Concluímos hoje a publicação
do trabalho sobre a Literatura Policial.
Temos a consciência plena que
ficou muito por dizer, autores e detectives que mereceriam uma referência, mas
a Literatura Policial é um mundo muito vasto e onde se cruzam muitos estilos,
variando os destaques e interesses em conformidade com a abordagem efectuada.
Tendo como base os clássicos
mais relevantes ou mais divulgados, parece-nos que fizemos a abordagem possível
e não esquecemos o essencial.
Regressamos, também, às nossas
competições desta época, publicando a solução do problema que fez a primeira
parte da prova n.º 7, de autoria do confrade Leopardo.
Vamos ficar a saber se
realmente ocorreu um crime (e neste caso quem foi o seu autor) ou se houve um
suicídio e como é que o Capitão Isaías resolveu o assunto.
Literatura Policial – Parte III
Outros nomes varreram o
panorama policial interno, de que destacamos:
Adolfo Coelho com o pseudónimo
J. Stew, nos anos 20; Américo Faria como Adam Fulton e Ans. Shouldmarke;
António Carlos Pereira da Silva, como Simon Ganett ou Barney Kilbane; Dinis
Machado, como Dennis Mc Shade, tendo como personagem Peter Maynard; Fernando
Luso Soares com os seus personagens Inspector Boaventura e Dr. Castro; Fernando
Pessoa que criou os personagens Dr. Abílio Fernandes Quaresma, Tio Porco e
Chefe Guedes; Francisco Valério Almeida Azevedo, com o pseudónimo de W. Strong
Ross e personagem Inspector Ryan; Gentil Marques, com os pseudónimos de Charles
Berry, James Stron (criador de Rangú), Marcel Damar, Herbert Gibbons; D. G.
Richter e muitos outros; Guedes de Amorim, como Edgar Powel; José da Natividade
Gaspar, como Sam Brown ou J. Fergusson Knight; Luís Campos, como Frank Gold;
Mariália Marques, como John S. Falk, Hugh Mc Benett ou Ossman Matzyk;
Mascarenhas Barreto, como Van Der Bart.
Na moderna Literatura Policial
Portuguesa vivem-se momentos de alguma acalmia. Algumas felizes incursões de
autores consagrados, como José Cardoso Pires em “Balada da Praia dos Cães”,
Agustina Bessa Luís em “Aquário e Sagitário”, Clara Pinto Correia em “Adeus
Princesa” ou Francisco José Viegas, em “As Duas Águas do Mar”, não conseguem
agitar o meio, que continua placidamente a viver de alguns novos valores como
Maria do Céu Carvalho, Manuel Grilo, Miguel Miranda, Ana Teresa Pereira ou
Henrique Nicolau.
Sem conseguir afirmar-se como
uma “escola”, a verdade é que o Policial Português sempre conseguiu encontrar o
seu espaço, com recurso a pseudónimos estrangeiros ou não.
E mesmo fora do movimento
editorial, há mais de vinte anos que milhares de pessoas escrevem sobre o
policial, desafios e suas propostas de resolução, nas páginas da edição
dominical do Público, que vem funcionando como um verdadeiro “ponto de
encontro” dos amantes do Policial.
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
SOLUÇÃO DA PROVA
N.º 7 – PARTE I
“CRIME OU
SUICÍDIO?”, Original de LEOPARDO
Só podemos estar na presença de um crime. O banco sobre o qual,
presumivelmente, a vítima se teria colocado para praticar o suicídio tinha
apenas 50 cm de altura, mas os seus pés encontravam-se a um metro do chão.
Perante esta evidência o crime está sobejamente provado. Agora só temos
que reconstituir a forma como o crime teria sido cometido. É provável que o
assassino tenha agredido a vítima deixando-a sem sentidos. De seguida passou a
corda, com que certamente já iria prevenido, por cima da trave do tecto. Atou
uma das pontas no pescoço do velho e içou-o atando em seguida a corda num
prego, que possivelmente já lá estaria pregado, mas não é de excluir a hipótese
de ter sido ele a pregá-lo.
O velhote era gordo pelo que a tarefa do assassino a içá-lo foi
certamente árdua, mas poderia ter sido menos penosa se o não elevasse tão alto,
o banco tinha só 50 centímetros pelo que não era necessário levantá-lo até um
metro do solo o que logo chamou a atenção do Capitão Isaías para a
impossibilidade de suicídio
Outras provas de que foi um crime são-nos fornecidas pelo prego
ligeiramente inclinado para baixo. Se o velho se tivesse enforcado, dada a
fragilidade do prego, este ficaria inclinado para cima devido ao peso do corpo
e ao esticão que teria sofrido. Também a pequena ripa encontrada entalada entre
a trave e a corda eram prova de que o corpo fora içado. Em caso de suicídio
essa ripa poderia, eventualmente, estar entalada entre a corda e a parte
lateral da trave. Também as fibras quebradas da corda demonstram que o corpo
fora içado.
Posto isto só me resta revelar quem foi o autor da façanha. Maria dos
Prazeres e o Tó Marreco não tinham compleição física que lhes permitisse içar o
corpo ainda que este fosse leve. Portanto só o João Coxo poderia ter feito
aquele trabalho. Curiosamente, no caminho para a cabana não se notam pegadas
dele. Isto significa que ele fora para a cabana antes da chuva ter chegado pelo
que as suas pegadas não ficaram bem impressas no chão duro e a chuva da noite
apagou as que eventualmente existissem.
Apoiado em tudo isto, o Capitão Isaías antes de abandonar a aldeia deu
voz de prisão ao João Coxo.
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