domingo, 18 de novembro de 2012

POLICIÁRIO 1111



Concluímos hoje a publicação do trabalho sobre a Literatura Policial.
Temos a consciência plena que ficou muito por dizer, autores e detectives que mereceriam uma referência, mas a Literatura Policial é um mundo muito vasto e onde se cruzam muitos estilos, variando os destaques e interesses em conformidade com a abordagem efectuada.
Tendo como base os clássicos mais relevantes ou mais divulgados, parece-nos que fizemos a abordagem possível e não esquecemos o essencial.

Regressamos, também, às nossas competições desta época, publicando a solução do problema que fez a primeira parte da prova n.º 7, de autoria do confrade Leopardo.
Vamos ficar a saber se realmente ocorreu um crime (e neste caso quem foi o seu autor) ou se houve um suicídio e como é que o Capitão Isaías resolveu o assunto.


Literatura Policial – Parte III

Outros nomes varreram o panorama policial interno, de que destacamos:
Adolfo Coelho com o pseudónimo J. Stew, nos anos 20; Américo Faria como Adam Fulton e Ans. Shouldmarke; António Carlos Pereira da Silva, como Simon Ganett ou Barney Kilbane; Dinis Machado, como Dennis Mc Shade, tendo como personagem Peter Maynard; Fernando Luso Soares com os seus personagens Inspector Boaventura e Dr. Castro; Fernando Pessoa que criou os personagens Dr. Abílio Fernandes Quaresma, Tio Porco e Chefe Guedes; Francisco Valério Almeida Azevedo, com o pseudónimo de W. Strong Ross e personagem Inspector Ryan; Gentil Marques, com os pseudónimos de Charles Berry, James Stron (criador de Rangú), Marcel Damar, Herbert Gibbons; D. G. Richter e muitos outros; Guedes de Amorim, como Edgar Powel; José da Natividade Gaspar, como Sam Brown ou J. Fergusson Knight; Luís Campos, como Frank Gold; Mariália Marques, como John S. Falk, Hugh Mc Benett ou Ossman Matzyk; Mascarenhas Barreto, como Van Der Bart.

Na moderna Literatura Policial Portuguesa vivem-se momentos de alguma acalmia. Algumas felizes incursões de autores consagrados, como José Cardoso Pires em “Balada da Praia dos Cães”, Agustina Bessa Luís em “Aquário e Sagitário”, Clara Pinto Correia em “Adeus Princesa” ou Francisco José Viegas, em “As Duas Águas do Mar”, não conseguem agitar o meio, que continua placidamente a viver de alguns novos valores como Maria do Céu Carvalho, Manuel Grilo, Miguel Miranda, Ana Teresa Pereira ou Henrique Nicolau.
Sem conseguir afirmar-se como uma “escola”, a verdade é que o Policial Português sempre conseguiu encontrar o seu espaço, com recurso a pseudónimos estrangeiros ou não.
E mesmo fora do movimento editorial, há mais de vinte anos que milhares de pessoas escrevem sobre o policial, desafios e suas propostas de resolução, nas páginas da edição dominical do Público, que vem funcionando como um verdadeiro “ponto de encontro” dos amantes do Policial.



CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
SOLUÇÃO DA PROVA N.º 7 – PARTE I
“CRIME OU SUICÍDIO?”, Original de LEOPARDO


Só podemos estar na presença de um crime. O banco sobre o qual, presumivelmente, a vítima se teria colocado para praticar o suicídio tinha apenas 50 cm de altura, mas os seus pés encontravam-se a um metro do chão.
Perante esta evidência o crime está sobejamente provado. Agora só temos que reconstituir a forma como o crime teria sido cometido. É provável que o assassino tenha agredido a vítima deixando-a sem sentidos. De seguida passou a corda, com que certamente já iria prevenido, por cima da trave do tecto. Atou uma das pontas no pescoço do velho e içou-o atando em seguida a corda num prego, que possivelmente já lá estaria pregado, mas não é de excluir a hipótese de ter sido ele a pregá-lo.
O velhote era gordo pelo que a tarefa do assassino a içá-lo foi certamente árdua, mas poderia ter sido menos penosa se o não elevasse tão alto, o banco tinha só 50 centímetros pelo que não era necessário levantá-lo até um metro do solo o que logo chamou a atenção do Capitão Isaías para a impossibilidade de suicídio
Outras provas de que foi um crime são-nos fornecidas pelo prego ligeiramente inclinado para baixo. Se o velho se tivesse enforcado, dada a fragilidade do prego, este ficaria inclinado para cima devido ao peso do corpo e ao esticão que teria sofrido. Também a pequena ripa encontrada entalada entre a trave e a corda eram prova de que o corpo fora içado. Em caso de suicídio essa ripa poderia, eventualmente, estar entalada entre a corda e a parte lateral da trave. Também as fibras quebradas da corda demonstram que o corpo fora içado.
Posto isto só me resta revelar quem foi o autor da façanha. Maria dos Prazeres e o Tó Marreco não tinham compleição física que lhes permitisse içar o corpo ainda que este fosse leve. Portanto só o João Coxo poderia ter feito aquele trabalho. Curiosamente, no caminho para a cabana não se notam pegadas dele. Isto significa que ele fora para a cabana antes da chuva ter chegado pelo que as suas pegadas não ficaram bem impressas no chão duro e a chuva da noite apagou as que eventualmente existissem.
Apoiado em tudo isto, o Capitão Isaías antes de abandonar a aldeia deu voz de prisão ao João Coxo.



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