como erradamente indicámos.
O nosso obrigado ao Paulo, pelo esclarecimento e o pedido de desculpas por termos eliminado involuntariamente a sua mensagem

Anónimo disse...

Não pude, ontem,abrir computador.
mas quem me conhece sabe que penso que, realmente, nada seria o mesmo sem o 25 de Abril. LP, lembras-te do Cisco Kid no Mundo de Aventuras, antes do 25 de Abril? Houve muitas aventuras em que (pasme-se!!!) as pistolas eram apagadas dos desenhos, para "não incitar à violência". Passei-lhe a chamar Cisco Kid, o Mágico (por analogia com o Mandrake) - é que os "maus" morriam só com o olhar dele!!!! Só pode, pois não havia mais nada, no desenho,que os matasse!!!
Um abraço